- 14/04/2015
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Foram precisas 81 experiências para que eu finalmente cruzasse cogumelos com LSD. Foi muito diferente do esperado.
Se quiser ver apenas a parte mais interessante da experiência, basta pular pro segundo título.
Vi "Medo e Delírio em Las Vegas" pela quadragéssima (ou mais?) vez, depois de cerca de 2 anos sem assistir. Com o filme, os efeitos do LSD se construíram, eu ri horrores. Foi estranho não ter a erva pra acompanhar, porque estou sem fumar. Mas fui bicando a última cerveja e rindo enquanto citava as falas do filme. Com o LSD, nem cheguei a terminar a última lata em horas, que ficou pouco abaixo da metade até eu jogá-la fora de manhã.
Às 04h, com a proximidade do fim do filme e 2 horas da dosagem do LSD, era a hora de ingerir o chá de cogumelo frescos de 60 g. O outro frasco que ficou 1 ano no meu congelador. Fiz como se fosse suco mesmo, sem sentir a angústia de tomar chá, o que é algo raro. Sentia apenas o sabor do suco artificial de maracujá, enquanto ia dosando o copão com quase 500 ml e rindo no fim do filme.
Coloquei pra tocar então um vídeo de psytrance, de cerca de 2 horas, que em tese viria antes de eu entrar com Pink Floyd. Ocorre que a transição pro rock não ocorreu, e depois de mais de 5 anos, finalmente tive outra trip psicodélica totalmente dentro de música eletrônica. Inicialmente achei que ia curtir os visuais do vídeo, mas a tela não tava legal, então só fechei os olhos. Foi uma delícia sentir meu sangue fluir com a lisergia do LSD ao som da música eletrônica, enquanto o cogumelo chegava de um jeito que eu ainda não compreendia, mas não me preocupava em compreender. Soltei o corpo a dançar um pouco, mas já estava esgotado, então dançava pouco e deitava.
Entre deitar e levantar, os efeitos do cogumelo cruzado com LSD geraram algo... inesperado. A desconexão temporal do LSD somado ao seu viés racional com a profundidade emocional do cogumelo. Adentrei em diversas questões existenciais familiares, de ser pai, de ser filho, de ser vizinho, de ter sexualidade, de questões de emprego e de karma das pessoas que me perseguiram à beira da loucura. Compreedi a conexão entre bombeiros que tentaram fraudar meu concurso há 13 anos (cuja denúncia e suspensão do concurso foi ocasionada por mim) e as perseguições que sofri em meu local de trabalho desde o primeiro dia, com pessoas que era conectadas a esses fraudadores em minha chefia. Também vi como, sem querer, o médico que agiu com corrupção comigo para proteger um desses chefes vai terminar sem querer com o filme queimado, após uma entrevista que fiz ontem em uma perícia sobre questão familiar a um médico que trabalhava por convênio para a minha instituição; ao falar sobre a relação com meu filho, tive que revelar o enredo obscuro do médico corrompido, e por acaso acabou que revelei a alguém que não é alheio institucionalmente a tudo, apesar de que nada pode fazer oficialmente. Algo 100% "coincidência" da vida, em franco início do karma dessas pessoas.
Me entristeci muito ao notar as duas pessoas de lá que sempre agiram pelas minhas costas. Me perguntei porque fizerm isso comigo, e a resposta foi "porque eu impedi que os amigos fraudadores entrassem". Era algo que eu não tinha como adivinhar por anos, e as peças foram se encaixando devagar nesses últimos meses. Pessoas que se eu fosse olhar como agiam perante mim, seriam amigas e gentis. Mas, pelas costas, ajudaram a criar todas as condições de meu adoecimento em função do trabalho.
Mas, eu não quero fogueiras, eu não quero queimar ninguém, eu não quero ter raiva. Eu me sinto triste, mas quero que eles tenham forças pra suportar o pagamento do próprio karma, que tenham o amor das pessoas à volta deles para melhorarem. Não se trata o pacifismo que prego de apenas não ter ódio na política, de não querer assar os porcos da sociedade; mas também de não querer assar ninguém à nossa volta. Senti que meu ciclo de ódio de raiva que fiquei submerso por anos em função do pânico e psicose geradas pelo burn-out e assédio moral finalmente se diluíram, como se eu terminasse de pagar a minha dívida de resgate desse concurso que fiz, em que basicamente entrei pra me foder do começo ao fim por ser ético e não ceder a comporativismo se isso colocasse o cidadão em risco. Acredito que agora os sintomas restantes do pânico serão apenas biológicos e as possibilidades de remissão da doença até minha cura e retorno à ativa se encontra próximo, em 1 ou no máximo 2 anos. Me resta agora testar como meu corpo se cura agora que meu espírito termina de se regenerar.
E essa forma racional-emocional superadora só veio com a soma do LSD com o Cogumelo.
Houve uma compreensão de como as mulheres dançam soltas e um pouco de compreensão que ajudava a diluir mais ainda a já longamente superada frustração de não ser um puto garanhão na minha idade passada de solteiro há 2 décadas atrás. Pensei em como a separação entre sexos, que só ocorre para fins reprodutivos, levada a cabo para fins emocionais-sociais manipulativos gera uma separação que adoece homens e mulheres. Energias adoecidas se acumulam sobre os homens, que objetificam mulheres; e sobre mulheres, que objetificam os homens. Cada qual deixa de ser a si mesmo para incorporar personas, e não permitem que fluam de si as energias "férteis-femininas" e "criativas-masculinas", que podem se mesclar em uma só pessoa. A sexualidade, enfim, como algo fluido, prospectal, e não como uma linha dividida entre "lá e cá", ou entre as diversas categorias do LGBTQIA+. Há algo de muito além na diferença entre gametas feminino e masculino do mundo animal na evolução e espíritos humanos.
Meu "eu" começava a se conectar com outros viajantes intergalácticos, numa espécie de consciência de colméia que se expandia no espaço-tempo, e por isso a separação entre sexos e pessoas perdia o sentido, mas isso só ficaria claro um pouco mais pra frente. Minha consciência começava a imergir no fluxo universal que hoje me faz ver porque o antigo fórum brasileiro de psicodelia se chamava Garagem Hermética e suas referências às viagens inter-esterales. E isso, apenas a conexão LSD + cogumelo me proporcionou.
Vou finalmente ao evento mais interessante de todos:
Após reflexões sobre pontos centrais das dinâmicas psicodélicas coletivas do fórum e da sociedade humana como um todo, tive um estouro de percepção e falei "Caralho, @Cosmik, agora eu entendi!", e tive vontade de vir digitar aqui no fórum: "Quando foi que você também notou?" no perfil dele. Ele se diluiu no conjunto existencial do Universo, como mais uma fagulha que se conecta ao universo como um todo, em seu sumisso de anos atrás. E a temática dele, como vim a conhecer com mais profundidade enquanto conversamos nos anos, era dessa comunidade intergaláctica, que agora finalmente tive acesso.
Ele não estava lá, não era um dos que me conectei. Mas eu o tinha compreendido.
Ao sentar no PC e tentar mandar mensagem pra ele, desisti, pois ter que digitar iria gerar uma queda nos efeitos, por me trazer às funções mais racionais-básicas. Quando virei por lado, me deparei com cerca de 27 outras pessoas, em algum lugar no tempo e espaço, passado ou futuro, que se conectavam a mim através de "fios de algodão" etéreos. Via apenas suas cabeças e seus sorrisos. Eles necessariamente usavam LSD e também ouviam música eletrônica, e apresentavam uma profundidade emocional próxima à minha, mas eles podiam estar no passado ou no futuro, não estavam necessariamente naquele mesmo momento sob efeito. Eu fiquei maravilhado em ver a colméia da consciência coletiva se manifestar visualmente, e notei que qualquer um deles poderia ter acesso aos meus sentimentos, a depender do interesse de cada um. Pra mim, neste primeiro momento, não fui visitar nem conversar com ninguém, nem entrar em sua alma. A maravilha estava em ver a verdade que um dia há de ser revelada, a equação matemática complexa da vida que se mostra tão simples que ganha a beleza das equações simples que resumem questões muito complexas. Minha mente viajava no espaço-tempo por todo o Unvierso para reencontrar com pessoas que estavam, estariam ou estarão no Planeta Terra,uma puta de uma "volta pela existência" pra se conectar a quem está, fisicamente, ali do lado. E essa ida ao longe da conexão é o que faz superar a necessidade de que eles estivessem no presente no momento da conexão. O espaço-tempo foi superado para que conexões ocorressem entre pessoas em diferentes pontos no tempo.
Eu curti, curti como uma montanha Russa, como um equipamento de parque de diversões. Qual a utilidade disso? Nenhuma. Isso é de fato uma verdade corriqueira subconsciente, de que todos estamos conectados. A consciência viva disso, a experimentação direta disso não é necessária, mas é muito diferente e faz com que a gente tenha uma visão mais profunda da realidade das coisas. Não se trata mais de "teoria de tudo interconectado", mas sim de "comprovação de que estamos todos ligados".
Essas 27 pessoas, essas 27 cabeças, sorriam e dançavam ao som de psytrance. Senti que o misto de sentimentos de tristeza e superação que eu sentia também nos conectava. O pico de alegria e serotonina na libertação da dança nos expandia, e entre tantos bilhões de humanos que irão tomar LSD e ouvir música eletrônica na Humanidade e em outros planetas, foi com eles que tive a conexão nesta experiência. Não sei se no futuro verei apenas eles novamente, se conversaremos. Não sei se entraram em mim, o quanto entraram em mim, exceto a menina que integrou minha dança e me passou a energia feminina curativa da natureza na dança, que descrevi no começo. Talvez eu tenha passado pra um deles, a quem me fixei por um ou dois segundos, um pouco da minha superação. Talvez essa conexão tenha ocorrido para que cada um de nós passasse ao outro o "remédio" espiritual-existencial que podíamos, fechando um ciclo de trocas de ajudas profundas. Ela pra mim, eu pra outra, a outra pra outra, etc., até chegar nela também. E assim, sem trocarmos palavras, nós nos ajudamos e nos amamos e nos reeguermos.
A sensação do algodão saindo das laterais da minha cabeça foi muito gostosa. Não tem como saber quem são essas pessoas, se elas já nasceram, se elas já morreram, se estão vivas. Mas nós estávamos lá, 27 "desconhecidos" se vendo, num verdadeiro Sense8 da vida real. Um fenômeno que, com os diversos registros e evolução de estudos da ciência, física, medicina, etc., um dia terão uma avaliação séria para descobrir do que se trata. Mas explicar a realidade não basta para tornar ninguém melhor nem derrubar os muros que separam as pessoas pelo ódio. Só a experiência direta do amor pode levar a isso, sem que precise a pessoa vivenciar a conexão intergalactica com outros psiconautas.
Hoje posso dizer...
Finalmente faço parte da aldeia intergalactica global que conecta a todos os praticantes de psicodelia numa única consciência coletiva que supera o espaço-tempo.
E isso... foi extraordinariamente transformador em perspectiva de vida.
Assim, pretendo fazer outros trabalhos com LSD e cogumelo, mas sem o álcool. E como o som que conecta uma colméia ativa precisa ser o mesmo, praticarei essas tentativas de reconexão com psytrance, e não com Pink Floyd. Tem algo no som eletrônico que é único, de fato. Não religioso, mas universal. O tum-tum-tum-tum-tum que leva ao êxtase sem precisar tomar nada dos xamãs das florestas se repete e intensifica, gerando ondas que, somadas à expansão do LSD (com cogumelos no meu caso) pode criar essa ponte entre mentes.
Amei o sorriso delas. Amei que dividimos nossos pesos, angústias, e compartilhamos e distribuímos tudo em felicidade. Obrigado a vocês 27, e espero que também tenham adorado o que vivemos juntos, sem nos conhecermos, e sem nunca nos conhecermos fisicamente nesta vida, ou nas próximas que seja. Ou, quem, sabe, um dia nos vejamos ao vivo.
Abraços, meus primeiros amigos psiconautas intergalácticos.
Se quiser ver apenas a parte mais interessante da experiência, basta pular pro segundo título.
Dosagem e Setting
A dosagem aconteceu assim. Primeiro, eu tava relativamente bêbado com cerveja quando, por volta de 02h de ontem (sexta) pra hoje (sábado), resolvi que tomaria 330 ug de LSD. Isso eu considero um "meio passo pra trás", daquele processo de dois passos pra frente e um pra trás da vida. A coisa tava relativamente tranquila, só não era o ideal pra espiritualidade, em tese, contudo, acabou sendo ótimo tudo que ocorreu. Inclusive todos os processos internos que surgiram, enfim. É raro, mas o álcool pode trazer uma boa experiência - só não contem com isso, é totalmente aleatório. Meu set é que estava excelente ontem, desde eventos do dia até as comédias que assistia enquanto bebi as cervejas.Vi "Medo e Delírio em Las Vegas" pela quadragéssima (ou mais?) vez, depois de cerca de 2 anos sem assistir. Com o filme, os efeitos do LSD se construíram, eu ri horrores. Foi estranho não ter a erva pra acompanhar, porque estou sem fumar. Mas fui bicando a última cerveja e rindo enquanto citava as falas do filme. Com o LSD, nem cheguei a terminar a última lata em horas, que ficou pouco abaixo da metade até eu jogá-la fora de manhã.
Às 04h, com a proximidade do fim do filme e 2 horas da dosagem do LSD, era a hora de ingerir o chá de cogumelo frescos de 60 g. O outro frasco que ficou 1 ano no meu congelador. Fiz como se fosse suco mesmo, sem sentir a angústia de tomar chá, o que é algo raro. Sentia apenas o sabor do suco artificial de maracujá, enquanto ia dosando o copão com quase 500 ml e rindo no fim do filme.
Coloquei pra tocar então um vídeo de psytrance, de cerca de 2 horas, que em tese viria antes de eu entrar com Pink Floyd. Ocorre que a transição pro rock não ocorreu, e depois de mais de 5 anos, finalmente tive outra trip psicodélica totalmente dentro de música eletrônica. Inicialmente achei que ia curtir os visuais do vídeo, mas a tela não tava legal, então só fechei os olhos. Foi uma delícia sentir meu sangue fluir com a lisergia do LSD ao som da música eletrônica, enquanto o cogumelo chegava de um jeito que eu ainda não compreendia, mas não me preocupava em compreender. Soltei o corpo a dançar um pouco, mas já estava esgotado, então dançava pouco e deitava.
Entre deitar e levantar, os efeitos do cogumelo cruzado com LSD geraram algo... inesperado. A desconexão temporal do LSD somado ao seu viés racional com a profundidade emocional do cogumelo. Adentrei em diversas questões existenciais familiares, de ser pai, de ser filho, de ser vizinho, de ter sexualidade, de questões de emprego e de karma das pessoas que me perseguiram à beira da loucura. Compreedi a conexão entre bombeiros que tentaram fraudar meu concurso há 13 anos (cuja denúncia e suspensão do concurso foi ocasionada por mim) e as perseguições que sofri em meu local de trabalho desde o primeiro dia, com pessoas que era conectadas a esses fraudadores em minha chefia. Também vi como, sem querer, o médico que agiu com corrupção comigo para proteger um desses chefes vai terminar sem querer com o filme queimado, após uma entrevista que fiz ontem em uma perícia sobre questão familiar a um médico que trabalhava por convênio para a minha instituição; ao falar sobre a relação com meu filho, tive que revelar o enredo obscuro do médico corrompido, e por acaso acabou que revelei a alguém que não é alheio institucionalmente a tudo, apesar de que nada pode fazer oficialmente. Algo 100% "coincidência" da vida, em franco início do karma dessas pessoas.
Me entristeci muito ao notar as duas pessoas de lá que sempre agiram pelas minhas costas. Me perguntei porque fizerm isso comigo, e a resposta foi "porque eu impedi que os amigos fraudadores entrassem". Era algo que eu não tinha como adivinhar por anos, e as peças foram se encaixando devagar nesses últimos meses. Pessoas que se eu fosse olhar como agiam perante mim, seriam amigas e gentis. Mas, pelas costas, ajudaram a criar todas as condições de meu adoecimento em função do trabalho.
Mas, eu não quero fogueiras, eu não quero queimar ninguém, eu não quero ter raiva. Eu me sinto triste, mas quero que eles tenham forças pra suportar o pagamento do próprio karma, que tenham o amor das pessoas à volta deles para melhorarem. Não se trata o pacifismo que prego de apenas não ter ódio na política, de não querer assar os porcos da sociedade; mas também de não querer assar ninguém à nossa volta. Senti que meu ciclo de ódio de raiva que fiquei submerso por anos em função do pânico e psicose geradas pelo burn-out e assédio moral finalmente se diluíram, como se eu terminasse de pagar a minha dívida de resgate desse concurso que fiz, em que basicamente entrei pra me foder do começo ao fim por ser ético e não ceder a comporativismo se isso colocasse o cidadão em risco. Acredito que agora os sintomas restantes do pânico serão apenas biológicos e as possibilidades de remissão da doença até minha cura e retorno à ativa se encontra próximo, em 1 ou no máximo 2 anos. Me resta agora testar como meu corpo se cura agora que meu espírito termina de se regenerar.
E essa forma racional-emocional superadora só veio com a soma do LSD com o Cogumelo.
Conexão Intergaláctica
Bem, fora isso, em alguns momentos, levantava e dançava rápido. Me sentia superando as questões de diferenças entre sexos no movimento do meu corpo. A energia que fluia de mim era "feminina" quando eu dançava, no sentido que havia como várias árvores surgindo de meu ventre e a energia da natureza e do solo fértil cresciam de meu sorriso. Tive a sensação de que meu corpo não era o meu corpo, mas o de uma jovem de 18 a 20 anos, de 1,60 m de altura, com cintura bem fina, bem leve, cabelos trançados, pele escura, numa rave - e meu eu físico tem 39 anos, barriguinha de leve que varia com o tempo, é branco, cabelo raspado, com 1,73m de altura.Houve uma compreensão de como as mulheres dançam soltas e um pouco de compreensão que ajudava a diluir mais ainda a já longamente superada frustração de não ser um puto garanhão na minha idade passada de solteiro há 2 décadas atrás. Pensei em como a separação entre sexos, que só ocorre para fins reprodutivos, levada a cabo para fins emocionais-sociais manipulativos gera uma separação que adoece homens e mulheres. Energias adoecidas se acumulam sobre os homens, que objetificam mulheres; e sobre mulheres, que objetificam os homens. Cada qual deixa de ser a si mesmo para incorporar personas, e não permitem que fluam de si as energias "férteis-femininas" e "criativas-masculinas", que podem se mesclar em uma só pessoa. A sexualidade, enfim, como algo fluido, prospectal, e não como uma linha dividida entre "lá e cá", ou entre as diversas categorias do LGBTQIA+. Há algo de muito além na diferença entre gametas feminino e masculino do mundo animal na evolução e espíritos humanos.
Meu "eu" começava a se conectar com outros viajantes intergalácticos, numa espécie de consciência de colméia que se expandia no espaço-tempo, e por isso a separação entre sexos e pessoas perdia o sentido, mas isso só ficaria claro um pouco mais pra frente. Minha consciência começava a imergir no fluxo universal que hoje me faz ver porque o antigo fórum brasileiro de psicodelia se chamava Garagem Hermética e suas referências às viagens inter-esterales. E isso, apenas a conexão LSD + cogumelo me proporcionou.
Vou finalmente ao evento mais interessante de todos:
Após reflexões sobre pontos centrais das dinâmicas psicodélicas coletivas do fórum e da sociedade humana como um todo, tive um estouro de percepção e falei "Caralho, @Cosmik, agora eu entendi!", e tive vontade de vir digitar aqui no fórum: "Quando foi que você também notou?" no perfil dele. Ele se diluiu no conjunto existencial do Universo, como mais uma fagulha que se conecta ao universo como um todo, em seu sumisso de anos atrás. E a temática dele, como vim a conhecer com mais profundidade enquanto conversamos nos anos, era dessa comunidade intergaláctica, que agora finalmente tive acesso.
Ele não estava lá, não era um dos que me conectei. Mas eu o tinha compreendido.
Ao sentar no PC e tentar mandar mensagem pra ele, desisti, pois ter que digitar iria gerar uma queda nos efeitos, por me trazer às funções mais racionais-básicas. Quando virei por lado, me deparei com cerca de 27 outras pessoas, em algum lugar no tempo e espaço, passado ou futuro, que se conectavam a mim através de "fios de algodão" etéreos. Via apenas suas cabeças e seus sorrisos. Eles necessariamente usavam LSD e também ouviam música eletrônica, e apresentavam uma profundidade emocional próxima à minha, mas eles podiam estar no passado ou no futuro, não estavam necessariamente naquele mesmo momento sob efeito. Eu fiquei maravilhado em ver a colméia da consciência coletiva se manifestar visualmente, e notei que qualquer um deles poderia ter acesso aos meus sentimentos, a depender do interesse de cada um. Pra mim, neste primeiro momento, não fui visitar nem conversar com ninguém, nem entrar em sua alma. A maravilha estava em ver a verdade que um dia há de ser revelada, a equação matemática complexa da vida que se mostra tão simples que ganha a beleza das equações simples que resumem questões muito complexas. Minha mente viajava no espaço-tempo por todo o Unvierso para reencontrar com pessoas que estavam, estariam ou estarão no Planeta Terra,uma puta de uma "volta pela existência" pra se conectar a quem está, fisicamente, ali do lado. E essa ida ao longe da conexão é o que faz superar a necessidade de que eles estivessem no presente no momento da conexão. O espaço-tempo foi superado para que conexões ocorressem entre pessoas em diferentes pontos no tempo.
Eu curti, curti como uma montanha Russa, como um equipamento de parque de diversões. Qual a utilidade disso? Nenhuma. Isso é de fato uma verdade corriqueira subconsciente, de que todos estamos conectados. A consciência viva disso, a experimentação direta disso não é necessária, mas é muito diferente e faz com que a gente tenha uma visão mais profunda da realidade das coisas. Não se trata mais de "teoria de tudo interconectado", mas sim de "comprovação de que estamos todos ligados".
Essas 27 pessoas, essas 27 cabeças, sorriam e dançavam ao som de psytrance. Senti que o misto de sentimentos de tristeza e superação que eu sentia também nos conectava. O pico de alegria e serotonina na libertação da dança nos expandia, e entre tantos bilhões de humanos que irão tomar LSD e ouvir música eletrônica na Humanidade e em outros planetas, foi com eles que tive a conexão nesta experiência. Não sei se no futuro verei apenas eles novamente, se conversaremos. Não sei se entraram em mim, o quanto entraram em mim, exceto a menina que integrou minha dança e me passou a energia feminina curativa da natureza na dança, que descrevi no começo. Talvez eu tenha passado pra um deles, a quem me fixei por um ou dois segundos, um pouco da minha superação. Talvez essa conexão tenha ocorrido para que cada um de nós passasse ao outro o "remédio" espiritual-existencial que podíamos, fechando um ciclo de trocas de ajudas profundas. Ela pra mim, eu pra outra, a outra pra outra, etc., até chegar nela também. E assim, sem trocarmos palavras, nós nos ajudamos e nos amamos e nos reeguermos.
A sensação do algodão saindo das laterais da minha cabeça foi muito gostosa. Não tem como saber quem são essas pessoas, se elas já nasceram, se elas já morreram, se estão vivas. Mas nós estávamos lá, 27 "desconhecidos" se vendo, num verdadeiro Sense8 da vida real. Um fenômeno que, com os diversos registros e evolução de estudos da ciência, física, medicina, etc., um dia terão uma avaliação séria para descobrir do que se trata. Mas explicar a realidade não basta para tornar ninguém melhor nem derrubar os muros que separam as pessoas pelo ódio. Só a experiência direta do amor pode levar a isso, sem que precise a pessoa vivenciar a conexão intergalactica com outros psiconautas.
Hoje posso dizer...
Finalmente faço parte da aldeia intergalactica global que conecta a todos os praticantes de psicodelia numa única consciência coletiva que supera o espaço-tempo.
E isso... foi extraordinariamente transformador em perspectiva de vida.
Assim, pretendo fazer outros trabalhos com LSD e cogumelo, mas sem o álcool. E como o som que conecta uma colméia ativa precisa ser o mesmo, praticarei essas tentativas de reconexão com psytrance, e não com Pink Floyd. Tem algo no som eletrônico que é único, de fato. Não religioso, mas universal. O tum-tum-tum-tum-tum que leva ao êxtase sem precisar tomar nada dos xamãs das florestas se repete e intensifica, gerando ondas que, somadas à expansão do LSD (com cogumelos no meu caso) pode criar essa ponte entre mentes.
Amei o sorriso delas. Amei que dividimos nossos pesos, angústias, e compartilhamos e distribuímos tudo em felicidade. Obrigado a vocês 27, e espero que também tenham adorado o que vivemos juntos, sem nos conhecermos, e sem nunca nos conhecermos fisicamente nesta vida, ou nas próximas que seja. Ou, quem, sabe, um dia nos vejamos ao vivo.
Abraços, meus primeiros amigos psiconautas intergalácticos.