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Mundo subterrâneo

raphaelhatt

Primórdia
Cadastrado
20/11/2013
21
32
Olá galera!:) Gostaria de compartilhar minha experiência e caso alguém se identificar, pode me ajudar a entender algumas coisas que aconteceram.

Cogumelos/Dosagem: P. cubensis – 3 gramas desidratados

Set no momento pré trip: sensação de angústia e um pouco de tristeza

Setting: Meu apartamento e quarto, purificação do ambiente com Palo Santo.


Há alguns dias atrás (11/07/15) tive minha primeira dissolução do Ego, trip intensa mas carregada de energias boas e insights que trouxeram à tona problemas que achava que tinha superado, mas os cogumelos me fizeram ver esses problemas sobre diferentes perspectivas e foi muito bom poder vê-los de uma forma menos distorcida. Lembro pouco da trip, mas o que ficou me ajudou muito.

No dia (19/07/2015) tinha decidido realizar minha experiência com a mesma quantidade da trip anterior, mas no começo da manhã do domingo. Na noite anterior dormi mal, vários pesadelos e até me acordei falando sozinho. Levantei as 7:30 com uma sensação ruim no estômago, tomei um chá de camomila e decidi esperar para me sentir melhor, enquanto isso fui realizar tarefas domésticas. A partir das 9:00 horas comecei a me sentir melhor, mas ainda estava em dúvida se realizaria a experiência ou não. Meia hora depois resolvi que faria a experiência mesmo assim. Preparei o ambiente, fiz mais um chá de camomila, transformei os cogumelos quase em pó e misturei junto ao chá na hora mesmo e tomei tudo de uma vez só (9:50 hrs). Deitei na cama com as costas e cabeça elevados para não me sentir tão mal.

As 10:30 começaram os efeitos, mas começaram bem devagar, geralmente faço o chá, que em 10 minutos já recebo aquela pancada e a trip começa. Meu estômago ficou pesado e irritado, apesar do jejum prolongado e o chá para dar uma acalmada, as náuseas começaram a surgir com refluxos muito fortes, comecei a ter alteração visual e corporal intensa. Em um momento de um forte refluxo, como se algo grande estivesse saindo de mim, fui até o banheiro e no momento que me abaixei para vomitar fechei meus olhos e vi uma espécie de verme sem cabeça definida, com uma boca enorme cheia de dentes e 3 tentáculos, acabei não vomitando fisicamente, mas parecia ter expelido de uma outra forma esse negócio estranho e grande que estava entalado na minha garganta.

Voltei para o quarto e fiquei quase 1 hora muito mal do estômago, não conseguia deixar a experiência fluir e isso começou a despertar um certo pânico, mas tentei me controlar e não racionalizar muito. A última vez que olho no relógio era 11:20, comecei a sentir uma pressão fortíssima sobre meu corpo e um zumbido alto, achei que iria explodir a qualquer momento, além de uma alternância na sensação de frio/calor. O desconforto estomacal começou a parar, me deitei na cama e deixei a experiência fluir. Nesse momento fui para um lugar escuro e estranho. Vou citar um trecho do livro “Uma Prova do Céu – A jornada de um neurocirurgião à vida após a morte” do autor Dr. Eben Alexander III, que relata quase da mesma forma o que encontrei por lá.

“...Escuridão, mas uma escuridão visível – como estar submerso na lama, mas ainda assim poder ver através dela. Gelatina escura talvez seja a melhor descrição: transparente, mas turva, embaçada, claustrofóbica e sufocante. Consciência, mas consciência sem memória nem identidade – como um sonho em que você sabe o que está acontecendo em volta, mas não tem ideia de quem ou o que você é. Há um som também: um golpear profundo e ritmado, distante porém forte, de modo que cada pulsação o atinge em cheio. Como uma batida do coração? Um pouco, só que mais sombrio, mais mecânico, como o som de metal contra metal, como se um gigantesco ferreiro subterrâneo estivesse martelando uma bigorna bem perto: golpeando tão forte que o barulho ecoa pela terra, pela lama, ou pelo que quer que seja aquilo onde você está.

Eu não tinha um corpo – nenhum de que me lembrasse de alguma maneira. Eu apenas estava... lá, naquele lugar de escuridão massacrante e pulsante. (...) Linguagem, emoção, razão: tudo havia desaparecido, como se eu estivesse regredido a algum estado primitivo nos primórdios da vida. (...) Quanto mais tempo ficava ali, menos confortável me sentia. No começo eu estava tão imerso que não havia diferença entre “mim” e o elemento repulsivo e ligeiramente familiar que me rodeava. Mas, aos poucos, essa sensação de imersão profunda, atemporal e sem fronteiras deu lugar a outra coisa: o sentimento de que eu não fazia parte daquele mundo subterrâneo, embora estivesse dentro dele.

Caras grotescas de animais borbulhavam na lama, grunhiam, guinchavam e desapareciam de novo. Escutei urros medonhos. Algumas vezes, esses urros e grunhidos davam lugar a cânticos rítmicos e obscuros que eram, ao mesmo tempo, assustadores e curiosamente conhecidos – como se em algum momento eu mesmo os tivesse cantando.

Como não havia nenhuma lembrança da existência anterior, meu tempo naquela região se estendia indefinidamente. Meses? Anos? A eternidade? Qualquer que fosse a resposta, cheguei a um ponto em que a sensação rastejante suplantou a sensação de familiaridade. Quanto mais eu me sentia como um eu – como alguma coisa separada do ambiente frio, úmido e escuro à minha volta -, mais os rostos que borbulhavam na massa pegajosa se tornavam feios e ameaçadores. As batidas ritmadas do ferreiro também ficaram mais intensas: pareciam britadeiras de trabalhadores subterrâneos, tipo ogros, executando uma tarefa interminável e massacrantemente monótona. O movimento a minha volta se tornou menos visual e mais palpável, como se criaturas parecidas com vermes e répteis estivessem passando em bandos e de vez em quando esfregassem suas peles macias ou espinhosas em mim...”

Não lembro de grande parte do momento que estive nesse lugar, mas quando li esse trecho do livro as coisas que aconteceram começaram a pipocar na memória. Lembro muito bem de ver várias cobras, de diferentes formas e tamanhos, sendo que uma delas atacou um verme esquisito, o mesmo que vi no início da trip. Como em outra experiência que já relatei aqui no fórum, já tinha tido contato com cobras durante uma trip e entendi como sendo meu animal protetor.

Após ter ficado um bom tempo nesse lugar, fui retornando a esse mundo, meu ego começou a juntar os pedaços e me veio à mente quem eu era, minha família, as coisas boas que existem e o quanto sou privilegiado por poder ter uma vida “boa”. Fui invadido de amor e alegria, com vários insights pessoais e uma clareza de pensamentos absurda. Quando consegui pegar meu celular e ver a hora já era 13:15, fiquei ainda sob efeito e sem conseguir sair da cama até as 14:00 hrs. Voltei a esse mundo com uma sensação de ter passado por uma “peia” daquelas, mas que me fez bem, não considero uma bad trip.

O que percebi em altas dosagens e dissolução do ego, é que não consigo escutar música alguma, gosto de ficar em silêncio completo, além de lembrar de poucas coisas da trip. Tentei desenhar esse verme, pois já li aqui e em outros lugares sobre os parasitas psico espirituais, mas jamais imaginei que veria tal criatura, ainda mais saindo de mim. (Sou péssimo em desenhar haha)
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Não senti grandes mudanças no meu humor nos dias seguintes, mas já faz 1 mês que larguei a cannabis e não tenho mais vontade de usa-la, só isso já valeu a pena.

Obrigado a todos pela atenção! ;)
 
bem intensa essa trip cara, e de alguma forma eu me identifiquei muito, não que eu já tenha passado por algo parecido, mas essa sensação de familiaridade com o ambiente que, supostamente, acabamos de conhecer é muito peculiar.

lendo a forma com que você relatou a experiência, muitos a considerariam uma bad, ou experiencia ruim, em vista o cenário gelatinoso medonho, as criaturas com rostos horripilantes, etc. se me permite o pedido, e claro, se você se recordar, detalhe mais a maneira como você se sentia. ficou assustado durante toda a experiência? tinha consciência de que estava na trip, nem que por alguns segundos de lucidez??

grande abraço! :)
 
Bom relato. Parabéns pela coragem. :)
 
bem intensa essa trip cara, e de alguma forma eu me identifiquei muito, não que eu já tenha passado por algo parecido, mas essa sensação de familiaridade com o ambiente que, supostamente, acabamos de conhecer é muito peculiar.

lendo a forma com que você relatou a experiência, muitos a considerariam uma bad, ou experiencia ruim, em vista o cenário gelatinoso medonho, as criaturas com rostos horripilantes, etc. se me permite o pedido, e claro, se você se recordar, detalhe mais a maneira como você se sentia. ficou assustado durante toda a experiência? tinha consciência de que estava na trip, nem que por alguns segundos de lucidez??

grande abraço! :)

Então, eu lembro de deitar na cama e ir apagando como se fosse dormir, mas não dormi. Não tinha mais forças para abrir os olhos, não lembro como cheguei nesse lugar obscuro, só de "acordar" lá. Até esse momento estava apavorado, pensando "porque fui fazer isso, nunca é igual, eu deveria ter diminuído a dose" sensação de morte mesmo, mas ai sabia que se eu ficasse pensando nisso e indo contra a força teria a maior bad. Parei de pensar nessas coisas e quando a náusea diminuiu (fico muito incomodado com essa sensação), me entreguei. Depois que me entreguei não tive mais medo, apesar do lugar onde estava. Quando escutava essas batidas me arrepiava inteiro e tremia. Enquanto estava lá não sabia quem eu era, onde estava, não tinha noção de tempo, como se ele nem existisse, nem que estava sob efeito dos cogumelos, demorei um tempo até mesmo em saber que estava lá. Meu corpo ficou na mesma posição até eu perceber quem eu era de novo.
Acho que justamente por não tentar racionalizar o que estava acontecendo, não fiquei traumatizado e não considero como uma bad trip. Gostaria muito de poder lembrar de mais detalhes daquele mundo. A sensação que tenho é que fui para o que chamam de inferno, umbral, purgatório e etc., mas nada comparado ao que as crenças nos dizem. Ou simplesmente fui para o lado sombrio da minha consciência, um lado que não conhecia. Não consegui chegar a nenhuma conclusão até agora, mas ao ler esse trecho do livro fiquei chocado com a similaridade da minha experiência, recomendo a todos lerem esse livro.

Abraço! ;)

Bom relato. Parabéns pela coragem. :)
Muito obrigado! :)
 
Última edição por um moderador:
Nesse momento fui para um lugar escuro e estranho.
já estive em um local assim.
é como estar fora do invólucro, fico sempre com uma impressão de início, primitivo.
algo como uma lembrança de um lugar que à muito tempo foi esquecido.

belo relato.
 
O começo foi peia e bad trip mesmo, causado por você decidir ingerir os cogumelos com o set errado (depois de uma noite ruim / incerteza / já com mal estar físico).

Grande parte dessas sensações que você teve "no escuro" deve ter sido reflexos de coisas que estavam acontecendo com o seu corpo, entre ânsias, dores, palpitações etc. Pela descrição, creio que além da náusea você possa ter tido variações de pressão, embora não seja comum com cogumelos.

Mas o que define se é uma bad trip ou não, é como você reage, e como termina... Com você superando a aprendendo alguma lição, ou entrando em pânico, fazendo besteira e talvez indo parar numa maca. Felizmente, foi o primeiro caso.
 
O começo foi peia e bad trip mesmo, causado por você decidir ingerir os cogumelos com o set errado (depois de uma noite ruim / incerteza / já com mal estar físico).

Grande parte dessas sensações que você teve "no escuro" deve ter sido reflexos de coisas que estavam acontecendo com o seu corpo, entre ânsias, dores, palpitações etc. Pela descrição, creio que além da náusea você possa ter tido variações de pressão, embora não seja comum com cogumelos.

Mas o que define se é uma bad trip ou não, é como você reage, e como termina... Com você superando a aprendendo alguma lição, ou entrando em pânico, fazendo besteira e talvez indo parar numa maca. Felizmente, foi o primeiro caso.

Pois é @Salaam`aleik, foi um grande erro meu fazer a experiência com o set errado. Foi uma grande lição, mas como você disse, o que define uma bad trip é como você encara essas situações. Já me peguei em várias bad trips com cannabis mais fortes, a ponto de me assustar com a própria sombra e ficar mega paranoico trancado no quarto sem conseguir fazer nada até passar, mas me ajudou a manter a calma pelas experiências de pânico que tive com ela.
Moro sozinho e longe da minha família a 6 anos, aprendi a me virar muito bem sozinho e já passei por situações reais que fazem uma bad dessas ficar no chinelo.
Agora vou dar um tempo nos mágicos. Uma coisa que me intriga, apesar das diferentes dosagens e experiências que tive com eles, não senti a conexão divina e com todas as coisas como na primeira vez que ingeri LSD, quem sabe um dia chego lá de novo.
Um insight que tive na minha primeira dissolução do ego e que está martelando na minha cabeça. "Porque procurar tanto por outros mundos, outros lugares, se todas as pessoas que eu amo estão aqui, a minha vida é aqui, preciso viver esse mundo e as lições que ele me proporciona. O que acontecer depois não importa agora." Enfim, fica como uma reflexão hehe

Obrigado!!:)
 
Uma coisa que me intriga, apesar das diferentes dosagens e experiências que tive com eles, não senti a conexão divina e com todas as coisas como na primeira vez que ingeri LSD, quem sabe um dia chego lá de novo.
Provavelmente devido a alguma tolerância, dada a freqüência com que você tem tomado. Inclusive há tolerância cruzada com LSD.

"Porque procurar tanto por outros mundos, outros lugares, se todas as pessoas que eu amo estão aqui, a minha vida é aqui, preciso viver esse mundo e as lições que ele me proporciona. O que acontecer depois não importa agora."
É isso aí :) A vida real com certeza é mais importante, se não está bem não há porque passar o tempo em outra.
Os enteógenos e seus mundos não devem servir de substituição a esse, e sim como ferramentas para se ver com mais clareza e viver neste mais plenamente. Parece estar funcionando, no seu caso ;)
 
Última edição:
Provavelmente devido a alguma tolerância, dada a freqüência com que você tem tomado. Inclusive há tolerância cruzada com LSD.

Acho que me expressei mal, eu só ingeri LSD 2 vezes e foi no ano de 2013, a primeira vez foi o meu despertar enteógeno e a segunda vez acredito que tenha sido Nbome, ai não utilizei mais nada disso. A unica coisa que estava utilizando com frequência era a cannabis mesmo. Faço uso de amitriptilina 25 mg, mas acho que não tenha influenciado na experiência. E os cogumelos utilizo a cada 6 meses mais ou menos.;)
 
Faço uso de amitriptilina 25 mg, mas acho que não tenha influenciado na experiência.

Há quanto tempo?

Esses antidepressivos inibidores de recaptação de serotonina, quando tomados de forma contínua, geralmente tem como efeito a diminuição do efeito dos psicodélicos.
 
Há quanto tempo.

Esses antidepressivos inibidores de recaptação de serotonina, quando tomados de forma contínua, geralmente tem como efeito a diminuição do efeito dos psicodélicos.

Comecei o uso do Cloridrato de Amitriptilina 25 mg em janeiro de 2013, tomei até março de 2014 e voltei a tomar em abril desse ano.
Ele é um antidepressivo tricíclico.
"O cloridrato de amitriptilina é quimicamente definido como cloridrato de 3-(10,11 - diidro - 5 H - dibenzo [a,b] ciclohepteno - 5 - ilideno) - N,N - dimetil - I - propanamina. Trata-se de um composto branco e cristalino, prontamente solúvel em água. O peso molecular é 313,87. A fórmula empírica é C20H23N.HCl. A amitriptilina é um antidepressivo com propriedades ansiolítica e sedativa. Seu mecanismo de ação ainda é desconhecido, porém não é uma inibidora da MAO e não age primariamente pela estimulação do SNC. A amitriptilina inibe o mecanismo da bomba da membrana responsável pela captura da norepinefrina e serotonina nos neurônios adrenérgicos e serotonérgicos. Farmacologicamente esta ação pode potencializar ou prolongar a atividade neuronal desde que a captura destas aminas biológicas seja importante fisiologicamente na atividade de transmissão. Acredita-se que esta interferência na captura da norepinefrina e/ou serotonina é a base da atividade antidepressiva da amitriptilina. A amitriptilina é rapidamente absorvida e metabolizada. É excretada como glicuronídeo ou sulfato conjugado de metabólitos, com pouca alteração aparente na urina." Informações retiradas da bula do medicamento.

Pode ser que ela diminua mesmo os efeitos psicodélicos.
 
Hmmm esse efeito curativo eh um dos q estou procurando. Boa exp.
Então, os cogumelos ajudaram a diminuir a vontade, além dos insights sobre o que você está fazendo com sua vida e com seu corpo. Apesar disso, é sempre bom evitar os hábitos que nos levam ao vício. Provavelmente se fumasse um o vício voltaria. Eles não fazem milagre, mas dão uma nova percepção do que você está fazendo, quem vai decidir ou não se quer parar é você. ;)
 
Dizem que o vício é decorrente de faltas de alternativas existenciais, de um cenário pessoal e social interpretado como opressor. Há estudos interessantes sobre isto:

http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Direitos-Humanos/-As-drogas-nao-sao-o-problema-entrevista-com-o-neurocientista-Carl-Hart-/5/30021.

Sua experiência parece refletir isto, talvez o verme seja a expressão simbólica e/ou hiperdimensional do vício e o ambiente negro e lamacento a expressão de um contexto existencial e pessoal que reflita uma falta de opções existenciais. Parece-me que a inteligência que se manifesta por intermédio dos cogumelos indicou isto. Será?

Grato pelo relato. _/\_.
 
já estive em um local assim.
é como estar fora do invólucro, fico sempre com uma impressão de início, primitivo.
algo como uma lembrança de um lugar que à muito tempo foi esquecido.

belo relato.

é essa sensação mesmo @coyote, apenas a essência.
Obrigado!

Também já visitei esse pico e fiquei abismado com o trecho do livro que você transcreveu (não foi idêntico mas essência é a mesma). Essa escuridão lamacenta deve ser de algum tipo de instinto primitivo adormecido ou um arquétipo que os cogus nos apresentam.

Belo relato 2.
 
Dizem que o vício é decorrente de faltas de alternativas existenciais, de um cenário pessoal e social interpretado como opressor. Há estudos interessantes sobre isto:

http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Direitos-Humanos/-As-drogas-nao-sao-o-problema-entrevista-com-o-neurocientista-Carl-Hart-/5/30021.

Sua experiência parece refletir isto, talvez o verme seja a expressão simbólica e/ou hiperdimensional do vício e o ambiente negro e lamacento a expressão de um contexto existencial e pessoal que reflita uma falta de opções existenciais. Parece-me que a inteligência que se manifesta por intermédio dos cogumelos indicou isto. Será?

Grato pelo relato. _/\_.

Muito obrigado @Sidarta! Eu sei que a vida que eu levo me fazia/faz recorrer a esses escapes. Sou uma pessoa bem solitária, meus melhores amigos acabaram indo embora da cidade (termino de faculdade, cada um vai para um canto), eu fiquei aqui e iniciei além da minha carreira profissional, 2 cursos de pós-graduação, sendo 1 mestrado. Ano passado estava bem sobrecarregado, mas esse ano termino meus cursos e ai é continuar construindo minha carreira. Apesar da solidão, acabei me acostumando a ela, ainda mais agora que tenho um cachorro, melhor amigo hehe

Sim, essa experiência foi exatamente para refletir sobre isso, sei que isso é passageiro, só preciso segurar as pontas e não recorrer a escapes. Conforme os dias passam a experiência vai fazendo mais sentido, ainda mais com a ajuda de vocês. :)

Também já visitei esse pico e fiquei abismado com o trecho do livro que você transcreveu (não foi idêntico mas essência é a mesma). Essa escuridão lamacenta deve ser de algum tipo de instinto primitivo adormecido ou um arquétipo que os cogus nos apresentam.

Belo relato 2.
Muito obrigado @.Gabiru! Bom saber que não sou o único que visitei esse lugar hehe Eu tinha lido esse livro um ano atrás, umas horas depois da exp. quando as memórias começaram a voltar, lembrei dele, li esse capítulo e as memórias voltavam cada vez mais, não foi exatamente igual, mas é muito semelhante. Esse livro conta sobre mais coisas, bem parecidas com as experiências com psilocibina/DMT.
 
Última edição por um moderador:
Então, os cogumelos ajudaram a diminuir a vontade, além dos insights sobre o que você está fazendo com sua vida e com seu corpo. Apesar disso, é sempre bom evitar os hábitos que nos levam ao vício. Provavelmente se fumasse um o vício voltaria. Eles não fazem milagre, mas dão uma nova percepção do que você está fazendo, quem vai decidir ou não se quer parar é você. ;)

Raphael, por quanto tempo usou cannabis? Vejo que você e alguns aqui no forum relatam esse desprendimento de vicios e muitos relacionados a maconha.

Pergunto isso pois ainda estou esperando para fazer minha primeira trip de Cubensis, no entanto muitas vezes eu tenho trips intensas (reflexões e filosofias) durante o uso de cannabis e eu acreditava na sinergia de ambos psicoativos. Você se sentia mal por fumar?

Fora estes comentários fora do assunto, ótimo relato! Curti muito a descrição da imersão no "indescritível vazio", já filosofei pensamentos parecidos duas vezes na minha vida e confesso que não sei definir como me senti apenas em pensar em um "local" parecido, mas era uma mistura de medo e angustia. Fico feliz que tenha tido bons frutos/sinteses desta trip :)
 
Raphael, por quanto tempo usou cannabis? Vejo que você e alguns aqui no forum relatam esse desprendimento de vicios e muitos relacionados a maconha.

Pergunto isso pois ainda estou esperando para fazer minha primeira trip de Cubensis, no entanto muitas vezes eu tenho trips intensas (reflexões e filosofias) durante o uso de cannabis e eu acreditava na sinergia de ambos psicoativos. Você se sentia mal por fumar?

Fora estes comentários fora do assunto, ótimo relato! Curti muito a descrição da imersão no "indescritível vazio", já filosofei pensamentos parecidos duas vezes na minha vida e confesso que não sei definir como me senti apenas em pensar em um "local" parecido, mas era uma mistura de medo e angustia. Fico feliz que tenha tido bons frutos/sinteses desta trip :)

Usei por 2 anos rotineiramente @Pilz_Fritz, mínimo de 3 baseados por dia, máximo 8. Sou muito ansioso e tenho TOC, além de depressão, achava que isso ajudava. Um grande erro de quem usa cannabis é achar que está se medicando da forma correta, de certa forma isso aliviava muito minhas crises de ansiedade, só que usava quando estava triste, quando estava feliz, pra comer, enfim, se torna algo muito incorporado no seu dia a dia, se você fica sem é o fim do mundo. As crises de ansiedade dobram de proporção. Por muito tempo me iludi com o fato de que só me fazia bem, acredito que a maioria dos usuários pensa assim. Tive vários insights e sensação de conexão com o todo com ela, tem a parte espiritual sim, mas quando usada de forma recreacional e rotineiramente, perde todo o significado. Outra coisa, a qualidade de cannabis que temos no Brasil é péssima, e altas doses de THC prejudicam muito quem já tem esses problemas, por mais que você pense que na hora melhora. Penso que o uso rotineiro só se faz necessário se você tiver alguma doença séria que precise dos efeitos medicinais. Agora se for pra você aliviar sintomas de ansiedade, depressão e outros problemas mentais, não funciona mesmo.
Os "efeitos colaterais" que tive, foi perda de fome (meu organismo se acostumou só a comer sob efeito, emagreci mais de 15kg), me afastei dos amigos e do convívio social, preferia ficar sozinho em casa fumando um. Resumindo, ao longo prazo só trouxe malefícios a minha saúde mental. Para casos como o meu, seria indicado cannabis com alta proporção de CBD e não THC, algo que está muito distante aqui no Brasil. O

Relacionado aos cogumelos, eles me ensinaram a ver com clareza esses malefícios, que até então, por mais que sabia deles, não caia na real. Os cogumelos são ótimos, justamente por tirar esses padrões de pensamento e você pode analisar de outra forma sua situação. Outra coisa que me fez parar, é de estar sempre dependendo de traficantes e ficar sustentando toda essa bandidagem, eles não estão nem ai pra você, não da nem pra contar pra usar como remédio porque você não tem garantia que irá conseguir o produto, além da qualidade péssima.

No mais, boa sorte na sua experiência, vá devagar, você irá conseguir largar esses vícios quando dissolver seu ego, ao menos para mim foi assim.

(Desculpe pessoal do fórum se me estendi demais falando de algo não muito relacionado ao tema cogumelos, mas já que estamos falando de vícios, nada melhor que ajudar pessoas que estão na mesma situação.)
 
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