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LSD com Cogumelo #2 - 33 Horas de Puro Flow (xp 82)

ExPoro

Enteogenista Apaixonado pela Vida
Cultivador confiável
14/04/2015
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I - Conexão Intergalática com outro Humano​


Eu era um adolescente, podia sentir. Não tinha a altura que eu tenho, era mais magro e bem mais alto, com o cabelo mais curto do lado esquerdo, mais longo do lado direito, pintado de roxo. Minha musculatura era bem torneada, talvez pelos esportes que praticava. E dançava, dançava, dançava, feliz. Com 20 anos a menos que eu, eu estava ali, em algum lugar do mundo, no espaço-tempo, feliz. Deitei-me pra conversar com esse psiconauta ao qual me conectei no hyperespaço psicodélico, tentei lhe fazer perguntas, mas não ouvia as respostas. Não parei pra tentar ver com quantos me conectava, como na experiência anterior em que pela primeira vez experimentei a conexão universal das mentes (LSD com Cogumelo - Conexão Intergaláctica com outros Psiconautas (xp 81)), mas pude sentir o fio etéreo em textura de algodão que saia pela lateral esquerda da cabeça, entre a orelha e a testa. Não era como o fio que conecta o perispírito ao corpo em experiências de projeão astral, que sai da nuca. A natureza da conexão e o local em que saem da cabeça são diversos.

Me senti feliz, pude voltar a dançar um pouco. Mais tarde, quando a música eletrônica já tinha cessado e finalmente tinha posto Pink Floyd no cruzamento de cogumelo com LSD, pude sentir questões existenciais próprias daquele jovem, que se tornavam minhas. Por que meus pés são tão grandes? Só que não são. Por que sou tão largo? Só que não sou. Inseguranças da adolescência, do tipo que eu nunca fui de ter, por ter outros tipos de inseguranças naquela idade.

E mais pra frente, quando já se aproximava o fim da desacelação da primeira dosagem de LSD, quase 8 horas depois, pude sentir algo de adulto. Não era mais um jovem. No espaço-tempo, aquela pessoa fui no passado. No presente, mantinha eu meus traços do rosto, mas agora com 30 anos, parecia encontrar um pedaço de maturidade que me fazia sorrir. Talvez quem vivi agora seja o futuro, talvez o presente; talvez quem vivi antes seja o passado, talvez o presente.

Sei que fui, e enquanto era eu "sou", algo que já foi, ou que é, e que virá.

II - Um Pulo Heróico, ou simplesmente Insano​


Quando a gente tá bêbado, sabe, às vezes nossos canais ficam abertos. Uma vez que o compromisso do sábado de manhã tinha sido cancelado, além de beber a cerveja na sexta, também fui autorizado a fazer uma longa incursão pela minha esposa, que tomaria conta das coisas quando voltasse da festa com nossa filha - na qual não poderia ir porque a escola só iria permitir as mães. Bem, durante o auge do LSD com cogumelos minha esposa e filha ou estariam dormindo, ou estariam fora de casa.

Que tal então ir numa dosagem que jamais experimentei? Quando dropei 420 ug, há mais de 6 anos atrás, fui parar no que chamo de "País das Maravilhas Etéreo", numa trip que deixo em anexo a este relato a quem quiser ler, como contexto anterior a algumas coisas que direi nesta trip cruzada com cogumelos, e por isso posto junto a ela. Então, toma 525 ug de LSD na língua, e mais pra frente serão 3,5 gramas secas de cogumelos in natura. E bora assistir, pela 41ª (ou 42ª?) vez, Medo e Delírio em Las Vegas, enquanto os efeitos surgem.

Mas a mão foi forte demais! Demais! Demais! Ou, em uma das falas do filme/livro, "you took too much, man, too much, too much" ("você tomou muito, irmão, muito, muito"). Ao contrário do normal, enquanto vinha a acelaração, não conseguia nem recitar as falas do filme, nem rir das cenas, nem descobrir novas deixas do diretor. A coisa tava tão braba que não aguentei nem as 2 horas pra dosar o cogumelo, foi logo na metade do filme, com água. Foi o que me salvou!

O cogumelo modulou os efeitos da dosagem do LSD de forma que eu não fui jogado pra uma desnecessária extratosfera-interdimensional além da morte do ego. Os efeitos devagar me readequaram ao meu corpo, enquanto tudo se tornava mais orgânico e eu me preparava pra grande conexão com o hyperlink das mentes humanas. Com base na experiência dos 420 ug a que me referi e anexei ao tópico (cheia de merdas externas, internas, dissoluções, quase-enlouquecimento, etc.), eu não teria ganhos em experimentar mais nada além daquilo, mesmo que em 100000 formas diferentes. Não tinha porque eu me projetar tão longe! Eu já sabia como era o ápice do LSD, e não era esse o objetivo!

Eu queria chegar um dia a 1 mg (1000 ug) de LSD, e foi nesse dia que fiz isso. Mas fiz da forma que acabou sendo a melhor pra mim e pra que houvesse algum trabalho enteogênico no meio de um furação psicodélico: ao longo de mais de 24 horas, fiz diversas redosagens.

Mas, nessa primeira etapa, que envolveu música eletrônica, e depois o começo da playlist completa de Pink Floyd (de Dark Side até Endless River), fui muito fundo. Fundo em sentimentos, fundo em mim mesmo. A temática de ser pai, de ter filhos, de ter uma esposa, tudo vinha com força, ao som da música eletrônica, de início. Ao fim das 2 ou 4 horas, não sei, das músicas eletrônicas, achei que não fosse conseguir colocar Pink Floyd, ou não fosse querer. Mas algo, por impulso, me fez sentar à frente do PC e fechar o Youtube para dar play na lista de músicas da minha liturgia. E o rock começou...

III - A Percepção do Cruzamento entre Psilocibina e LSD​


Com o som da minha liturgia passando, meu corpo pode finalmente se acomodar ao setting de costume, e então finalmente estabeleci as diferenças entre psilocibina sozinha, LSD sozinho, e os dois juntos. Não é uma somatória, ou um mero cruzamento tipo "erva + álcool". É algo novo. De um lado o LSD quebra o onírico do cogumelo, enquanto o cogumelo quebra o racional do LSD. Os dois se juntavam num resultado orgânico-físico, que passaria a modular minha experiência até o dia seguinte, mesmo que as redosagens fossem apenas de LSD. Meu corpo se tornavam mais tátil, a conexão com o Universo unia uma expansão lisérgica com uma conexão orgânica-emocional - que me permitia a conexão com aquele psiconauta, entre outros aspectos únicos.

Apesar de parecer uma somatória, é na verdade um todo único. Não há exalações de prazer na respiração que o cogumelo dá, mas parece que a percepção do eu se extende junto com a perda de limites do LSD, com o perder-se em si. A diversão do LSD é quebrada pela profundidade do cogumelo; enquanto o cogumelo mesmo não fica tão sério, mas impediu que o LSD me levasse pra longe demais.

No caso, era uma dose heróica de LSD e uma dose (pra mim) média-forte de cogumelos. Então, no fim, o maior realce foi do LSD, com o cogumelo sendo uma modulação, um freio, que me impediu de ser alçado longe em mente, mas não em espírito.

Meu corpo... a forma como eu sentia meu corpo... me lembrava as primeiras vezes com cogumelo, com a strain Africana. Mas havia a carbonicidade do LSD, que vinha na respiração. Eu podia sentir o cheiro dos meus pulmões como se fossem grafites. Já o cogumelo é orgânico, não apenas carbônico. Minha pele era cogumelo, meu interior era LSD. Podia sentir catarro dentro de mim. O calor dentro de mim também, tudo na respiração, às vezes como se o ar pegasse fogo ao sair de meu corpo.

Nesse momento, do rock, devagar o jovem que tinha se conectado a mim aparecia adulto. Mas já falei disso. Ou não. Talvez ainda direi. Mas já disse.

IV - Uma Manhã tranquila na Rede da Varanda​


A música não estava no máximo no som. E fiquei surpreso que com 6 horas da dosagem de LSD e 5 da de cogumelo os efeitos estavam 100% seguros pra eu lidar com qualquer coisa. Talvez um iniciante pensasse "passou a vibe", mas é claro que não era o caso. Era o resultado da retenção à realidade que o cogumelo fez. Então resolvi fazer algo que nunca fiz, mas que fiz com tranquilidade, porque estava tranquilo: fui sentar na rede na frente da minha casa, pra ver o céu, o mundo, as aves, as pessoas passando. Levei um biscoito pra mastigar, um copo dágua e sentei pra balançar.

De começo meu olho demorou a se acostumar a focar em distância sob efeito, já que sempre faço dentro de casa. Mas quando fez, como o mundo estava lindo:
  1. Vi a empregada de uma vizinha da frente doar coisas pra uma senhora que precisava, sem notar que eu a via. Enxerguei a caridade sendo feita de forma espontânea e até com certo receio de se expor. Sob efeito, senti o cheiro do bem dela, em termos de juventude, e me deu um toque de excitação. O bem interior se transformava em beleza novamente naquela senhora. A verdadeira beleza, por fim, é realizar a Lei de Amor ao próximo na Terra. Pensei em apresentar meu filho mais velho (que já tem idade pra compreender) um dia a ela, mas antes lhes dizer sem ela saber: "meu filho, preste atenção na energia dessa pessoa, porque você verá como é uma pessoa de bem, o que emana dela". Que é claro, é amor;
  2. Vi pássaros fazerem seus ninhos nos postes na frente da minha casa;
  3. Vi a porra do caralho do céu que puta que paril que beleza essa aquarela. Uma pintura viva em óleo, tanto o céu quanto as nuvens, que não se movem, mas costuram o ar;
  4. Vi os aviões que partiam do Santos Dumont e passavam sobre a minha casa, achando engraçado que não consegui notar se eles iam pra cima ou se vinham caindo em minha direção kkkkk;
  5. Cumprimentei os vizinhos com um amoroso "bom dia" sempre que me viam, e recebia o cumprimento de volta;
  6. Balancei e senti o calor reflexo do sol nas nuvens;
  7. Etc.
Tava tudo tão, mas tão tranquilo, tão mas tão de boa... que minha filha se integrou comigo na rede quando acordou e ficamos vendo as nuvens e dizendo que formas elas tinham, antes de se arrumar para sair. Minha esposa também estava em paz, e aumentou um pouco o som do Pink Floyd dentro da casa, agora que elas tinham acordado.

Pink Floyd tocou e terminou ainda antes delas acabarem de se arrumar. Eu estava sob forte efeito, mas funcional pras coisas da casa. Liberei-me para lidar com copos de vidro e também para cortar coisas com faca para comer. Tudo ocorria internamente, sentimentalmente, não-perceptualmente. Era seguro. Tomei água de coco, me hidratei, comi alguma coisa matinal.

Acabou o rock enquanto eu me deliciei com a ápice musical de Girlmore à frente da banda: Endless River, com o final perfeito em Louder Than Words.

Não tinha mais o que eu poderia escutar de psicodélico propriamente, de estímulo sensorial puro e supremo do que aquele trabalho. Também resolvi ali acabar a fase mais profunda da experiência. Me sentei no PC pra ver vídeos no Youtube feitos pra se ver sob efeito de psicodelia.

V - A Sinestesia do Orgasmo da Visão pro Tato​


Bem, a partir de então fiz redosagens ao longo de várias horas, que no fim somaram cerca de 1260 ug de LSD. Não lembro direito, porque deixei passar 2 semanas pra relatar, mas a dosagem mais alta foi de 315 ug, e a mais baixa de 105 ug. Isso me levou a 30 horas de efeito até cair de vez às 10 da manhã de domingo (comecei tudo às 1 hora da manhã de sábado).

Não vou detalhar em que momento redosei o que, mas apenas as etapas que se seguiram...

Primeiro, fim da manhã até fim da tarde, muitos vídeos, primeiro de humor, ri pra caralho. E depois de visuais. O prazer era indescritível. Ver tudo em 4k, a quantidade de informações entrava em meus poros. A sinestesia era da visão com o tato. Quase como um orgasmo ininterrupto vídeo após vídeo, entre os que eram de visual.


VI - A Reconexão com Meu Eu Artístico e a Fé na Proteção de Deus​


Ao fim dessa série longuíssima de vídeos, não aguentava mais. A família já estava em casa há um bom tempo, e eu resolvi colocar as minhas músicas próprias, do meu canal de músicas autorais, e comecei pelo álbum conceitual que é inspirado em Dark Side of the Moon, no sentido de que cada música trata de um tema da vida humana e o álbum compõe um todo que reinicia do fim. Fiz clipes desse álbum, e queria muito saber como era os assistir sob efeito de LSD. E adorei. Gostei de ver como as músicas se encaixavam como esperado sob psicodelia, pois o álbum é feito pra ouvir sóbrio ou sob efeito. Gostei dos clipes amadores, da proposta amadora. Desfiz de mim a crítica de uma amiga sobre os clipes, e notei como somos diferentes no quesito de produção musical.

Mas tinha um ou dois meses que tinha tirado as músicas do ar, devido aos concursos. Foi então que fui pensando... "Isso é uma parte de mim, uma parte essencial de mim!" Eu não quero abrir mão de parte da minha alma. Se eu fosse ser derrubado porque faço clipes fora-da-caixinha que podem ser deturpados para ignorarem as mensagens positivas... então que seja! Deus me protegeu tanto até aqui, até hoje, então se for o caso, que seja, eu quero voltar a respirar, a expressar o que sinto, a minha arte, a ser o que sou. Eu acredito que Ele me protegerá. Já que me levou a tantos caminhos pra seguir nos estudos, não irá ao fim fazer com que algum eventual perseguidor (dos que me causaram a doença que estou tratando nesses últimos anos de enteogenia) me afogue na praia.

Me senti mais forte, mais seguro. E aliviado. Porque como a última música trata do tempo e da morte, eu estou esperando pra gravá-la esse ano, 5 anos depois do primeiro clipe, em que minha filha aparece na barriga de minha esposa, e hoje aparecerá já com 4 anos.

Revi todas as minhas músicas na internet, solo e com meu amigo. Adorei, adorei, adorei. Me senti leve de novo e resolvi não abrir mão de quem sou, que posso chegar a diferentes objetivos de sustento e sonhos no Direito sem abrir mão do meu eu artístico. Muitos se incomodam, já tentaram até me prejudicar na Corregedoria certa vez, mas é claro que não deu em nada. Se não deu em nada antes, não dará no futuro. Não há crime em gravar músicas com mensagens de amor, em clipes fora do padrão; e ainda por cima tenho a recomendação do médico pra seguir com a arte com parte da terapia.

Não... ninguém mais me perseguirá. Isso é passado.

Pensei em como postar uma mensagem de amor pra um dos que riem de minha desgraça financeira após ajudar a me adoecer.

Pensei em amor.

Pensei que poderei fazer a homenagem à memória de meu avô novamente, ao gravar o último clipe, ainda esse ano.

E de repente... me entra uma banda foda de blues totalmente desconhecida no Brasil, eu ouço uma música mas dou pause e deixo reservado pra mais tarde um pouco.

Começava a noite de sábado.

VII - Hora de Brincar! Filha, Violão e Gaita​


Basicamente, peguei pra tocar blues e outros ritmos de improviso com violão e gaita. Algumas músicas também.

Nessa hora minha filha veio se juntar, quando eu fui pro meio da casa fazer repentes de jazz com rimas proibidas ou longas demais pra soarem normais. Começamos uma série de brincadeiras de rimar, dela subir no meu colo, em improvisos de todos os ritmos, pequenas letras:

(bossa-nova)​
Hoje eu tô
tão feliz
Que eu vou
Cutucar o seu nariz
ou...​
(blues)​
Vai chover balão
Vai, vai, vaaaai, vai chover balão
ou...​
(reggae)​
Para de me enfiar biscoito
Você tá me deixando doido
Eu não quero mais biscoito
Me deixa quieto um pouco
(minha filha entra numas piras de dar comida pra gente às vezes e quer dar um biscoito antes da gente terminar de comer o anterior e começa a rir que não conseguimos comer no tempo que ela dá a comida kkkk)​

E então, com o tempo, retornei à minha trip sozinho, enquanto minha filha era posta pra dormir.

Terminei de ver o show daquela banda de blues, que foi foooodaaaaa de ouvir aquela sonzera toda. Puro flow.

VIII - O Caminhar sem Fim do Psiconauta​


É certo que me mantive com um pouco de café. Um equilíbrio entre água de coco, água, suco, café, pra me manter acordado e hidradato. Em certo momento o sono de ter virado sumiu totalmente, bem como qualquer sensação de pós-bebedeira da sexta pra sábado.

Nas horas que se seguiram, coloquei variados temas psicodélicos do youtube. Primeiro, algo simbólico e mais calmo, com um astronauta que anda pra frente por horas e horas a fio até o fim das músicas. Mas a hora em que ele para pro cafezinho... aquilo foi perfeito. Era meu descanso, na fase final de minha experiência, que se aproximava das 20 horas desde o começo.

IX - Risco de Despersonalização​


Na altura da noite, lá quando tava vendo a banda de blues, eu tava numa sensação de fluidez, de flow, de viver o momento tão grande, que quase me veio o começo de uma bad, que pude evitar por uma boa doutrina e prática psicodélica e enteogênica. Eu aceitei ali que tudo que vivia passaria, que aquela percepção era do momento, e que faz parte depois passar. E comecei a me sentir bem com o fim dos efeitos que viria em horas, ou no dia seguinte, com o retorno à consciência normal, sem todos os insights que tava tendo sobre relações com amigos, familiares, trabalho, etc.

Sei que se tivesse me deixado levar por essa faísca, teria caído numa espiral que me levaria a um sentimento de depressão no pós-trip. Então, sem nunca ter sentido isso, posso afirmar que uma conduta positiva durante os efeitos pode ser a melhor ferramenta para evitar um pós-efeito negativo de despersonalização por "desilusão de retorno à consciência ordinária após ver tanta luz". Mas, se trata de muita prática e muito envolvimento enteogênico com a psicodelia pra poder pegar esse processo, aceitar, vivenciar, deixar passar. Reter e ter medo faria com que eu tivesse sofrido sérias consequências de meu uso em grau excessivo de LSD nessa mescla com cogumelos.

X - Aceitação do Flow até na Putaria​


Mas não apenas isso... aceitei como parte do flow tudo que eu fizesse e decidisse na trip. Em especial após a última dosagem. Se eu quisesse me masturbar por uma hora, não era pra eu me sentir mal porque não curti vídeos. Não!!! Aquilo era o que eu queria fazer. Puto tesão da porra! E bota mulher gostosa pra dançar no Tik Tok com a bunda oferecendo o c* (não, não estou falando das "dancinhas" das jovens, mas de movimentos mais libidinosos das mais maduras que não "imitam" mas sabem o que fazem), depois termina no Xvideos com uma baita de uma atriz tomando bonito. E goooozaaaaa. Sei lá quantas vezes, quais vídeos.

Descansa. Respira. Curte outra coisa. Vive. Vive. Vive. Foram já mais de 24 horas de efeitos. Esse era o momento. Não faria se fosse cogumelos apenas, mas era o que queria fazer com o LSD na mente. Que seguia batendo de uma forma modulada pelos cogumelos, até aquele momento. Não como de manhã, mas ainda modulada. Não era apenas o LSD, mas também não era mais o cogumelo cruzado.

X - Um Corpo desfalecendo e sem Conexão​


Finalmente, pela manhã de domingo, já cansado de tanto "tum-tum-tum" de eletrônica com visuais que passavam por horas e horas e que me deixavam impressionado, maravilhado, estupefato...

Dei um pulo no fundo da casa pra ver meus copos de cultivo em colonização e reparei que o som do vizinho de trás fazia um zunido muito alto e estranho. Povo lá é festeiro. Vai que dormiram com o som no máximo, soltou um fio, e tava aquele ruído insuportável, como se cortassem árvores às 7 da manhã de um domingo!

O simples fato de eu pensar, "nossa, que sorte que fico lá na frente e não tenho que encarar esse ruído horrível e tortuoso sob efeito", foi o suficiente pra minha mente mandar pro meu corpo "é isso que tá acontecendo!!!!!!!!!!!". Meu coração explodiu em batidas. Nesse momento, tive que usar uma estranha aceitação: não dava pra me acalmar, eu tinha que aceitar que meu corpo ia ficar naquela taquicardia de terror como se eu estivesse submetido ao ruído, mesmo na minha cama com um som calmo.

Só passou quando, numa ida ao banheiro, tipo 30 minutos depois, o ruído tinha ido embora.

E aqui entrou também a experiência dos anos de psicodelia e enteogenia. Entendi que minha mente estava com psicodelia demais da conta pra entender a diferença entre eu de fato estar submetido a ouvir o ruído, e eu apenas pensar sobre isso. Tudo se tratava de uma aceitação, uma melhoria na medida do possível, esperando a calmaria em algum momento, que viria. Nada de desespero mental, aquilo era apenas o excesso vivido de percepção. E assim, contornei mais uma possível bad trip.

XI - Mas e aí, como ficaram as Coisas?​


Lá pelas 10h, finalmente entrei no silêncio no quarto. Desliguei tudo, liguei o ventilador. Dormi.

Não quis narrar aqui tudo que ocorreu dentro de mim, nas percepções sobre minha doença em estágio de regressão, nem sobre questões existenciais e kármikas, etc.

Mas a quantidade de reflexões que eu tive ao longo dessas 33 horas foi estonteante! Pensem bem... se o período de 3 a 6 horas de cogumelo já são o suficiente pra ser um mundo, ou de 6 a 8 horas de LSD, imaginem então 33 horas de ambos:
  1. Consegui frear a cerveja que vinha me pegando no pé nas últimas semanas;
  2. Refiz minha personalidade fragmentada sobre a minha arte;
  3. Aumentei minha autopercepção sobre a minha sexualidade, em especial em relação à minha esposa;
  4. Me reconectei com projetos de vida que tinha abandonado há 10 anos, como ir pro mestrado, que comecei a buscar de novo;
  5. Revi alguns conflitos com minha mãe;
  6. Pensei em outros projetos, como meu canal de Direito, e no que pode ser;
  7. Me revi como pai e marido;
  8. Entendi que não quero voltar a tomar LSD pra ir parar na extratosfera, a não ser que um dia queira, mas não é o que quero nem preciso;
  9. Fortaleci minha calma perante conflitos com pessoas mais íntimas;
  10. Me vi mais inabalável contra revéses;
  11. Aprofundei as bases pacifistas do meu pensamento político;
  12. De todas as decisões que pensei em tomar sob efeito depois que estivesse normal, apenas uma abandonei, o que tornou a trip também muito proveitosa em termos pragmáticos;
  13. E um moooooonte de coisas, muita mesmo!!! :)
Mas eu faria de novo? Não! Nunca mais! É muito tempo! É coisa pra uma vez na vida, e só! Desnecessário repetir. (Mas, claro, vai saber se um dia eu vou num Universo Paralelo desses da vida né... kkk aí é outro contexto).

Demorou cerca de 2 a 3 dias para meu corpo se recuperar totalmente do gasto energético.

E saí uma pessoa melhor de tudo isso.

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E relato agora porque vou dormir em breve. Essa experiência foi há 2 semanas atrás, e amanhã, domingo, ao acordar, farei a próxima. Desta vez, apenas com cogumelos. A perícia se aproxima por ser nessa semana, a situação de conflito que me fez retomar os trabalhos de cogumelos deste ano (contexto dado em Chá de 1 Ano na Geladeira faz Efeito? / Ódio, muito Ódio (xp 79)). Experimentar o cogu com LSD nessas duas últimas experiências foi maravilhoso, mas o que preciso nessa semana é apenas da psilocibina, um trabalho de pura alma, para aparar as arestas dos benefícios obtidos, e por ser, na verdade, a melhor opção para um trabalho enteogênico profundo: a psilocibina pura e seu poder transformador e regenerador, sem nenhuma outra substância cruzada.

Obrigado por viajarem nessa trip comigo. Ao contrário do que faço, escrevi esse relato sem reler o que escrevi nem revisar nada. Puro flow, assim como a experiência em si. Abraços a todos!
 

Anexos

  • 2016 - segundo sabado do ano - Loucura com LSD.txt
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Última edição:
Meu irmão, você é lindo.
Estou vivendo dias agitados, entrar nessa experiência com você fez um bem danado. Que gostoso cara!
Tô precisando comprar minha passagem cogumeaérea pras profundezas do Espírito e agendar de uma vez consulta com psicólogo.
Simbora hei, simbora oh, psiconauta!
 
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