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Relatos antigos de cogumelos - em O Trauma

Ecuador

Artífice esporulante
Membro da Staff
Cultivador confiável
22/12/2007
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98
Revirando alguns docs antigos achei um de 21/07/2000, com um tópico que enviei para a GH, onde tem um link com um relato de cogumelo, em um site chamado O Trauma.

Fui verificar e o link ainda está no ar:

http://www.geocities.com/SunsetStrip/Mezzanine/8174/exp.html
- Não está mais, porém o @Mr D. colou o texto na mensagem abaixo.

Vejam o relato assinado por LÖIS.
 
Última edição:
Isso que você postou??

Ecuador disse:
Este texto é uma forma que encontrei para tentar desmistificar e difundir o uso de substâncias psicodélicas. Minha primeira experiência com cogumelos foi em uma tarde de dezembro de 1996, quando, sem nenhum conhecimento, colhi alguns cogumelos mágicos e tomei na companhia de um amigo. Eu tinha uma descrição de como seriam os tais cogumelos. Achando poucos que pareciam-se com os descritos, passei a colher qualquer um que me inspirasse confiança, fato que hoje considero total ignorância, pois eu poderia ter me intoxicado com cogumelos venenosos. Por volta de quinze minutos após ter ingerido o chá, começei a sentir um mal-estar no estômago, que parecia se contorcer, e criava em minha cabeça uma ligeira agonia. Após uns dez minutos deitado esse mal-estar passou, pois eu me distrai com a diferente tonalidade do telhado. Sentei e vi o amigo que me acompanhava olhando atentamente para o jardim. Olhei também e um fato me chamou a atenção: uma roseira estava estranha, destoante, parecia feita de "desenho animado". Levantei-me e saí da parte cimentada, onde havia sombra, e tomei o imenso mundo do jardim iluminado pelo sol do meio-dia. Toquei a roseira e tive a confirmação, ela era mesmo de verdade. Então, após esta hesitação sobre minhas faculdades no caso da roseira, pude olhar o jardim a minha volta. Estava lá, estava tudo lá. Então finalmente me dei conta: havia começado! Uma alegria por estar acontecendo tudo isso tomou conta de mim, e voltei ao meu lugar de origem para contemplar e debater sobre tal magnitude. O amigo! que estava comigo me disse: _Você tem razão, é mesmo desenho animado. Sente e observe eu entrar dentro do desenho. Então eu vi ele levantando-se e caminhando em direção ao jardim, ao mundo do sol e das cores maravilhosas. Realmente ele entrava num outro mundo, e o jardim era a representação disso. O resto da tarde nós conversamos sobre o novo mundo que estávamos desbravando, alternando momentos de total incompreensão do que ocorria à nossa vota, com risadas incontroláveis causadas pela plasticidade e disformidade da cara do outro. Foi sublime. Minha segunda vez foi alguns dias depois da primeira, mais precisamente no dia 23 de dezembro de 1996. Era quase natal. Empolgados com a primeira experiência, eu e o amigo da primeira vez levamos outros três amigos para sentir a magia da coisa. Caía uma chuva torrencial, e isso, associado ao fato de que havia mais pessoas para procurar os cogumelos, resultou numa colheita farta. Isto, que na hora consideramos benção, mostrou-se mais tarde maldição. O chá ficou concentrado demais, e eu, que havia tomado quase meio litro da substância, além de comer alguns cogumelos, logo vi o erro que tinha cometido. A dor abdominal que acometeu-me em minha primeira experiência agora voltara com intensidade dez vezes maior. Eu uivava de agonia, andando de um lugar a outro, sem me ater a lugar nenhum. Eu não conseguia ver as coisas porque não olhava para nada, apenas para minha barriga em chamas. Resolvi deitar. Entrei dentro de casa e fui acometido pela imagem demoníaca de uma televisão negr! a. Para sorte de minha sanidade mental ela estava desligada. Eu me sentia uma nulidade, e desejava a todo custo sair daquele mundo povoado pelas minhas angústias, por desdém, pelas gargalhadas dos objetos casa. Deitei-me e fechei os olhos, mas de nada adiantou. Mesmo com os olhos fechados eu conseguia enxergar todo aquele horror em que se transformara minha existência. A partir desse ponto a experiência fica confusa. Minha mente provavelmente se dissociou de meu corpo. Essa foi a explicação mais racional que consegui encontrar para os fatos que agora passo a expor. Meus amigos dizem que meu corpo ficou incontrolável, gritando palavras sem nexo nenhum, com um sorriso diabólico nos lábios, e extremamente violento com quem tentasse se aproximar dele. Enquanto isso, minha mente vagava por entre algo que não posso e nunca poderei explicar ou viver novamente, uma espécie de fluxo regido por uma música sem som algum, que hoje acredito ser a quarta dimensão. As duas faces da moeda, o satânico e o divino, unidas em uma mesma experiência, coexistindo pacificamente, com meu lado animal tentando me proteger da aproximação de quem quer que fosse, para que minha mente, meu lado racional, se deleitasse na irracionalidade plena de ser absoluto. Após esta confusa experiência, fiquei oito ou nove meses sem tomar chá de cogumelo, em parte porque estava com medo, em parte porque não era mais época de colheita. Mais ou menos em agosto ou setembro teve chuva, e lá fui eu em mais uma missão psicodélica. Dessa vez eu estava com mais três amigos, sendo que dois eram bem novos, e apenas eu tomei, na quantide que hoje considero a ideal: um copo americano. Ficamos sentados na mesa da cozinha tomando cerveja e jogando dominó com o baralho, quando de repente fui acometido pela dor no estômago. O horror tomou conta de meus pensamentos. E agora, o que fazer? Como me odiei por ter tomado o chá. Assim que a dor bateu eu corri para o quarto e deitei na cama, terrificado pelos meus dedos que lentamente iam se alongando. Na televisão, Elia Júnior ria diabolicamente e falava absurdos para mim, tentando me convencer de que eu nunca voltaria daquele estado em que me encontrava. Isso caiu como uma bomba sobre mim. Então tomei a decisão ma! is acertada de minha vida: corri para o banheiro e enfiei o dedo na garganta, vomitando e vomitando até tirar todas aquelas toxinas do meu corpo. Eureka!! Eu havia descoberto como sair da viagem. Na hora passou a agonia e todas as imagens ruins que atormentavam minha mente. A viagem ainda durou aproximadamente uma hora, mas transcorreu em perfeita harmonia com o mundo exterior e interior. Saí da casa e dancei músicas dos Doors enquanto os três amigos olhavam incrédulos para minha performance. Joguei truco como nunca havia jogado e enchi a cara com cerveja numa noite agradabilíssima. Tomei de novo um mês depois, numa experiência que, se não foi boa pelas companhias, o foi porque descobri mais um componente de uma boa viagem, mas num âmbito pessoal, que é o movimento. Quando meu estômago começou a ficar estranho, eu fiquei com um ligeiro medo, mas um cobertor deixando apenas meus olhos de fora me deu a sensação de segurança. De repente eu joguei o cobertor para trás e comecei a me mover, num misto de dança e andar que me deu a calma e tranqüilidade que eu precisava. A partir desse dia o movimento acompanha todas a minhas viagens, mesmo que seja só minha mão que se mexa, para me dar paz. Não ficar parado foi o segredo que encontrei. Na quinta vez, os carinhas que estavam comigo na terceira vez foram junto, dessa vez dispostos a tomar o tão famoso chá. Os dois mais novos tomaram, e o outro não quis, e ficou de anjo-da-guarda, que é a pessoa que toma conta de quem toma o chá, para impedir que cagadas sejam feitas. Quando a viagem começou, fui nadar, e me senti um ser viajando por seu universo. Foi uma delícia. Mas logo comecei a encanar. Como era verão e estávamos em uma fazenda, havia empregados enchendo silos para quando a estiagem começasse. Eu encanei que eles estavam todos sabendo que eu estava viajando, e o horror começou. Entrei dentro de casa e fiquei uns quarenta minutos rolando na cama. Me sentia horrível, um merda, e uma imagem amiga me disse que não me preocupasse, que eu era lindo (no sentido interior) e muito importante. Ouvindo isso resolvi vomitar. Tiro e queda. Comecei a dançar e correr de um lado para o outro. Nisso entram os companheiros de viajem, se sentindo horríveis também. Um dele! s disse que nunca mais voltaria, e tivemos que acalmá-lo até o efeito do cogumelo passar. Dessa vez também fizemos um chá muito concentrado. Na sexta vez, nada a acrescentar de novo. Foi uma viagem deliciosa. O novato que estava conosco curtiu muito, e ficou a noite inteira ouvindo jazz e olhando para o mesmo ponto, uma trepadeira de flores roxas que se mexia como se fosse um dragão. Após o efeito passar tive uma depressão profunda, mas que não durou mais que vinte minutos. Agora estou aqui escrevendo, oito meses após minha última experiência, e aguardando ansiosamente a próxima. A viagem te dá uma pequena noção do absoluto. Você consegue ver Deus nas pequenas coisas, que adquirem um caráter maior, mais magnífico e magnânimo. As viagens noturnas são mais seguras que as diurnas, porém menos belas em cores, luz e detalhes. A concentração ideal do chá deve ficar entre quarenta e sessenta cogumelos por litro de vinho. Coloque um pouco de açúcar para melhorar o gosto e deixe gelar. Como eu já disse antes, um copo americano é a quantidade ideal a ser tomada. Quando as imagens vierem, não lute contra elas. Viva e deixe viver.
"O que vem depois de mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu."
João 1,15
PS: A próxima vez vai ser neste sábado (10/10), pois começou a chover e estou com um litro congelado que eu fiz na semana passada.

LÖIS 21 anos
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Como já mandei minhas experiências psicodélicas, agora mando algumas dicas para uma viagem segura de chá-de-cogumelo.

1- Tomar apenas 1 (um) copo americano (copo de bar). A concentração do chá deve ficar entre 40 e 60 cogumelos por litro de vinho. Menos de quarenta é muito pouco, e com mais de sessenta cogumelos a viagem PODE se tornar estranha em demasia.

2- Evite tomar em lugares públicos. Você vai agir estranho pra cacete, e vai encanar que está todo mundo te sacando. Isso é um grande passo para uma viagem ruim.

3- Procure ter sempre duas ou três pessoas sãs por perto para segurar a onda da galera.

4- Antes de tomar, retire os objetos quebráveis, cortantes e pontiagudos de perto.

5- Apesar de tudo parecer limpo, lembre-se que o chão é sujo e cheio de coisinhas que podem te machucar.

6- Não deixe qualquer um tomar. Só deve tomar quem está preparado.

7- Cuidado com a televisão, ela pode se tornar perigosa.

8- Se alguém desesperar ou encanar, lembre-se que o efeito dura aproximadamente 5 (cinco) horas. Tente fazê-la vomitar bastante (assim o efeito passa mais rápido). Peça para um anjo da guarda (item 3) ficar abraçado ou segurando a mão da pessoa, assegurando a ela que tudo vai acabar em algum tempo, que ninguém quer fazer mal à ela, e que ele não vai deixar que nada de ruim aconteça. Se não houver nenhum anjo da guarda, você mesmo deve vomitar e ir cuidar da pessoa. Isso é importantíssimo. Se a pessoa não tiver uma boa estrutura psicológica, pode até se matar.

9- Após o efeito passar, pode pintar uma depressão. Desencane, ela passa em pouco tempo. Não se sinta um merda, lembre-se que você é um privilegiado. Procure pensar nos aspectos positivos da experiência.

10- Mesmo tendo uma ótima viagem, procure vomitar após o efeito ter passado, para eliminar as toxinas. Tome um copo de leite e tente comer alguma coisa.

11- Curta a viagem. O homem surgiu quando um macaco resolveu experimentar um cogumelo.

LÖIS
 
Isso que você postou??


Isso mesmo.

Você tem guardado?

Participou da GH?



Ecuador, não sobrou nada da GH? Nem um arquivo?


Eu achei também alguns HTMLs do segundo fórum, no www.ezboard.com. Vou organizar e ver se posto aqui.

Depois houve o fórum próprio no Lycaeum, que foi o terceiro e derradeiro fórum da GH.

Esse fórum, se ainda existir, está em algum backup do Neuroglider. Talvez esteja também no Lycaeum, pois Neuro pode somente tê-lo tirado do ar. A página também pode estar lá. Mas quem era chegado ao pessoal de lá era ele.

O primeiro fórum da GH foi em um um site bem básico, e nem me lembro mais o endereço.
file:///C:/AceHTML Freeware/forum.dir/fhyperspace23765gh.html
 
Última edição:
Nossa essa foi a primeira experiencia que eu li ...
Antigamente eu tinha muita vontade de tomar o chá magico e procurava as informações no google... essa é das antigas, quando li isso me deu medo dos cogu..
 
Ecuador disse:
Você tem guardado?

Participou da GH?

Não participei não, Ecuador, mas agora que você falou, eu lí e imaginei que esse relato fosse seu...
 
Não participei não, Ecuador, mas agora que você falou, eu lí e imaginei que esse relato fosse seu...


Não é.

Haviam relatos meus na GH, mas o desse site é assinado por LOIS(?).

Pelo que ele diz no relato subentende-se que foi escrito em 1997.


Depois que tomei cubensis pela primeira vez, em 1999, encontrei várias pessoas que já haviam tomado. E também cultivadores mais antigos, como o Teonanacatl , que apareceu pela GH (e talvez sido o mesmo que postou depois em um dos foruns do CM).

São histórias interessantes, na maioria. Mas cada vez mais vejo que com os cogumelos é essencial a questão da dosagem, e o pessoal de hoje está bem mais informado sobre isso.
 
que relato bacana!!! umas dicas importantes também. acho que é importante o movimento durante a trip, te destrai das coisas ruins. o movimento é uma luta, e quando você consegue vencer a hipertrofia avassaladora que tenta tomar o corpo, você também ganha de todas as coisas ruins da sua mente.
 
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