- 23/01/2014
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Salve salve galera,
venho aqui meio que me sentindo obrigado a compartilhar com vocês a minha experiência. Apesar do título do tópico ser meio sensacionalista(hehehe), vou relatar algo que com certeza está muito longe de ser uma bad trip. Não posso dizer também que foi uma experiência de insights/interativa, tendo essa muito mais a ver com sensações(sim, se é assim que posso descrever).
Agora é 12:27 de Domingo, e digo que consegui sair da intensidade da trip lá pelas 6:30 (quando dormi) e acordando as 9:30, logo não sei se conseguirei colocar aqui algo que se aproxime da ideia do que eu passei logo de cara, então vou tentar postar atualizações das etapas da minha "digestão" da experiência com a maior coerência possível (se é que essa palavra existe depois do que passei).
Pra início de relato deixo claro que vou tentar compartilhar com vocês a trip desde o início(6 meses atrás, quando foi decidido que a trip ocorreria) até esse exato momento em diante, porque se eu fosse colocar aqui o tanto de informações reviradas em minha existência, provavelmente eu teria que redigir aqui toda a minha biografia.
Tudo começou no decorrer do mês de Janeiro, a partir da minha última experiência com os Cubensis, experiência essa que embora cheia de nice trips, felicidade e insights, não se compara pelo fator "força" a essa que acabei de passar.
Tenho passado embora que meio tarde, por um processo de amadurecimento natural de jovem adolescente sem sentido para o que acredito que seja um novo estágio de "homem" (estou com 23 anos), completando um ano desde que saí de casa para viver por conta própria e muito longe de todos os meus amigos e família originais.
Os Cubensis apareceram na minha vida no final de 2013, porém eu já tinha tido algum contato com LSD, logo sabia que existência das portas da percepção, mas minha experiências haviam sido leves pra não se dizer recreativas apesar da carga impressionante de insights.
Lendo o fórum pude ler os diversos relatos de experiências fortes e com a muito citada dissolução do ego. Como tenho muitas dúvidas a respeito do sentido da minha vida/existência resolvi então que uma experiência realmente forte poderia me trazer alguma resposta e embora no começo possa parecer que elas vieram, a medida que vou tendo algum discernimento do que realmente ocorreu a verdadeira certeza é que o que eu consegui pra mim foi um novo catálogo enorme de perguntas.
Preparação
Tendo decidido que a trip ocorreria, ficou combinado entre eu e mim mesmo (sim, existem dois de mim na minha consciência) que seria necessário um período de preparação e ausência de muletas que coincidia com a duração do semestre da minha faculdade, então logo que acabassem as aulas a experiência iria acontecer.
Um fato relevante foi que nesses 6 meses eu me abstive durante um longo período da Cannabis (sou usuário crônico, porém consciente, embora eu sinta que se quando eu conseguir produzir o suficiente, provavelmente fumarei uma caminhão por dia, mas não vem ao caso, hehe, tendo voltado a fumar pelo menos 1 ou 2 vezes por semana nos últimos 2 ou 3 meses), do Álcool (este que muito mais me faz mal e fecha as portas da minha percepção, fazendo muitas vezes eu agir de forma incoerente com o que eu desejo deixar de mim para o mundo, tendo experimentado 2 ou 3 vezes no último 1 mês e meio apenas socializando com amigos), do cigarro (este nunca fui fumante, apenas uma vez que outra fumava em festas ou com amigos, nunca comprando, e deste não fumei um sequer desde a minha última experiência com Cubensis e que não sei quando voltarei a fumar novamente isso se irei) e por fim dos alucinógenos (que eu pretendo usar mais regularmente a partir de agora mais em doses pequenas e recreativas).
Chegando então a hora, embora saiba que as melhores experiências são em contato com a natureza, vi que para ser segura e verdadeira teria de ser feita em casa, porém comigo completamente sozinho. Originalmente tinha programado me abster dos alimentos da lista negra do iMAO a partir de quinta-feira, dormir cedo na sexta e tomar as poções mágicas sábado pela manhã em jejum. Apesar de tudo minuciosamente programado me ocorreu um imprevisto e tive um problema no serviço que tomou toda a noite de sexta-feira e me obrigou a ir pro trabalho sábado pela manhã. A princípio eu poderia trabalhar em casa mas minhas ferramentas não funcionaram infelizmente e como já tinha tomado muito café não consegui ter muitas horas de sono, indo dormir as 2h e acordando as 6h. Trabalhei até as 15h e fui pra casa. No começo não sabia se não era melhor adiar a experiência, mas quando cheguei em casa senti que deveria ocorrer. Sendo assim tentei dormir pra recuperar as energias, mas só consegui por 1h devido a ansiedade. Acordei as 19h.
Dosagem
Às 20:27 comecei a preparar o iMAO. Foram utilizadas 2,5g de Peganum Harmala, um limão e aproximadamente 250ml de água (foi aqui eu errei, deveria ter utilizado o mais próximo de 150ml). Coloquei a água na panela, exprimi o limão e adicionei a Peganum Harmala. Coloquei para ferver em fogo baixo e fiquei mexendo a agua e espremendo as sementes com a colher. Ás 20:35 desliguei o fogo e tapei a panela. As 20:40 peneirei as sementes e comecei a tomar o líquido. As 20:45 eu terminei de tomar a infusão.
Depois de tomar a infusão respeitando o tempo de 30 minutos recomendado entre a Peganum Harmala e os Cubensis, aproveitei pra tomar um bom banho e arrumar o meu quarto que estava uma bagunça. Ouvi relatos de que a Peganum Harmala altera a percepção mas não senti nada, depois de tomá-la procurei me manter em estado meditativo e graças ao bom Deus eu consegui.
As 21:10 comecei a preparar os Cubensis. Para essa infusão foram utilizados 5g de Cubensis secos, um limão e aproximadamente 400ml de água (se eu já tinha errado por pouco na Peganum Harmala, aqui foi-se o boi com a corda, eu poderia simplesmente tê-los comido, mas como não tinha certeza absoluta da origem resolvi preparar o chá temendo alguma contaminação). Na preparação, fervi a água primeiro, adicionei o limão, apaguei as luzes, adicionei os cogumelos inteiros e fui cortando e espremendo um pouco com a colher e depois tapei as panela por um tempo.
Não sei se foi porque das outras vezes eu usei açúcar mascavo para disfarçar o gosto, mas até agora os meus chás tinham ficado da cor dourada, este por outro lado ficou um azul muito forte, quase preto.
Ambiente
No meu quarto deixei perto da cama 3 incensos de mirra, meu notebook, um copo da água, um copo de suco de limão, um baseado, um livro de fotos, poemas e entrevistas do Jim Morrisom, um caderno, um rolo de papel higiênico e um balde caso eu sentisse vontade de vomitar ou urinar.
Ainda não tinha pensando se veria algum vídeo ou qual música escutaria, então procurei no Youtube uma playlist por "nature hd motion" e o resultado foi esse:
Na real a playlist foi irrelevante, porque depois do primeiro vídeo e simplesmente já tinha esquecido da existência do computador (hahaha).
Para ouvir, resolvi não arriscar e coloquei um som com uma psicodelia muito forte, a segunda e épica parte do álbum Ummagumma do Pink Floyd (sem querer tinha programado pra ficar no repeat) no meu celular e coloque os fones de ouvido.
Este sim senti várias vezes que exerceu alguma influência durante a trip, acho que escutei ele por umas 5 horas.
A Trip
Acendi um incenso e tomei tomei a infusão e comi os pedaços dos cogus. Embora eu tivesse noção que tinha colocado muita água, como estou acostumado a beber bastante líquido, após beber tudo me senti bem e pensei que não iria ter problemas. Deitei na cama sem as cobertas mas com elas ao alcance. Procurei relaxar o máximo possível esperando por uma tal possível dissolução do ego.
A partir daqui eu perdi a consciência. O tempo e o espaço se desfizeram. Deveria ser entre 21:20 e 21:30.
Estava frio, acredito que 10Cº, e eu estava de calça, moletom e meias. Tão logo deitei na cama, o chá bateu com uma violência impressionante. Olhei pro note e tava rolando o primeiro vídeo da playlist que é de uma tartaruga, logo de cara não me senti bem e esqueci do vídeo. Me sentei na cama e tive a primeira visão da trip, estava sentado a beira de uma montanha cujo o pé dava direto para o oceano. Senti toda a vida selvagem e contemplei toda a natureza e a sua perfeição. O paraíso está na terra e temos que cuidar da mãe natureza e vivê-la. Voei nas costas de uma ave branca.
Me peguei sentado na cama novamente, senti o chá pesando no estômago, em um flash pensei que seguraria a onda em outro já estava vomitando no balde. Me senti muito confortável após isso. Tirei o moletom. Voltou a vontade de vomitar, mas já não havia mais nada no meu estômago. Estava sentado na cama e como tinha deixado o balde afastado para não ficar fedendo na minha volta não consegui me levantar pra ir até ele. Tirei a camiseta. Vomitei/cuspi na camiseta. Até aqui a tranquilidade ainda estava comigo. Tirei as meias. Tirei as calças. Vomitei/cuspi nas calças.
A tranquilidade se foi. Orbitei um planeta que parecia ser Saturno. Retornei. Senti vontade de vomitar. Consegui caminhar até o balde. Não consegui mais vomitar. Comecei a andar em círculos. Meu corpo começou a pesar. Eu urrava de uma dor impressionante. Parecia que meu corpo estava sendo dilacerado em mil pedaços de dentro pra fora. Senti cada músculo meu se rasgar. Me deitei de cara no chão babando, me senti afogar.
A partir daqui aconteceu algo muito importante. Várias vezes durante as trips de LSD e cogumelos eu senti que se não houvesse controle minha alma poderia se quebrar e eu me perder no infinito da zilhões de realidades contidas dentro da enteogenia. Dessa vez não tinha essa sensação.Tudo estava desfeito. A realidade, o mundo, minha personalidade. Tudo estava acabado. Eu realmente estava me afogando na baba, pouco mas estava. Foi aí então que se manifestou uma entidade: a minha vontade de viver.
Eu ainda não lembro quais foram as palavras mas a minha força vital me comunicou que eu precisava levantar. Consegui me levantar urrando. Me sentei na cama. Estava muito frio e eu estava só de cueca. Me vi liderando grandes exércitos na antiguidade. Liderei exércitos na Europa e na Ásia, mas exércitos que não marchavam em direção a conquista de territórios mas sim lutavam pela minha própria vida. Talvez eu fosse Alexandre, o Grande.
Os fones de ouvido haviam caído da minha orelha mas ainda sim escutava claramente a música.
Me sentei novamente na cama. Não sentia mais o meu corpo mas lembrei que tinha bebido muito liquido. Me levantei e tentei urinar no balde. Não consegui. Não sentia mais meus órgãos internos ou meu pênis.
Sentei na cama. Tive milhões de orgasmos. Senti como se tivesse cagado e mijado nas calças. Chequei minha cueca e estava seca. Agora penso que esse teto pode ter sido por causa do suor.
Deitei na cama. Tive uma visão de toda uma criação que resultava em zilhões de processos que resultava no que poderia ser a sensação de prazer ou felicidade.
Sentei na cama. Senti como se pudesse ter acesso a tudo que se passou na história do universo e a tudo que poderia se passar. Olhei para o futuro e tive certeza que poderia saber tudo o que vai acontecer, mas não tive essa vontade.
Aí rolou um valioso insight. Percebi o quanto eu quero e é preciso viver a vida presente na Terra. Percebi também que não era necessário ter toda a sensação que da criação no universo até que fosse possível eu sentir a sensação de felicidade, mas que o importante era ser feliz.
Consegui olhar o relógio. Deveria ser 00:14 mas não tenho como ter certeza. A partir daqui eu não sei porque mas eu forcei a paralisação do tempo. Eu consegui por um instante congelar a ampulheta do tempo.
Estava me sentindo muito machucado. Aí que percebi que estava muito frio e eu estava quase nu. Nesse instante eu estava novamente caído no chão. Senti que precisava deitar na cama e cobrir.
Sentei na cama. Vi mandalas. Aqui ouve a manifestação cósmica. Embora enxergasse senti que não estava realmente em contato direto com os símbolos. Percebi que eu quero um dia chegar a alcançar esse contato. Talvez o caminho seja a meditação.
Finalmente consegui me deitar e me cobrir. Olhei pra tela do computador que havia desligado. Vi meu reflexo. Vi gravuras do Egito.
A partir daqui houve a parte mais obscura, profunda e que pra falar a verdade acho que será a parte que mais demorarei pra digerir. Não consegui mais mover meu corpo do momento em diante. Senti que finalmente tinha ficado louco pra sempre. Caí em um abismo. Milhões e milhões de existências, uma dentro da outra. Eu não era mais eu. Pensei que não poderia mais voltar. Eu poderia ser o que eu quisesse mas não mais nesse mundo. Eu havia morrido.
Apesar de as coisas que eu disse antes possam parecer horríveis, esse foi o momento mais tenebroso porque eu simplesmente me perdi. Com certeza me desesperei, ainda bem que eu não conseguia me mexer.
Novamente a minha força vital se manifestou, houve uma palavra: paciência.
Tive um lampejo de lucidez. A palavra paciência ecoava na minha mente. Eu precisava me manter paciente pra poder voltar a mim mesmo. Desejei voltar ao normal e simplesmente poder dormir. Fechava os olhos e sentia que se nunca mais fosse conseguir dormir na minha vida. Eu estava arruinado. O espelho da minha alma havia se quebrado.
Paciência. Paciência. Paciência.
Minha consciência voltou a acender.
Percebi que a dosagem tinha sido mais forte que eu imaginava. A palavra forte ecoava na minha mente.
Forte. Forte. Forte.
No momento culpei a Peganum Harmala. Amaldiçoei ela. Pensei que havia sido culpa dela. Minha cabeça latejava parecia que ela iria estourar. Senti como se minha pressão estive alta. Consegui mexer os braços. Olhei meus meus vasos sanguíneos. Tudo normal.
Tentei pegar o livro do Jim Morrison, mas esse era novo e estava no plástico ainda. Não consegui abrir o plástico. Finalmente sorri depois de muito tempo, achei graça da minha situação.
Aqui começou o processo de sintonia novamente com a realidade. Comecei a mexer meus braços.
Havia tempo que tentava mudar o álbum que se repetia, não conseguia.
Senti muita sede. Bebi água.
Estava recuperando os movimentos do corpo aos poucos. Lembrei do meu irmão e da minha mãe.
Chorei muito ao lembrar da minha mãe. Só queria saber se eu era um bom filho. Pensei em ligar pra ela. Olhei a hora 1:34. Vi que não era uma boa ideia. Chamei meu irmão no Facebook, só queria falar com ele. Ele já estava dormindo.
Finalmente consegui trocar a música. Novamente uma maravilhosa obra do Pink Floyd.
Me senti como se estivesse muito doente, como não ficava desde a infância. Sabia que não tinha realmente nada e que o pior já tinha passado.
Entrei no limbo. Olhei a hora 3:30. Com certeza não dormi até as 6h da manhã mas pouco lembro do que se passou.
Finalmente dormi.
After
Agora acordei e sinto que vou levar muito tempo a ter uma experiência com iMAO novamente. Além de potencializar demais, senti muitas vezes um incômodo por causa da restrição de alimentos. Acordei 9:30 e agora 16h só tive coragem de comer uma maçã. Talvez eu chegue a aumentar a dose de cogumelos mas não penso em usar um iMAO tão cedo. Mas quando eu sentir que preciso morrer novamente, com certeza farei.
Acho que não consegui alcançar a dissolução do ego. Muitas das imagens e sensação, principalmente a do Alexandre, o Grande, foram na verdade a forma que meu ego encontrou de moldar as sensação vindas da experiência.
Agora que estou lúcido não culpo o iMAO, a sensação de pressão na cabeça ocorre sempre que eu vomito, então isso foi determinante pro andamento da trip.
Esses cogumelos não foram cultivados por mim e agora vou começar a preparar meu cultivo porque acho que é a maneira de eu me sentir mais confiante e ter experiências mais visionárias e interativas mas sem sofrer tanto.
Com certeza a minha mais forte experiência. A preparação da trip é o fator mais importante que determinará o andamento da mesma.
Procurei relatar aqui de maneira mais fiel possível, mas sei que não cheguei nem perto do que realmente se passou.
Valeu galera, espero que alguém leia isso aqui. HAHA
venho aqui meio que me sentindo obrigado a compartilhar com vocês a minha experiência. Apesar do título do tópico ser meio sensacionalista(hehehe), vou relatar algo que com certeza está muito longe de ser uma bad trip. Não posso dizer também que foi uma experiência de insights/interativa, tendo essa muito mais a ver com sensações(sim, se é assim que posso descrever).
Agora é 12:27 de Domingo, e digo que consegui sair da intensidade da trip lá pelas 6:30 (quando dormi) e acordando as 9:30, logo não sei se conseguirei colocar aqui algo que se aproxime da ideia do que eu passei logo de cara, então vou tentar postar atualizações das etapas da minha "digestão" da experiência com a maior coerência possível (se é que essa palavra existe depois do que passei).
Pra início de relato deixo claro que vou tentar compartilhar com vocês a trip desde o início(6 meses atrás, quando foi decidido que a trip ocorreria) até esse exato momento em diante, porque se eu fosse colocar aqui o tanto de informações reviradas em minha existência, provavelmente eu teria que redigir aqui toda a minha biografia.
Tudo começou no decorrer do mês de Janeiro, a partir da minha última experiência com os Cubensis, experiência essa que embora cheia de nice trips, felicidade e insights, não se compara pelo fator "força" a essa que acabei de passar.
Tenho passado embora que meio tarde, por um processo de amadurecimento natural de jovem adolescente sem sentido para o que acredito que seja um novo estágio de "homem" (estou com 23 anos), completando um ano desde que saí de casa para viver por conta própria e muito longe de todos os meus amigos e família originais.
Os Cubensis apareceram na minha vida no final de 2013, porém eu já tinha tido algum contato com LSD, logo sabia que existência das portas da percepção, mas minha experiências haviam sido leves pra não se dizer recreativas apesar da carga impressionante de insights.
Lendo o fórum pude ler os diversos relatos de experiências fortes e com a muito citada dissolução do ego. Como tenho muitas dúvidas a respeito do sentido da minha vida/existência resolvi então que uma experiência realmente forte poderia me trazer alguma resposta e embora no começo possa parecer que elas vieram, a medida que vou tendo algum discernimento do que realmente ocorreu a verdadeira certeza é que o que eu consegui pra mim foi um novo catálogo enorme de perguntas.
Preparação
Tendo decidido que a trip ocorreria, ficou combinado entre eu e mim mesmo (sim, existem dois de mim na minha consciência) que seria necessário um período de preparação e ausência de muletas que coincidia com a duração do semestre da minha faculdade, então logo que acabassem as aulas a experiência iria acontecer.
Um fato relevante foi que nesses 6 meses eu me abstive durante um longo período da Cannabis (sou usuário crônico, porém consciente, embora eu sinta que se quando eu conseguir produzir o suficiente, provavelmente fumarei uma caminhão por dia, mas não vem ao caso, hehe, tendo voltado a fumar pelo menos 1 ou 2 vezes por semana nos últimos 2 ou 3 meses), do Álcool (este que muito mais me faz mal e fecha as portas da minha percepção, fazendo muitas vezes eu agir de forma incoerente com o que eu desejo deixar de mim para o mundo, tendo experimentado 2 ou 3 vezes no último 1 mês e meio apenas socializando com amigos), do cigarro (este nunca fui fumante, apenas uma vez que outra fumava em festas ou com amigos, nunca comprando, e deste não fumei um sequer desde a minha última experiência com Cubensis e que não sei quando voltarei a fumar novamente isso se irei) e por fim dos alucinógenos (que eu pretendo usar mais regularmente a partir de agora mais em doses pequenas e recreativas).
Chegando então a hora, embora saiba que as melhores experiências são em contato com a natureza, vi que para ser segura e verdadeira teria de ser feita em casa, porém comigo completamente sozinho. Originalmente tinha programado me abster dos alimentos da lista negra do iMAO a partir de quinta-feira, dormir cedo na sexta e tomar as poções mágicas sábado pela manhã em jejum. Apesar de tudo minuciosamente programado me ocorreu um imprevisto e tive um problema no serviço que tomou toda a noite de sexta-feira e me obrigou a ir pro trabalho sábado pela manhã. A princípio eu poderia trabalhar em casa mas minhas ferramentas não funcionaram infelizmente e como já tinha tomado muito café não consegui ter muitas horas de sono, indo dormir as 2h e acordando as 6h. Trabalhei até as 15h e fui pra casa. No começo não sabia se não era melhor adiar a experiência, mas quando cheguei em casa senti que deveria ocorrer. Sendo assim tentei dormir pra recuperar as energias, mas só consegui por 1h devido a ansiedade. Acordei as 19h.
Dosagem
Às 20:27 comecei a preparar o iMAO. Foram utilizadas 2,5g de Peganum Harmala, um limão e aproximadamente 250ml de água (foi aqui eu errei, deveria ter utilizado o mais próximo de 150ml). Coloquei a água na panela, exprimi o limão e adicionei a Peganum Harmala. Coloquei para ferver em fogo baixo e fiquei mexendo a agua e espremendo as sementes com a colher. Ás 20:35 desliguei o fogo e tapei a panela. As 20:40 peneirei as sementes e comecei a tomar o líquido. As 20:45 eu terminei de tomar a infusão.
Depois de tomar a infusão respeitando o tempo de 30 minutos recomendado entre a Peganum Harmala e os Cubensis, aproveitei pra tomar um bom banho e arrumar o meu quarto que estava uma bagunça. Ouvi relatos de que a Peganum Harmala altera a percepção mas não senti nada, depois de tomá-la procurei me manter em estado meditativo e graças ao bom Deus eu consegui.
As 21:10 comecei a preparar os Cubensis. Para essa infusão foram utilizados 5g de Cubensis secos, um limão e aproximadamente 400ml de água (se eu já tinha errado por pouco na Peganum Harmala, aqui foi-se o boi com a corda, eu poderia simplesmente tê-los comido, mas como não tinha certeza absoluta da origem resolvi preparar o chá temendo alguma contaminação). Na preparação, fervi a água primeiro, adicionei o limão, apaguei as luzes, adicionei os cogumelos inteiros e fui cortando e espremendo um pouco com a colher e depois tapei as panela por um tempo.
Não sei se foi porque das outras vezes eu usei açúcar mascavo para disfarçar o gosto, mas até agora os meus chás tinham ficado da cor dourada, este por outro lado ficou um azul muito forte, quase preto.
Ambiente
No meu quarto deixei perto da cama 3 incensos de mirra, meu notebook, um copo da água, um copo de suco de limão, um baseado, um livro de fotos, poemas e entrevistas do Jim Morrisom, um caderno, um rolo de papel higiênico e um balde caso eu sentisse vontade de vomitar ou urinar.
Ainda não tinha pensando se veria algum vídeo ou qual música escutaria, então procurei no Youtube uma playlist por "nature hd motion" e o resultado foi esse:
Na real a playlist foi irrelevante, porque depois do primeiro vídeo e simplesmente já tinha esquecido da existência do computador (hahaha).
Para ouvir, resolvi não arriscar e coloquei um som com uma psicodelia muito forte, a segunda e épica parte do álbum Ummagumma do Pink Floyd (sem querer tinha programado pra ficar no repeat) no meu celular e coloque os fones de ouvido.
Este sim senti várias vezes que exerceu alguma influência durante a trip, acho que escutei ele por umas 5 horas.
A Trip
Acendi um incenso e tomei tomei a infusão e comi os pedaços dos cogus. Embora eu tivesse noção que tinha colocado muita água, como estou acostumado a beber bastante líquido, após beber tudo me senti bem e pensei que não iria ter problemas. Deitei na cama sem as cobertas mas com elas ao alcance. Procurei relaxar o máximo possível esperando por uma tal possível dissolução do ego.
A partir daqui eu perdi a consciência. O tempo e o espaço se desfizeram. Deveria ser entre 21:20 e 21:30.
Estava frio, acredito que 10Cº, e eu estava de calça, moletom e meias. Tão logo deitei na cama, o chá bateu com uma violência impressionante. Olhei pro note e tava rolando o primeiro vídeo da playlist que é de uma tartaruga, logo de cara não me senti bem e esqueci do vídeo. Me sentei na cama e tive a primeira visão da trip, estava sentado a beira de uma montanha cujo o pé dava direto para o oceano. Senti toda a vida selvagem e contemplei toda a natureza e a sua perfeição. O paraíso está na terra e temos que cuidar da mãe natureza e vivê-la. Voei nas costas de uma ave branca.
Me peguei sentado na cama novamente, senti o chá pesando no estômago, em um flash pensei que seguraria a onda em outro já estava vomitando no balde. Me senti muito confortável após isso. Tirei o moletom. Voltou a vontade de vomitar, mas já não havia mais nada no meu estômago. Estava sentado na cama e como tinha deixado o balde afastado para não ficar fedendo na minha volta não consegui me levantar pra ir até ele. Tirei a camiseta. Vomitei/cuspi na camiseta. Até aqui a tranquilidade ainda estava comigo. Tirei as meias. Tirei as calças. Vomitei/cuspi nas calças.
A tranquilidade se foi. Orbitei um planeta que parecia ser Saturno. Retornei. Senti vontade de vomitar. Consegui caminhar até o balde. Não consegui mais vomitar. Comecei a andar em círculos. Meu corpo começou a pesar. Eu urrava de uma dor impressionante. Parecia que meu corpo estava sendo dilacerado em mil pedaços de dentro pra fora. Senti cada músculo meu se rasgar. Me deitei de cara no chão babando, me senti afogar.
A partir daqui aconteceu algo muito importante. Várias vezes durante as trips de LSD e cogumelos eu senti que se não houvesse controle minha alma poderia se quebrar e eu me perder no infinito da zilhões de realidades contidas dentro da enteogenia. Dessa vez não tinha essa sensação.Tudo estava desfeito. A realidade, o mundo, minha personalidade. Tudo estava acabado. Eu realmente estava me afogando na baba, pouco mas estava. Foi aí então que se manifestou uma entidade: a minha vontade de viver.
Eu ainda não lembro quais foram as palavras mas a minha força vital me comunicou que eu precisava levantar. Consegui me levantar urrando. Me sentei na cama. Estava muito frio e eu estava só de cueca. Me vi liderando grandes exércitos na antiguidade. Liderei exércitos na Europa e na Ásia, mas exércitos que não marchavam em direção a conquista de territórios mas sim lutavam pela minha própria vida. Talvez eu fosse Alexandre, o Grande.
Os fones de ouvido haviam caído da minha orelha mas ainda sim escutava claramente a música.
Me sentei novamente na cama. Não sentia mais o meu corpo mas lembrei que tinha bebido muito liquido. Me levantei e tentei urinar no balde. Não consegui. Não sentia mais meus órgãos internos ou meu pênis.
Sentei na cama. Tive milhões de orgasmos. Senti como se tivesse cagado e mijado nas calças. Chequei minha cueca e estava seca. Agora penso que esse teto pode ter sido por causa do suor.
Deitei na cama. Tive uma visão de toda uma criação que resultava em zilhões de processos que resultava no que poderia ser a sensação de prazer ou felicidade.
Sentei na cama. Senti como se pudesse ter acesso a tudo que se passou na história do universo e a tudo que poderia se passar. Olhei para o futuro e tive certeza que poderia saber tudo o que vai acontecer, mas não tive essa vontade.
Aí rolou um valioso insight. Percebi o quanto eu quero e é preciso viver a vida presente na Terra. Percebi também que não era necessário ter toda a sensação que da criação no universo até que fosse possível eu sentir a sensação de felicidade, mas que o importante era ser feliz.
Consegui olhar o relógio. Deveria ser 00:14 mas não tenho como ter certeza. A partir daqui eu não sei porque mas eu forcei a paralisação do tempo. Eu consegui por um instante congelar a ampulheta do tempo.
Estava me sentindo muito machucado. Aí que percebi que estava muito frio e eu estava quase nu. Nesse instante eu estava novamente caído no chão. Senti que precisava deitar na cama e cobrir.
Sentei na cama. Vi mandalas. Aqui ouve a manifestação cósmica. Embora enxergasse senti que não estava realmente em contato direto com os símbolos. Percebi que eu quero um dia chegar a alcançar esse contato. Talvez o caminho seja a meditação.
Finalmente consegui me deitar e me cobrir. Olhei pra tela do computador que havia desligado. Vi meu reflexo. Vi gravuras do Egito.
A partir daqui houve a parte mais obscura, profunda e que pra falar a verdade acho que será a parte que mais demorarei pra digerir. Não consegui mais mover meu corpo do momento em diante. Senti que finalmente tinha ficado louco pra sempre. Caí em um abismo. Milhões e milhões de existências, uma dentro da outra. Eu não era mais eu. Pensei que não poderia mais voltar. Eu poderia ser o que eu quisesse mas não mais nesse mundo. Eu havia morrido.
Apesar de as coisas que eu disse antes possam parecer horríveis, esse foi o momento mais tenebroso porque eu simplesmente me perdi. Com certeza me desesperei, ainda bem que eu não conseguia me mexer.
Novamente a minha força vital se manifestou, houve uma palavra: paciência.
Tive um lampejo de lucidez. A palavra paciência ecoava na minha mente. Eu precisava me manter paciente pra poder voltar a mim mesmo. Desejei voltar ao normal e simplesmente poder dormir. Fechava os olhos e sentia que se nunca mais fosse conseguir dormir na minha vida. Eu estava arruinado. O espelho da minha alma havia se quebrado.
Paciência. Paciência. Paciência.
Minha consciência voltou a acender.
Percebi que a dosagem tinha sido mais forte que eu imaginava. A palavra forte ecoava na minha mente.
Forte. Forte. Forte.
No momento culpei a Peganum Harmala. Amaldiçoei ela. Pensei que havia sido culpa dela. Minha cabeça latejava parecia que ela iria estourar. Senti como se minha pressão estive alta. Consegui mexer os braços. Olhei meus meus vasos sanguíneos. Tudo normal.
Tentei pegar o livro do Jim Morrison, mas esse era novo e estava no plástico ainda. Não consegui abrir o plástico. Finalmente sorri depois de muito tempo, achei graça da minha situação.
Aqui começou o processo de sintonia novamente com a realidade. Comecei a mexer meus braços.
Havia tempo que tentava mudar o álbum que se repetia, não conseguia.
Senti muita sede. Bebi água.
Estava recuperando os movimentos do corpo aos poucos. Lembrei do meu irmão e da minha mãe.
Chorei muito ao lembrar da minha mãe. Só queria saber se eu era um bom filho. Pensei em ligar pra ela. Olhei a hora 1:34. Vi que não era uma boa ideia. Chamei meu irmão no Facebook, só queria falar com ele. Ele já estava dormindo.
Finalmente consegui trocar a música. Novamente uma maravilhosa obra do Pink Floyd.
Me senti como se estivesse muito doente, como não ficava desde a infância. Sabia que não tinha realmente nada e que o pior já tinha passado.
Entrei no limbo. Olhei a hora 3:30. Com certeza não dormi até as 6h da manhã mas pouco lembro do que se passou.
Finalmente dormi.
After
Agora acordei e sinto que vou levar muito tempo a ter uma experiência com iMAO novamente. Além de potencializar demais, senti muitas vezes um incômodo por causa da restrição de alimentos. Acordei 9:30 e agora 16h só tive coragem de comer uma maçã. Talvez eu chegue a aumentar a dose de cogumelos mas não penso em usar um iMAO tão cedo. Mas quando eu sentir que preciso morrer novamente, com certeza farei.
Acho que não consegui alcançar a dissolução do ego. Muitas das imagens e sensação, principalmente a do Alexandre, o Grande, foram na verdade a forma que meu ego encontrou de moldar as sensação vindas da experiência.
Agora que estou lúcido não culpo o iMAO, a sensação de pressão na cabeça ocorre sempre que eu vomito, então isso foi determinante pro andamento da trip.
Esses cogumelos não foram cultivados por mim e agora vou começar a preparar meu cultivo porque acho que é a maneira de eu me sentir mais confiante e ter experiências mais visionárias e interativas mas sem sofrer tanto.
Com certeza a minha mais forte experiência. A preparação da trip é o fator mais importante que determinará o andamento da mesma.
Procurei relatar aqui de maneira mais fiel possível, mas sei que não cheguei nem perto do que realmente se passou.
Valeu galera, espero que alguém leia isso aqui. HAHA
e fui ao banheiro com maior medo aehuaehuae e as músicas desapareceram no pico, mas foram de muito agrado no inicio e final da experiência! ISSO TUDO DA UMA SAUDADE!!!! *-*
