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Fui ali e voltei

Salaam`aleik

Kal-hifa
Membro da Staff
Cultivador confiável
16/01/2014
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Nômade
Salve!

Ontem, após 2 meses cultivando e já com 2 flushes na gaveta, tive o meu "segundo primeiro" contato com os mágicos.

Então vou começar relatando o primeiro contato, que foi onde a história começou.

Estava eu havia alguns dias em um lugar mágico, onde tive uma das melhores, se não a melhor experiência da minha vida (que mereceria um relato por si só, mas não foi com cogumelos - foi San Pedro + NBOMe + cannabis).

Na saideira fui até uma cachoeira, onde perto tem um pasto. Andando pelo pasto, encontrei um velho senhor, sentado na grama. Ele tinha já a pele bastante enrugada, os ombros cansados, e usava um grande chapéu. E me disse:

dohko.jpg
Xiriúuuuuu...

Não hahahahah, essa parte eu inventei. Ele me disse (traduzido da língua dele):

"Eu já cumpri o meu papel neste mundo. Leva daqui o meu corpo, e noutro cumpre o teu!"

Do que eu entendi, faça um cultivo, inocule os pastos e distribua os frutos, com quem estiver preparado. :notworthy:

cogu_1.jpg cogu_2.jpg

Então eu trouxe o velho senhor (já desfalecido) para (minha) casa, onde lhe dei os ritos funerais próprios (fiz um chá dele, com um sachê de hortelã e açúcar).

A experiência do chá de 1 cogumelo (< 1 g) foi bem leve, na verdade a trip mais leve que já tive na vida (em antítese à imediatamente anterior). Cores brilhantes, música e sensações prazerosas, mas sem distorções. Sem gosto ruim, sem dor no estômago e sem travar o queixo. E 3 horas depois já havia passado.
Foi como se tivesse tomado 1/8 de um papel, se isso fosse possível, mas sem a carga física. Daí eu vi o potencial dos cogumelos, e resolvi finalmente me dedicar ao cultivo.

Desde ca. 2008 já conhecia o CM.org e freqüentado bastante o fórum, embora ainda não estivesse cadastrado. Já havia lido e relido sobre a psilocibina, os cubensis e o cultivo, mas faltava esse contato para realmente me motivar na busca. Achou :D

De volta a 2014, nesta última semana eu tive um sonho, não lúcido, porém bastante real, onde eu tinha uma experiência de quase morte após um trabalho com ayahuasca, que no sonho eram os cogumelos secos. E que terminou comigo morrendo no mundo dos sonhos, e acordando no mundo dos vivos, muito feliz. Nunca tive uma experiência com ayahuasca, mas considerei isso o chamado, de ambos.

Então neste sábado após uma noite bem dormida, fiz as minhas tarefas diárias, preparei o ambiente e ingeri alguns dos meus cogumelos, após um almoço bem leve e cerca de 4 horas de jejum.

Inicialmente eu ia consumir 2 g de secos, que pelos "cálculos" e relatos que já li, seriam suficientes para uma trip moderada. Me senti confiante. Então fui além e consumi mais 1 g, totalizando 3 g secos, para garantir.

A primeira impressão. Eu li em todo lugar que os cubensis tem um gosto horrível, causam náuseas, 1.001 maneiras de disfarçar o gosto e etc.
Consumidos secos, achei apenas que eles tem gosto de casca de amendoim (não a casca vermelha, a casca mesmo), e não têm nada de gosto horrível, nauseabundo ou o que for. Os chapéus são um dedinho amargos, mas nada de mais. Também não me causaram náuseas ou dor de estômago, em nenhum momento. Cubensis são até gostosos, perto de San Pedro em resina, ou NBOMe. Esses sim são horriveis.
Quando tiver a oportunidade, irei consumir frescos, para ver qual é a sensação. E em chá farei no intuito de levar o "chute" que dizem ser (experiência mais rápida e intensa).

A experiência. No geral foi bastante parecida com uma boa trip de LSD (ou mais ainda, com NBOMe), mas novamente sem a carga física. Por estar em casa (no meio da civilização, ou da falta dela), não havia um céu estrelado e a Natureza para me guiar no exterior, então o foco foi nos processos internos, com boa música, luz acesa/apagada, vídeos e imagens.

Em aproximadamente 20 minutos comecei a sentir os efeitos, que vieram mais claramente por volta de 1 hora após a ingestão dos cogumelos. E com 2 horas, força total. Os efeitos persistiram entre a 2ª e 3ª horas, sendo que após a 4ª hora se iniciou a "descida" e na 5ª hora eu já estava de volta, cansado demais para pensar muito, porém muito bem. Na 6ª hora eu fui dormir e a princípio demorei um pouco mais do que o normal, mas tive uma noite ótima, parece que muito bem dormida. Hoje o dia está incrível!

A trip. Primeiro veio uma sensação de grande felicidade, onde tudo é engraçado. Quando os efeitos vieram com força total, começaram os visuais. Com a luz acesa ou apagada, a casa inteira parecia iluminada por luz negra, com detalhes brilhando. Os padrões nos azulejos do banheiro e da cozinha pareciam mesmo padrões, e dançavam junto com a música. No silêncio, a música continuava tocando. Com a música tocando, a cabeça parecia um "head theather".

Passei alguns minutos me olhando no espelho. Do outro lado eu via uma pessoa sorrindo, que imitava todos os meus movimentos. Eu tentei algumas vezes confundi-lo, fazendo caretas, me mexendo de surpresa...Mas o cara é bom mesmo :roflmao:

Eu ganhei a super-visão 3D. Tudo, especialmente o que não é 3D, ganhou uma nova dimensão. O guarda-roupa de madeira, os pêlos do braço... Olhei para a tela, e o media player que uso parecia 3D. Um texto parecia dançar diante dos meus olhos, com as letrinhas e estrelinhas pulando, mas era perfeitamente possível lê-lo.

Então eu coloquei uma série de imagens espaciais, de galáxias e etc. que tenho. A tela virou uma janela para outro mundo, ou melhor, para fora do Sistema Solar. As imagens de planetas, galáxias, anéis de Saturno e afins, todas em 3D. Podia ver até as galáxias girando em torno de si mesmas. Em algumas imagens de agrupamentos estelares eu via imagens de Shiva e Shakti, além de muitas outras formas que passaram despercebidas, e que seriam mais próprias, quando os astrônomos deram nomes às nebulosas.
Não foi tão legal quanto estar em meio à natureza em uma noite estrelada, onde eu teria voado ou nadado entre as estrelas. Mas mesmo num céu estrelado, a olho nu não podemos ver (de verdade) muito além de estrelas, então olhar para outros objetos ainda é bem interessante. Quem sabe uma trip ao observatório? :D

Quando começou a descida, eu apaguei a luz, coloquei um visualizador (daqueles que fazem efeitos conforme a música), e ora de olhos abertos, ora fechados, deitei na cama e fiquei viajando. Aí veio a parte mais interior da experiência. Eu me senti um pouco sozinho, e a falta de alguém para me acompanhar na trip. Lembrei de uma ex-namorada, que me acompanhou em algumas, mas isso tudo é um assunto que eu já superei, então não foi além da lembrança.

Após cerca de meia hora achei que ia pegar no sono, mas estava com fome, então levantei para comer algo. Jantei e tomei bastante líquido, pois ao longo da experiência fui várias vezes ao banheiro, e a boca estava seca. Depois preparei tudo para o sono, e fui dormir com música, que desliguei quando o sono veio.

Acordei hoje com um pouco de dor de cabeça, que sempre acontece, depois de 1 dia e 1/2 sem tomar café (eu tomo café várias vezes ao dia, mas ontem não tomei). Fora isso não sinto nem um pouco do cansaço típico após uma trip de LSD, nem os tremeliques, etc. Apesar de não saber (até então) diferenciar bem a trip de psilocibina da de LSD, a diferença nos efeitos colaterais achei notável. Nesse ponto e pela duração mais curta, pareceu mais com a trip de NBOMe.

A próxima experiência irá levar no mínimo mais 1 mês, e um pouco mais de cultivo. Pois ainda tenho cerca de 3 g, mas o próximo foguete será lançado com 5 g (ou mais) de secos, afim de atingir a próxima órbita mais estável... Ou sair de órbita :alien:

Paz e luz!
 
somente a gente sabe onde chega, relatar pra outros é como uma recompensa do faroeste
vc lutou pr ganhar isso, e muitos q nao lutam sao doidos pra ganhar, mas os doidos mesmo somos nos q vivemos o q queremos
parabens por tudo isso q vivenciou, so vc sabe, eu sei como eu vivi, mas vc somente vc sabe, entao vive o q quer...ate
 
Muito bom o relato! Sou aficionado pela galáxia, certa vaz tentei observar o céu com o meu telescópio durante uma trip, mas a observação não passou de um monte de borrões. Tomando os mágicos as melhores trips que tive foi deitado olhando para o céu estrelado. As estrelas tem muito a dizer pra você, afinal, nós somos poeira de estrela!
Sorte no seu caminho!

Abraços,
Cubelino.
 
As estrelas tem muito a dizer pra você, afinal, nós somos poeira de estrela!

Sim, somos! E a explicação disso (física) me emociona, cada vez que eu penso! Em como nós somos pequenos, casuais, e efêmeros...

Taí algo para acrescentar num setting ! Vou escrever uma frase sobre isso e deixar bem visível, junto com algumas imagens. :)

Paz e Luz!
 
xiriu hehehehe, a melhor dele é qdo diz pro Máscara da Morte "seu tolo".

Bem legal sua experiêcia Salaam!
abraço
 
De volta a 2014, nesta última semana eu tive um sonho, não lúcido, porém bastante real, onde eu tinha uma experiência de quase morte após um trabalho com ayahuasca, que no sonho eram os cogumelos secos. E que terminou comigo morrendo no mundo dos sonhos, e acordando no mundo dos vivos, muito feliz. Nunca tive uma experiência com ayahuasca, mas considerei isso o chamado, de ambos.

E o que te garante que isso não aconteceu de fato? Como provar com essa nossa ciência tão mesquinha em seus resultados empíricos que isso realmente não se sucedeu em um plano diferente, o plano no qual você está toda a noite durante o sono? Freud é teu amigo e pode te explicar muito sobre isso.
 
A explicação psi é que antes do sonho, eu já vinha me preparando para uma trip (física e mentalmente). Além de estar ocupado com o cultivo e colheita, eu andei lendo sobre ayahuasca (procurando). O sonho foi a somatização de tudo isso, e a afirmação da minha Vontade (a Verdadeira) de que a hora havia chegado.

Em um retrospecto sobre o assunto, sonhos por si só costumam ser bastante interessantes. Ter uma trip dentro de um sonho, realmente foi uma experiência única!

E enquanto eu sei que o que aconteceu foi apenas um sonho, para o cérebro/mente/espírito e todos os efeitos, foi realmente uma trip, conta como experiência. A única diferença é que não teve peia, embora eu ache que possa ter sentido ânsia de vômito e um pouco de asfixia, enquanto dormia.

Ainda não tive uma experiência de morte do ego, o que pretendo com os cogumelos, mas creio que será bastante parecido com o que "vivi" no sonho. O que me dá a confiança de que quando a hora chegar, farei a coisa certa - "largar" do ego e deixar a experiência fluir. Gate, gate, paragate... :)
 
Ainda não tive uma experiência de morte do ego, o que pretendo com os cogumelos, mas creio que será bastante parecido com o que "vivi" no sonho. O que me dá a confiança de que quando a hora chegar, farei a coisa certa - "largar" do ego e deixar a experiência fluir. Gate, gate, paragate... :)

Avance com cuidado.

A tão famosa e buscada perda do ego pode não ser uma experiência agradável, embora seja interessante. Mas com a perda do ego você pode se confundir com o ambiente ao redor, com as pessoas (se houverem) ao redor. Geralmente nessas experiências você perde a noção do limite entre o eu e os outros e o ambiente. E acredite, essa situação pode ser muito perturbadora, na hora em que acontece.

Com o tempo, após a experiência, você trabalha o conteúdo e começa a se lembrar de detalhes que não notou na hora. E além disso processos internos complexos podem ser disparados por uma experiência de perda do ego.
 
Sobre as experiências em geral, já tive alguns degraus interessantes, na escalada para onde quero chegar (fusão total, perda do ego).

0) Sair do corpo, de olhos fechados, e ter a sensação de estar voando por aí, esquecer do corpo, mesmo estando parado de pé.
Quando "voltei" era só cãibras, principalmente nas costas, porque meu corpo não sabe muito bem quais músculos usar enquanto está sozinho, no "piloto automático". E a minha cabeça olhava na direção de onde eu "voava" (segundo relato de quem estava comigo).

1) Alucinações visuais completas, de olhos abertos, com tudo se mexendo, distorcendo e vendo coisas que não estavam lá, e que seriam bastante assustadoras se fossem reais. (montanhas "vivas" e o céu inteiro em chamas, por exemplo)

2) A sensação de "decolar" do corpo subitamente, indo em direção ao espaço, em alta velocidade. Estava em um lugar iluminado, mas no espaço tudo era escuro.
Quando parei de subir, estava no chão novamente. Em seguida eu entrelacei os dedos na grama, pois a Terra estava indo para baixo, como uma montanha russa, e eu estava em queda livre. Sem sair do lugar.
Fiquei de pé normalmente. A Terra parecia ter virado uma bola gigante de parque, que quicava para baixo, a cada vez que eu dava um passo (ou eu estava de ponta-cabeça, equilibrando a bola sobre meus pés?). Não sei, mas eu conseguia andar, de qualquer forma. Só não sei se andava normalmente. :LOL:

3) As sensações das 2 experiências acima, mais o começo da fusão com o ambiente.
Fileiras de azulejos corriam em sentidos contrários, como avenidas. Letrinhas de um cardápio dançavam enquanto eu olhava para elas, pulavam uma sobre as outras.
O mundo virou gelatina, ou marshmallow, ou suspiro. O chão engoliu minhas pernas, e o piso era minha cintura. (mas eu estava de pé)

:teo_seta_direita: Andando numa rua de pedra, a pedra era minhas pernas, meu pé era a pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho, e tinha um caminho, mas não tinha uma pedra, era meu pé. Quase tropecei algumas vezes, porque minha perna ou pé viraram pedra, e parte da pedra. Mesmo assim, andar era uma delícia! Corri. Não caí.

Subi até o lugar mais alto do mundo (era um telhado) e fiquei de pé lá em cima, enquanto a Terra de Gelatina respirava, para cima e para baixo. O vento parecia ter uns 300 km/h. De um lado do horizonte, parecia vir um tornado. e do outro, um tsunami. (eram as nuvens ao longe)

Sentei à beira de um penhasco (literalmente, devia ter uns 200 m de altura), e, por mais que parecesse que eu podia voar, ou nadar pelo ar, obviamente eu não me joguei. Não tive medo, mas também não fiquei muito tempo ali, pois estava começando a viajar mais para dentro e achei melhor "estacionar" o corpo em algum lugar mais seguro.

Então voltei ao "0", só que de olhos abertos. Saí voando por entre as estrelas do céu, que vieram me buscar. Várias vezes voltei para o corpo, e várias vezes voltei a voar. Isso durou umas 5 horas reais... E poderia ter durado a eternidade, de tão bom.

Noto que todas essas experiências eu as tive em público, inclusive sozinho, e também com desconhecidos (pessoas muito diferentes de mim, quem eu nunca havia visto ou conversado na vida, e a maioria que provavelmente não verei nunca mais). Mesmo assim não tive medo (embora talvez devesse), e quando necessário, consegui manter o controle o suficiente (por exemplo, para tomar um café, pedir um lanche, achar o caminho de volta para casa).

A experiência "maior" eu pretendo ter em casa mesmo, ou em algum lugar especial, mas seguro, e sozinho.
Não tenho alguém de confiança que poderia servir de guia ou auxiliar no mundo físico, e com as pessoas que poderiam ir junto comigo, eu tenho lá minhas questões. Então a presença de uma delas faria mais mal do que bem (além do quê, eu não me permitiria desligar, por me sentir responsável pela outra). Por outro lado, me sinto muito bem sozinho. Tranqüilo e livre de preocupações.

Como mencionei, a próxima experiência será de 5 g. (em gramas secos, e espero que também em aceleração para o lançamento extra-orbital :LOL:)

Mas já faz um tempo que tive a de 3 g. Será melhor ter uma outra experiência mais leve, depois esperar 1 mês, para "abrir" novamente as portas (receptores), e só depois me lançar por elas?

Também estou considerando os cubensis puros, sem suco de maracujá, vitamina C ou qualquer mandinga antes, a não ser jejum.

Parasaaaaaaaaamgateeeeee :espiao:
 
A experiência "maior" eu pretendo ter em casa mesmo, ou em algum lugar especial, mas seguro, e sozinho.

Se você estiver firme e centrado, sozinho é a melhor opção, na minha opinião.

Quanto ao tempo certo (kairos
), escute a si mesmo.
 
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