- 24/01/2007
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ESTUDO
Estado registra novos morcegos
Publicado em 06.05.2007
Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco encontraram dez novas ocorrências de dez espécies que estão ameaçadas de extinção
SOCORRO MACEDO
Dez novas ocorrências de espécies de morcegos ameaçadas de extinção foram registradas no Estado por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Os animais habitam o Nordeste, mas nunca foram encontrados no Estado, que abriga 67 espécies na Mata Atlântica, caatinga e brejo de altitude (ilhas de floresta úmida no Semi-Árido).
Os animais pertencem a dez espécies diferentes e constam na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Para o especialista em mamíferos Deoclécio de Queiroz Guerra, o estudo é importante porque revela que Pernambuco apresenta alta diversidade de morcegos, únicos mamíferos voadores.
A pesquisa aborda, ainda, os hábitos alimentares desses animais. “Encontramos morcegos que se alimentam de insetos, frutos, sangue de aves domésticas e de pequenos vertebrados como anfíbios, répteis e mamíferos. Pernambuco se destaca pela diversidade e esses morcegos têm grande importância no equilíbrio ecológico. Eles atuam como predadores de insetos, controlando suas populações, e como agentes polinizadores”, explica o pesquisador, que fez do estudo dissertação de mestrado.
Entre os morcegos anotados está o Diclidurus albus, que utiliza como abrigo o alto de palmeiras e permanece solitário na maior parte do ano. Essa espécie tem registros escassos no Amazonas, Bahia e Espírito Santo. No Recife, foi coletada uma fêmea na Cidade Universitária, Zona Oeste.
Outra novidade da pesquisa foi a coleta de um exemplar de espécie rara. Denominado no meio acadêmico de Xeronycteris vieirai, o morcego se alimenta de néctar, tem dentição pouco afiada e só ocorre na caatinga. Ele foi coletado em Orocó, no Sertão, e é o quinto exemplar nas coleções científicas brasileiras. Os outros são da Paraíba, Bahia (dois) e de Exu, Pernambuco. Segundo o pesquisador, existem poucos estudos sobre esse morcego, agente polinizador de plantas da caatinga. A espécie foi descrita em 2005.
Esse é o primeiro catálogo sobre morcegos do litoral ao Sertão de Pernambuco que lista espécies, hábitos e reprodução, de acordo com o orientador da pesquisa, o professor Severino Mendes Júnior. Em Pernambuco, existem sete famílias de quirópteros, grupo de animais integrado pelos morcegos. Os 67 tipos foram encontrados em 35 municípios. A família phyllostomidae predomina no Estado, com 36 espécies.
Entre as listadas no levantamento, a menor é Furipterus horrens, que possui de 5,9 a 7,6 centímetros de comprimento e se alimenta de insetos. A agilidade é uma característica do animal, que pesa cerca de três gramas. O maior morcego de Pernambuco é o Chrotopterus auritus, que tem entre 9,4 e 11,4 centímetros e pesa de 61 a 94 gramas. Ocorre em florestas tropicais úmidas e utiliza abrigos em cavernas e construções abandonadas. Alimenta-se de pequenos vertebrados.
O estudo analisou material da coleção do Departamento de Zoologia da UFPE, que existe desde 1970 e possui 1.270 exemplares de morcegos empalhados, sendo 982 de 56 espécies capturadas no Estado. As outras 11 foram incluídas no levantamento a partir de referências bibliográficas. A pesquisa durou dois anos e terminou em 2006, quando houve as últimas coletas.
ESTUDO II
Levantamento inclui as três espécies hematófagas conhecidas no mundo
Publicado em 06.05.2007
O Estado abriga as três espécies de morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue) conhecidas no mundo. De acordo com a pesquisa da UFPE, a mais comum é a Desmodus rotundus, chamada de morcego-vampiro. “Está distribuída por todas as regiões do Estado”, afirma o pesquisador Deoclécio de Queiroz Guerra. Esse morcego se alimenta de sangue de mamíferos, como cavalos.
A espécie menos comum é a Diaemus youngi, registrada apenas na Mata Atlântica. Ela se alimenta de sangue de aves domésticas. “Já registramos ataques desse tipo de morcego a seres humanos, mas são casos extremos, quando a disponibilidade de alimentos está muito baixa, por exemplo”, explica Deoclécio.
O que tem maior número de indivíduos é o Diphylla ecaudata, que se alimenta de aves e é encontrado em cavernas e árvores. Os hematófagos são registrados apenas nas Américas, do sul dos Estados Unidos ao sul da América do Sul. Dos 1.113 tipos de morcegos do mundo, apenas esses três são hematófagos. O Brasil possui 167 espécies de morcegos.
“Os hematófagos são importantes, apesar de atacarem ocasionalmente seres humanos e trazerem prejuízos para a pecuária porque transmitem a raiva. Na área de saúde, há um interesse especial neles para o desenvolvimento de pesquisas com bactérias, vírus, fungos e protozoários. Isso porque são suscetíveis a infecções transmitidas ao homem.”
Copyright (c)1997-2006, Jornal do Commercio-Recife-PE Brasil Sistema JC de Comunicação. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site para fins comerciais.
:seta: http://www.cepan.org.br/noticias_jc_2007-05-06.html
Estado registra novos morcegos
Publicado em 06.05.2007
Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco encontraram dez novas ocorrências de dez espécies que estão ameaçadas de extinção
SOCORRO MACEDO
Dez novas ocorrências de espécies de morcegos ameaçadas de extinção foram registradas no Estado por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Os animais habitam o Nordeste, mas nunca foram encontrados no Estado, que abriga 67 espécies na Mata Atlântica, caatinga e brejo de altitude (ilhas de floresta úmida no Semi-Árido).
Os animais pertencem a dez espécies diferentes e constam na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Para o especialista em mamíferos Deoclécio de Queiroz Guerra, o estudo é importante porque revela que Pernambuco apresenta alta diversidade de morcegos, únicos mamíferos voadores.
A pesquisa aborda, ainda, os hábitos alimentares desses animais. “Encontramos morcegos que se alimentam de insetos, frutos, sangue de aves domésticas e de pequenos vertebrados como anfíbios, répteis e mamíferos. Pernambuco se destaca pela diversidade e esses morcegos têm grande importância no equilíbrio ecológico. Eles atuam como predadores de insetos, controlando suas populações, e como agentes polinizadores”, explica o pesquisador, que fez do estudo dissertação de mestrado.
Entre os morcegos anotados está o Diclidurus albus, que utiliza como abrigo o alto de palmeiras e permanece solitário na maior parte do ano. Essa espécie tem registros escassos no Amazonas, Bahia e Espírito Santo. No Recife, foi coletada uma fêmea na Cidade Universitária, Zona Oeste.
Outra novidade da pesquisa foi a coleta de um exemplar de espécie rara. Denominado no meio acadêmico de Xeronycteris vieirai, o morcego se alimenta de néctar, tem dentição pouco afiada e só ocorre na caatinga. Ele foi coletado em Orocó, no Sertão, e é o quinto exemplar nas coleções científicas brasileiras. Os outros são da Paraíba, Bahia (dois) e de Exu, Pernambuco. Segundo o pesquisador, existem poucos estudos sobre esse morcego, agente polinizador de plantas da caatinga. A espécie foi descrita em 2005.
Esse é o primeiro catálogo sobre morcegos do litoral ao Sertão de Pernambuco que lista espécies, hábitos e reprodução, de acordo com o orientador da pesquisa, o professor Severino Mendes Júnior. Em Pernambuco, existem sete famílias de quirópteros, grupo de animais integrado pelos morcegos. Os 67 tipos foram encontrados em 35 municípios. A família phyllostomidae predomina no Estado, com 36 espécies.
Entre as listadas no levantamento, a menor é Furipterus horrens, que possui de 5,9 a 7,6 centímetros de comprimento e se alimenta de insetos. A agilidade é uma característica do animal, que pesa cerca de três gramas. O maior morcego de Pernambuco é o Chrotopterus auritus, que tem entre 9,4 e 11,4 centímetros e pesa de 61 a 94 gramas. Ocorre em florestas tropicais úmidas e utiliza abrigos em cavernas e construções abandonadas. Alimenta-se de pequenos vertebrados.
O estudo analisou material da coleção do Departamento de Zoologia da UFPE, que existe desde 1970 e possui 1.270 exemplares de morcegos empalhados, sendo 982 de 56 espécies capturadas no Estado. As outras 11 foram incluídas no levantamento a partir de referências bibliográficas. A pesquisa durou dois anos e terminou em 2006, quando houve as últimas coletas.
ESTUDO II
Levantamento inclui as três espécies hematófagas conhecidas no mundo
Publicado em 06.05.2007
O Estado abriga as três espécies de morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue) conhecidas no mundo. De acordo com a pesquisa da UFPE, a mais comum é a Desmodus rotundus, chamada de morcego-vampiro. “Está distribuída por todas as regiões do Estado”, afirma o pesquisador Deoclécio de Queiroz Guerra. Esse morcego se alimenta de sangue de mamíferos, como cavalos.
A espécie menos comum é a Diaemus youngi, registrada apenas na Mata Atlântica. Ela se alimenta de sangue de aves domésticas. “Já registramos ataques desse tipo de morcego a seres humanos, mas são casos extremos, quando a disponibilidade de alimentos está muito baixa, por exemplo”, explica Deoclécio.
O que tem maior número de indivíduos é o Diphylla ecaudata, que se alimenta de aves e é encontrado em cavernas e árvores. Os hematófagos são registrados apenas nas Américas, do sul dos Estados Unidos ao sul da América do Sul. Dos 1.113 tipos de morcegos do mundo, apenas esses três são hematófagos. O Brasil possui 167 espécies de morcegos.
“Os hematófagos são importantes, apesar de atacarem ocasionalmente seres humanos e trazerem prejuízos para a pecuária porque transmitem a raiva. Na área de saúde, há um interesse especial neles para o desenvolvimento de pesquisas com bactérias, vírus, fungos e protozoários. Isso porque são suscetíveis a infecções transmitidas ao homem.”
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