Eu sei que acabo escrevendo demais, então peço desculpas a paciências aos amigos. Minha experiências têm sido tão intensas que não consigo colocar em poucas palavras. Nesta viagem eu tive duas impressões fortes:
E foi com os olhos fechados que a viagem foi para outro nível. Entrei num túnel para o qual eu não via saída. Na minha frente tinha uma escuridão profunda, enquanto nas paredes do túnel formas geométricas dançavam. Depois do túnel, me vi num lugar que parecia um pântano frio. Eu nadava, nadava, empurrava a massa de lama e ia atravessando um lodaçal. A textura era gostosa e ao mesmo tempo era um trabalho intenso. Quando eu saí da lama, vi uma paisagem seca. Uma estrada de terra muito estranha. Atravessei uma ponte roxa que estava cheia de homenzinhos pequenininhos, de olhos esbugalhados e um sorriso largo e sinistro no rosto. Eles tinham mãos grandes, com dedos pontiagudos e ficavam mexendo em alavancas enquanto riam de mim.
Do outro lado da ponte, eu fiquei preso no chão e nessa hora vários pensamentos começaram a surgir na minha mente. Pensei nas minhas contas, na saúde do meu filho, na saúde da minha esposa, em como talvez eu parecesse um pouco maluco para as pessoas do meu convívio e como eu deixo meus pais preocupados comigo. Pensei em como eu vivia minha vida como se eu estivesse doente, ou como se sempre houvesse algo a ser consertado, algo a ser corrigido. Várias preocupações e medos vieram à tona. Nessa hora ficou insuportável. Me perguntei se eu era de fato um adulto funcional.
Contudo, no meio da minha angústia eu tive um insight: não faz diferença. Na verdade as minhas preocupações não me ajudavam em nada. Eu não trabalho melhor quando eu me preocupo em trabalhar melhor. Não sou um pai mais carinhoso quando me preocupo em dar mais carinho. Não consigo quitar minhas contas me preocupando com elas. Não consigo fazer com que meus pais não se preocupem comigo, se eu ficar me preocupando em causar uma boa impressão para eles. Olhando para toda essa cadeia de preocupações percebi que na verdade o problema é que eu me preocupo demais. Me preocupar faz com que eu fique tenso e faça um esforço inútil. É como se, no fim das contas, eu estivesse carregando uma carga de cem quilos de vento dentro de uma trouxa, para tudo sumir tão logo eu resolva abrir essa trouxa de preocupações. Não sei se faz sentido. Espero que sim. Hahaha.
A trip estava muito pesada e acabei gritando pela minha esposa. Disse que queria vê-la para mudar um pouco os ares. Ela me ajudou a sair um pouco desse clima sério. Eu falei que precisava relaxar. Queria algo feliz. A solução dela foi um pouco inesperada hahaha. Ela colocou Spice Girls para tocar e voltou para os estudos dela. Bom, não sei como explicar isso, mas eu realmente fui pego de surpresa. Em 1997, Spice Girls fez parte da minha pré-adolescência com as suas músicas chicletentas e bobinhas, mas nunca mais ouvi desde aquela época. Fiquei muito feliz em ouvir de novo. Parece que por uns instantes voltei a ter 11 anos.
Algumas faixas mais tarde, algo realmente absurdo aconteceu: quando a música “2 become 1” começou a tocar, eu tive uma experiência de êxtase absurda. Vivi uma sensação parecida com essa na minha primeira viagem, mas desta vez foi mais intenso ainda. Foi como se eu estivesse tendo um orgasmo de longuíssima duração, repetidamente, só que curiosamente o sentimento não era sexual. Fui tomado por uma sensação física avassaladora. Coloquei a música em repeat e fiquei viajando na sensação que eu tinha por um tempão, até ficar exausto. Nessa fase da viagem eu acabei tendo visuais curiosos, de estradas de terra no topo de uma montanha com gramados e pedras brancas lindas. Eu realmente me senti no paraíso. Foi um momento catártico do qual eu claramente estava precisando.
Depois de todo esse êxtase, saí do quarto e resolvi ficar com a minha esposa e os nossos pets. Meu campo visual ainda estava muito distorcido, com cores vivas, efeitos de onda e pulsação. No final da trip foi mais do mesmo que eu vivi nas outras duas experiências: loop de pensamentos, um pouco de confusão mental enquanto a realidade voltava a tomar forma.
Essa foi uma viagem memorável. Espero poder ter uma experiência parecida com esta em algum momento no futuro. Obrigado por terem lido até aqui!
- Como os cogumelos sempre parecem ter algo para me ensinar e;
- Como eles podem ser generosos e entregar a experiência certa para o momento.
E foi com os olhos fechados que a viagem foi para outro nível. Entrei num túnel para o qual eu não via saída. Na minha frente tinha uma escuridão profunda, enquanto nas paredes do túnel formas geométricas dançavam. Depois do túnel, me vi num lugar que parecia um pântano frio. Eu nadava, nadava, empurrava a massa de lama e ia atravessando um lodaçal. A textura era gostosa e ao mesmo tempo era um trabalho intenso. Quando eu saí da lama, vi uma paisagem seca. Uma estrada de terra muito estranha. Atravessei uma ponte roxa que estava cheia de homenzinhos pequenininhos, de olhos esbugalhados e um sorriso largo e sinistro no rosto. Eles tinham mãos grandes, com dedos pontiagudos e ficavam mexendo em alavancas enquanto riam de mim.
Do outro lado da ponte, eu fiquei preso no chão e nessa hora vários pensamentos começaram a surgir na minha mente. Pensei nas minhas contas, na saúde do meu filho, na saúde da minha esposa, em como talvez eu parecesse um pouco maluco para as pessoas do meu convívio e como eu deixo meus pais preocupados comigo. Pensei em como eu vivia minha vida como se eu estivesse doente, ou como se sempre houvesse algo a ser consertado, algo a ser corrigido. Várias preocupações e medos vieram à tona. Nessa hora ficou insuportável. Me perguntei se eu era de fato um adulto funcional.
Contudo, no meio da minha angústia eu tive um insight: não faz diferença. Na verdade as minhas preocupações não me ajudavam em nada. Eu não trabalho melhor quando eu me preocupo em trabalhar melhor. Não sou um pai mais carinhoso quando me preocupo em dar mais carinho. Não consigo quitar minhas contas me preocupando com elas. Não consigo fazer com que meus pais não se preocupem comigo, se eu ficar me preocupando em causar uma boa impressão para eles. Olhando para toda essa cadeia de preocupações percebi que na verdade o problema é que eu me preocupo demais. Me preocupar faz com que eu fique tenso e faça um esforço inútil. É como se, no fim das contas, eu estivesse carregando uma carga de cem quilos de vento dentro de uma trouxa, para tudo sumir tão logo eu resolva abrir essa trouxa de preocupações. Não sei se faz sentido. Espero que sim. Hahaha.
A trip estava muito pesada e acabei gritando pela minha esposa. Disse que queria vê-la para mudar um pouco os ares. Ela me ajudou a sair um pouco desse clima sério. Eu falei que precisava relaxar. Queria algo feliz. A solução dela foi um pouco inesperada hahaha. Ela colocou Spice Girls para tocar e voltou para os estudos dela. Bom, não sei como explicar isso, mas eu realmente fui pego de surpresa. Em 1997, Spice Girls fez parte da minha pré-adolescência com as suas músicas chicletentas e bobinhas, mas nunca mais ouvi desde aquela época. Fiquei muito feliz em ouvir de novo. Parece que por uns instantes voltei a ter 11 anos.
Algumas faixas mais tarde, algo realmente absurdo aconteceu: quando a música “2 become 1” começou a tocar, eu tive uma experiência de êxtase absurda. Vivi uma sensação parecida com essa na minha primeira viagem, mas desta vez foi mais intenso ainda. Foi como se eu estivesse tendo um orgasmo de longuíssima duração, repetidamente, só que curiosamente o sentimento não era sexual. Fui tomado por uma sensação física avassaladora. Coloquei a música em repeat e fiquei viajando na sensação que eu tinha por um tempão, até ficar exausto. Nessa fase da viagem eu acabei tendo visuais curiosos, de estradas de terra no topo de uma montanha com gramados e pedras brancas lindas. Eu realmente me senti no paraíso. Foi um momento catártico do qual eu claramente estava precisando.
Depois de todo esse êxtase, saí do quarto e resolvi ficar com a minha esposa e os nossos pets. Meu campo visual ainda estava muito distorcido, com cores vivas, efeitos de onda e pulsação. No final da trip foi mais do mesmo que eu vivi nas outras duas experiências: loop de pensamentos, um pouco de confusão mental enquanto a realidade voltava a tomar forma.
Essa foi uma viagem memorável. Espero poder ter uma experiência parecida com esta em algum momento no futuro. Obrigado por terem lido até aqui!