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Aqui discutimos micologia amadora e enteogenia.

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O caminho da iluminação

É por isso que eu sempre digo:

" Quando você estiver em uma estrada e aparecer uma bifurcação, e você não souber qual pegar, vá pelo caminho do meio, não é asfaltado mas é mais divertido"
 
Uma dica para vocês:

A ILUMINAÇÃO NÃO ESTÁ NA MENTE

Enquanto você achar que você é sua mente e suas idéias você vai ser um maluco.

Englobe tudo, tudo mesmo. Não negue nada.

Você é tudo o que a mente não conseguir definir.

Você é TUDO.
 
Vou dar meu pitaco, porque a "Iluminação" ficou perdida aí.

Jesus e Iluminação nada tem a ver com igrejas, nem sistemas políticos. Isso aí é o "mundo"... pior: parte da banda podre dele.

Jesus já dizia: meu reino não é deste mundo. E Iluminação é um caminho individual, mas que pode ser dividido com seu próximo (se ele tiver ouvidos para o que será dito), numa espécie de "gato" espiritual-filosófico.:p:

Políticos e padres são homens. Bichos. São falhos. Como todos nós. E como todos nós (ou quase) gostariam de transcender a sua miserável-admirável condição "humana", também tem necessidade de "Luz"!
O homem é uma corda estendida entre o animal e o além-do-homem. Nietzsche era o autoproclamado "anti-cristo" (Crowley, também), mas ainda assim, buscava a transcendência também e, porque não, a "Iluminação".

Não busquemos a Iluminação em igrejas e seus pastores-padres comedores de feijão da terra. Nem no candidato A ou B. Nem nos "ismos", quaisquer que sejam. Tudo isso seria bom... Se as pessoas fizessem ser bom. Se estivessem interessadas em buscar a Verdade. Não em "suas verdades".

Busquemos, somente. Por outra via. Em outro caminho.
Ninguém pode atravessar o mesmo rio.
Ninguém pode fazer o que só você pode.:pos:
 
De mestres - vivos e mortos

Havia um discípulo cujo mestre era tudo para ele, a quem ouvia e sempre buscava obedecer. mas este mestre morreu e o discípulo, pouco a pouco, "perdeu-se" no caminho.Porém a voz do mestre ainda ecoava em sua cabeça, mas era fraca - e mais fraca conforme passava o tempo - e a realidade cotidiana era gritante demais e apagava, ainda mais, a voz do mestre que se fôra...
E o discípulo perdera-se de vez do caminho, pois, como as ovelhas e o gado em geral e, até mesmo, como os cães mais fiéis, tinha necessidade de uma voz ou sino ou trombeta para continuar seguindo reto.

Um dia, ao passar por uma praça ouviu um sábio, um mestre, ensinando ao povo. E parou por alguns momentos e ficou deleitado, entretido ao ouvir as sapiências daquele mestre... E, pensou: "Ah! Como seria bom, como gostaria eu de ter um mestre assim para obedecer, para seguir... Sim! Pois é disto que preciso: de um mestre vivo!

E juntou-se então aquele mestre, e seguiu-o e ouviu atentamente o que ele dizia, como devia proceder em sua vida, em seu "caminho".

Um dia, após o mestre vivo dar-se por satisfeito com o discípulo - pois o tinha ensinado como cuidar da casa, de si mesmo, dos outros discípulos e, enfim, o tinha retificado novamente e vivamente no caminho, o mestre disse ao discípulo que tinha de viajar e que aquele não descuidasse de seus afezeres e das cousas que o houvera ensinado. O discípulo assentiu sisudamente ao pedido do mestre e prometeu guardar a casa e os ensinamentos do mestre e cumprir seus afazeres.
O mestre então se foi.

Sozinho, o discípulo pôs-se a trabalhar, mas após algum tempo, os baldes d'água que tinha de carregar até a casa do mestre -que ficava numa alta montanha - tornaram-se cada vez mais pesados e os degraus da escada que levava até a casa, cada vez mais altos e numerosos. A porta da casa, por onde tinha de passar com dois pesados baldes sobre os ombros, estranhamente também, parecia mais estreita... e as estritas regras e ensinamentos do mestre vivo, cada vez mais difíceis de cumprir.

Cansado, o discípulo deixou cair os pesados baldes, não mais subiu as escadas e deixou a escada e até mesmo a casa ser tomada por ervas daninhas e teias de aranha. os ensinamentos de seu novo mestre pareciam distantes, pois distante estava o mestre e sua voz não podia mais ser ouvida.

Uma noite, a luz da lua adentrava o salão da casa, pois nem mesmo a porta da casa o discípulo prestara-se a fechar, para proteger a casa contra os ladrões, pois encontrava-se bêbado, jogado no chão. Então uma voz ecoou no salão, trovejante: "Ora! Que eu vejo?!? Minha casa está jogada aos ratos e meu discípulo se desvirtuou!!!"
O discípulo então olhou para a figura na porta, mas não pôde distinguir que lhe falava pois estva na contra-luz de uma imensa e prateada lua.

"Quem é?" - perguntou, o discípulo.

"É teu mestre que fala! Não vê que ele apenas se ausentou?!?"

"Ó mestre!" -disse o discípulo, envergonhado - "Perdoa-me... Eu sempre fui um bom discípulo, o senhor bem sabe..."

"Não, não fostes... Fostes penas um empregado, um cão traiçoeiro que, ao virar-se o mestre de costas atacou a despensa; quando não, mordeu a mão que te alimenta."

"Senão tivestes te ausentado..."

O mestre então se aproximou, se abaixou ao nível dos olhos do discípulo e disse:

"Mas, escuta, foi por isso exatamente que me ausentei... Porque não quero que me obedeças e, muito menos, que simplesmente me obedeças!"

E mandou embora aquele discípulo.


Aos discípulos novos, o mestre dessa estória, poderia dizer:

Por fim - e na melhor das hipóteses - só se obedece a si mesmo.
Não apenas obedeças a teu mestre: ele não merece tão pouco.

Ele está aqui - mesmo que se ausente - especialmente para te ensinar.
E nada mais pode fazer do que cochichar-te boas palavras ao ouvido.

Mas, no fim, na meia-noite da existência, sempre obedecerás e ouvirás somente a ti mesmo: aquilo que já ouvistes, vivestes... a "tua verdade", enfim.

Pois, fazendo assim, não mais "obedecerás", mas agirás livremente, verdadeiramente... Com amor e com espírito.

"Pois quando tiveres de todo me perdido, aí sim, me reencontrarás!"
 
A porta da verdade estava aberta
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só conseguia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia os seus fogos.
Era dividida em duas metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era perfeitamente bela.
E era preciso optar. Cada um optou
conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.


Carlos Drummond de Andrade

No final é isso ai mesmo oras...
 
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