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Primeira experiência com Psilocybe Cubensis 3g

Maicon Silva

Esporo
Cadastrado
11/04/2022
1
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29
Já havia algum tempo que tinha curiosidade em experimentar cogumelos mágicos, mas nunca tive a oportunidade, até que em um final de semana decidimos usar (eu e minha namorada). Foi a experiência mais intensa que eu já tive. Eu li muito sobre os efeitos da Psilocybe Cubensis no ser humano, acho que li a maioria dos relatos deste site, inclusive artigos em inglês (existe muito material sobre pesquisas já feita com cogumelos fora do país), isso me ajudou muito na hora que a substância "bateu", obrigado a todos por compartilhar. Agora vamos para o relato.

1º fase

Cheguei na casa da minha namorada por volta das 19 horas, consumimos cogumelos secos as 19 e 30 aproximadamente (eu 3g, ela 2g). Como a gente nunca havia usado, decidimos continuar fazendo nossas coisas como seria normalmente, até sentirmos os efeitos. Não foi a melhor ideia, eu sabia que não iria funcionar dessa maneira, mas ok. A primeira sensação foi o coração batendo mais rápido, um sentimento de euforia, o que estava me incomodando um pouco. Decidimos ir para o quarto. Deitamos colocamos algumas imagens no projetor, eu sentia um desconforto no estômago muito forte, como se tivesse bebido demais, ela também sentiu isso. Percebi que as cores estavam mais "fortes", mais vivas. Tudo era muito iluminado, isso me incomodou um pouco, fiquei tonto e angustiado. Até que fui ao banheiro e vomitei (ela também). Vomitei muito mesmo, melhor coisa que eu fiz. Depois disso me senti muito melhor, como se fosse aquilo que de fato me incomodava, não eram as cores ou as distorções.

2º fase

Depois disso resolvemos nos deitar os som de natureza (YouTube). Fiquei muito confuso no começo, eu sentia que faltava alguma coisa, mas não sabia o que era. Resolvi desligar o projetor, bebi água, tentei tomar banho, mas não era nada disso. Então eu comecei fazer muitas perguntas pra minha namorada, se ela tava bem, o que ela tava sentindo. Depois que ela me disse que tava tudo bem, e que ela tava se sentindo ótima, então eu finalmente fiquei em paz. Eu só precisava saber se ela estava bem, me preocupo muito com ela. Depois disso eu me permiti sentir tudo o que estava vindo no momento, não lutei contra nada. Acho que nunca chorei tantas vezes em um dia só, mas foi um choro muito bom, me sentia cada vez mais aliviado, eu precisava disso. Senti que ainda tinha algo de errado com meu estômago, fui para o banheiro mais uma vez. Me sentei no sanitário e fiquei olhando pras paredes do banheiro, tudo parecia vivo, pulsando, enxerguei formas geométricas em todos os lugares.

3º fase

Me sentei no chão do banheiro com ela, conversamos muito sobre o que cada um tava sentindo. Foi um momento bem íntimo, nunca tinha demonstrado tanta vulnerabilidade pra alguém.
Comecei a pensar muito na vida, tive um sentimento que estamos vivendo nossa vida de uma forma "errada". Tudo baseado no dinheiro, na ganância, e isso me deixou muito triste. Pensei em todas as pessoas que passam fome, frio, em todo o sofrimento causado pelo mau em potencial que há em no ser humano. Lembrei das vezes que eu saía pra noite, e me senti muito mal. Eu senti tanta empatia que era como se eu realmente tivesse no lugar dessas pessoas, sofri muito por alguns minutos, mas logo depois que o choro passava eu abraçava minha companhia e era o melhor lugar do mundo. Eu me sentia muito puro, sem nenhuma malícia, queria o bem de todos nesse momento, pensei nas pessoas que me fizeram mal, não sentia mais revolta, entendi que tudo o que me fizeram não tinha um culpado, entendi que a forma como vivemos resultava em dor, que o mundo nos corrompeu. Eu senti o que era o certo e o que era errado, coisas do cotidiano me parecia tão egoísta. Me perguntava como as pessoas fazem tanta maldade, sendo que sofríamos todos juntos, não fazia sentido nenhum viver dessa forma.

4º fase

Logo depois de irmos para a cama, conversamos sobre as pessoas do nosso convívio, ela me contou sobre o tio dela que sentia muita falta da família, eu nem precisei pensar em nada, senti uma dor muito grande por ele. Concluí que vivemos totalmente na contra mão do que nos faz bem, vivemos desconectados das pessoas que gostamos e isso nos faz muito mal. Sempre que eu lembrava de alguém, pensava o quanto eu estava deixando essa pessoa de lado, que talvez ela precise de mim e eu não dava a mínima atenção. Me senti tão egoísta, fiquei reflexivo. Pensei em quanto eu me cobrava pra ser o melhor, eu me via sofrendo por expectativas que eu criei pra mim quando criança, mentalizei então que a partir desse dia não iria mais sofrer pela frustração, aceitaria que minha vida é perfeita do jeito que é, que eu sou perfeito do meu jeito, com minhas dificuldades e limitações. Passado alguns minutos, me senti no paraíso, tudo era perfeito, tudo funcionava harmonicamente, sem sofrimento.

CONCLUSÃO

Apesar da dor, foi uma experiência renovadora, pude visualizar muitas coisas que estão erradas em minha rotina, maus hábitos, falta de empatia, parece que agora eu sei como a vida deve ser vivida, e é tão bom esse sentimento. Agora sei que não importa onde eu esteja, o impulso de ajudar alguém deve ser seguido, sem me importar como a pessoa chegou até ali. Sei que devo amar a todos, independente de qualquer coisa, devemos perdoar, ouvir, não julgar (pois ninguém sabe o que se passa dentro de cada um). Enfim, sou muito grato pela experiência e tenho certeza de que isso mudou a forma como eu vejo o mundo. Parece que eu consegui visualizar um mundo sem os filtros que nos faz esquecer o que realmente importa.
 
Eu sinto falta dessas trips que trazem a empatia e sensação de união.
Grande parte das primeiras experiências pareciam ter essa conexão.

Depois de uma trip "diferente" eu troquei minha conclusão:

que o mundo nos corrompeu
Hoje, minha opinião é que nós quem corrompemos o mundo.
A ganância, violência, inveja, egocentrismo, narcisimo e luxúria são inerentes à história humana.
O mundo é só um reflexo do conjunto de indivíduos que habitam nele.

Enfim, belíssima primeira trip.
Para mim, nas primeiras trips é como se estivesse vendo o mundo com olhos de recém-nascido.
É maravilhoso

Sei que devo amar a todos, independente de qualquer coisa,
Quem me dera conseguir
 
Acho tão mágicas as primeiras experiências, deve ter sido incrível.
Aposto que a partir de agora o seu novo "Eu" vai estar muito mais alinhado com a pessoa que você quer ser de fato.

E o que o @Texugo disse é verdade, tenho a sensação de que com o passar das trips o sentido foi se esvaziando.
Migrei do LSD para os cogumelos para tentar recobrar aquela sensação de maravilhamento com o mundo e com as pessoas, mas encontrei o mesmo cenário árido das últimas trips com ácido.

Dei essa volta para reforçar a teoria de que talvez essas trips com potencial empático sejam finitas.
A hora é agora pra mergulhar nesse amor e reestruturar a vida.

Um grande abraço meu irmão!
 
Puxa, @Maicon Silva, ler seu relato foi um sentimento tão bom.......... obrigado!

Cada coisa que você diz, cada pequeno ganho em amor que criamos com os Meninos Santos...

É fantástico ver acontecer tudo redondinho assim com alguém de primeira vez.

Obrigado!


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teoria de que talvez essas trips com potencial empático sejam finitas

Nobre @MarceloHirosse, sempre bom vê-lo.

Bem, se me permite dizer em contrário... rsrs acho que depende mesmo. Eu ainda tenho isso, 76 experiências depois, só contando as de cogumelo. :)

Talvez seja porque meu set e setting são focados em enteogenia-religião e busca volitiva de empatia, amor e perdão?.. Não sei dizer. Só sei que é assim, senão eu paro de tomar os cogumelos. Pois a razão de eu me enfiar no pandemônio que seus efeitos são pra mim é a pessoa melhor que me torno depois.

------------------

Amável @Texugo, vou usar sua resposta pra abrir um tópico de debate sobre esse tema fora deste relato, pois vale a pena e esse debate filosófico, que não lembro de ter visto pelo fórum. Como considero falta de respeito aprofundar debates em tópicos de relatos... Edit: O mundo nos corrompe, ou nós somos corrompidos pelo mundo? Por quê?.
 
Última edição:
Puxa, @Maicon Silva, ler seu relato foi um sentimento tão bom.......... obrigado!

Cada coisa que você diz, cada pequeno ganho em amor que criamos com os Meninos Santos...

É fantástico ver acontecer tudo redondinho assim com alguém de primeira vez.

Obrigado!


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Nobre @MarceloHirosse, sempre bom vê-lo.

Bem, se me permite dizer em contrário... rsrs acho que depende mesmo. Eu ainda tenho isso, 76 experiências depois, só contando as de cogumelo. :)

Talvez seja porque meu set e setting são focados em enteogenia-religião e busca volitiva de empatia, amor e perdão?.. Não sei dizer. Só sei que é assim, senão eu paro de tomar os cogumelos. Pois a razão de eu me enfiar no pandemônio que seus efeitos são pra mim é a pessoa melhor que me torno depois.

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Amável @Texugo, vou usar sua resposta pra abrir um tópico de debate sobre esse tema fora deste relato, pois vale a pena e esse debate filosófico, que não lembro de ter visto pelo fórum. Como considero falta de respeito aprofundar debates em tópicos de relatos... Edit: O mundo nos corrompe, ou nós somos corrompidos pelo mundo? Por quê?.
Foi exatamente isso que eu aprendi e pratico ao tomar cogus. Você põe uma intenção antes de tomar, cada vez que tomar.
Artistas utilizam dessa técnica para ter trips criativas.
Religiosos poe a intenção de se conectar com o sagrado.
Ponha a intenção de se curar, de se tornar amor novamente e você terá essa experiência, pois o que nos distancia da nossa essência que é o amor, é o ego.
Trust the process.
 
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