Depois da minha primeira experiência, com 4g de P. cubensis desidratados, me propus esperar pelo menos 2 meses para fazer a minha próxima viagem. Acontece que alguns eventos caóticos me fizeram ter vontade de reexaminar a minha vida sob a luz desses lindos cogumelos. E lá fui eu novamente, mas desta vez com uma dose ainda maior. Foram 5g desidratados. Sinceramente? Talvez eu devesse ter pegado mais leve. Mesmo assim, foi uma viagem linda e de muitos ensinamentos, apesar de desafiadora no final.
Por volta das 23h, depois de todo mundo de casa ter ido pra cama, me sentei na sacada, peguei os cogumelos e pedi mais uma vez para que eles me guiassem para onde eu precisava ir. Comi todos eles, coloquei meu fone de ouvido e botei esta playlist linda para tocar. Fiquei relaxando no sofá. Mais uma vez, coloquei a luminária que projeta estrelas no teto para funcionar e deixei uma luz de fundo roxa bem fraquinha. A música calma foi me deixando relaxado e cerca de 25 minutos depois já conseguia sentir alguns efeitos bem nítidos.
Tudo começou com uma sensação de bem estar muito gostosa e efeitos bem suaves de ondulação no meu campo visual. Desta vez comecei a trip de olhos abertos e fiquei admirando as alterações visuais. O rejunte do piso da sala começou a brilhar com um rastro de luz que percorria o chão de fora a fora com uma pulsação. Decidi dar uma passada rápida no banheiro e percebi o chão ficar muito engraçado, como se ele estivesse ondulando. Deitei no sofá de novo. Não sei quanto tempo passou, mas a aceleração veio rápido. As luzes ficaram lindas, com padrões cristalinos flutuando perto do teto e nos cantos das paredes. A sala começou a respirar comigo.
A música, junto com as cores e toda a sensação de prazer me tomaram por completo. Senti que precisava de um abraço e chamei a minha esposa para me abraçar. Quando ela chegou, vi que ela tinha um olho enorme na testa e a pele dela estava borbulhando. Dei muita risada e a abracei. Ela foi embora depois de me dar água e daí pra frente a viagem foi ficando cada vez mais intensa.
Numa certa altura da viagem, fechei meus olhos e me encontrei numa floresta que estava total e perfeitamente branca. Então, foi como se um balde de tinta arco-íris fosse derramado na paisagem e todas as cores se espalharam pela floresta. Era um bambuzal com bocas e olhos nos topos de bambus gigantes. Eles balançavam e cantavam uma música estranha (talvez alguma música da playlist?). Voei pela paisagem e me lembro de ter sentido uma presença feminina muito carinhosa. Não lembro de ter visto a tal mulher, mas essa presença feminina estava lá.
Quando abri os olhos novamente, as luzes na sala estavam ainda mais embaralhadas. Muitas cores vivas com padrões geométricos brilhando no meu campo visual. Eu me sentia muito feliz. Saí do sofá e fui até o escritório. Encontrei minha esposa lá e dei risada de novo porque ela ainda tinha um olho a mais na testa. Comecei a dançar no escritório e fiquei viajando quando me vi no espelho. Voltei para o sofá, me deitei de novo e relaxei. Senti o sofá me engolir e fui para num mundo brilhante com muitas formas orgânicas. Tinha montanhas e vegetais coloridos por todos os lados.
De repente, senti que tinha derretido por completo, como se eu estivesse me dissolvendo no espaço. Pensei no universo e senti que eu tinha sumido totalmente e fazia parte de tudo. Não havia mais fronteira entre eu e a realidade. E o próprio tecido da realidade tinha sumido. Não havia qualquer tipo de delimitação, fronteira… foi um sentimento fantástico de pertencimento ao todo. Chorei de emoção. Vi imagens de estrelas nascendo no início do universo e então vi o Universo todo contido numa bolha de sabão, delicado e imponente ao mesmo tempo.
Quando abri meus olhos depois desta visão do Universo, me vi grudado no sofá de novo. Tentei erguer meu braço e quando fiz isso, vi um braço fantasmagórico sair de dentro do meu braço físico. Como se fosse o braço do meu corpo astral, ou da minha alma, saindo de dentro do meu corpo e se movendo no ar. Enfiei esse braço “fantasma” no sofá e a sensação de entrar no estofado foi ainda mais forte.
Daí para frente, passei um tempão vivendo mais do mesmo: cores, formas lindas e uma sensação de ter desaparecido. Perdi a noção do tempo até chegar num momento em que eu acredito estar mais próximo do final da trip. Abri meus olhos e vi que os efeitos visuais estavam menos intensos. Olhei para fora e vi um céu todo estranho. Me perguntei se eu estava de volta à realidade. Me lembrei do meu trabalho e dos meus colegas. Sabia que precisava dormir porque em algum momento eu precisaria trabalhar de novo (tinha me esquecido que estava de folga no dia seguinte). Me lembrei de como meu trabalho não fazia sentido porque simplesmente se trata de resolver problemas que se repetem dia após dia e que na realidade eu não sabia exatamente o que eu estava fazendo lá naquele escritório.
Me lembrei do meu pai e do meu filho. Me vi como um elo numa grande corrente de relações. Senti um amor esmagador pelo meu filho e então percebi que sentia esse mesmo amor vindo da direção do meu pai para mim. Percebi que toda minha rebeldia contra o meu pai era boba porque nossa relação se resumia ao amor, como a minha relação com meu filho se resume a amor incondicional. Senti uma vontade imensa de abraçar meu pai e pensei forte nele. Quase que pude me sentir dando aquele abraço tão necessário.
Voltei dos pensamentos lembrando que precisava dormir, porque a noite estava chegando ao fim. Por algum motivo, me parecia impossível chegar no meu quarto. Me perguntei se de fato eu estava em casa ou se estava num sonho. Parecia que não tinha ninguém vivo em casa e que aquilo era uma prisão da minha mente. Quando eu tentei atravessar o corredor entre a sala e o quarto, me vi preso no espaço entre a sala e a cozinha. E toda vez que eu tentava fazer o caminho, voltava para aquele espaço entre a sala e a cozinha. Devo ter tentado fazer o trajeto mais de dez vezes. Era como se a planta da minha casa tivesse se transformado num labirinto sem fim e os cômodos se repetissem. Fiquei com medo. Achei que estava ficando louco. E se a realidade na verdade estivesse destruída? Será que eu tinha quebrado o meu mundo? Será que eu realmente estava vivo? Queria chamar minha esposa, mas não conseguia falar. As palavras não saíam.
Consegui quebrar o loop de ida e volta entre os cômodos quando eu mexi com a minha cachorrinha e ela me mordeu. Hahahaha. Agradeci ela pelo susto e consegui finalmente chegar na minha cama. Deitei e dormi até o amanhecer.
Por volta das 23h, depois de todo mundo de casa ter ido pra cama, me sentei na sacada, peguei os cogumelos e pedi mais uma vez para que eles me guiassem para onde eu precisava ir. Comi todos eles, coloquei meu fone de ouvido e botei esta playlist linda para tocar. Fiquei relaxando no sofá. Mais uma vez, coloquei a luminária que projeta estrelas no teto para funcionar e deixei uma luz de fundo roxa bem fraquinha. A música calma foi me deixando relaxado e cerca de 25 minutos depois já conseguia sentir alguns efeitos bem nítidos.
Tudo começou com uma sensação de bem estar muito gostosa e efeitos bem suaves de ondulação no meu campo visual. Desta vez comecei a trip de olhos abertos e fiquei admirando as alterações visuais. O rejunte do piso da sala começou a brilhar com um rastro de luz que percorria o chão de fora a fora com uma pulsação. Decidi dar uma passada rápida no banheiro e percebi o chão ficar muito engraçado, como se ele estivesse ondulando. Deitei no sofá de novo. Não sei quanto tempo passou, mas a aceleração veio rápido. As luzes ficaram lindas, com padrões cristalinos flutuando perto do teto e nos cantos das paredes. A sala começou a respirar comigo.
A música, junto com as cores e toda a sensação de prazer me tomaram por completo. Senti que precisava de um abraço e chamei a minha esposa para me abraçar. Quando ela chegou, vi que ela tinha um olho enorme na testa e a pele dela estava borbulhando. Dei muita risada e a abracei. Ela foi embora depois de me dar água e daí pra frente a viagem foi ficando cada vez mais intensa.
Numa certa altura da viagem, fechei meus olhos e me encontrei numa floresta que estava total e perfeitamente branca. Então, foi como se um balde de tinta arco-íris fosse derramado na paisagem e todas as cores se espalharam pela floresta. Era um bambuzal com bocas e olhos nos topos de bambus gigantes. Eles balançavam e cantavam uma música estranha (talvez alguma música da playlist?). Voei pela paisagem e me lembro de ter sentido uma presença feminina muito carinhosa. Não lembro de ter visto a tal mulher, mas essa presença feminina estava lá.
Quando abri os olhos novamente, as luzes na sala estavam ainda mais embaralhadas. Muitas cores vivas com padrões geométricos brilhando no meu campo visual. Eu me sentia muito feliz. Saí do sofá e fui até o escritório. Encontrei minha esposa lá e dei risada de novo porque ela ainda tinha um olho a mais na testa. Comecei a dançar no escritório e fiquei viajando quando me vi no espelho. Voltei para o sofá, me deitei de novo e relaxei. Senti o sofá me engolir e fui para num mundo brilhante com muitas formas orgânicas. Tinha montanhas e vegetais coloridos por todos os lados.
De repente, senti que tinha derretido por completo, como se eu estivesse me dissolvendo no espaço. Pensei no universo e senti que eu tinha sumido totalmente e fazia parte de tudo. Não havia mais fronteira entre eu e a realidade. E o próprio tecido da realidade tinha sumido. Não havia qualquer tipo de delimitação, fronteira… foi um sentimento fantástico de pertencimento ao todo. Chorei de emoção. Vi imagens de estrelas nascendo no início do universo e então vi o Universo todo contido numa bolha de sabão, delicado e imponente ao mesmo tempo.
Quando abri meus olhos depois desta visão do Universo, me vi grudado no sofá de novo. Tentei erguer meu braço e quando fiz isso, vi um braço fantasmagórico sair de dentro do meu braço físico. Como se fosse o braço do meu corpo astral, ou da minha alma, saindo de dentro do meu corpo e se movendo no ar. Enfiei esse braço “fantasma” no sofá e a sensação de entrar no estofado foi ainda mais forte.
Daí para frente, passei um tempão vivendo mais do mesmo: cores, formas lindas e uma sensação de ter desaparecido. Perdi a noção do tempo até chegar num momento em que eu acredito estar mais próximo do final da trip. Abri meus olhos e vi que os efeitos visuais estavam menos intensos. Olhei para fora e vi um céu todo estranho. Me perguntei se eu estava de volta à realidade. Me lembrei do meu trabalho e dos meus colegas. Sabia que precisava dormir porque em algum momento eu precisaria trabalhar de novo (tinha me esquecido que estava de folga no dia seguinte). Me lembrei de como meu trabalho não fazia sentido porque simplesmente se trata de resolver problemas que se repetem dia após dia e que na realidade eu não sabia exatamente o que eu estava fazendo lá naquele escritório.
Me lembrei do meu pai e do meu filho. Me vi como um elo numa grande corrente de relações. Senti um amor esmagador pelo meu filho e então percebi que sentia esse mesmo amor vindo da direção do meu pai para mim. Percebi que toda minha rebeldia contra o meu pai era boba porque nossa relação se resumia ao amor, como a minha relação com meu filho se resume a amor incondicional. Senti uma vontade imensa de abraçar meu pai e pensei forte nele. Quase que pude me sentir dando aquele abraço tão necessário.
Voltei dos pensamentos lembrando que precisava dormir, porque a noite estava chegando ao fim. Por algum motivo, me parecia impossível chegar no meu quarto. Me perguntei se de fato eu estava em casa ou se estava num sonho. Parecia que não tinha ninguém vivo em casa e que aquilo era uma prisão da minha mente. Quando eu tentei atravessar o corredor entre a sala e o quarto, me vi preso no espaço entre a sala e a cozinha. E toda vez que eu tentava fazer o caminho, voltava para aquele espaço entre a sala e a cozinha. Devo ter tentado fazer o trajeto mais de dez vezes. Era como se a planta da minha casa tivesse se transformado num labirinto sem fim e os cômodos se repetissem. Fiquei com medo. Achei que estava ficando louco. E se a realidade na verdade estivesse destruída? Será que eu tinha quebrado o meu mundo? Será que eu realmente estava vivo? Queria chamar minha esposa, mas não conseguia falar. As palavras não saíam.
Consegui quebrar o loop de ida e volta entre os cômodos quando eu mexi com a minha cachorrinha e ela me mordeu. Hahahaha. Agradeci ela pelo susto e consegui finalmente chegar na minha cama. Deitei e dormi até o amanhecer.