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O sonho do rei Janaka

tupy

★ vento sul ☆
Membro da Staff
Cultivador confiável
29/05/2006
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Terra de Deus
O sonho do rei Janaka
Narração das Upanishads pelo Pandit Sudarshanjee

Uma vez, o rei Janaka, pai da princesa Sita, heroína do Ramayana, estava dormindo. Ele sonhou que o rei vizinho atacava seu reino e que acontecia uma guerra.
No sonho, ele foi capturado e o rei vitorioso lhe disse: “seu reino agora é meu. Ou ordeno que você deixe meu palácio”. Janaka pensou: “quem vai me ajudar agora?”



Ele saiu andando do palácio. Viu as portas das casas fechadas. Nenhum dos seus antigos súditos lhe deu comida, pois tinham medo de serem decapitados pelo rei vitorioso, conhecido pela crueldade.
Depois de cinco dias andando sem se alimentar, chegou à fronteira do reino. Já fora do país, pediu comida numa casa. O dono da casa lhe disse que havia um banquete público acontecendo perto daí.
Contudo, quando ele chegou, a comida tinha acabado. Voltou para a casa do homem, que tampouco tinha como alimentá-lo. Mas, lhe ofereceu um pouco de forragem de arroz com picles, a única coisa que pôde achar na casa. O rei comeu com vontade, e ficou feliz e aliviado.
Ao acordar do sonho, perguntou-se: “o que é verdade? O que vivi no sonho, ou o que estou vivendo agora?”
Seus assistentes ficaram preocupados, pois viam ele perguntando-se o tempo todo: “isto é a verdade ou aquilo é verdade?”
Resolveram chamar o sábio Yajñavalkya para que pudesse ajudá-lo. O sábio lhe disse: “quando você estava comendo a forragem de arroz, este palácio era seu?”
“Não”, respondeu o rei.
“E, agora que você tem este palácio, aquela penúria existe?”
“Não”, disse Janaka.
“Então”, disse o sábio, “nem isto que você tem aqui era verdade no mundo do sonho, nem aquilo que parecia real no sonho é verdade no mundo da vigília.
“Porém, esse Ser que você é, estava presente no sonho, permaneceu presente durante o sono, e está presente agora, na vigília. ”


Rei Janaka e sua filha

Metaforicamente, este conto nos fala sobre a contradição que existe entre os três estados de consciência. Por exemplo, eu posso ser uma pessoa de condição social muito humilde, mas sonho que sou um imperador. Por outro lado, a agitação característica da vigília ou do sonho, é anulada, por sua vez, pelo pacífico estado do sono profundo. Ou seja, não há continuidade entre os três estados.

Sendo esses estados transitórios, nenhum deles pode ser o Ser, assim como já foi demonstrado que ele não é nenhum dos corpos ou camadas. Não obstante, o Ser permanece durante a vigília, o sono e o sonho. O Ser estava presente no sono, permaneceu presente durante o sonho, e está presente no estado de vigília: você dorme, o Ser está presente; você sonha, o Ser está ainda presente; você acorda, o Ser ainda permanece. O Ser não vá embora quando você muda de estado de consciência.

A Verdade sobre o Ser não muda. Ela não é relativa, nem depende de condições externas. Nada pode entrar em contradição com ela, nem os estados de consciência, nem as experiências que temos neles, nem mais nada que possa depender do espaço-tempo. Resumindo, o Ser existe sempre, independentemente dos três estados de consciência.

Todas essas variedades de estados são dependentes do Ser e que elas não têm existência separada dele, que é ilimitado e eterno. Negando então todas as falsas identificações, superimposições e confusões, chegamos no conhecimento daquele Ser que é, foi e será. Existe uma conexão ente o fogo e a fumaça. Se houver fumaça, haverá fogo. Porém, não pode haver fumaça sem fogo. Similarmente, para haja manifestação, nascimento e vida humana, a presença do Ser e necessária.

Conto narrado pelo Pandit Sudarshanjee, venerável ancião, visitante do Ashram de Swami Dayananda, em Rishikesh, Índia. A tradução e as notas explicativas sobre os estados de consciência foram feitas por Pedro Kupfer, estas últimas, com base nos ensinamentos de Swamiji.


Concordo com o texto, concordo e também vivo essas sensações.
Lembrou-me de Jung
Jung chamou o Self de Arquétipo central, Arquétipo da ordem e totalidade da personalidade. Segundo Jung, consciente e inconsciente não estão necessariamente em oposição um ao outro, mas complementam-se mutuamente para formar uma totalidade: o Self.

:):pos:
janaka_sita.jpgdat1.gif
 
Última edição:
talvez o SER seja o PResente e nao ESTEJA presente.
;)
talvez nao, afirmo que o presente se mantém independente do ser.
 
Não resisto, kkkk, é muito gostoso discutir estes temas. Mas tupy, eu gosto muito destes textos românticos, são muito reconfortantes e bonitos. Em Castañeda, no livro "A Arte do Sonhar" (li umas 15 vezes só esse, imaginem os outros) bom, a coisa do sonho chegava a tal ponto que tinha uns exercícios para que a gente dominasse a segunda consciência e passasse a fazer coisas durante o sonhar, isto iria culminar, na formação do seu corpo sonhador, ou "sózia", este iria vir até onde você estava com o seu corpo material (dormindo) e teria que ficar em pé, nesta mesma realidade que o seu texto descreve como a de vigília, e ficaria olhando para si próprio dormindo.

KKKK, o "Ser" está em dois lugares ao mesmo tempo, ou será que errei, esta em um lugar somente, dois "Seres" no lugar da vígilia, sim pq o sonhar é outro lugar né.

Falácias, tendenciosidades, é preferirmos trabalhar no limiar do conhecimento humano para podermos criar estas versões fantasiosas. A verdade é que não sabemos nada sobre certas coisas.

Puts, quanto tempo eu perdi fazendo aqueles exercícios, inda bem que obtive umas experiências de poder voar durante o sonho e ter algum controle do que fazia, mas nada sobrenatural não, tudo coisa que a gente tem dentro da nossa condição humana mesmo. Intrigante, mas não é prova de nada.

Hoje, prefiro acompanhar estudos como o que encontramos neste link:

http://brazil.skepdic.com/sonho.html

Eu gosto de passar links, pq é uma forma imparcial de apresentar o nosso próprio pensamento, você lê o que os outros estão estudando, seus dados, sua discussão e vê se bate com o que você pensa. Isso é legal, pq é outra pessoa falando por você. De preferência, escolho a metodologia acadêmica por achá-la mais pragmática e palpável nos dias de hoje, mas não descarto os outros conhecimentos, em seus resultados, realmente tem muita coisa que funciona nas "ciências" antigas, só que as explicações, pelo amor de deus, tão longe de ser sérias.

Da índia o que acho fantástico são os resultados do yoga, as explicações são patéticas, mas os resultados são maravilhosos. Tem muita coisa que ainda é difícil de explicar no ser humano, mas com certeza não é mágica, nem é divino; a vida tem uma explicação, assim como a existência e a consciência, se nunca conseguirmos chegar até este nível de conhecimento, paciência.

Puts, afirmar ainda que o "Ser" é ilimitado e eterno... Caramba, isto é lindo né, pô, se é assim, então vou escolher este caminho pq eu acho bacana ser ilimitado e eterno. Finalmente achei o caminho da "luz", kkkkk.

Toda fé te oferece algo fantástico para que você siga as "ordens" do "caminho" para atingir o "objetivo" e também tem suas punições, neste "caminho" dos indianos, a punição (purificação, dívida, como preferir) é o Karma.
 
Puts, quanto tempo eu perdi fazendo aqueles exercícios, inda bem que obtive umas experiências de poder voar durante o sonho e ter algum controle do que fazia, mas nada sobrenatural não, tudo coisa que a gente tem dentro da nossa condição humana mesmo. Intrigante, mas não é prova de nada.

De preferência, escolho a metodologia acadêmica por achá-la mais pragmática e palpável nos dias de hoje, mas não descarto os outros conhecimentos, em seus resultados, realmente tem muita coisa que funciona nas "ciências" antigas, só que as explicações, pelo amor de deus, tão longe de ser sérias.

Da índia o que acho fantástico são os resultados do yoga, as explicações são patéticas, mas os resultados são maravilhosos. Tem muita coisa que ainda é difícil de explicar no ser humano, mas com certeza não é mágica, nem é divino; a vida tem uma explicação, assim como a existência e a consciência, se nunca conseguirmos chegar até este nível de conhecimento, paciência.

Percebo, por ler seus comentários, que estais meio em cima do muro ainda, mas também, que logo, está propenso a cair e logo para algum lado.
Hora acha as ciências antigas longe de ser sérias? O conhecimento que temos é devido à essas. O que vem sendo feito é um retorno, uma redescoberta.
Achas que perdestes tempo fazendo experiências/exercícios em sonho/vigília?
Perdesse não, acredito que só estejas negando o que aprendeu.
Enxergas os resultados da yoga fantásticos mas suas explicações patéticas?
Não entendi direito, mas percebi que você não valida as escrituras? Teorias?

Colega tudo ao teu redor é magia, estamos muito embarrados, cobertos de lama. Pelos sentidos vulgares e comuns percebemos apenas os estados sólido, líquido e gasoso. Certo?
Embora os 4 estados etéricos coexistam com os elementos acima citados.
PLatão já ficou berrando isso, agora que os "cientistas" estão começando a afirmar o ÉTER QUÍMICO. Vai demorar ainda pra afirmarem o ÉTER REFLETOR,
ÉTER LUMINOSO, ÉTER VITAL.

Ademais, os nobres cientistas estão no caminho certo, é só uma questão de tempo né :pos:
 
É tupy, não quero provocar não, me entenda bem. Mas este assunto é bem gostoso para mim. Compreenda que não estou em cima do muro, na verdade, estive de um lado do muro e depois resolvi pular para ver do outro lado, agora, há, agora estou livre.

O que eu realmente acho é que desde da mais antiga civilização, o homem vem esbarrando em coisas muito interessantes e tem criado suas crenças/religiões/filosofias, etc. Tudo muito justo, gosto muito de tudo, mas não me prendi a nada mesmo e por isso sempre acho as explicações, sob a forma de palavras, muito engraçadas (ridículas mesmo), mas é sem ofensa.

De todos os conhecimentos adquiridos pelos Budistas, o que eu acho mais fantástico é o yoga por causa do fato de ser um aprendisado pessoal, em silêncio total, daí muito interessante ao meu modo de ver o mundo, mas só isso mesmo que quiz dizer.

E quando falei da perda de tempo em fazer aquilo tudo da "Arte do Sonhar", não quero que ninguém desista de tentar, mas é pq no final larguei aquilo tudo, se tornou um fardo mesmo ficar construindo um "novo mundo", então, para mim, se tornou o mesmo que perda de tempo.

Quanto a estudar isto é importantíssimo mesmo e devemos estudar tudo, sem paixões. De tanto ler castañeda, comecei a ver que ele "ripou" muita coisa do budismo. O budismo em si é muito bacana para o meu gosto, mas quando o encontrei, já estava num grau de desapego tão grande que ele não conseguiu me "ferir".

Você leu Sidarta de Hermann Hesse? É um romance bem legal também, um tipo de simplificação do mundo budista que dá uma boa visão à nós "pobres mortais" daquela busca incessante do "entendimento total" pelo ser humano. Tem o livro em português no link abaixo:

http://www.scribd.com/doc/6668421/PDF-Sidarta-Hermann-Hesse

Hesse é um cara muito louco, ele se revoltou com a rigorosidade da religião e muitas de suas obras são nesta linha,

--------> O lobo da Estepe - Sinopse

As palavras iniciais escritas antes da narrativa se iniciar são: "só para loucos". Um aviso de Hermann Hesse para um livro perigoso, que eleva o nível de desagregação do ser ao máximo, e o sofrimento e a dúvida até onde o homem pode agüentar. A vítima e personagem é Harry Haller, um sujeito culto, de aparêcia não desprezível, mas que não se encaixa na sociedade. Preferiu traçar seu caminho sozinho, perambulando por esquinas de noite, ou observando o calor do cabarés. Em seus delírios reais Haller esbarra com outras pessoas estranhas, que o chamam por trás de luzes nostálgicas e da fumaça de ópio e o levam à descoberta de um novo mundo. A trama fez com que muitos considerassem esse o melhor livro do autor e um passo indispensável para ele ganhar o prêmio Nobel de Literatura com o romance "O Jogo das Contas de Vidro".

--------> Demian - Sinopse

Uma das mais importantes obras do cultuado escritor alemão Herman Hesse, em que ele narra em primeira pessoa a história do amadurecimento do jovem Emil Sinclair, seduzido e influenciado pela figura misteriosa de Max Demian, um rapaz ligeiramente mais velho que ele, e com quem cria um profundo e enigmático elo de identificação. A partir de sua relação com Demian, que tem início ainda no colégio, o narrador enfrenta ao longo de seu crescimento as dúvidas e incertezas resultantes do conflito entre sua educação ortodoxa e o misticismo filosófico que o leva a descobrir mais sobre sua personalidade. Esse conflito ocorre em meio ao lirismo singular que marca toda a obra de Hesse, e culmina, neste livro, num confronto com o destino em meio a um sangrento campo de batalha.


--------> Sidarta - Sinopse

Fábula oriental em que Hesse mostra todo seu poder de colocar de maneira fácil um assunto complexo: o budismo e os meandros da cultura oriental. Sidarta é um jovem indiano de boa família e de inteligência invejável. Tudo que ele pode aprender entre os seus não o satisfaz, e ele parte com o melhor amigo em busca de novos conhecimentos. Passa por todos os tipos de professores e de provações, da fome à companhia de sábio e cortesãs, até chegar ao rebanho do próprio Buda, que passa aos ouvintes suas palavras sagradas e sua filosofia incomparável. O amigo de Sidarta se maravilha com o santo, mas ele mesmo toma um caminho diferente, mais penoso mas rumo à verdadeira iluminação: um misto de oriente e ocidente, liberdade e entrega. Depois da publicação desse livro, Hesse passou a ser considerado por muitos o homem mais sábio de seu tempo.
 
o lobo da estepe é cabiceira!
:pos::!::pos:joinha duplo 2009 pro druida.
 

Seguindo o link... achei quente o bagulho, hmmm :)


"Sidarta calou-se e ambos deram-se ao jogo do amor, a um
dos trinta ou quarenta jogos diferentes que Kamala conhecia.
Seu corpo era flexível, como o do jaguar ou como o arco de
um caçador. Quem aprendesse dela o amor saberia grande
número de prazeres e de mistérios. Por muito tempo, Kamala
brincava com Sidarta, atraindo-o, afastando-o de si, cingindo-o
com os braços, regozijando-se da sua maestria, até que ele des-
cansasse a seu lado, vencido e exausto.
Inclinando-se sobre ele, a hetera espreitou-lhe demorada-
mente a fisionomia e os olhos fatigados.
Tu és o melhor amante — disse então, pensativa —
que já tive em toda a minha vida. És mais forte, mais desem
baraçado, mais dócil do que qualquer outro. Muito bem assimi-
laste a minha arte, ó Sidarta."

HESSE - Sidarta (pg. 62)
 
Seguindo o link... achei quente o bagulho, hmmm :)


"Sidarta calou-se e ambos deram-se ao jogo do amor, a um
dos trinta ou quarenta jogos diferentes que Kamala conhecia.
Seu corpo era flexível, como o do jaguar ou como o arco de
um caçador. Quem aprendesse dela o amor saberia grande
número de prazeres e de mistérios. Por muito tempo, Kamala
brincava com Sidarta, atraindo-o, afastando-o de si, cingindo-o
com os braços, regozijando-se da sua maestria, até que ele des-
cansasse a seu lado, vencido e exausto.
Inclinando-se sobre ele, a hetera espreitou-lhe demorada-
mente a fisionomia e os olhos fatigados.
Tu és o melhor amante — disse então, pensativa —
que já tive em toda a minha vida. És mais forte, mais desem
baraçado, mais dócil do que qualquer outro. Muito bem assimi-
laste a minha arte, ó Sidarta."

HESSE - Sidarta (pg. 62)

Não é??? :D:D:D:D

Lê a "Insustentável Leveza do Ser" de Millan Kundera.

Abração
 
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