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Psilocybe Cubensis - Capítulo 01: Um universo na escuridão

malay

Cogumelo maduro
Cadastrado
26/03/2013
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Dizem que no universo o conhecimento não está onde há luz, mas sim onde há ausência dela. Assim começo o relato de minha primeira experiência, realizada no ano de 2009, graças a um amigo de muitas jornadas a quem serei eternamente grato.

Refazendo a linha do tempo até o presente, lembro de anos de experiências patrocinadas pelos mais variados tipos de muletas, as quais aprendi a arte da entrega total, da mente observadora, experiências com níveis de absorção extremos, de passar tardes inteiras vendo, escutando e interagindo, em transe total, porém com certo grau de lucidez frente a situação. Lembro também de um segundo momento em que dediquei anos à experiências que não necessitassem de muletas, onde a disciplina e força de vontade estavam acima de tudo.

Mesmo com todas estas vivências pretéritas às experiências enteógenas, nunca imaginaria que um ser tão pequeno tivesse tamanho poder de transmitir ao experimentador os ensinamentos do auto-conhecimento de forma rápida, silenciosa e eficiente, oportunizando entre outras coisas, a entrada nos porões do próprio subconsciente, realizando um garimpo por todos os traços falhos da personalidade, expondo as fraturas a serem corrigidas, proporcionando um entendimento profundo da nossa relação com os seres bióticos e ambiente abiótico, fazendo brotar um profundo sentimento de respeito e amor por toda forma de vida e manifestação.

Era primavera, época de clima ameno no sul do Brasil, e a experiência seria realizada numa praia onde há dunas cercadas por morros cobertos pela mata atlântica. O local escolhido foi uma duna de areia distante, protegida das vistas de pessoas, com visual para o leste (nascer do sol) onde também era possível apreciar o encontro das águas do rio, com as águas do mar (foz do rio). Chegamos ao local antes do nascer do sol, estávamos em quatro amigos, eu, um amigo mais velho (Guia) com experiência no assunto (isto foi muito importante), outro que havia feito poucas experiências, e o ultimo que como eu, nunca havia experimentado o cubensis.

O combinado é que a experiencia seria conduzida com 5g (dry) para cada pessoa, porém depois fiquei sabendo que para mim, haviam posto cerca de 7g, pelo fato que eu já ser “experimentado no mundo do além” kkk. As sensações iniciaram 20 minutos após a ingestão, primeiramente com uma leveza no corpo, seguido de uma sensação de bom humor, uma vontade de rir imensa. Ao chegar próximo aos 40 minutos pós ingestão comecei a bocejar, lacrimejar e sentir meu corpo pesado, me sentei na cadeira de praia que havia levado pois já não conseguia mais me manter em pé. Enquanto isto, um dos amigos vomitava em um canto, o outro precisou ir ao mato defecar de tão nervoso, e o mais velho controlava os ânimos.

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O sol já dava o primeiro sinal de que ia nascer, minha audição estava aguçada ao ponto de conseguir escutar as gaivotas a quilômetros voando entre o rio e o mar, a vegetação ao longe começou a parecer um quadro pintado a óleo em movimento, circundada de uma aura energética, e eu mal conseguia ficar de olhos abertos, fui obrigado a deitar, pois estava entrando em um estado de catalepsia controlada (sem desespero). De repente meu corpo começou a se fundir com toda aquela areia em volta até que passei a ser unidade integrante de um grande corpo celestial em perfeita harmonia. Não possuía mais corpo, era apenas uma presença com visão, que olhava ao horizonte e conseguia ver a curvatura do planeta, conseguia ter dimensão de sua grandiosidade, inclusive conseguia senti-lo em um movimento parecido com o de respiração. O planeta está vivo!!! Neste momento o sol se erguia no horizonte, eu era o próprio planeta terra em paz com tudo e uma única certeza tomou conta de mim: “I'm in”, e por incrível que pareça, naquele momento eu tive a certeza de já ter vivenciado aquele estado de consciência, mesmo não lembrando onde, nem quando, e que aquele estado era como um retorno à minha essência.

Ainda houve tempo suficiente para perceber de relance que os companheiros de jornada já estavam calmos, cada um em sua cadeira de praia, antes de meus olhos se fecharem e eu entrar em uma experiencia completamente interna, em algo que parecia ser o hiper-espaço. É difícil relatar tudo o que aconteceu nas 4 a 5 horas seguintes, pois muita coisa se fragmentou na minha memória ao longo do tempo. Daquilo que lembro, comecei a voar numa velocidade inacreditável em um espaço-tempo com uma leve curvatura, na escuridão total, e neste voo eu ia passando entre objetos parecidos com planetas, sistemas, galáxias, em fim. Nesta viajem, eu era o observador, porém também era observado, pois algo ou alguém me dava explicações sobre a minha existência e da relação com as pessoas que eu convivia num contexto geral. Na ocasião estas explicações ficaram muito claras para mim.

De repente eu acordo. “an? Que?”. Era o guia do grupo me dando um toque de leve no ombro pra perguntar se estava tudo certo comigo. Eu estava num estado de interiorização muito profundo. Olhei para o lado e vi os outros colegas acomodados em suas respectivas cadeiras. Não conseguia me expressar direito, estava rolando um papo daquele jeito... o Guia falava sobre o estado de consciência das pessoas como um todo, até que ele falou uma frase como: “...eles estão do lado de lá, e nós aqui...” se referindo justamente à parede invisível que separava nós das pessoas em estado comum de vigília. Aquela frase fez todo o sentido no momento, pois mesmo que a experiencia estivesse se passando no centro de uma cidade movimentada, nós estriamos em outra dimensão, em outro reino, com todos os sensores redimensionados, percebendo e interagindo de maneira totalmente incompreensível às outras pessoas.

Fechei os olhos e quase que instantaneamente me projetei pro mesmo ponto de onde havia parado antes de acordar, a explicação continuou, viajei por bastante tempo naquela escuridão espacial, obtive muitas respostas complexas sobre quem sou eu, de onde vim, e pra onde irei retornar, etc, etc, etc (só lembro de fragmentos destas explicações), de repente a velocidade começou a diminuir aos poucos até eu parar em um local onde não existia espaço-tempo-objeto. Era só uma luz eterna e uma sensação de “eu viveria aqui para toda a eternidade” e assim eu fiquei, sem pensamentos, sentimentos ou emoções, completamente vazio, era muito aconchegante. Não lembro a sequência daqui em diante, se fui acordado novamente ou se fiquei neste estado até o final da experiência.

Quando comecei a tomar a forma de um corpo humano novamente, percebi que a experiência estava chegando ao final. Era como se eu estivesse acordando de um sono profundo. Aos poucos fui retomando o contato com o corpo. Abri os olhos e ao meu lado estava meu amigo, idealizador da experiência, já acordado, sentado ao meu lado, aguardando meu retorno. Trocamos algumas palavras de alta estima. Pela posição do sol, já passava do meio dia, olhei ao longe e vi os outros dois amigos voltando do que parecia ser um passeio por perto. Quando eles chegaram um deles comentou: “Ahh se houvesse uma máquina fotográfica que conseguisse fotografar o que eu estou vendo!!!”. O saldo da experiência foi positivo, levantamos acampamento, fomos almoçar e conversar sobre a experiência e depois cada um seguiu seu rumo.
 
interessante mais ontem tive minha primeira experiencia, vi que e mistico e muitas coisas, foi pouco o meus cogumelos, foi o cubences, mais deu pra sentir uma coisa sutil fora 2 cubences, as vezes acho que uma onda forte assim pode me ferrar, mais tenho vontade e medo...
 
as vezes acho que uma onda forte assim pode me ferrar, mais tenho vontade e medo...

Voce tem razão de achar isto. da uma lida neste post: https://teonanacatl.org/threads/comportamento-inapropriados-durante-ego-death.8745/#post-126665

Esta história aconteceu com alguém conhecido, uma pessoa muito centrada, mas que por falta de preparo para o mundo da experimentação, passou por uma situação daquelas (bad-bad trip) pra nunca mais querer escutar o nome cogumelo.
 
O cogumelo reina ... no inconsciente.

No coração do mundo, onde está o espírito, e a vida.

Mesmo com outro nome (e o que são nomes senão um modo de evitar a verdade?), não há como ignorá-lo para sempre.
 
O cogumelo reina ... no inconsciente.

No coração do mundo, onde está o espírito, e a vida.

Mesmo com outro nome (e o que são nomes senão um modo de evitar a verdade?), não há como ignorá-lo para sempre.
e é tao simples que cabe num . (ponto)!
 
Malay, também cheguei nesse estado de fusão com a "Luz Eterna" na minha primeira experiência com cogumelos!
É um estado de unidade, felicidade absoluta e Amor Incondicional totalmente arrebatador!
 
Malay, também cheguei nesse estado de fusão com a "Luz Eterna" na minha primeira experiência com cogumelos!
É um estado de unidade, felicidade absoluta e Amor Incondicional totalmente arrebatador!

Um estado de consciência que estou trabalhando para chegar.
Satisfação, a experiência amigo
 
Simplesmente mágico...
 
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