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Menos um visionário! Arthur C. Clarke

Tiwanaku

Cogumelo maduro
Membro Ativo
16/07/2007
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O escritor britânico de ficção científica Arthur C. Clarke, 90 anos, morreu nesta quarta-feira num hospital do Sri Lanka, país que escolheu para viver....

Clarke conheceu o diretor de cinema Stanley Kubrick em abril de 1964, em Nova York e os dois trabalharam no roteiro do filme 2001: Uma odisséia no espaço, baseado no conto A sentinela, de Clarke. O filme de Kubrick ficou pronto em 1968, consumiu 10,5 milhões de dólares e elevou o padrão dos filmes de ficção científica. O filme é hoje considerado um clássico do gênero.
Arthur C. Clarke junto com Isaac Asimov tinha formação acadêmica em campos da ciência, seguindo a tradição de um dos pioneiros do gênero, Edgar Alan Poe, usando conceitos e resultados científicos na composição de suas histórias.
Clarke nasceu em 16 de dezembro de 1917 em Minehead, Sommerset, na Inglaterra. Em 1930, já com interesse em ciência, montou o primeiro telescópio, mudando-se em 1936 para Londres participando ativamente da Sociedade Interplanetária Britânica (BIS). Desenvolveu experimentos em Astronáutica e temas envolvendo tecnologia espacial e comunicações.
Em 1941 alistou-se na Royal Air Force (RAF), a força aérea inglesa. Durante a segunda guerra mundial, como oficial, participou da montagem do primeiro radar instalado na Inglaterra. Essa experiência foi publicada posteriormente em seu romance Glide path. Em março de 1945, escreveu Rescue party, publicado em maio de 1946 na revista Astounding Science. Ainda em 1945, publica um artigo na revista Wireless World, com o título Extra-Terrestrial-Relays, considerado como a base teórica para as órbitas dos satélites de comunicação. No artigo, descreve detalhadamente os satélites geoestacionários e suas fontes de energia.
Graduou-se em física e matemática em 1948 no King's College de Londres, já com 30 anos. Em 1952, tornou-se escritor profissional.
Mais de cinqüenta anos depois de publicado Extra-Terrestrial-Relays, os satélites artificiais tornaram-se essenciais na economia globalizada. É impossível pensar em televisão e telefonia sem eles. Movem uma poderosa indústria que em 2004 envolveu a quantia de US$ 103 bilhões.
Com quase uma centena de publicações e mais de 100 milhões de exemplares impressos no mundo, Arthur Clarke ainda escrevia e participava de conferências via satélite, da sua residência no Siri Lanka.
Antes de mergulhar na ficção científica, Clarke publicou obras como "Vôo Interplanetário" (1950) e "A exploração do Espaço" (1951), que anteciparam as previsões contidas em "Filhos de Ícaro" (1953).
Em 1973, escreve "Encontro com Rama", que seria acompanhado por "O Enigma de Rama", "O Jardim de Rama" e "A Revelação de Rama".
Após o sucesso de "2001", Clarke escreveu "2010, uma odisséia no espaço 2" (1982), "2061, uma odisséia no espaço 3" (1988), e "3001, a odisséia final" (1997).
Arthur C. Clarke, que era um fanático por mergulho, também escreveu uma dúzia de livros sobre a exploração submarina.

Fonte: http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/080319/entretenimento/srilanka_clarke_gente_2
Vídeos: http://youtube.com/results?search_query=Arthur+Clarke+&search_type=



Paz e Luz!
 
Fiquei bem triste ontem quando vi a notícia na TV......

Perdemos mais um iluminado !!!

:(
 
Folha de São Paulo - 23/03/2008

A fé de Arthur C. Clarke


Ficção científica do britânico, morto na última quarta-feira, é permeada de linguagem religiosa


Cena de "2001: Uma Odisséia no Espaço" em que o comandante Dave Bowman (Keir Dullea) é surpreendido por HAL 9.000


EDWARD ROTHSTEIN
DO "NEW YORK TIMES"

Absolutamente nenhum rito religioso de qualquer tipo deve ser associado com meu funeral", foram as instruções deixadas por Arthur C. Clarke, que morreu na última quarta-feira, aos 90 anos. Isso pode não surpreender a ninguém que soubesse que esse escritor de ficção científica via a religião como um sintoma da "infância" da humanidade, algo a ser superado com o crescimento.

Mas esse fervor ainda destoa, porque, quando se trata das escrituras da ficção científica moderna, e da espantosa geração de inovadores proféticos que foram seus contemporâneos -Isaac Asimov, Robert Heinlein e Ray Bradbury-, os textos de Clarke foram os mais bíblicos, os mais preparados para amplificar a razão com a convicção mística, os mais religiosos no sentido mais amplo de religião: especular sobre o princípio e os fim, e como passamos de um ao outro.

O filme que Stanley Kubrick fez a partir de "2001: Uma Odisséia no Espaço", de Clarke -em parceria com o autor- assombra não pelo seu imaginário de inteligência artificial e engenharia de estações espaciais, mas por sua evocação das origens da humanidade e sua visão de um futuro transcendente, incorporada em um feto humano solto no espaço.

Até mesmo os títulos de algumas histórias de Clarke invocam a linguagem escritural. "If I Forget Thee, Oh Earth" ("Se Eu Esquecer a Ti, Ó, Terra") fala de um menino em uma colônia lunar que é levado por seu pai para ver seu planeta-mãe, tornado inabitável pela guerra nuclear, uma experiência que inspira um sonho de retorno futuro a ser passado de geração em geração. Em "The Nine Billion Names of God" ("Os Nove Bilhões de Nomes de Deus"), monges de um convento de ares tibetanos acreditam que o grande desígnio da humanidade é escrever os 9 bilhões de permutações de letras que formam o nome secreto de Deus, um projeto assistido por representantes de uma empresa do tipo IBM, que fornecem o equipamento para que o projeto possa chegar a seu aguardado termo.

O simbolismo religioso nem sempre é benevolente, claro. Naquele que talvez seja o romance mais e perturbador de Clarke, "O Fim da Infância", uma raça alienígena de Senhores Supremos, com aparente generosidade, estabelece uma utopia na Terra, eliminando as guerras e proporcionando uma era de bonança. Mas não é por acaso que, quando os Senhores Supremos são finalmente descritos, eles têm a aparência de criaturas satânicas, com asas, chifres e cauda pontiaguda.

Qualquer que seja a atitude -e quase sempre ela é ambígua-, a religião percola o reino de Clarke. Ele solicita a tela do Gênese e, sobre ela, encena seus experimentos mentais. Toda ficção científica faz isso até certo ponto, tentando imaginar universos alternativos: e se o carbono não fosse o elemento fundamental dos seres vivos? E se existisse uma sociedade que nunca tivesse visto uma noite?

A obra de Clarke, no entanto, toca as bordas dessa moldura: tenta examinar os momentos em que as coisas começam e quando elas terminam. No conto "Rescue Party" ("Equipe de Resgate"), alienígenas chegam para salvar a Terra de uma explosão solar iminente.

Eles descobrem que os humanos, uma espécie primitiva que descobrira como usar sinais de rádio meros 200 anos atrás, já salvaram a si próprios, lançando uma frota de espaçonaves rumo às estrelas, sabendo que sua jornada levaria centenas de anos. Os salvadores ficam chocados com a ousadia. "Esta é a civilização mais jovem do Universo", um deles observa. "Quatrocentos mil anos atrás ela nem existia. Como será daqui a 1 milhão de anos?"

O conto profetiza o domínio dessa espécie - um domínio que, como Clarke nos faz sentir, nem sempre é bem-vindo.

Tal apocalipse é o feijão-com-arroz da ficção científica, mas às vezes, com Clarke, é também a comunhão, o momento de transcendência no qual algum destino se cumpre, alguma possibilidade se abre. Daí o feto em "2001".

Esse lado do trabalho de Clarke talvez seja o mais sinistro, especialmente porque suas especulações místicas vêm acompanhadas de uma capacidade ímpar de imaginar mundos eminentemente plausíveis. Mas atos de racionalidade e especulação científica são apenas o começo de suas visões. A razão pura é insuficiente. Algo mais é necessário. Para qualquer um que tenha lido Clarke nos anos 1970 e 1980, quando a exploração espacial e a pesquisa científica tinham um apelo extraordinário, sua ficção científica tornou aquela empresa ainda mais emocionante, ao colocá-la em sua maior perspectiva, na qual os feitos de um punhado de décadas se encaixam numa visão de proporções épicas, estendendo-se milênios no futuro. Não é à toa que duas gerações de cientistas foram afetadas por seu trabalho.

Apesar de sua celebrada capacidade de fazer previsões, é incerto que Clarke soubesse precisamente o que via naquele futuro. Há algo de frio em suas visões, especialmente quando ele imagina a transformação evolutiva da humanidade. Ele deixa para trás tudo aquilo que nós reconhecemos e conhecemos e não dá muitas balizas para vivermos no mundo que reconhecemos e conhecemos. Nesse sentido, seu trabalho tem pouco a ver com religião.

Mas, no quadro maior, a religião é inevitável. Clarke ficou famoso por dizer que "qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistingüível de magia". Talvez qualquer ficção científica suficientemente sofisticada, ao menos em seu caso, seja quase indistingüível de religião.

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