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Perdendo sua religião

Ecuador

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22/12/2007
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Scientific American Brasil

http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/perdendo_sua_religiao.html

Perdendo sua religião
Novos experimentos mostram que pensamento analítico pode enfraquecer intuição e crenças

por Marina Krakovsky

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Pessoas que pensam intuitivamente tendem a ser religiosas, mas fazê-las pensar analiticamente, mesmo de maneira sutil, diminui a força de suas crenças. A conclusão é de um novo estudo publicado na Science.

A pesquisa, conduzida pelos psicólogos Will Gervais e Ara Norenzayan, da University of British Columbia, não toma partido no debate entre religião e ateísmo, mas pretende desvendar uma das origens da crença e da descrença. “Para entender a religião entre os seres humanos”, orienta Gervais, “é preciso se acostumar com o fato de que existem milhões de crentes e descrentes”.

Um de seus estudos relacionou crença religiosa com resultados de um teste de raciocínio analítico. O teste apresenta três problemas de matemática que parecem simples. Um deles pergunta: “Se são necessários cinco minutos para que cinco máquinas produzam cinco rebimbocas, quanto tempo é necessário para que 100 máquinas produzam 100 rebimbocas?”. A primeira resposta que normalmente vem à mente – 100 minutos – está errada. Pessoas que param para pensar na resposta correta (cinco minutos) são, por definição, mais analíticas – e tendem a receber notas mais baixas nos testes de crenças religiosas.

Mas os cientistas foram além dessa ligação interessante e conduziram quatro experimentos que mostram que o pensamento analítico realmente leva à descrença. Em um deles os participantes foram aleatoriamente colocados no grupo analítico ou no grupo de controle. Em seguida, os pesquisadores mostraram fotos d’O Pensador, de Rodin, para os “analíticos” e imagens da antiga escultura grega Discobolus, que mostra um atleta pronto para lançar um disco, para o outro grupo. O Pensador foi usado por ser uma imagem tão icônica da reflexão profunda que em um teste separado, com participantes diferentes, observar a fotografia ajudou as pessoas a resolver silogismos lógicos.

Após olhar as imagens, os participantes realizaram um teste que media sua crença em Deus, em uma escala de 0 a 100. Os resultados variaram muito, com um desvio padrão de cerca de 35 pontos. A diferença das médias foi o fator mais importante: no grupo de controle, a pontuação média para a crença em Deus foi de aproximadamente 61 pontos. Entre os voluntários do grupo que havia contemplado O Pensador, a média foi de apenas 41. Esse intervalo é grande o bastante para indicar que pessoas com mais crenças estavam respondendo como se fossem descrentes – tudo isso ao serem lembrados da capacidade humana de pensar analiticamente.

Outro experimento usou um método diferente para mostrar um efeito semelhante. Ele explorou a tendência, anteriormente identificada por psicólogos, que as pessoas têm a eliminar a intuição quando precisam ler um texto escrito em uma fonte difícil. Gervais e Norenzayan fizeram isso ao dar aos dois grupos um teste sobre sua crença em entidades sobrenaturais, como Deus e anjos, variando apenas a fonte em que o texto foi impresso. Quem fez o teste com a fonte menos legível (um tipo de letra de máquina de escrever em itálico) expressou menos crença que aqueles que leram a fonte mais comum e mais fácil. “É uma manipulação muito sutil”, observa Norenzayan. “Ainda assim, algo que parece trivial pode levar a mudanças que as pessoas consideram importantes em seus sistemas de crenças religiosas”. Em uma escala de3 a21, os participantes do grupo analítico tiveram quase dois pontos a menos que os participantes do grupo de controle.

O pensamento analítico enfraquece a crença porque ele pode substituir a intuição. E sabemos, com base em pesquisas anteriores, que crenças religiosas como a ideia de que objetos e eventos existem com um propósito têm suas raízes na intuição. “O processamento analítico inibe essa outra forma de pensamento, o que acaba desencorajando o pensamento religioso”, explica Norenzayan.

O psicólogo Joshua Greene, de Harvard University, que publicou um artigo ano passado sobre o mesmo assunto elogia o trabalho por sua metodologia rigorosa. “Qualquer um dos experimentos pode ser reinterpretado, mas quando temos diferentes evidências apontando na mesma direção, é muito impressionante”.

O estudo recebeu também notas altas de Francisco Ayala, biólogo evolutivo da University of California, o único ex-presidente da Associação Americana para o Avanço da Ciência que já foi padre católico e continua afirmando que ciência e religião são compatíveis. Ayala diz que o estudo é engenhoso e só fica surpreso com o fato de seus efeitos não serem ainda maiores. “Pode-se esperar que as pessoas que desafiam as crenças gerais de sua cultura sejam, obviamente, mais analíticas”, reforça ele.

Os pesquisadores, por sua vez, apontam que tanto a razão quanto a intuição têm seus lugares: “Nossas intuições podem ser extremamente úteis”, argumenta Gervais, “e o pensamento analítico não é nenhum oráculo da verdade”. Greene concorda, ao mesmo tempo em que levanta uma pergunta provocativa implícita nas descobertas: “Obviamente há milhões de pessoas muito inteligentes e geralmente racionais que acreditam em Deus. Esse estudo não prova nenhuma não-existência, mas lança um desafio: se entidades sobrenaturais existem e se acreditar nelas é perfeitamente racional, por que um aumento no processamento analítico tende a diminuir crenças?”.
 
Já tive e vi pessoas terem intuições incrívelmente precisas.
 
Já tive e vi pessoas terem intuições incrívelmente precisas.


O problema da intuição é que nem sempre dá certo.

E aí, qual seria a proporção esperada de certos devido ao acaso?
 
Concordo Ec., mas as vezes da pra pescar umas boas, sempre reflito se em alguns casos não é algo de energia.
 
Realmente, a religião como forma de crença única é sempre enfraquecida quando passamos a analisar alguns fatos do dia-a-dia.

Texto interessante Ecuador, obrigado.
 
O problema da intuição é que nem sempre dá certo.

E aí, qual seria a proporção esperada de certos devido ao acaso?

"Quem nao arrisca nao petisca"

Eu acho que nao existe proporcao a ser medida... Ou vc é bom ou vc nao é bom na intuicao e asvezes é melhor usar a intuicao que pensar/analisar demais.

Errar faz parte.
 
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