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Primeira vez.

CapNinja

Cogumelo maduro
Cadastrado
11/12/2010
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Tem um hino que eu gosto muito que me ajudou muito nas duas viagens, se possível, escutem enquanto passam o olho pelo minha experiência.



Escrevi isso durante a viagem de hoje:

Lembre-se sempre do Momento Sagrado. É importante colher os cogumelos com humildade. Peça licença e agradeça.
O cogumelo tem uma alma e ele a compartilha com você.
Juntos passam a dividir uma existência, a vida dele e a sua.
Lembre da colheita de seus ancestrais. A Terra, o Cheiro, o Céu.
Agora você deve continuar sua vida como guerreiro. Seja forte, firme e tenha no seu coração a imagem da Águia.
--

No meu relato de primeira experiência vai de brinde o relato da segunda também.

Fui impulsivo. Não havia me preparado para a viagem em si. Não escolhi músicas, não preparei o ambiente. A única coisa que tinha em mente era comungar com o mestre MDK. Fui afoito demais.
Minha mulher cuidou de mim o tempo todo, arrumou uma playlist, trouxe um incenso. Foi uma ótima cuidadora. E também começou a catalogar as coisas, por pedido meu.
Em dado momento, eu senti que estava vendo um palácio árabe, e lá estava minha mulher e eu. Outras versões nossas.
Depois disso, o cogumelo me ensinou uma dura lição. O clima no quarto mudou de um momento para o outro.
Minha cuidadora ficou incomodada com a minha impetuosidade, e me tratou de forma "dura", por assim dizer. Enquanto estava largado na cama me sentindo inválido, um inconsequente que não soube esperar o momento, um verdadeiro BURRO, uma voz veio na minha cabeça.
- por que voce não se mata? Olha só a sua idade, o que você faz da vida? Você não tem futuro. Você só dá trabalho, você não é ninguém e nem nunca vai ser. A melhor coisa que pode te acontecer é morrer. Anda, pega todos aqueles cogumelos e come de uma vez, dá fim nesse sofrimento. Você vai ficar viciado nesse "barato" do cogumelo de qualquer jeito. Você não vai saber lidar com isso.
Eu pesava aquelas palavras e sinceramente, me abrindo francamente com vocês, aquilo me pareceu uma boa ideia. O final derradeiro. Era justo comigo. Eu estava (na verdade estou, mas as coisas mudaram desde aquela trip) no meu limite e achava digno encerrar as coisas assim. Para a decepção de quem espera uma reviravolta surpreendente, isso não aconteceu no mesmo dia, mas para a alegria dos mesmos, a reviravolta acontece a cada dia desde então. EU NÃO PERDI AS ESPERANÇAS!
Como eu já imaginei que o cogumelo jogaria meus maiores medos na fuça, tudo o que eu andava escondendo de mim mesmo, e a minha intenção era mesmo essa, eu precisava (preciso) de uma reforma interna, e sei que o Mestre não me deixaria na mão. e ele não deixa mesmo.
Diferentemente da Ayahuasca que foi totalmente místico, o Mestre fez uma faxina no meu cérebro revirando meus medos. Eu estava apavorado, mas havia pedido por aquilo.
Eu estava totalmente carente, e minha mulher foi muito carinhosa comigo. Sou extremamente grato pela Providência ter colocado essa mulher na minha vida. Eu contei para ela tudo o que havia feito de errado, que essa experiência serviu para colocar parâmetros nas que estão por vir. No final assistimos um filme baseado no gibi do Alan Moore "Do Inferno" (que conta a historia do Jack, o Extripador). Cá entre nós, foi outra lição, pois eu estava sensível aos humores, e passei por todo o medo e terror das pessoas do filme (mais uma lição).

Hoje eu fiz a colheita do outro bolo, e não tenho um ventilador para fazer a secagem. Perguntei a minha mulher se ela queria ter a 1ª Experiência dela e ela topou. Aí eu fiz as coisas certinhas: arrumei a casa, deixei umas coisinhas beliscáveis, preparei a setlist que ela queria e fiquei cuidando.
Em um dado momento surgiu a oportunidade de eu compartilhar do Cogumelo novamente, e eu aceitei. Fui impetuoso e não devia ter feito isso.
O que aconteceu dessa vez foi que em dado momento eu estava sentado em um jardim, embaixo de uma árvore com a cabeça encostada no colo de uma Preta-Velha. Ela me disse que não era o momento de morrer enquanto carne, mas deixar morrer os maus-costumes para me tornar uma pessoa melhor. Teve mais coisas ditas, mas não consigo lembrar. De resto, foi uma experiência muito visual.

queria deixar claro que sou a favor da abolição do termo "bad trip". Mesmo nos momentos mais complicados das minhas viagens, tudo isso me serviu como lição. Sou grato pelo que aconteceu e espero me tornar uma pessoa melhor. Obrigado a todos você por me proporcionarem essa experiência, com todas as boas vibrações, energias positivas, puxões de orelha e tudo o mais. Que meus erros sirvam de lição para os que estão para chegar. Paz.
 
Também sou contra o termo "bad tripe". É onde mais aprendemos, é a luta mais difícil que é contra nós mesmos.
 
É muito difícil você olhar dentro de você sem filtros, dói demais. Mas também é fenomenal!
 
É brother, primeira vez a gente acha que a experiência vai ser toda colorida cheia de magia e depois se da conta que não é bem assim, é ai que a gente vê, o que somos, como você disse,"o que escondemos de nós mesmos", espero que você, assim como eu, faça uma experiência em meio a natureza durante o dia, vai ser uma experiência bem diferente, eu costumo dizer que as experiências noturnas são (internas) são ótimas para perceber como a nossa vida está, já as experiências diurnas são (externas) são ótimas para nós percebermos como é o mundo a nossa volta. mas é isso brow, paz na sua caminhada :)
 
Bem interessante a experiencia CapNinja... especialmente no concelho da preta velha, um concelho muito sábio.
E eu também acho, que "bad trips" se olhadas de outra forma, servem como lição, aprendizado.

Continue firme e forte no seu caminho.
 
Posso parecer maluco, mas sou fascinado por "bad trips". Elas parecem jogar na cara da gente o que não sabemos o que temos por dentro ou o que não queremos ver. É duro, as vezes precisamos de um longo período para digerir toda essa informação que nos é atirada na cara, isso se conseguirmos.
Acho que a bad trip só é bad porque buscamos sempre evoluir pelas boas sensações, o que é impossível. Vez ou outra temos que apanhar.
seu relato foi bem interessante!

Abraços,
Cubelino
 
Posso parecer maluco, mas sou fascinado por "bad trips". Elas parecem jogar na cara da gente o que não sabemos o que temos por dentro ou o que não queremos ver. É duro, as vezes precisamos de um longo período para digerir toda essa informação que nos é atirada na cara, isso se conseguirmos.
Acho que a bad trip só é bad porque buscamos sempre evoluir pelas boas sensações, o que é impossível. Vez ou outra temos que apanhar.
seu relato foi bem interessante!

Abraços,
Cubelino

Mas muitas vezes o que a pessoa procura é uma viagem colorida, feliz, como ela imagina.
E as vezes não é bem assim que acontece... Ai que o, como gosto de dizer, medo do desconhecido começa a aparecer.
 
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