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Meu insight - Catarse - Gratidão ao universo!

Abzû

Aprendiz Psiconauta
Contribuidor
04/04/2016
561
55
Meu Insight

Aos amigos do fórum, compartilho este, que chamarei de primeiro real insight. Digo isto pelo fato de estar cultivando há seis meses, e já fiz uso da psilocibina algumas vezes neste tempo (algo em torno de 6 vezes) com variações entre 1g a 3g no máximo.

O relato a seguir, arrisco dizer, que foi uma das coisas mais legais que já aconteceram nesta minha vida, ainda estou um pouco perplexo com o que fez comigo, fazem dias que aconteceu o que tentarei descrever, e o relato a seguir é livre de tentativas de exageros, baseado em outro diário, escrito à mão, o qual tenho tentado manter sempre após uma trip, para que não perca nenhum detalhe nas reflexões posteriores.

Pois bem, se estou aqui hoje, foi devido ter "achado sem querer" um vídeo no youtube (digo sem querer porque creio que não veio até mim por acaso, mas de fato não estava procurando, eu sequer sabia o que era psilocibina até então). O vídeo era sobre a matéria veiculada no programa do fantástico, que mostrou o benefício que o cogumelo gerou na vida de um senhor que estava com depressão. Enfim, o resto vocês já devem imaginar, pesquisa no google, encontrei vídeos ensinando a chegar até aqui e assim foi.

Assim que colhi meus primeiros 3 cogus em maio deste ano, logo os consumi, e foi algo preparado, já tinha visto os preparos do set & setting. Foi muito bom aqueles 19 gramas recém colhidos com mel.

Após esta primeira, tive mais outras 4 muito boas e diferentes também que aqui não vou tentar explicar. Pois quero tentar compartilhar apenas esta última, que considerei meu verdadeiro primeiro insight.

Antes de qualquer coisa, quero dizer que eu ainda estava desconfiado que eu ainda não estava me preparando corretamente. Digo isto, dentro de mim, porque o externo sempre procuro ajeitar bem, como trilha de meditação com horas garantidas no celular com fones (claro que desativo os chips hehe). Horário preferido já adequado (noites, após saber que meus pais já estão em sua casa e dormindo em segurança e que não vão precisar de mim para mais nada). A casa arrumada e incenso já criando a atmosfera que gosto. A iluminação também foi algo que aos poucos foi ficando cada vez mais apurada, começou com tudo ligado, depois abajur e agora apenas uma vela atrás de dois elefantes criando uma cena muito boa na frente onde fico em posição de meditação.
DSCF2480.JPG
Se leram até aqui, obrigado, pois eu queria antes de qualquer coisa explicar como tenho tentado preparar o ambiente, mas vamos ao mais recente, onde estou focado agora em preparar a mente.

De uns meses pra cá, tenho tentado praticar, com a ajuda do youtube, onde a conhecida Monja Coen passa a prática do Zazen (sentar e meditar). Eu estou admirado com o carisma que esta monja tem, ainda não fui em nenhum centro budista para aprender de verdade, mas pretendo logo começar. Mas tenho semanalmente tentado praticar em casa. E é assim que quero iniciar o relato deste insight, pois foi com esta postura que alguns dias atrás fiz o consumo de 3g secos e desde meia hora antes dos primeiros sinais da psilocibina, já estava aguardando neste estado de meditação.

Vamos lá!
Como disse a pouco, logo após comer as 3g, já fui caminhando com fones (trilha indiana de meditação em som baixo) e na cama, em posição de meditação fiquei aguardando, não sei exatamente, deve ter sido algo em torno de 20 a 30 minutos, e a psilocibina começou a trabalhar. Estava com os olhos semi abertos, quando todo o quarto foi simplesmente inundado pelo tom laranja, como se o ar fosse laranja, ou melhor, como se eu estivesse numa piscina, mergulhado em uma água laranja e muito luminosa. E eu lembro de ficar encantado com aquilo, e percebia que algo muito bom estava para vir. E eu dobrava meu pescoço para a esquerda, e todo o cenário do meu quarto queria virar também, e vendo isso, resolvi fazer o mesmo para a direita, e assim se repetiu. E isso foi muito legal. E quando centralizei a cabeça novamente a vontade de fechar os olhos me veio. E assim fazendo, um sentimento muito forte sobre a temporalidade da própria vida. Foi como se o cogu estivesse quebrando na minha frente aquela mania que tenho de achar que as coisas são permanentes (coisas como, problemas, casa, pessoas, emprego, situações) ali, naquele estado, era tão óbvio que nada é permanente, que ainda tento buscar aqui dentro aquela sensação, que agora parece menos vibrante, devido ao dia a dia e sua rotina, mas algo aqui dentro pulsa sobre a temporalidade. Não sei exato o quanto da trip essa parte durou, pois o tempo geralmente é algo que esqueço enquanto estou nela, e até diria mais, o cogumelo retira de mim a noção do tempo (se torna algo muito flutuante).

Mas após esse ponto que diria que foi extremamente marcante, como que tatuado em mim até hoje, veio uma sensação que até agradeço, onde a psilocibina seguido me traz, que é pensar no amor pelas pessoas. E desta vez o foco foi a família do meu irmão mais velho, e como foi bom. E foi se estendendo esse sentimento, aos meus pais, e todos os demais conhecidos. Mas o cogumelo parecia revirar meus baús, avisando para dar mais valor aqueles que estão sempre perto de mim, aqueles que sempre querem me ajudar e que as vezes, por falta de atenção e até vistas grossas de minha parte, deixo de cuidar. O cogumelo mandou um aviso para que eu aprenda um novo cultivo, o cultivo do amor pelas pessoas. E isso foi incrível, e como agradeço por estar com isto pulsando aqui dentro!

Creio que já havia passado umas duas horas, pois a vela havia acabado. Foi quando a coisa ainda conseguiu gerar um frio na barriga de tão bom que foi. Bom, para explicar, eu ainda estava em posição de meditação, a roupa era calça de abrigo preta e um casaco preto com capuz. E após toda aquela chamada de nova consciência e ter recebido todas as reflexões com muito agradecimento (eu falava obrigado em voz alta). Voltei a abrir os olhos muito feliz e alegre. E o quarto já não era uma piscina laranja, estava normal, mas o teto parecia como o céu, mas diferente, eram planetas muito próximos um do outro, todos ali, pertinho e fiquei ali, um pouco sem saber o que fazer com aquela visão e aos poucos eles foram sumindo e fechei os olhos novamente, e ao fazer isso, era como se eu conseguisse me ver ainda, mas eu me via não com a visão da minha perspectiva, eu me via como se eu estivesse ao meu lado, meditando também (como se eu fosse um observador sem corpo) e eu não estava mais com a roupa que eu de fato vesti, mas sim, um tipo de capa branca prateada com capuz também, o capuz era como daqueles de mago, e o mais legal, toda a capa tinha frisos, desde o capuz até as mangas e desciam pelas laterais, e como eram bonitos esses traços nela, eram multicoloridos, foi algo descomunal ter visto isto em mim e de um ângulo externo, não sei explicar como isso pode ter ocorrido, mas durante essa observação visual, um efeito de catarse ocorreu, medos foram massacrados, eu sentia o cogu caçando os medos dentro de mim e mostrando que eu posso fazer o mesmo, sem noção galera, até arrepia estar digitando esta parte aqui. E esta foi a segunda parte do insight, não sei também quanto tempo durou, mas após isto, eu já estava retornando, lembro de ter a sensação e dizer em voz alta, parece que estou voltando e até reativei o chip do celular. Fui aos poucos esticando o corpo e fui beber um pouco de água, haviam passado mais de seis horas, comi os cogus às nove da noite, e já eram três e pouco.

Fui na cozinha comer algo, e foi muito bom de novo o paladar sempre vai lá pra estratosfera, resolvi misturar sobremesa de chocolate com amendoim japonês (super salgado) e estava ótimo a mistura hehehe. Fui checar as pupilas, e ainda estavam dilatadas no máximo. E ainda com aquele aviso do cogu de não temer os medos que criei durante a vida, fiquei me encarando no espelho, e por alguns segundos o rosto que eu olhava travou, vi que o olho esquerdo ganhava um pouco de tom sombrio, ficando avermelhado como se quisesse me impor medo, mas veio o pensamento que eu precisa me encarar, e cara, mesmo após todas essas horas, eu achando que já nada mais podia acontecer, o cogu ainda trabalhou, e por eu ter ativado aquele pensamento de que eu não ia desistir de me encarar por causa daquele olhar estranho que me encarava, aquele rosto ganhou uma imagem quebrada, como se fosse de porcelana e ela estava se desmanchando e ao ver isto, eu ri, fiz uma arregalada com os olhos com a expressão de quem está feliz e assim a imagem do espelho voltou ao normal. Haha, foi muito legal.

Irmãos, obrigado se vocês leram até aqui, este relato é despretensioso, livre de qualquer desejo do ego em mostrar algo especial, apenas o fiz com o intuito de divulgar algo que realmente mexeu comigo. Estou embarcando numa nova forma de usar a psilocibina, creio que de forma mais sintonizada, mais espaçada também. Coisas de 1 vez por mês e apenas se eu tiver me preparado muito antes, mas o fato é que a prática da meditação está sendo incorporada à minha vida com muita força, por isso creio que preparação sempre vai se manter. Aqui deixo assim como muitos, meu agradecimento, e sigo mandando ao universo minha gratidão por ter me enviado este chamado, desejo a todos os seres que possam, que recebam algum dia a sua cura para a vida e que o amor invada o coração de todos.

Assinado: Um irmão
 
Última edição:
Excelente o relato, os insights, a evolução do setting, e impressionante seu set.

Dei uma olhada no outube e achei a reportagem do Fantástico a que se referiu. Muito bom ver que até este canal teve que ceder à realidade das novas possibilidades de curas e tratamentos com os psicodélicos.

Sobre a sua viagem, bicho que trecho foi esse:

Voltei a abrir os olhos muito feliz e alegre. E o quarto já não era uma piscina laranja, estava normal, mas o teto parecia como o céu, mas diferente, eram planetas muito próximos um do outro, todos ali, pertinho e fiquei ali, um pouco sem saber o que fazer com aquela visão e aos poucos eles foram sumindo e fechei os olhos novamente, e ao fazer isso, era como se eu conseguisse me ver ainda, mas eu me via não com a visão da minha perspectiva, eu me via como se eu estivesse ao meu lado, meditando também (como se eu fosse um observador sem corpo) e eu não estava mais com a roupa que eu de fato vesti, mas sim, um tipo de capa branca prateada com capuz também, o capuz era como daqueles de mago, e o mais legal, toda a capa tinha frisos, desde o capuz até as mangas e desciam pelas laterais, e como eram bonitos esses traços nela, eram multicoloridos, foi algo descomunal ter visto isto em mim e de um ângulo externo, não sei explicar como isso pode ter ocorrido, mas durante essa observação visual, um efeito de catarse ocorreu, medos foram massacrados, eu sentia o cogu caçando os medos dentro de mim e mostrando que eu posso fazer o mesmo, sem noção galera, até arrepia estar digitando esta parte aqui.

Até eu arrepiei e me emocionei, tanto pelos visuais no contato com o Universo quanto na quebra do ego ao se ver de fora. É um dos tipos de experiência que um dia espero ter também, essa de se ver de fora. Quebrar os medos, massacrá-los, superá-los... Há algo de mágico. Já fui numa rápida viagem cósmica-espiritual na quarta experiência que tive, e posso dizer que ela me transformou e tirou de mim muitos dos medos que nos são plantados na vida por uma sociedade esquizofrênica sobre si mesma.

Parabéns novamente. :)
 
Muito bom o relato, obrigado por compartilhar esse momento tão íntimo.
 
Belo relato @Jowker
Almejo o dia que terei uma experiencia como essa.
Obrigado por compartilhar conosco.
 
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