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Informações sobre "Integração da Experiência"

01101OK!

Hifa
Membro Ativo
01/07/2018
198
13
Vejo isso ser muito discutido mas no fórum não tem um lugar específico sobre esse assunto. O pessoal da MAPS conta com um time de psicologos, pelo que entendi, em relação a integração da experiência.

O que é isso pra vocês?

Se tiver algum link sobre o assunto, agradeço. (Estou pra ler alguns livros que contém essa info, mas queria discutir aqui).

Pra mim tem a ver com o que a gente entende sobre o que aconteceu, o que foi pensado etc. e como isso se relaciona com a gente. Mas é bastante subjetivo isso, não é? Acho muito difícil mensurar ou qualificar essa integração.

Neste sentido, comigo sempre acontece uma coisa: vejo tantas imagens e passo por tantas coisas que é tão difíficl lembrar depois. Poderia ser bom conseguir lembrar pra talvez ajudar nessa ideia de integração.

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Informações retiradas de livros e considerações dos usuários do Teonanacatl. Todas informações baseadas na "Integração da Experiência. (Em construção).

Citações do "Psychedelic Workbook"

Intenções x Expectativas

Abandone as expectativas: Um ponto chave ao trabalhar com psicodélicos é se libertar de todas as expectativas, e invés disso, concentrar nas intenções. As expectativas criam anexos à experiência para que ela aconteça de uma determinada maneira e produza um resultado específico. Isso então cria um um espaço para a decepção e pode fazer com que você perca as oportunidades que surgem e que não foram planejadas. Uma frase comum no trabalho psicodélico é "você não obtém a experiência que deseja, você obtém a experiência que precisa". Abordar a sua experiência com humildade e abertura para tudo aquilo que surja é a chave.

Processo de Integração

1º Passo - RECEBER -
Leve em considerção as informações da experiência psicodélica antes, durante e depois (através das suas percepções, auto-reflexões, conversas, ideias e conhecimentos emergentes, mensagens recebidas e intuição).

2º Passo - PROCESSO - Crie um espaço físico e psicológico para introspecção, para contemplar e sentir o que tudo isso significa (intuitivamente, racionalmente, prática, personal, social e espiritual).

3º Passo - AÇÂO - Coloque as descobertas e idéias em ação; implementar, aplicar e integrar novas mudanças (formar novas perspectivas, esclarecer problemas, expandir horizontes, escolher hábitos mais saudáveis, agir com integridade).

4º Passo - DESPRENDIMENTO - Identifique o que não serve mais, o que a experiência destacou e revelou? (Deixe de lado a dúvida, abandone atitudes negativas, relaxe as defesas, abandone os maus hábitos).

5º Passo - PRÁTICA - Repita e reforce suas novas crenças e hábitos. (Estabeleça rotinas matinais, âncoras diárias, responsabilidades semanais, novos padrões, siga com as boas práticas).


Algumas citações que retirei do livro "Como mudar sua mente - Michael Pollan", sobre a integração da experiência.

[...] Uma questão fundamental que a ciência dos compostos psicodélicos nem começou a responder é se as novas conexões neurais que essas substâncias tornam possíveis permanecem de alguma forma, ou se voltam ao status quo anterior assim que a droga deixa o organismo. As conclusões do laboratório de Roland Griffiths de que a experiência psicodélica leva a mudanças de longo prazo em traços da personalidade relativos à abertura levanta a possibilidade de que alguns tipos de aprendizado acontecem enquanto o cérebro é reorganizado e que isso de alguma forma perdura. Aprender implica o estabelecimento de novos circuitos neurais; esses circuitos se tornam mais fortes quanto mais são exercitados. O destino de longo prazo das novas conexões formadas durante a experiência psicodélica — se elas se revelarão duráveis ou evanescentes — talvez dependa de nos lembrarmos delas e, na verdade, de exercitá-las após o término da experiência. (Isso pode ser simples como relembrar o que experimentamos, reforçar isso durante o processo de integração ou usar a meditação para reencenar o estado alterado de consciência.)

[...] Todos falam da importância de guias psicodélicos bem treinados — “certificados” — e da necessidade de ajudar as pessoas a integrarem suas experiências poderosas para dar sentido a elas e torná-las úteis. Quanto a isso, Tony Bossis parafraseia o estudioso de religião (e voluntário do experimento da Sexta-feira Santa) Huston Smith: “Uma experiência espiritual por si só não é uma vida espiritual.” A integração é essencial para dar sentido à experiência, seja dentro ou fora do contexto médico. Ou ela continuará sendo só uma experiência com drogas.

[...] Talvez o documento mais útil do website sejam as “Diretrizes para viajantes e guias”.I As diretrizes representam um compêndio de meio século de conhecimento e sabedoria acumulados sobre a melhor forma de abordar a viagem psicodélica, seja como participante ou como guia. Elas tratam do básico em termos de cenário e ambiente; preparação física e mental para a sessão; possíveis interações medicamentosas; a importância de formular uma intenção; o que esperar durante uma experiência, boa ou ruim; os estágios da viagem; o que pode dar errado e como lidar com material assustador; a importância suprema da “integração” pós-sessão; e assim por diante.
 
Última edição:
Bom dia!
Legal o assunto, parabéns pela iniciativa.

Como leigo vou responder como tal, mas seguindo o que sinto o que isso quer dizer pra mim. É como você disse, as imagens podem ser muito complexas mesmo, dependendo da trip, parecem tuneis que estão acima da quinta dimensão ♾️ , ou salões celestiais :alien:, e por ai vai né ;) . Neste ponto o que faço é surfar a onda e deixar tudo vazar.

Mas a integração tem um ponto forte para mim, no que diz respeito aquele sentimento arrebatador que surge na trip, da conexão onde tudo e todos estão conectados por uma energia que emana em prol do bem e do amor. Existe uma certa frustração nos dias após uma trip onde essa parada ocorreu com maior intensidade, pois fica aquela sensação de saudades de algo que não consegue aplicar com a mesma intensidade no estado de alerta.

Todavia, algo sempre fica, mesmo que de baixa intensidade, é como uma lembrança, que volta e meia relembra de que existe muito mais a ser buscado e melhorado.

No final, arrisco dizer que sim, isso ajuda muito no dia a dia, naqueles momentos onde tudo que outrora era intragável passa a ganhar um pouquinho mais de tolerância.

E assim vou indo, na busca por ampliar essa integração aqui e no agora.

Espero ter contribuido de alguma forma.
 
O cogumelo abre um "rombo" nas sinapses viciadas onde você possui vícios, rancores, traumas, etc., que depois pode ser fechado pela mente consciente para consolidação dos benefícios possibilitados pela enteogenia em forma de cura. Essa é a integração ao meu ver.
 
Alguns tópicos retirei do livro "Psychedelic Workbook". O livro conta com outras partes, como questionários sobre as expectativas, como foi a experiência etc. Resolvi trazer pra cá.

Intenções x Expectativas

Abandone as expectativas: Um ponto chave ao trabalhar com psicodélicos é se libertar de todas as expectativas, e invés disso, concentrar nas intenções. As expectativas criam anexos à experiência para que ela aconteça de uma determinada maneira e produza um resultado específico. Isso então cria um um espaço para a decepção e pode fazer com que você perca as oportunidades que surgem e que não foram planejadas. Uma frase comum no trabalho psicodélico é "você não obtém a experiência que deseja, você obtém a experiência que precisa". Abordar a sua experiência com humildade e abertura para tudo aquilo que surja é a chave.

Processo de Integração

1º Passo - RECEBER -
Leve em considerção as informações da experiência psicodélica antes, durante e depois (através das suas percepções, auto-reflexões, conversas, ideias e conhecimentos emergentes, mensagens recebidas e intuição).

2º Passo - PROCESSO - Crie um espaço físico e psicológico para introspecção, para contemplar e sentir o que tudo isso significa (intuitivamente, racionalmente, prática, personal, social e espiritual).

3º Passo - AÇÂO - Coloque as descobertas e idéias em ação; implementar, aplicar e integrar novas mudanças (formar novas perspectivas, esclarecer problemas, expandir horizontes, escolher hábitos mais saudáveis, agir com integridade).

4º Passo - DESPRENDIMENTO - Identifique o que não serve mais, o que a experiência destacou e revelou? (Deixe de lado a dúvida, abandone atitudes negativas, relaxe as defesas, abandone os maus hábitos).

5º Passo - PRÁTICA - Repita e reforce suas novas crenças e hábitos. (Estabeleça rotinas matinais, âncoras diárias, responsabilidades semanais, novos padrões, siga com as boas práticas).


Vou continuar postando informações que eu achar relevante aqui sobre este assunto. Futuramente editar o post principal com o que foi levantado.
 
Última edição:
Algumas citações que retirei do livro "Como mudar sua mente - Michael Pollan", sobre a integração da experiência.

Uma questão fundamental que a ciência dos compostos psicodélicos nem começou a responder é se as novas conexões neurais que essas substâncias tornam possíveis permanecem de alguma forma, ou se voltam ao status quo anterior assim que a droga deixa o organismo. As conclusões do laboratório de Roland Griffiths de que a experiência psicodélica leva a mudanças de longo prazo em traços da personalidade relativos à abertura levanta a possibilidade de que alguns tipos de aprendizado acontecem enquanto o cérebro é reorganizado e que isso de alguma forma perdura. Aprender implica o estabelecimento de novos circuitos neurais; esses circuitos se tornam mais fortes quanto mais são exercitados. O destino de longo prazo das novas conexões formadas durante a experiência psicodélica — se elas se revelarão duráveis ou evanescentes — talvez dependa de nos lembrarmos delas e, na verdade, de exercitá-las após o término da experiência. (Isso pode ser simples como relembrar o que experimentamos, reforçar isso durante o processo de integração ou usar a meditação para reencenar o estado alterado de consciência.)

Mais adiante vem essa outra parte. Sobre ela eu penso que, as vezes, mesmo que não prestamos muita atenção na integração da experiência, uma experiência em si pode ser bastante transformadora. Logo, não concordo plenamente com a afirmação.

Todos falam da importância de guias psicodélicos bem treinados — “certificados” — e da necessidade de ajudar as pessoas a integrarem suas experiências poderosas para dar sentido a elas e torná-las úteis. Quanto a isso, Tony Bossis parafraseia o estudioso de religião (e voluntário do experimento da Sexta-feira Santa) Huston
Smith: “Uma experiência espiritual por si só não é uma vida espiritual.” A integração é essencial para dar sentido à experiência, seja dentro ou fora do contexto médico. Ou ela continuará sendo só uma experiência com drogas.


No mesmo livro, outra citação que faz referência a outro material, da qual vou buscar mais informações

Talvez o documento mais útil do website sejam as “Diretrizes para viajantes e guias”.I As diretrizes representam um compêndio de meio século de conhecimento e sabedoria acumulados sobre a melhor forma de abordar a viagem psicodélica, seja como participante ou como guia. Elas tratam do básico em termos de cenário e ambiente; preparação física e mental para a sessão; possíveis interações medicamentosas; a importância de formular uma intenção; o que esperar durante uma experiência, boa ou ruim; os estágios da viagem; o que pode dar errado e como lidar com material assustador; a importância suprema da “integração” pós-sessão; e assim por diante.
 
Última edição:
Legal! Que livro massa! Estudando pra valer o set and setting ein @01101OK! Acho que vou querer ler também agora, estudos que ajudem a explorar mais o tratamento psicodélico é válido. E este livro que tu está lendo parece muito bom.

Vou ler também agora, fiquei curioso.
Obrigado @onofremartelo pelo arquivo.
 
Obrigada pelas referências @01101OK! !

De maneira geral - assim como na integração e elaboração de qlq situação ou conteúdo pisquico - tem duas coisas que ajudam muito: falar com outras pessoas e escrever.
A gente elabora muita coisa enquanto conversa ou escreve, e tb acho importante fazer o registro das experiencias, até pra vc poder ler meses ou anos depois, revisitar algo, ter talvez um outro ponto de vista.

Além disso, observo algumas coisas que funcionam pra mim:

- Perceber como foi a qualidade da trip, a forma como ela se apresentou pra vc, os símbolos contidos ali... é como sonhar acordado, todos os símbolos dizem sobre você. Acho normal tb entender algumas coisas e não entender outras de imediato, é muita informação! Dá material pra anos de integração, rs. Além disso, a integração não depende só do racional, muita coisa passa a ser integrada num nível mais sutil, mais inconsciente, talvez... sem necessidade da compreensão racional pra funcionar, ou seja, mesmo se vc esquecer de alguma parte de sua viagem, não quer dizer que foi material desperdiçado... ta sendo integrado de alguma maneira, basta observar e desapegar de compreender tudo racionalmente.

- Acho que dá pra perceber esse tipo de "integração inconsciente" na mudança de comportamentos, de padrão mental... e ai eu acho que uma coisa que pode atrapalhar é duvidar disso, e pensar "será que isso vai durar?" "aah... eu não sou tranquila/paciente/feliz (ou outra mudança que se tenha notado) assim... isso deve passar depois de algum tempo", ou qlq coisa do tipo. O contrário ajuda... aceitar que aconteceram mudanças, que vc sabe que veio de dentro, e cultivá-las cada vez mais.

- As experiências muito boas, transcendentes, aquelas bem arrebatadoras... eu acho que convém usar como âncora no dia-a-dia. Aquele sentimento/ideia veio de dentro de você, ainda que mediado na relação com o cogumelo (ou por qualquer alterador de consciência), portanto, aquilo é seu... e acho que é uma bela e poderosa memória para invocar quando estamos com a consciência em estado ordinário... é como se revisitássemos esse lugar dentro de nós, e essa âncora pode ser a fonte de muito poder subjetivo.

- Se forem experiências difíceis e ruins, tentar entender o que aquilo significa pra você (se foi uma catarse difícil, se foi um sentimento ruim, etc) e da mesma maneira, saber que isso tb é seu, que se veio na trip é pq é algo para o qual vc tem que olhar e buscar aceitar e entender. Ajuda profissional é muito útil nesse momento pra investigar o que seu inconsciente está querendo te dizer.

.........

Sei que o pessoal da Associação Psicodélica Brasileira está registrando profissionais pra fazer esse tipo de trabalho. Não sei se já está funcionando, talvez sim... pode valer à pena procurar.
 
Além disso, a integração não depende só do racional, muita coisa passa a ser integrada num nível mais sutil, mais inconsciente, talvez... sem necessidade da compreensão racional pra funcionar, ou seja, mesmo se vc esquecer de alguma parte de sua viagem, não quer dizer que foi material desperdiçado... ta sendo integrado de alguma maneira, basta observar e desapegar de compreender tudo racionalmente.
Concordo com isso também. Tem experiências que arrebatam de uma maneira que provocam uma mudança imediata, que não precisa ser racionalizada.
e ai eu acho que uma coisa que pode atrapalhar é duvidar disso, e pensar "será que isso vai durar?" "aah... eu não sou tranquila/paciente/feliz (ou outra mudança que se tenha notado) assim... isso deve passar depois de algum tempo", ou qlq coisa do tipo.
Percebo isso também. E pra mim essa dúvida sempre está ligada a uma falta de propriedade sobre, como você mesmo disse:
que vc sabe que veio de dentro
Essa pra mim é uma das principais chaves que as vezes é perdida. Não ter fé que esses pensamentos e ideias revolucinárias partiram da nossa relação com os cogumelos, da gente mesmo. Acho que isso é um ponto muito importante para se pensar o processo de integração.
A gente elabora muita coisa enquanto conversa ou escreve, e tb acho importante fazer o registro das experiencias, até pra vc poder ler meses ou anos depois, revisitar algo, ter talvez um outro ponto de vista.
Uma coisa que gostaria de pontuar em relação a isso: recordações podem vir em forma de sentimentos, e muitas vezes sentimentos são difíceis de serem verbalizados. Ou seja, neste sentido pode ser muito valioso o uso das expressões não verbais, como o desenho, a música, até a dança. Às vezes um registro catártico, como um rabisco, um símbolo inventado, pode conseguir reviver memórias que através das palavras seriam difíceis de descrever. Não precisa ser artista nesse sentido, só usar as linguagens não verbais para criar links com os sentimentos/memórias.
 
Uma coisa que gostaria de pontuar em relação a isso: recordações podem vir em forma de sentimentos, e muitas vezes sentimentos são difíceis de serem verbalizados. Ou seja, neste sentido pode ser muito valioso o uso das expressões não verbais, como o desenho, a música, até a dança. Às vezes um registro catártico, como um rabisco, um símbolo inventado, pode conseguir reviver memórias que através das palavras seriam difíceis de descrever. Não precisa ser artista nesse sentido, só usar as linguagens não verbais para criar links com os sentimentos/memórias.

Demais!!!

Essa pra mim é uma das principais chaves que as vezes é perdida. Não ter fé que esses pensamentos e ideias revolucinárias partiram da nossa relação com os cogumelos, da gente mesmo. Acho que isso é um ponto muito importante para se pensar o processo de integração.

É uma chave mesmo... eu acho que isso fica muito evidente quando vc começa a ver o relato das pessoas. É certamente a maifestação da mente (ou alma) de cada um... cada experiência é única justamente pq cada mente é uma (e a mente tb muda ao longo da vida ne... com maiores ou menores variações na personalidade de cada um).

Claro que podemos observar alguns padrões de experiência, e acho que o Jung ajuda muito a enteder nesse ponto. As semelhanças tocam arquétipos, tocam características comuns à nossa espécie, e mesmo à nossa cultura.

Ah, uma coisa que acho muito incrivel na experiencia psicodélica é notar a sabedoria interna. Num cenário adequado (seguro e tal) a pessoa vivencia exatamente aquilo que precisa vivenciar, vê exatamente o que precisa ver, o que catalisa qualquer processo terapêutico. A experiência é, em si, organizadora, ainda que na hora possa ser confuso ou doído (e doido,rs). E ainda que sempre mude algo, quanto melhor a pessoa integra, maior o potencial de "extração" transformadora da experiencia.
Ah, e não quero parecer reduzir tudo a um psicologismo... experiências espirituais podem obviamente extrapolar o "si mesmo", mas ainda assim, aquela experiência passa a fazer parte de vc
 
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