- 11/05/2020
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Algumas semanas antes eu havia tentado uma "trip" com 5g de cogumelos comprados em uma loja na internet. Para minha surpresa, ao contrário das experiências anteriores com doses menores (de outro fornecedor) acabei por sentir muito pouco dos efeitos proporcionados pela psilocibina.
Após uma conversa (com um viés de reclamação) acabei recebendo mais 10g de cogumelos do mesmo fornecedor.
Sem muita esperança, acabei resolvendo mais uma vez testar os cogumelos. Dessa vez fiz um chá, infusionando por alguns minutos5g de cogumelos desidratados em água quente.
Liguei um abajur e sentei-me no sofá da sala acompanhado de um livro e da minha xícara de chá. Bebi o chá e comi os cogumelos enquanto lia algumas páginas. Não demorou muito (possivelmente 30 minutos) até que começasse a me sentir extremamente ansioso, e com uma certa sensação de irritabilidade. A ansiedade tornou a leitura difícil, então resolvi parar de ler e focar no controle da minha respiração
Nesse momento meu quarto já estava preparado, com luz baixa e climatização. Além de um incenso de palo santo e imagens da natureza na televisão.
Sentei-me na cama em postura contemplativa, coloquei meus fones de ouvido com uma playlist do Spotify (no fim do texto) fechei meus olhos e passei a meditar.
Logo que fechei os olhos comecei a visualizar alguns padrões de cores e imagens aleatórias. Até que comecei a sentir um grande incômodo no que seria o meu campo de visão superior direito. Eu tinha a sensação (e fracamente visualizava) um tipo de verme. Essa sensação começou a me incomodar bastante, mas insisti durante mais um pouco na meditação. Algum tempo depois eu passei a sentir uma sensação ainda mais estranha, de como se eu mesmo estivesse tentando acessar meu subconsciente e sentindo que lá dentro existia algo profundamente sombrio e perturbador. Essa sensação de misturou com a percepção de que existia uma "casca" muito grossa revestimento meu subconsciente. E que seria extremamente difícil acessá-lo. Por fim acabei desistindo de meditar e fui até o banheiro urinar.
Enquanto estava no banheiro me sentia bastante estranho (diria que um pouco triste e perturbado com o acontecimento anterior). Por algum motivo resolvi olhar para a caixa de areia do meu gato. E lá estava uma areia perfeitamente geométrica, me aproximei e botei que alguns granulos de areia pareciam caveiras. Foi quando notei que algumas rachaduras apareceram na areia,eu estava então recebendo um convite para ir ao inferno. Eu disse algumas vezes em voz alta algo como "pode me levar", mas nada pareceu acontecer. Fui então novamente para a sala sentar no sofá (aqui eu já tinha desistido de ter uma trip de olhos fechados)
Sentado no sofá da sala passei a me sentir merecedor do sofrimento e fazer justificativas que foram parecendo cada vez mais racionais. Nesse momento eu sentia como se existisse outra presença em minha consciência, e que está estava me convencendo a respeito disso.
Passei então a chorar (já não fazia isso a algum tempo), o choro se intensificou enquanto pensava em diversas coisas. Por um longo tempo me senti merecedor do sofrimento, mas foi então que algo aconteceu. Eu percebi então que a voz na minha cabeça, a qual me convencia disso, não pertencia a outra pessoa, se não a mim mesmo.
Um tipo de "Luz" surgiu em minha mente. E conclui que se eu mesmo estava julgando-me merecedor do sofrimento (ou inferno) bastava que eu deixasse de pensar assim. Após isso a sensação de existência de "outra presença' deixou de existir. E sorridente levantei do sofá e fui deitar no chão do meu quarto escuro.
Após algum tempo deitado no chão, a sensação anterior retornou. Passei então a me ver como uma criatura cinzenta de aparência terrível. Lá estava a estranha criatura, curvada no fundo de um tipo de poço escuro. Era nítida a sua aparência de sofrimento extremo e sua busca incessante de mentalmente entender o "por que" de ser um merecedor do sofrimento. Aquela parecia ser a aparência de alguém que tinha esquecido de que aquela "outra presença" citada anteriormente era ela mesma, caindo assim em um eterno ciclo de sofrimento.
Por algumas vezes o poço transformou-se em lama, e passei a ver algumas pessoas em meu entorno (amigos, namorada etc) afundando nesta lama, enquanto tentavam puxar a criatura de volta.
Compreendi então que todas aquelas pessoas queriam ajudar a criatura, mas que antes a própria precisaria ajudar a si mesma. Caso contrário, sua poderosa força puxaria todos para o fundo da lama.
No poço notei que existiam algumas criaturinhas de olhos brilhantes em minha volta (luzes dos aparelhos eletrônicos, além do meu gato). Logo entendi que essas pequenas figuras também estavam tentando me ajudar. Aqui a alusão as pessoas "afundando na lama" acaba por tornar-se pessoas estendendo a mão e jogando cordas.
Então passei a sentir que ao meu lado estava a minha cachorrinha já falecida.
Nota
(Meu cachorro de 17 anoz faleceu a dois anos devido a uma infeção causada pelos dentes e até então eu acreditava que eu tinha machucado ela durante o banho e ocasionado a sua morte)
Eu já estava chorando novamente a algum tempo, mas nesse momento comecei a chorar como nunca antes (tinha a sensação de que me afogaria em lágrimas), eu implorava para que meu falecido cachorro me perdoa-se enquanto tentava abraça-la.
Percebi então que meu cachorro já tinha me perdoado, ou como um animal se quer tinha entendido o que havia acontecido. E que mais uma vez, era eu mesmo que não estava me perdoando (uma grande falta de alto compaixão).
Passei a entender então que a criatura havia se julgado merecedora do sofrimento, pois estava presa em um ciclo infinito de culpa.
Compreendi que só eu mesmo (ou a criatura) poderia se perdoar e escapar do sofrimento. Tentei me livrar da culpa e do sofrimento, mas ente do que a pesar de eu mesmo ser o principal agente da transformação, existiam pessoas na minha volta (que até então afundavam na lama) que estavam dispostas a me ajudar. Aqui eu passei a sentir a criatura cinzenta como um ser poderoso, que estava preso em sua própria culpa. Levantei-me do chão, estendi minha mão e disse em voz alta o nome de algumas pessoas seguido da frase "eu aceito a sua ajuda".
Senti a criatura ainda mais poderosa, senti que aquele poder poderia ser também usado pelas pessoas que estavam em sua volta (um deve ajudar o outro). Percebi que algo escorria da criatura, e este algo acabava por de tornar algo belo (muitas vezes julgo-me um fracasso, mas durante a pandemia comecei uma empresa que está dando cada vez mais certo).
Imaginei então que se aquele pequeno poder poderia fazer algo tão belo, o que aconteceria caso aquela pobre criatura fosse totalmente liberta da culpa e do sofrimento ?
Após todos esses acontecimentos, o efeito da substância já parecia mais fraco (ou eu já tinha chorado de mais kk). Levantei do chão e fui até o tanque lavar meu rosto.
Após uma conversa (com um viés de reclamação) acabei recebendo mais 10g de cogumelos do mesmo fornecedor.
Sem muita esperança, acabei resolvendo mais uma vez testar os cogumelos. Dessa vez fiz um chá, infusionando por alguns minutos5g de cogumelos desidratados em água quente.
Liguei um abajur e sentei-me no sofá da sala acompanhado de um livro e da minha xícara de chá. Bebi o chá e comi os cogumelos enquanto lia algumas páginas. Não demorou muito (possivelmente 30 minutos) até que começasse a me sentir extremamente ansioso, e com uma certa sensação de irritabilidade. A ansiedade tornou a leitura difícil, então resolvi parar de ler e focar no controle da minha respiração
Nesse momento meu quarto já estava preparado, com luz baixa e climatização. Além de um incenso de palo santo e imagens da natureza na televisão.
Sentei-me na cama em postura contemplativa, coloquei meus fones de ouvido com uma playlist do Spotify (no fim do texto) fechei meus olhos e passei a meditar.
Logo que fechei os olhos comecei a visualizar alguns padrões de cores e imagens aleatórias. Até que comecei a sentir um grande incômodo no que seria o meu campo de visão superior direito. Eu tinha a sensação (e fracamente visualizava) um tipo de verme. Essa sensação começou a me incomodar bastante, mas insisti durante mais um pouco na meditação. Algum tempo depois eu passei a sentir uma sensação ainda mais estranha, de como se eu mesmo estivesse tentando acessar meu subconsciente e sentindo que lá dentro existia algo profundamente sombrio e perturbador. Essa sensação de misturou com a percepção de que existia uma "casca" muito grossa revestimento meu subconsciente. E que seria extremamente difícil acessá-lo. Por fim acabei desistindo de meditar e fui até o banheiro urinar.
Enquanto estava no banheiro me sentia bastante estranho (diria que um pouco triste e perturbado com o acontecimento anterior). Por algum motivo resolvi olhar para a caixa de areia do meu gato. E lá estava uma areia perfeitamente geométrica, me aproximei e botei que alguns granulos de areia pareciam caveiras. Foi quando notei que algumas rachaduras apareceram na areia,eu estava então recebendo um convite para ir ao inferno. Eu disse algumas vezes em voz alta algo como "pode me levar", mas nada pareceu acontecer. Fui então novamente para a sala sentar no sofá (aqui eu já tinha desistido de ter uma trip de olhos fechados)
Sentado no sofá da sala passei a me sentir merecedor do sofrimento e fazer justificativas que foram parecendo cada vez mais racionais. Nesse momento eu sentia como se existisse outra presença em minha consciência, e que está estava me convencendo a respeito disso.
Passei então a chorar (já não fazia isso a algum tempo), o choro se intensificou enquanto pensava em diversas coisas. Por um longo tempo me senti merecedor do sofrimento, mas foi então que algo aconteceu. Eu percebi então que a voz na minha cabeça, a qual me convencia disso, não pertencia a outra pessoa, se não a mim mesmo.
Um tipo de "Luz" surgiu em minha mente. E conclui que se eu mesmo estava julgando-me merecedor do sofrimento (ou inferno) bastava que eu deixasse de pensar assim. Após isso a sensação de existência de "outra presença' deixou de existir. E sorridente levantei do sofá e fui deitar no chão do meu quarto escuro.
Após algum tempo deitado no chão, a sensação anterior retornou. Passei então a me ver como uma criatura cinzenta de aparência terrível. Lá estava a estranha criatura, curvada no fundo de um tipo de poço escuro. Era nítida a sua aparência de sofrimento extremo e sua busca incessante de mentalmente entender o "por que" de ser um merecedor do sofrimento. Aquela parecia ser a aparência de alguém que tinha esquecido de que aquela "outra presença" citada anteriormente era ela mesma, caindo assim em um eterno ciclo de sofrimento.
Por algumas vezes o poço transformou-se em lama, e passei a ver algumas pessoas em meu entorno (amigos, namorada etc) afundando nesta lama, enquanto tentavam puxar a criatura de volta.
Compreendi então que todas aquelas pessoas queriam ajudar a criatura, mas que antes a própria precisaria ajudar a si mesma. Caso contrário, sua poderosa força puxaria todos para o fundo da lama.
No poço notei que existiam algumas criaturinhas de olhos brilhantes em minha volta (luzes dos aparelhos eletrônicos, além do meu gato). Logo entendi que essas pequenas figuras também estavam tentando me ajudar. Aqui a alusão as pessoas "afundando na lama" acaba por tornar-se pessoas estendendo a mão e jogando cordas.
Então passei a sentir que ao meu lado estava a minha cachorrinha já falecida.
Nota
(Meu cachorro de 17 anoz faleceu a dois anos devido a uma infeção causada pelos dentes e até então eu acreditava que eu tinha machucado ela durante o banho e ocasionado a sua morte)
Eu já estava chorando novamente a algum tempo, mas nesse momento comecei a chorar como nunca antes (tinha a sensação de que me afogaria em lágrimas), eu implorava para que meu falecido cachorro me perdoa-se enquanto tentava abraça-la.
Percebi então que meu cachorro já tinha me perdoado, ou como um animal se quer tinha entendido o que havia acontecido. E que mais uma vez, era eu mesmo que não estava me perdoando (uma grande falta de alto compaixão).
Passei a entender então que a criatura havia se julgado merecedora do sofrimento, pois estava presa em um ciclo infinito de culpa.
Compreendi que só eu mesmo (ou a criatura) poderia se perdoar e escapar do sofrimento. Tentei me livrar da culpa e do sofrimento, mas ente do que a pesar de eu mesmo ser o principal agente da transformação, existiam pessoas na minha volta (que até então afundavam na lama) que estavam dispostas a me ajudar. Aqui eu passei a sentir a criatura cinzenta como um ser poderoso, que estava preso em sua própria culpa. Levantei-me do chão, estendi minha mão e disse em voz alta o nome de algumas pessoas seguido da frase "eu aceito a sua ajuda".
Senti a criatura ainda mais poderosa, senti que aquele poder poderia ser também usado pelas pessoas que estavam em sua volta (um deve ajudar o outro). Percebi que algo escorria da criatura, e este algo acabava por de tornar algo belo (muitas vezes julgo-me um fracasso, mas durante a pandemia comecei uma empresa que está dando cada vez mais certo).
Imaginei então que se aquele pequeno poder poderia fazer algo tão belo, o que aconteceria caso aquela pobre criatura fosse totalmente liberta da culpa e do sofrimento ?
Após todos esses acontecimentos, o efeito da substância já parecia mais fraco (ou eu já tinha chorado de mais kk). Levantei do chão e fui até o tanque lavar meu rosto.