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Exp. 17 - Tocando o fenômeno da Existência.

Experimentalist

Um vivedor de experiências
Contribuidor
14/04/2022
222
8
38
Parangaricutirimicuaro
Dia 15 de junho de 2024, das 23h às 03h aproximadamente.
Dosagem: Lemon Tek porradão com 5g de Hillbilly

Observação sobre as dosagens: eu tenho a impressão de que consumir cafeína próximo do momento da trip potencializa os visuais das experiências. Isso não é uma regra geral, mas tive a impressão de esse padrão funcionar comigo, principalmente nos visuais de olhos abertos. Normalmente, quando uso depois de tomar um pouco de cafeína, é comum que eu enxergue padrões pontilhados serpenteando no meu campo visual.

Comecei meu jejum às 18h e tomei minha dose às 23h. Foram 5 gramas de hillbilly desidratados, triturados num moedor elétrico de café e misturados com o suco de 2 limões taiti, desses pequenininhos que encontramos nos supermercados. Misturei toda a massa do lemon tek SEM COAR num em 200ml de chá preto com gengibre, laranja e mel. Mandei tudo para dentro depois de conversar com os cogumelos e pedir uma trip cheia de amor.

As alterações sutis começaram pouco tempo depois de ingerir. Em 10 minutos eu estava bem relaxado e depois de mais 10 minutos eu estava sentindo uma leve onda de prazer me tomando. Perto de 30 minutos após ingerir, fiz o meu teste padrão: fui caminhando até o banheiro para dar aquela bela mijada pré-pico (cogumelos são diuréticos, certo?) e percebi que o chão estava começando a ficar de borracha. As linhas dos rejuntes estavam mais marcadas e a linha do encontro do teto com as paredes estava começando a se distorcer.

Deitei no sofá novamente. Luminária de estrelas projetando no teto, luz colorida ligada, Terry Riley tocando no fone e BOOM!!! Começou a loucura. Que delícia cara! Fechei os olhos e comecei a descer uma espiral de fractais lindos que começaram a se formar devagar e foram acelerando pouco a pouco. Vi padrões que se pareciam com mandalas bem coloridas. Abri meus olhos e a sala ao meu redor estava brilhando diferente. Me levantei para caminhar um pouco entre sala, cozinha e banheiro já que eu adoro a sensação de andar quando consigo sob efeito dos cogumelos.

Fui até o espelho, me olhei e parece que vi algo diferente em mim. Lembro que falei pra mim mesmo “então quer dizer que você é o cara que controla os fios da marionete né?” Eu me achei bonito quando olhei para o espelho e, detalhe: faz alguns anos que tenho lutado com minha autoestima, na medida em que vou avançando pela meia-idade. Envelhecer me causa um sentimento estranho, mas me olhando no espelho, pela segunda vez numa experiência com cogumelos vi “um tiozão da porra” e gostei.

Estava começando a ver padrões psicodélicos sobrepostos ao meu campo de visão de olhos abertos e a sensação de embriaguez foi piorando. Decidi me deitar antes que as pernas me deixassem na mão.

Fiquei alternando entre abrir e fechar os olhos. Mantinha os olhos fechados para curtir a trip interior, com visuais riquíssimos. Sentia grandes ondas de prazer percorrendo todo meu corpo. Uma baita sensação de bem-estar e alegria. O pico estava chegando e foi aí que a coisa ficou completamente insana. Vejam bem, eu tive um insight acompanhado de visões riquíssimas. Parecia até uma história se desenrolando:

Comecei vendo um ponto de luz que se desdobrou e virou uma reta. A reta subiu para sua perpendicular e se desdobrou virando um plano luminoso, como se fosse uma lâmina… uma chapa de luz que flutuava no escuro. Então, esse plano iluminado subiu num feixe de luz colorido e eu mergulhei nele, como se estivesse sendo sugado para o universo tridimensional como a gente conhece. Mergulhado nesse feixe de luz, senti o plano tridimensional se dobrar sobre ele mesmo e a direção do meu trajeto nessa viagem espacial mudou. Era como se eu estivesse numa quarta dimensão espacial. Eis que a sensação se repete e eu me sinto empurrado para outra dimensão espacial. A coisa acontece mais vezes até que eu chego numa pirâmide de jade.

Dentro dessa pirâmide eu escutei uma voz pedindo ajuda. A voz me explicou que não conseguia deixar de ser. Ele era eterno e não tinha outra opção além de existir. Ele era o feixe de luz que atravessava a eternidade em todas as direções do espaço-tempo. Ele era aquele que, em nossa mente tão limitada, apelidamos de Deus. Não um criador, não uma criatura, mas sim o próprio conceito da Existência que se tornou possível em contrapartida ao não-existir. A partir do momento em que existir passou a ser uma possibilidade, a Existência em si perdeu a liberdade de não ser. Aquele Ser gigante, muito maior do que qualquer personificação criada pela mente humana, me dizia que ele conseguia se fragmentar em vários pequenos pontos de consciência pelo universo. O ciclo da vida, com seu nascimento, crescimento, reprodução e morte era uma maneira bastante limitada pela qual ele conseguia experimentar o sono. Deus em si não conseguia dormir nem descansar, mas seus pequenos fragmentos conseguiam experimentar o sono de maneira fragmentada ao redor de todo o universo.

Aconteceu, como sempre acontece comigo, de eu perder a capacidade de falar, mas eu comecei a pronunciar uma espécie de mantra. Era uma única palavra que significava o nome deste Ser gigante e alienígena que a gente poderia até chamar de Deus. O estranho é que… eu me lembro muito bem: minha voz estava completamente mudada. Minha voz estava MUITO grave e profunda e tinha um som que reverberava muito estranho. Não era a minha voz.

Depois que o pico passou senti uma certa dificuldade com o pouso. Isso sempre acontece comigo. Alguém mais sente isso? Eu normalmente fico zanzando pelo apartamento e me esqueço que eu estou doidão por causa do cogumelo. Estava frio. Acabei deitando na minha cama e pegando no sono. Acaba aqui o relato da minha décima sétima experiência com cogumelos. Não poderia ter sido melhor. Obrigado, meus santos amigos.
 
Mano, em primeiro lugar muito obrigado pelos seus relatos, eles são nota 10!
MAAAAAAAAAAAAAAAAAANOOOOOOOOOO, agora tu foi direto na fonte ?
Dentro dessa pirâmide eu escutei uma voz pedindo ajuda. A voz me explicou que não conseguia deixar de ser. Ele era eterno e não tinha outra opção além de existir. Ele era o feixe de luz que atravessava a eternidade em todas as direções do espaço-tempo. Ele era aquele que, em nossa mente tão limitada, apelidamos de Deus. Não um criador, não uma criatura, mas sim o próprio conceito da Existência que se tornou possível em contrapartida ao não-existir. A partir do momento em que existir passou a ser uma possibilidade, a Existência em si perdeu a liberdade de não ser. Aquele Ser gigante, muito maior do que qualquer personificação criada pela mente humana, me dizia que ele conseguia se fragmentar em vários pequenos pontos de consciência pelo universo. O ciclo da vida, com seu nascimento, crescimento, reprodução e morte era uma maneira bastante limitada pela qual ele conseguia experimentar o sono. Deus em si não conseguia dormir nem descansar, mas seus pequenos fragmentos conseguiam experimentar o sono de maneira fragmentada ao redor de todo o universo.
Já li muita religião comparada e encontro exatamente sobre isso no hinduísmo, é o puro suco da filosofia de Deus no hinduísmo (Vishnu dormindo).
E essa piramide, como era ? Você não lembra da palavra que se referia à ele, não né ?

abração!
 
Comecei vendo um ponto de luz que se desdobrou e virou uma reta. A reta subiu para sua perpendicular e se desdobrou virando um plano luminoso, como se fosse uma lâmina… uma chapa de luz que flutuava no escuro. Então, esse plano iluminado subiu num feixe de luz colorido e eu mergulhei nele, como se estivesse sendo sugado para o universo tridimensional como a gente conhece. Mergulhado nesse feixe de luz, senti o plano tridimensional se dobrar sobre ele mesmo e a direção do meu trajeto nessa viagem espacial mudou. Era como se eu estivesse numa quarta dimensão espacial. Eis que a sensação se repete e eu me sinto empurrado para outra dimensão espacial. A coisa acontece mais vezes até que eu chego numa pirâmide de jade.
🚀🚀🚀🚀🚀
 
Mano, em primeiro lugar muito obrigado pelos seus relatos, eles são nota 10!
MAAAAAAAAAAAAAAAAAANOOOOOOOOOO, agora tu foi direto na fonte ?
Pô mano, valeu mesmo. Eu publico os meus relatos para deixar documentado, mas fico muito feliz quando alguém tem paciência para ler o que eu escrevo. Eu sei de eu posso acabar sendo tagarela demais e que precisa de saco pra ler tudo.

Já li muita religião comparada e encontro exatamente sobre isso no hinduísmo, é o puro suco da filosofia de Deus no hinduísmo (Vishnu dormindo).
E essa piramide, como era ? Você não lembra da palavra que se referia à ele, não né ?

Preciso ler sobre a espiritualidade segundo a visão Hindu então. Achei muito interessante. Foram insights que eu nunca tinha tido antes.

Sobre a pirâmide, puxa... cara, foi uma parada muito maluca. Eu fui atravessando várias "dobras" até chegar nesse espaço que parecia bem o miolo de todo esse caos que eu estava atravessando. Eu lembro que era uma pirâmide que brilhava na cor verde e que ela mesma estava flutuando no vazio escuro. Completamente insano. :greyalien:
 
Passei muito tempo na Índia, e mesmo não gostando da país e seus costumes estranhos (não vem ao caso agora rsrs), tive bastante contato com a religião e a cultura.

A relação entre o hinduísmo e as substâncias psicoativas é histórica e multifacetada, abrangendo práticas rituais, ascéticas e místicas. Existem hipóteses sobre o uso de cogumelos alucinógenos como o Soma (bebida sagrada) descrito nos Vedas (textos védicos da antiga Índia).

Estudos mostram que na bebida sagrada, possivelmente o cogumelo Amanita muscaria era adicionado. Esta teoria é sustentada por algumas descrições dos efeitos que se assemelham às experiências induzidas por Amanita muscaria. Estudos estão catalogando pessoas que mesmo sem conhecimento da religião indiana, tem contato com Deuses míticos locais com o uao do psicoativo, o que pode revelar em um futuro próximo que Hinduísmo pode ter dado inicio com experiencias parecidas com a sua.
 
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