- 18/11/2008
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Bem... Decidi passar um final de semana relaxado (respirar o ar da juventude, depois de tantos anos) e fui com uns amigos a um pequeno sítio aqui no estado do rio de janeiro.
Passamos o dia jogando e tomando umas cervejas, ouvindo rock, enfim...
Chegando a noite o amigo, dono do sítio, mostrou para gente o esquema da caça aos cogus. Passamos por debaixo duma cerca de arame e entramos em outro sítio, onde as pessoas (luzes apagadas) já estavam dormindo. Passeamos pelo pasto, fumando uma ganja (haxixe, muito especial, trazido por outro amigo). Andando uma meia hora achamos, perto de um curral, os benditos cogus. Fumamos mais um tanto pelo caminho e meu amigo foi pra cozinha preparar a receita: sete cogus, como vinho e leite condensado no liquidificador.
Éramos 3, e mandamos pra dentro, sem mais demoras, na varanda da casa. Enquanto não fazia efeito, fizemos uma roda de violão e cada um tocou sua música (não precisava ser uma música conhecida ou bem estruturada, mas tinha que ser "a sua música").
Depois da terceira rodada, era minha vez de novo de tocar, mas.. não consegui. Tentava falar e nada. Enfim, já o esperado. Mas aquela situação foi me causando um certo embaraço, não sei porquê. Via meus amigos rindo e seus risos pareciam trovões, seus rostos estavam vermelhos... Como tomates... Como sangue... Era possível discernir até mesmo a veia no meio da testa dos caras enquanto eles riam. PArecia que suas cabeças iam estourar em extrato de tomate. Achei engraçado e pertubador.
Fui até o banheiro e me olhei no espelho. Minha face estava tão limpa e brilhante, quanto a de uma moça. Me senti meio ridicularizado e perdido. Me olhei de novo no espelho e pude ver um brilho nos meus olhos como duas chamas, como os olhos de um lobo. Tirei o casaco (estava frio, naquela região serrana) e acendi mais uma baseado.
Fui até a varanda e dei uma boa tragada. Serviram mais suco de cogu e tomei uma boa copada. Passei o baseado pros outros e observei o local, sem pensar, sem me intimidar: uma cadela amarela, parecia me olhar com pena e até acusadoramente (me lembrei de minha mãe, apesar de não achar que minha mãe seja uma cadela, e não é, mas aquele olhar...), me lembrei de meus filhos, minha esposa.
Tomei mais um copo. As fala das pessoas perderam totalmente o sentido. Olhei para a mulher do meu amigo, que não tinha tomado nem fumado nada: sua cabeça flutuava um poucoo acima do corpo com uma expressão vazia. seu seios eram enormes! Senti tesão e graça daquela mulher, daquela idiota!
De repente, do fundo do meu ser foi surgindo uma gargalhada profunda, do estômago até o peito e até a garganta.... Até explodir no ar. Era a risada do Nada, do Deus criador/criança que brinca, destrói e constrói ludicamente, a risada do velho ancião Lao-tsé rindo-se de seus próprios ensinamentos-nada.
Pronto: podia curtir novamente o momento o aqui e agora infinito, sem mesmo o conceito de início, de fim. sem conceitos! Deixe-me mergulhar na melodia que um amigo dedilhava de-li-ca-da-mente no violão. Eu era a melodia. Mas se eu fosse, mergulharia novamente naquele momento de tristeza, individuação, auto-piedade.
Então o grito de um galo cortou a escuridão fora da varanda como um raio: aquele galo dizia que era o momento para que eu deixasse de ser eu, decretava o fim de toda a farsa. Meus amigos pararam de tocar e começaram a circular pela varanda. Eu permanecia sentado, admirando o pequeno espetáculo sobre minha cabeça: paratículas de luz, como estrelas de mil pontas surgiam e espoucavam de encontro a minha face.
Quando terminou, senti-me abençoado, levantei e caminhei para fora da varanda. Voltamos para a propriedade ao lado e caminhamos mata adentro.
Chegamos a uma cachoeira, ainda pouco visível (eram por volta das 4 da manhã). Ficamos todos de cuecas (e a mulher de bíquini) e entramos na água gelada do córrego. Sentei-me sobre umas pedras, com a água já não tão fria molhando meus pés e observei a pequena cachoeira despejar sua água branca: parecia um ser que podia caminhar até mim, mas não fazia.
Passamos o dia jogando e tomando umas cervejas, ouvindo rock, enfim...
Chegando a noite o amigo, dono do sítio, mostrou para gente o esquema da caça aos cogus. Passamos por debaixo duma cerca de arame e entramos em outro sítio, onde as pessoas (luzes apagadas) já estavam dormindo. Passeamos pelo pasto, fumando uma ganja (haxixe, muito especial, trazido por outro amigo). Andando uma meia hora achamos, perto de um curral, os benditos cogus. Fumamos mais um tanto pelo caminho e meu amigo foi pra cozinha preparar a receita: sete cogus, como vinho e leite condensado no liquidificador.
Éramos 3, e mandamos pra dentro, sem mais demoras, na varanda da casa. Enquanto não fazia efeito, fizemos uma roda de violão e cada um tocou sua música (não precisava ser uma música conhecida ou bem estruturada, mas tinha que ser "a sua música").
Depois da terceira rodada, era minha vez de novo de tocar, mas.. não consegui. Tentava falar e nada. Enfim, já o esperado. Mas aquela situação foi me causando um certo embaraço, não sei porquê. Via meus amigos rindo e seus risos pareciam trovões, seus rostos estavam vermelhos... Como tomates... Como sangue... Era possível discernir até mesmo a veia no meio da testa dos caras enquanto eles riam. PArecia que suas cabeças iam estourar em extrato de tomate. Achei engraçado e pertubador.
Fui até o banheiro e me olhei no espelho. Minha face estava tão limpa e brilhante, quanto a de uma moça. Me senti meio ridicularizado e perdido. Me olhei de novo no espelho e pude ver um brilho nos meus olhos como duas chamas, como os olhos de um lobo. Tirei o casaco (estava frio, naquela região serrana) e acendi mais uma baseado.
Fui até a varanda e dei uma boa tragada. Serviram mais suco de cogu e tomei uma boa copada. Passei o baseado pros outros e observei o local, sem pensar, sem me intimidar: uma cadela amarela, parecia me olhar com pena e até acusadoramente (me lembrei de minha mãe, apesar de não achar que minha mãe seja uma cadela, e não é, mas aquele olhar...), me lembrei de meus filhos, minha esposa.
Tomei mais um copo. As fala das pessoas perderam totalmente o sentido. Olhei para a mulher do meu amigo, que não tinha tomado nem fumado nada: sua cabeça flutuava um poucoo acima do corpo com uma expressão vazia. seu seios eram enormes! Senti tesão e graça daquela mulher, daquela idiota!
De repente, do fundo do meu ser foi surgindo uma gargalhada profunda, do estômago até o peito e até a garganta.... Até explodir no ar. Era a risada do Nada, do Deus criador/criança que brinca, destrói e constrói ludicamente, a risada do velho ancião Lao-tsé rindo-se de seus próprios ensinamentos-nada.
Pronto: podia curtir novamente o momento o aqui e agora infinito, sem mesmo o conceito de início, de fim. sem conceitos! Deixe-me mergulhar na melodia que um amigo dedilhava de-li-ca-da-mente no violão. Eu era a melodia. Mas se eu fosse, mergulharia novamente naquele momento de tristeza, individuação, auto-piedade.
Então o grito de um galo cortou a escuridão fora da varanda como um raio: aquele galo dizia que era o momento para que eu deixasse de ser eu, decretava o fim de toda a farsa. Meus amigos pararam de tocar e começaram a circular pela varanda. Eu permanecia sentado, admirando o pequeno espetáculo sobre minha cabeça: paratículas de luz, como estrelas de mil pontas surgiam e espoucavam de encontro a minha face.
Quando terminou, senti-me abençoado, levantei e caminhei para fora da varanda. Voltamos para a propriedade ao lado e caminhamos mata adentro.
Chegamos a uma cachoeira, ainda pouco visível (eram por volta das 4 da manhã). Ficamos todos de cuecas (e a mulher de bíquini) e entramos na água gelada do córrego. Sentei-me sobre umas pedras, com a água já não tão fria molhando meus pés e observei a pequena cachoeira despejar sua água branca: parecia um ser que podia caminhar até mim, mas não fazia.