- 17/09/2015
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Bom, até dois dias atrás eu só tinha tomado os chapeludos acompanhado. Algumas vezes na praia, outras na casa de uma amiga. Tive viagens super interessantes, cheguei a ter orgasmos existenciais com cerca de 4g de cogus desidratados. Mas até então as viagens eram um pouco caóticas, não lineares. Tanto que até então eu nunca havia conseguido escrever sobre uma experiencia pois elas eram basicamente um turbilhão de sensações, fractais e emoções – incríveis.
Neste feriado meus pais foram pra praia e eu fiquei sozinho em casa pois teria que trabalhar um dia. Estava decidido que eu iria aproveitar esse momento para fazer minha primeira viagem solitária. Acabei ficando com receio de tomar uma dose um pouco maior na primeira vez sozinho, então iniciei com 2g.
Comi eles secos pois não suporto o sabor do chá. Sentei na sala, enrolei um cigarro de tabaco, coloquei Robert Rich pra tocar, fumei o tabaco enquanto tentava limpar a mente e relaxar. Aparentemente demorou mais que o normal para bater, talvez por causa de um lanche leve que fiz umas duas horas antes com um pão, tomate e alface. Continuei sentado na sala tentando não pensar em muita coisa.
Dessa primeira parte eu não tenho muitas lembranças, iniciou com uma brisa mais densa e não muito agradável. Meu corpo começou a ficar extremamente pesado e eu decidi ir pra minha cama e fiquei ouvindo a chuva que caia lá fora. Deitado eu me sentia como se estivesse doente, o corpo pesava uma tonelada e era complicado fazer qualquer coisa. Apesar disso eu estava sentindo que a dose havia sido um pouco leve, mas até então não pensava em aumentar.
Estou acostumado com psicodélicos então não me preocupei, mas sabia que podia entrar em uma bad trip nesse momento. Relaxei e deixei ela vir. Então tudo mudou, eu acabei dando uma risada, vocalizei (sem querer) um “fazia tempo que a gente não se encontrava” (senti como se fosse meu organismo falando com a minha consciência/razão). E uma sensação de sabedoria ancestral tomou conta de mim.
Eu sabia que podia lidar com meu corpo. Se deixasse ele falar saberia o que necessito. Eu deveria dar ouvidos ao meu corpo mais do que estou dando ultimamente.
Senti uma permissão do cogumelo para aumentar a dose.
Dei um pulo da cama (levantando o corpo que até então estava “doente”) peguei meu pote com cogumelos, fui pra cozinha e comi quase todo o resto que tinha (preciso voltar a cultivar, socorro). Acredito que a dose total então chegou em 5 ou 6g
Preparei um chá verde com camomila e hibisco. Ficou extremamente forte, mas eu tomei pois sentia que estava precisando. Enquanto preparava o chá um sentimento de amor materno tomou conta de mim junto com o sentimento de conhecimento ancestral. Minha mãe, minha avó e minhas ex-companheiras passaram pela minha cabeça, eu tentava deixar esse sentimento mandar em mim durante a preparação do chá.
Sentei na sala com a minha caneca de chá e um cobertor. Alucinações sonoras chegaram num nível que estava me incomodando. Sentia como se fosse o barulho do universo em plena atividade, como um maquinário que não para nunca, mas que nós não ouvimos normalmente. Não sei quanto tempo fiquei na sala neste momento. Visualmente estava tudo muito confuso. Eu “dormia” de olho aberto. Tinha visões e era jogado para diversos lugares (mas aqui estava bem confuso novamente). O barulho do universo era quase insuportável e eu me sentia sendo arremessado de órbita. Toda essa confusão junto com o chá me fez sentir o estomago um pouco estranho, resisti o máximo que pude mas decidi que era melhor ir vomitar.
Vomitei e voltei pra minha cama, perdi quase totalmente o controle do meu corpo, conseguia fechar e abrir os olhos, mas qualquer outra coisa era bem sem coordenação. Comecei a ver uma espécie de seres que inicialmente julguei serem de outro planeta/dimensão. Eu era levado por diversos setores onde diversos desses seres (não possuíam exatamente um formato que eu pudesse explicar) estavam fazendo diferentes coisas. Acabei percebendo que não eram seres de outras planetas, mas sim particulas do universo. Como se cada partícula do universo tivesse consciência e atuasse no funcionamento dessa grande maquina.
Várias vezes durante a viagem eu vocalizei coisas. Fechar os olhos ou deixá-los abertos não fazia muita diferença. As vezes de olhos abertos eu estava vendo coisas que não estavam lá. Perdia totalmente a visão do ambiente.
Havia um clima de urgência, como se uma grande catástrofe estivesse prestes a acontecer. Ninguém podia parar para me explicar exatamente o que estava para acontecer mas davam alguns conselhos:
“A solução é o amor”; “Continue no amor”; “O caminho é o amor”.
Apesar do clima de urgência, ao mesmo tempo havia uma calma pois se tudo desse errado, no fim daria certo de qualquer modo, mesmo que por um caminho mais difícil para todos.
Fui colocado de frente à várias pessoa conhecidas e podia sentir a energia que elas transmitiam. Algumas me transmitiam amor, felicidade e outras raiva, vingança (que eram as energias que o universo estava tentando combater). Todas as pessoas que passaram eu vi com muito carinho e percebi que mesmo as que emanavam energia negativa, no fim queriam as mesmas coisas que as pessoas que emanavam energia positiva, elas só estavam completamente perdidas.
Eu possuo um bloqueio enorme em expressar meus sentimentos e nesse momento eu fui induzido à começar a dizer aos outros que os amo. Dizer à minha mãe que a amo, ao meu pai, aos meus amigos e amigas, meus parentes, quis abraçar todo mundo.
Pela primeira vez na vida eu não vi com pavor a possibilidade de ter filhos um dia (apesar de não querer ter). Senti a vontade de voltar a me relacionar emocionalmente com alguém, coisa que venho evitando há muito tempo.
Senti vontade de tirar todas as mascaras que precisei criar para continuar sobrevivendo na minha família e conversar abertamente com meus familiares sobre os mais diversos assuntos, incluindo os cogumelos (não sei se farei isso, minha família é bem complicada nesses assuntos).
Pude ver diversas “invasões” de energia negativa em volta da terra, especialmente neste momento tosco em que vivemos. Talvez seja esse o motivo da urgência em que o universo se encontrava.
Tive uma visão de mim mesmo vivendo em meio ao mato, cultivando meu alimento, longe de toda essa loucura de cidade grande e em ligação com meu corpo e com a natureza.
Ainda estou digerindo tudo que aconteceu. Foi uma noite longa. Muitos momentos não foram exatamente prazerosos, mas foi incrível. A viagem mais profunda que tive até então. Me sinto totalmente confiante de repetir a dose sozinho. Percebi que sozinho a viagem fica muito mais linear. Com outras pessoas um acaba influenciando a viagem do outro. É mais difícil se aprofundar em sí mesmo.
Não que sozinho a viagem seja melhor, mas com certeza é bem diferente.
Neste feriado meus pais foram pra praia e eu fiquei sozinho em casa pois teria que trabalhar um dia. Estava decidido que eu iria aproveitar esse momento para fazer minha primeira viagem solitária. Acabei ficando com receio de tomar uma dose um pouco maior na primeira vez sozinho, então iniciei com 2g.
Comi eles secos pois não suporto o sabor do chá. Sentei na sala, enrolei um cigarro de tabaco, coloquei Robert Rich pra tocar, fumei o tabaco enquanto tentava limpar a mente e relaxar. Aparentemente demorou mais que o normal para bater, talvez por causa de um lanche leve que fiz umas duas horas antes com um pão, tomate e alface. Continuei sentado na sala tentando não pensar em muita coisa.
Dessa primeira parte eu não tenho muitas lembranças, iniciou com uma brisa mais densa e não muito agradável. Meu corpo começou a ficar extremamente pesado e eu decidi ir pra minha cama e fiquei ouvindo a chuva que caia lá fora. Deitado eu me sentia como se estivesse doente, o corpo pesava uma tonelada e era complicado fazer qualquer coisa. Apesar disso eu estava sentindo que a dose havia sido um pouco leve, mas até então não pensava em aumentar.
Estou acostumado com psicodélicos então não me preocupei, mas sabia que podia entrar em uma bad trip nesse momento. Relaxei e deixei ela vir. Então tudo mudou, eu acabei dando uma risada, vocalizei (sem querer) um “fazia tempo que a gente não se encontrava” (senti como se fosse meu organismo falando com a minha consciência/razão). E uma sensação de sabedoria ancestral tomou conta de mim.
Eu sabia que podia lidar com meu corpo. Se deixasse ele falar saberia o que necessito. Eu deveria dar ouvidos ao meu corpo mais do que estou dando ultimamente.
Senti uma permissão do cogumelo para aumentar a dose.
Dei um pulo da cama (levantando o corpo que até então estava “doente”) peguei meu pote com cogumelos, fui pra cozinha e comi quase todo o resto que tinha (preciso voltar a cultivar, socorro). Acredito que a dose total então chegou em 5 ou 6g
Preparei um chá verde com camomila e hibisco. Ficou extremamente forte, mas eu tomei pois sentia que estava precisando. Enquanto preparava o chá um sentimento de amor materno tomou conta de mim junto com o sentimento de conhecimento ancestral. Minha mãe, minha avó e minhas ex-companheiras passaram pela minha cabeça, eu tentava deixar esse sentimento mandar em mim durante a preparação do chá.
Sentei na sala com a minha caneca de chá e um cobertor. Alucinações sonoras chegaram num nível que estava me incomodando. Sentia como se fosse o barulho do universo em plena atividade, como um maquinário que não para nunca, mas que nós não ouvimos normalmente. Não sei quanto tempo fiquei na sala neste momento. Visualmente estava tudo muito confuso. Eu “dormia” de olho aberto. Tinha visões e era jogado para diversos lugares (mas aqui estava bem confuso novamente). O barulho do universo era quase insuportável e eu me sentia sendo arremessado de órbita. Toda essa confusão junto com o chá me fez sentir o estomago um pouco estranho, resisti o máximo que pude mas decidi que era melhor ir vomitar.
Vomitei e voltei pra minha cama, perdi quase totalmente o controle do meu corpo, conseguia fechar e abrir os olhos, mas qualquer outra coisa era bem sem coordenação. Comecei a ver uma espécie de seres que inicialmente julguei serem de outro planeta/dimensão. Eu era levado por diversos setores onde diversos desses seres (não possuíam exatamente um formato que eu pudesse explicar) estavam fazendo diferentes coisas. Acabei percebendo que não eram seres de outras planetas, mas sim particulas do universo. Como se cada partícula do universo tivesse consciência e atuasse no funcionamento dessa grande maquina.
Várias vezes durante a viagem eu vocalizei coisas. Fechar os olhos ou deixá-los abertos não fazia muita diferença. As vezes de olhos abertos eu estava vendo coisas que não estavam lá. Perdia totalmente a visão do ambiente.
Havia um clima de urgência, como se uma grande catástrofe estivesse prestes a acontecer. Ninguém podia parar para me explicar exatamente o que estava para acontecer mas davam alguns conselhos:
“A solução é o amor”; “Continue no amor”; “O caminho é o amor”.
Apesar do clima de urgência, ao mesmo tempo havia uma calma pois se tudo desse errado, no fim daria certo de qualquer modo, mesmo que por um caminho mais difícil para todos.
Fui colocado de frente à várias pessoa conhecidas e podia sentir a energia que elas transmitiam. Algumas me transmitiam amor, felicidade e outras raiva, vingança (que eram as energias que o universo estava tentando combater). Todas as pessoas que passaram eu vi com muito carinho e percebi que mesmo as que emanavam energia negativa, no fim queriam as mesmas coisas que as pessoas que emanavam energia positiva, elas só estavam completamente perdidas.
Eu possuo um bloqueio enorme em expressar meus sentimentos e nesse momento eu fui induzido à começar a dizer aos outros que os amo. Dizer à minha mãe que a amo, ao meu pai, aos meus amigos e amigas, meus parentes, quis abraçar todo mundo.
Pela primeira vez na vida eu não vi com pavor a possibilidade de ter filhos um dia (apesar de não querer ter). Senti a vontade de voltar a me relacionar emocionalmente com alguém, coisa que venho evitando há muito tempo.
Senti vontade de tirar todas as mascaras que precisei criar para continuar sobrevivendo na minha família e conversar abertamente com meus familiares sobre os mais diversos assuntos, incluindo os cogumelos (não sei se farei isso, minha família é bem complicada nesses assuntos).
Pude ver diversas “invasões” de energia negativa em volta da terra, especialmente neste momento tosco em que vivemos. Talvez seja esse o motivo da urgência em que o universo se encontrava.
Tive uma visão de mim mesmo vivendo em meio ao mato, cultivando meu alimento, longe de toda essa loucura de cidade grande e em ligação com meu corpo e com a natureza.
Ainda estou digerindo tudo que aconteceu. Foi uma noite longa. Muitos momentos não foram exatamente prazerosos, mas foi incrível. A viagem mais profunda que tive até então. Me sinto totalmente confiante de repetir a dose sozinho. Percebi que sozinho a viagem fica muito mais linear. Com outras pessoas um acaba influenciando a viagem do outro. É mais difícil se aprofundar em sí mesmo.
Não que sozinho a viagem seja melhor, mas com certeza é bem diferente.
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