Teonanacatl.org

Aqui discutimos micologia amadora e enteogenia.

Cadastre-se para virar um membro da comunidade! Após seu cadastro, você poderá participar deste site adicionando seus próprios tópicos e postagens.

  • Por favor, leia com atenção as Regras e o Termo de Responsabilidade do Fórum. Ambos lhe ajudarão a entender o que esperamos em termos de conduta no Fórum e também o posicionamento legal do mesmo.

Esoterismo quântico

Ecuador

Artífice esporulante
Membro da Staff
Cultivador confiável
22/12/2007
9,125
5
98
Folha de São Paulo - 12/07/2009

Esoterismo quântico

Novo livro do cientista Victor Stenger ataca os gurus que mistificam conceitos da física para dar verniz de ciência a suas crenças

PABLO NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Tanto os fãs ardorosos dos documentários "Quem somos nós" e "O Segredo" quanto os espectadores que consideraram esses filmes um desfile de bobagens requentadas do movimento Nova Era podem tirar algum proveito do novo livro do físico americano Victor Stenger. "Quantum Gods" (Deuses Quânticos) se destina justamente a atacar a crença de que as modernas teorias cientificas são perfeitamente compatíveis com toda forma de prática esotérica.

O livro é uma resposta direta a ambos documentários, nos quais cientistas, médicos, religiosos e gurus de auto-ajuda recorrem a conceitos da mecânica quântica -ramo da física que explica o comportamento da matéria a níveis muito pequenos- e de outras ciências para abordar temas místicos como poder do pensamento, carma, vida após a morte etc.

Desde o fim dos anos 1980, Stenger tem militado na corrente neoateísta que tem no biólogo Richard Dawkins e no filósofo Daniel Dennett suas faces mais conhecidas. Seu novo livro começa fazendo um breve e irônico levantamento das idéias defendidas pela nova onda de gurus quânticos.

Stenger dá destaque a Amit Goswami, físico indiano bastante popular no Brasil, tendo sido entrevistado duas vezes no programa Roda Viva, da TV Cultura. Mas até o Dalai Lama é citado, devido a seu livro "O Universo num Só Átomo". O líder tibetano, porém, é abordado de forma respeitosa.

Já o fundador da meditação transcedental, o físico e guru indiano Maharishi Yogi (1917-2008) recebe chumbo pesado. David Bohm e Fritjof Capra, cientistas que não aparecem nos filmes, mas que são pioneiros do encontro da Mecânica Quântica com a Nova Era, também não escapam ilesos.

Divulgador experiente, Stenger inclui no livro seções que formam uma curta mas substanciosa história da ciência. Isso permite a um leigo tomar pé do debate sobre problemas teóricos complexos, mas deixa passar a chance de desmontar detalhadamente afirmações supostamente científicas com as quais o espectador se depara em "Quem somos nós".

Em vez de tentar negar, por exemplo, a afirmação de Goswami de que a consciência é o fundamento do Universo, ele prefere repassar a história da criação da física de partículas. Em vez de contestar os experimentos de Masaru Emoto, que afirma que as moléculas de água podem ser alteradas pela força do pensamento, ele descreve os fracassos obtidos em testes de parapsicologia.

É como se Stenger acreditasse que uma apresentação criteriosa de conceitos complicados, como o emaranhamento quântico, será o suficiente para que os leitores possam, por si só, perceber os pontos em que Capra, Goswami e companhia estão "forçando a barra".


Em benefício da dúvida

Só que o mais provável é que o leitor leigo se sinta incapaz de chegar a uma conclusão por conta própria. Neste caso, provavelmente a leitura apenas terá colaborado para aumentar suas dúvidas. Porém, isso, por si só, já pode ser algo positivo. Afinal, uma das maiores objeções que se pode fazer a "Quem somos nós" é que o filme não avisa aos espectadores que as posições ali apresentadas são, no mínimo dos mínimos, controversas, e que não são endossadas pela imensa maioria da comunidade cientifica.

Stenger oferece aos leitores a visão acadêmica destes mesmos temas, numa linguagem acessível. Saber que existe uma outra visão (na verdade várias) da mecânica quântica pode ser uma grande novidade para muitos dos fãs de "Quem somos nós", que fizeram dele o quinto documentário mais lucrativo da história dos EUA.

O livro analisa também as idéias de outros grupos que, volta e meia, recorrem à mecânica quântica para sustentar suas idéias. Ilya Prigogine, prêmio Nobel de química de 1977 e herói da corrente acadêmica conhecida como transdiciplinaridade, é diretamente contestado. Prigogine afirma que os processos termodinâmicos não podem ser abordados através do tradicional reducionismo metodológico tão caro à ciência moderna pois, neste caso, esses processos não seriam reversíveis no tempo.

Stengers afirma que, por princípio, todos os processos físicos são reversíveis temporalmente, e que Prigogine "está completamente errado, mesmo tendo ganho um prêmio Nobel". Também sobram críticas para a parapsicologia e para os teólogos que investigam o mundo microscópico em busca de sinais da ação do Deus cristão, ou de algo próximo a ele.


Sobrecarga

Ao mirar em tantos objetivos diferentes, o autor sofre do ônus de ter poucas páginas para devassar temas muito variados e complexos. Sem o espaço necessário para uma exposição mais adequada, sua argumentação soa, em vários momentos, concisa demais. Mas há um motivo para isso: em livros anteriores ele já investiu diretamente contra criacionistas, adeptos do Design Inteligente, da parapsicologia etc. Aqui, em certos momentos onde seria necessário um maior aprofundamento, ele se limita a se referir a sua própria obra.

No final do livro, Stenger argumenta diretamente contra a existência de qualquer tipo de divindade. Sua visão do fenômeno religioso lembra um pouco a de Dawkins, restringindo-se a análise de certos estereótipos. Nada disso, porém, chega a comprometer a consistência do livro. Stenger tem o conhecimento científico e a expertise literária necessários para apresentar um bom contra-ponto à febre de física Nova Era que continua circulando pelo planeta, Brasil inclusive.


LIVRO - "Quantum Gods"
Victor Stenger; Prometheus Books, 292 págs., US$ 27,00
 
Há pessoas míopes que não admitem que se enxergue além do que elas podem enxergar... Se há alguma coisa além? Não importa: o que importa é que eu posso, tu podes e muitos podem: levantar a cabeça e enxergar além da miopia de quem quer que seja!
 
Tipo assim, quem não acredita na minha teoria favorita é míope?

Tente de novo.
 
Olha, tenho três físicos na família, sendo dois teóricos (que trabalham mais com física relativística e cosmologia), outro experimental (a especialista em detectar bobagens) e namoro com uma PhD em Física Quântica.

Estou cansado de saber que essa galerinha que relaciona ciência séria de verdade com misticismo não passam de charlatões que querem ganhar dinheiro.

Se querem ser místicos ou religiosos, que sejam, desde que não tentem usar o trabalho de gente séria para enganar as pessoas e ganhar dinheiro desonestamente com isso.
 
Quem sabe, sabe... Quem vê (ouve, sente), vê.
Não desmereci nada, nem ninguém. Acho apenas que esses caras, senhores físicos donos da verdade, querem tolhir nossa imaginação. Não caio nessa... Como também acho O Segredo apenas uma vulgarização de idéias mais profundas, catalogadas de outrem...

E mais uma vez: Viva o Barão de Munchausen!:cool:
 
Acho apenas que esses caras, senhores físicos donos da verdade, querem tolhir nossa imaginação.

Isso mostra que você simplesmente não entende como funciona o método científico.

Aliás, a física apenas trabalha com modelos matemáticos que são representações simplificadas da realidade. Os modelos nunca são entendidos como verdadeiros, mas sim que há muita informação estatística a "favor" deles. Nesse sentido, um bom físico nunca se consideraria dono da verdade.
 
Isso mostra que você simplesmente não entende como funciona o método científico.

Aliás, a física apenas trabalha com modelos matemáticos que são representações simplificadas da realidade. Os modelos nunca são entendidos como verdadeiros, mas sim que há muita informação estatística a "favor" deles. Nesse sentido, um bom físico nunca se consideraria dono da verdade.

Eu entendo, mas vejo como apenas mais uma informação, não com a importância que algumas pessoas dão à "Ciência dos Olhos" ao "Conhecimento dos Olhos"... Agora, acho que não existem muitos bons físicos, pois muitos deles e de outros ramos da ciência, adoram levantar a própria bandeira, exemplo: o autor do citado livro.

Se liguem: isso são jogos que jogamos com nós mesmos. São pequenos esquemas, distrações, dentro de um grande esquema. Uma dica: Maya...;)
 
É, você tentou de novo ;)

O que é Maya? As teorias que não concordam com as suas teorias favoritas ou todas elas?


Mas, falando em termos práticos, quase todo esse pessoal esotérico quântico se lambuza com a tecnologia criada por cientistas e parece muito satisfeito com esse aspecto de maya na hora de produzir filmes, vender DVs, livros, viajar para conferências.

Eles deveriam fazer conferencias astrais ou voar com a força da mente ...
 
Para mim maya é todo esse racionalismo ôco, esses jogos criados pelo próprio homem, os paradigmas conceituais-simbólicos-verbais, quando não vão de encontro há uma verdade mais profunda e cristalina, que atinja não só o quarto inferior, mas também o terço superior e que pode ser experienciada aqui-e-agora.

Maya também é a armadilha do ego, os desejos que levam a um beco sem saída, ao samsara.

Esse próprio fórum é uma filial de maya, um jogo de gangorra - quem está lá em cima logo sente que virá abaixo. quem está de fora já sabe - ou quer saber - que o que está lá em cima, na verdade, está lá embaixo... quanto maior o meu peso e impulsão mais o "outro" subirá em seguida; pelo menos para mim, que estou num dos pólos da gangorra...

E não há duvida que a ciência verteu seu conhecimento limitado em tecnologia proveitosa para nós humanos. Mas esse modo de viver, ser e pensar cobra seu preço.
Temos que estar atentos e, de repente, não perder alguma coisa...:(

Finalizando, não estou defendendo o "pessoal esotérico quântico", não os conheço pessoalmente, mas talvez velando por uma realidade que pode estar passando batida aos pensadores mais apegados ao "método científico" mais convencional. Note bem: mais convecional em nossos tempos...
 
Para mim maya é todo esse racionalismo ôco, esses jogos criados pelo próprio homem, .


E o esoterismo aloprado, não é maya?

Se você acha que não é só está repetindo o argumento de miopia da sua primeira resposta, agora com nova roupagem.


Aliás esse conceito de maya é interessante.

A idéia de que o mundo em que vivemos é uma ilusão, claro que com pequenas ou grandes diferenças conceituais, é recorrente em várias tradições religiosas. Acho mesmo difícil rastrear sua origem.

A palavra que você usou, maya, remete à tradição hindu e correlacionadas, como a budista. Mas há várias outras designações por aí.

É claro que os fundamentalistas dessas várias tradições consideram as outras tradições que não as deles como "maya", quer tenham ou não esse conceito de mundo ilusório.

Veja por exemplo esse conceito de maya:

"Maya deve ser maya , idealmente, mas se um termo traduzido fosse necessário, então realidade secundária seria adequado. Maya não é um termo que nega o mundo da existência, e sim, procura explicar a natureza da realidade existente. "

http://pt.shvoong.com/humanities/religious-studies/1099886-ilusão-maya/

O conceito acima é inteligente, mas acho que esses conceitos de maya ou mundo ilusório, além de variados, podem ser também simplistas, e certamente perniciosos, ao pregar certa alienação da realidade "material".

O mundo em que vivemos não é o todo, mas é parte dele.

O fato de que uma pedra possa ser percebida de diferentes e inconcebíveis maneiras por outros seres com percepção diferente da nossa ou em outros planos diferentes do nosso não quer dizer que ela não vá rachar o seu crânio se você bater a cabeça com força nela.

Estamos nessa parte de "maya" e não adianta negá-la.

E todas as tradições religiosas ou esotéricas que negam maya mesmo assim "jogam" aqui, segundo as regras daqui.


Escrevi tudo isso para no final dizer que teorias pseudo religiosas / pseudo científicas e sem fundamento são uma parte de maya :D

Racionalismo oco certamente é o que os adeptos desses esoterismos furados praticam. Eles são na verdade pobres substitutos para as tradições religiosas. E também pobres substitutos para as teorias científicas.


Estamos nesse mundo, e duvido que negar ou tentar fugir para fantasias que prendem a imaginação vá ajudar muito.
 
Com certeza Ecuador,

essas teorias e não só a ciência, mas também as religiões e de certa forma todo pensamento abstrato em geral é um jogo do homem com o homem, uma face de maya.

Ruminação, regurgitando e alimentando-se de si mesmo.

Acho, entretanto, que o conceito de "muitos mundos", assim como o de "campo imaginal" como matriz da realidade, e até mesmo o da "mente quântica sobre a matéria", nos quais esses teóricos "esotéricos quânticos" se fundamentam, é um esboço, que nos permite ver de maneira pálida ainda, a cena por detrás - e além e através - da cena que se desenrola atrás da cortina da realidade aparente. O texto abaixo é um trecho de um ensaio do Fred Alan Wolf, que "traduzi" do espanhol ( o texto na íntegra está neste tópico>> link):

"A idéia principal da nova Alquimia, o elo de todas as idéias apresentadas aqui, está no conceito de unidade: a inseparabilidade das coisas. Interpretando literalmente, isto significa que vamos ver, que o próprio conceito de um paraíso na Terra para além de uma mente para além do corpo, de um livre-arbítrio além do determinismo, uma vida além da morte e, na verdade, qualquer dualidade, qualquer par de opostos que nos propomos, um dentro e um fora, uma fronteira, uma nação, uma ilha, uma membrana, uma distinção, tudo isso e muito mais, não são realidades imutáveis.

No entanto, inconscientemente estamos a tentar manter este segredo enterrado dentro de nós. Trabalhamos sem perceber por manter o status quo. Em outras palavras, inconscientemente escolhemos viver sob a ilusão de que tudo é como vemos. Este não é apenas uma verdade fundamental para você e para mim, mas o segredo profundo da existência do universo: ocultar-se do próprio eu essencial. É o grande segredo de Deus, e se ele funciona é só porque estamos de acordo em acreditar no truque. Se pudermos deixar de acreditar de um minuto, por um segundo, mesmo por um milissegundo, e permitimos que a nossa consciência se perceba presa, vamos nos dar conta do truque.

Em algum ponto em nossas vidas, de alguma forma, em algum lugar, por um momento, se revela o grande mistério. Deus, o mágico, sobe a cortina, mostra-nos rapidamente o truque e captamos um lampejo de ilusão. Mas não gritamos: "Uau!". O local não é preenchido com exclamações de espanto. Algo se torna distinguível do nada em um único ato criativo, mas enganamos a nós mesmos para não ver. E assim segue a coisa. O ar não se enche de aplausos. Sentamos, assistindo o espetáculo, libertando um suspiro de alívio e inconscientemente dizemo-nos: "Isto nunca entenderei, vale mais para nós aceitar somente."
Na verdade, todas as distinções resultam de tais atos. E a maioria de nós tendem a permanecer inconscientes e agarrados à ilusão até o último nanosegundo de nossas vidas. Vemos a fronteira entre a terra e o mar, que separa o ar, o solo e a água. Vemos vibrante crosta de areia, água e ar, e lembramo-nos da diferença entre eles. E tal como nós vivemos nossas vidas com a reconfortante idéia de que existe uma membrana invisível que nos separa deste mundo "lá fora"; do que está "aqui" em nossas mentes, o nosso mundo interior da imaginação, onde estamos sós e a salvo. Nenhuma pessoa ou coisa pode interferir de alguma forma na nossa individualidade mental, no nosso mundo mental. Todos os sentidos do nosso corpo constantemente dizem-nos que esta é a verdade, que cada um de nós está sozinho. Não levamos em consideração nenhuma informação, nenhum pensamento, nenhuma percepção, nenhuma história da imaginação, nenhuma história de alguém que é contra a nossa apresentação dos sensoriais e distintos mundos da 'lá fora' e 'aqui'. Olhamos ceticamente a quem nos diz ser de outra forma, e é mais provável que esta pessoa esteja muito errada, ou mesmo louca.

Atualmente, muitos de nós, capturados neste dilema entre ilusão e realidade, gostaríamos de acreditar que a separação é uma ilusão. Neste caso, temos sorte!"

Continuando, acho que os opositores desses esotéricos, são míopes no sentido que se cegaram para essa possibilidade, para alguns tão clara e, pior, ainda buscam, com suas teorias, livros, filmes, cegar seus leitores, já tão naturalmente embotados em seus sentidos.

A realidade "física" (pus aspas pois penso que não há simplesmente físico ou espiritual ou mental, mas que tudo é uma continuidade) é uma entre muitas realidades. Nosso pequeno mundo perceptível, sensível, então é um entre N mundos.
 
Back
Top