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Aqui discutimos micologia amadora e enteogenia.

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De Mãos dadas (34 e 35)

ExPoro

Enteogenista Apaixonado pela Vida
Cultivador confiável
14/04/2015
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1
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Dois relatos curtos sobre duas experiências que tive com minha esposa. Com essas, das 35 vezes que estive sob efeito psicodélico da psilocina, apenas 8 foram em companhia da minha amada. Algo que me marcou nestas: nós dois de mãos dadas durante a aceleração e até quando dava. E isso me deu uma força e uma calma maiores neste momento da trip em que costumo ficar apreensivo: uma troca de energia, de confiança e de intimidade mútua, de um casal que se direcionava à psicodelia/enteogenia juntos para um momento de diversão e trocas sem palavras, com aumento da nossa conexão emocional, física e espiritual.

Sempre foi muito bom usar cogumelos com ela, assim como qualquer outro enteógeno. Mas a conexão criada por eles sempre foi bem forte, como relatado em Cogumelo social na Cachoeira, Viajando bem Acompanhado e um pouco n`O Jato da Verdade. E ela sempre me ajudou a deixar a onda mais leve, mais tranquila, com a mera presença dela ali do lado.

Foram, contudo, dosagens medianas que experimentamos. As narrativas abaixo não vão adentrar muito nos eventos mentais e físicos que vivemos.


:teo_seta_direita: Experiência nº 34 - 28/09/2016


Foram pouco mais de 40 gramas frescas (link do cultivo) no total de um chá dividido por dois, tomado às 17:30 h. A dose estimada teria sido então de 20 gramas frescas para cada um.

:!: Este chá em particular ficou armazenado por quase dois meses na geladeira numa garrafinha envolta por papel alumínio numa gaveta da geladeira. Não houve perda de potência sensível.​

Estávamos vendo o filme Oz - Mágico e Poderoso enquanto eu esperava dar 18 horas para tomarmos. Mas os visuais do filme e o humor me relaxaram e me instigaram a tomarmos logo o chá, pra vermos como ficavam aquelas paisagens fantásticas sob efeito. Mas, após tomarmos o chá, em 15 minutos não conseguíamos mais ver o filme :LOL:, daí apagamos a luz do quarto e colocamos Pink Flod pra tocar, que passamos a ouvir deitados de mãos dadas. :love:

Pulei a tradicional introdução das trips com Meddle. Tocaram os 4 álbuns básicos das minhas viagens (Dark Side até The Wall) e em torno de 4:30 h de viagem (cerca de 22 horas da noite) já podíamos ver o filme novamente. No começo ainda tinha algum ressalto visual e era bem prazeroso, no fim já não mais percebíamos diferenças visuais. Foi muito bom, rimos muito, bem relaxados da viagem que aos poucos chegava ao seu fim. E eu só pensava na lasanha já descongelada. :fome:

É a nossa tradição sempre que viajamos em casa: lasanha, arroz (que quando a viagem é de cogumelo faço na hora se preciso for) e salada de alface com tomate. :feliz: Nesse dia ela não tava com muita fome, mas eu tava faminto e tive que insistir pra gente comer logo, antes de ela ir dormir. É que eu não queria comer sozinho... :D

Bem...

Algo a ressaltar internamente da viagem foi que pensei sobre a raiva em minha vida. Ainda sob forte efeito, na hora em que tocou o álbum Dogs, o qual sempre me leva a entrar em contato e refletir sobre os sentimentos mais mesquinhos da Humanidade em suas diversas matizes (essa a função do Dogs na minha liturgia, cada álbum tem sua função), comecei a adentrar no tema "o ódio em minha vida", a ser trabalhado numa viagem específica... Quem sabe o primeiro passo pra cumprir o objetivo inicial ao me envolver com cogumelos, que era trabalhar a exploração do meu subconsciente - uma enteogenia mais psicológica era o planejado, menos religiosa do que a que se desenvolveu até o pelo menos este momento.

Por último, ao fim da experiência senti muito ódio e rancor. Dessa vez sem ter tomado nenhum álcool após a desaceleração - o que em uma viagem extremamente enteogênica anterior (O Rosto de Jesus) achei que tinha sido o gatilho para tais sentimentos no fim da aterrizagem. Bem, pude ver que sou apenas eu, esse serzinho raivoso, e que não se orgulha deste defeito de caráter - ao contrário de muitos por aí que exibem sua irascibilidade como troféu, por serem incapazes de se fazerem respeitados por ascendência moral. Engraçado como ninguém se orgulha de dizer "eu sinto inveja"... Mas deixemos essas reflexões para outra ocasião.


:teo_seta_direita: Experiência nº 35 - 22/10/2016


Dividimos um chá de 28,1 gramas frescas de pinos de TKSSS (link da postagem no cultivo), que ficaram no congelador por quase 2 meses. Tomamos às 22 horas, ouvimos Pink até umas 4:30 h de viagem (cerca de 2:30 da madrugada). Novamente, na aceleração ficamos deitados no escuro ao som das músicas, de mãos dadas. E aquilo me acalmava e me dava mais força pra aguentar o que viesse pela frente. :love:

:!: Novamente, chá armazenado por 2 meses (foto da garrafinha antes de congelar). No caso, no congelador. Foi retirado pra geladeira no dia anterior à viagem, e posto na geladeira envolto em papel alumínio. Não houve perda sensível de potência.​

O que destacar desta viagem? Me pareceu que a strain mudou muito a qualidade da viagem. Era algo que eu meio que desconfiava desde que tinha sentido a diferença absurda entre a viagem com South African das primeiras viagens, pra KC, e menos um pouco depois desta pra MDK. Mas depois de dezenas de chás apenas de MDK, o choque com o TKSSS foi evidente: uma onda com uma tonalidade muito mais física, sem luzes piscando na aceleração, e que parecia ir e vir o efeito, ir e vir, ir e vir - "tô doido, não tô doido, tô doido, não tô doido... ah, sim, tô doido" - dentro um alcance de dosagem que não costuma ocorrer isto.

De fato, começo a me alinhar entre aqueles que sentem diferenças nas viagens entre as strains, e me surpreendi com isso, pois esperava diferença nenhuma. Mas por hora acredito que isto só seja possível com chás de cogumelos frescos, pois mantém outros alcaloides que não apenas a psilocibina. Quem sabe fazer uns testes cegos? Na caminhada das 100 primeiras experiências, se eu der continuidade, é algo factível de ser feito, relatado, e quem sabe chegar a uma conclusão definitiva "documentada" nestes tópicos do Teonanacatl.​

Fora isso, o que tenho a dizer a mais da viagem em si, é que enquanto na anterior não rolou nada "caliente", nesta o calor rolou solto e intenso por um apetitoso longo tempo, ao som de Whish You Were Here e outros álbuns do Pink Flod. Mas algo que tenho a dizer e que as pessoas devem ter em mente sobre psicodelia e sexualidade: não se trata de foco em apenas aumento de prazer e mera busca de orgasmos, mas de troca de sentimentos e intensa conexão físico-espiritual entre corpos, corações e almas. Não dá pra planejar se a viagem vai ser com tesão, ou absolutamente oposta a qualquer forma de sexo, nem que se rolar será perfeito; então só deixar rolar e curtir aquele momento com quem você ama, seja como for. :)

Claro, no fim comemos nosso tradicional arroz com lasanha e saladinha. :fome: Dessa vez ela tava morrendo de fome também, então nem precisei insistir muito pra gente comer. :giggle::giggle::giggle:

... :p

E o que posso dizer como resultado dessas duas viagens? Nos sentimos mais unidos, nos tranquilizamos mais das coisas do mundo, nos re-conectamos mais profundamente. Viajar a dois é uma experiência encantadora, quando há amor envolvido. Nunca vou me cansar de repetir. Recomendo a todos os casais do Teo. ;)
 
Última edição:
Também senti este vai e vem do TKSSS.

E o amigo @ExPoro tomou o equivalente a 1.5 g, tendo sido congelado.

Na minha segunda viagem tomei 2.8g, após 1 dia da desidratação. Te digo que desmontei todo o meu corpo. Pensei que ficaria maluco! As sensações iam e vinham, parecia que não sairia mais daquilo. Kkkkkk

Foi uma bad, mas com muito aprendizado espiritual. Uma verdadeira batalha com seres astrais. Valeu a pena, pois no fim venci.

Meus parabéns pelo sucesso!

Estou afastado pela correria mas não esqueci de ti meu irmão.

Um fraterno abraço!
 
Última edição por um moderador:
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