Por volta das nove da noite de 18 de março de 2001, vasculhando a Internet em busca de temas com os quais tenho tido contato por boa parte de minha vida, me deparei com um fórum de discussões que viria a virar de ponta cabeça muito da minha concepção do mundo, não só pelos temas que discutia, como também pelo modo como discutia esses temas.
Essa comunidade era conhecida pelos membros como Hyperspace / Garagem Hermética. Lá, conheci pessoas como Neuroglider, Zebu, Ecuador, Um Ponto, Twiknick, Chew, Bondia, Perception SoulRider, Slade Abdala, Syd Barrett (entre outros amigos online da mesma comunidade); pessoas que, entre sérias e divertidas, escreveram algumas das páginas mais intrigantes e fascinantes da minha vida online até hoje. Em um mundo como a Internet, onde anos podem equivaler a muito mais que isso em termos de mudanças, só me resta até o dia de hoje um arrependimento: tê-los conhecido tão tarde nesse tempo.
As discussões sobre substâncias que proporcionam a expansão da consciência e o relacionamento entre os membros do fórum foram os pontos altos dessa experiência única que vivi logo ao ter acesso à Internet em casa pela primeira vez. Um tempo fascinante de descoberta de um mundo que eu apenas observava de longe, agora trazido a mim com a vazão de uma comporta (agora) aberta de informações no rio caudaloso e alucinante que é a Internet; redescoberta de mim mesmo, agora imerso nesse processo de aprendizado contínuo e sem volta.
Quem eram aqueles malucos? Como poderiam estar discutindo esses temas ainda proibidos como palavrões numa sociedade que, não havia muito, saía de um período de vigilância obsessiva de sua própria população? Sem dúvida, eu estava diante de um momento legendário em minha vida de aprendiz. O caiçara de Santos, completamente exposto a não só uma, mas várias visões de um mundo em constante transformação, em contato com pessoas tão legendárias quanto o próprio momento. Momento que se foi, escorrendo pelos dedos como a areia do tempo que ninguém pode deter.
E lá se vai uma década. Santos é agora um lugar distante para mim. Membros de fóruns não mais mencionam em seus perfis os seus números de ICQ e outras coisas que foram esquecidas na poeira deste tempo urgente, mas certas coisas permanecem. Venho encontrar o Ecuador aqui novamente, trilhando o mesmo caminho do conhecimento que todos aqui compartilham, caminho que ele e os outros foram generosos o suficiente para compartilhar comigo durante os loucos anos de 2001 a 2003. Caminho que os membros daqui, tão generosamente quanto, organizam a cada dia, já por uma década ou talvez mais, a despeito da precipitação, descaso e destempero de desavisados.
Vejo por aqui a mesma velha chama, apenas se renovando mais a cada dia, o mesmo ambiente legendário que experimentei de março de 2001 em diante. E vejo também por aqui esta galera que divide o mesmo sentimento experimental, de quem rechaça dogmas, preconceitos e outras tranqueiras do gênero e se lança a confirmar experiências, tanto as suas próprias quanto as dos outros. É desse trabalho, que todos os membros atuantes desta comunidade desenvolvem juntos, que virá uma visão finalmente aberta e plural das coisas desse mundo louco. Ou virá disso, ou simplesmente não virá.
É um privilégio estar aqui e (re)viver tudo isso.
Salve, galera do CM!
Essa comunidade era conhecida pelos membros como Hyperspace / Garagem Hermética. Lá, conheci pessoas como Neuroglider, Zebu, Ecuador, Um Ponto, Twiknick, Chew, Bondia, Perception SoulRider, Slade Abdala, Syd Barrett (entre outros amigos online da mesma comunidade); pessoas que, entre sérias e divertidas, escreveram algumas das páginas mais intrigantes e fascinantes da minha vida online até hoje. Em um mundo como a Internet, onde anos podem equivaler a muito mais que isso em termos de mudanças, só me resta até o dia de hoje um arrependimento: tê-los conhecido tão tarde nesse tempo.
As discussões sobre substâncias que proporcionam a expansão da consciência e o relacionamento entre os membros do fórum foram os pontos altos dessa experiência única que vivi logo ao ter acesso à Internet em casa pela primeira vez. Um tempo fascinante de descoberta de um mundo que eu apenas observava de longe, agora trazido a mim com a vazão de uma comporta (agora) aberta de informações no rio caudaloso e alucinante que é a Internet; redescoberta de mim mesmo, agora imerso nesse processo de aprendizado contínuo e sem volta.
Quem eram aqueles malucos? Como poderiam estar discutindo esses temas ainda proibidos como palavrões numa sociedade que, não havia muito, saía de um período de vigilância obsessiva de sua própria população? Sem dúvida, eu estava diante de um momento legendário em minha vida de aprendiz. O caiçara de Santos, completamente exposto a não só uma, mas várias visões de um mundo em constante transformação, em contato com pessoas tão legendárias quanto o próprio momento. Momento que se foi, escorrendo pelos dedos como a areia do tempo que ninguém pode deter.
E lá se vai uma década. Santos é agora um lugar distante para mim. Membros de fóruns não mais mencionam em seus perfis os seus números de ICQ e outras coisas que foram esquecidas na poeira deste tempo urgente, mas certas coisas permanecem. Venho encontrar o Ecuador aqui novamente, trilhando o mesmo caminho do conhecimento que todos aqui compartilham, caminho que ele e os outros foram generosos o suficiente para compartilhar comigo durante os loucos anos de 2001 a 2003. Caminho que os membros daqui, tão generosamente quanto, organizam a cada dia, já por uma década ou talvez mais, a despeito da precipitação, descaso e destempero de desavisados.
Vejo por aqui a mesma velha chama, apenas se renovando mais a cada dia, o mesmo ambiente legendário que experimentei de março de 2001 em diante. E vejo também por aqui esta galera que divide o mesmo sentimento experimental, de quem rechaça dogmas, preconceitos e outras tranqueiras do gênero e se lança a confirmar experiências, tanto as suas próprias quanto as dos outros. É desse trabalho, que todos os membros atuantes desta comunidade desenvolvem juntos, que virá uma visão finalmente aberta e plural das coisas desse mundo louco. Ou virá disso, ou simplesmente não virá.
É um privilégio estar aqui e (re)viver tudo isso.
Salve, galera do CM!