- 24/11/2005
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Até hoje estou digerindo essa trip....parece que ficou bem guardado no meu hd neural o vivenciado naquele dia...o chamado para relatar essa trip veio do astral a algumas semanas...eu estava dentro de um festival de música eletrônica.
Nessa festa lembrei de muito momentos dessa experiência e acredito que ainda tem muita coisa para eu lembrar, e quem sabe entender, mas isso é só com o tempo... tomara que em breve eu consiga sintetizar para nossa linguagem mais uma pequena parcela do vivenciado LÁ.
Segue:
A pouco mais de 6 anos tive a minha primeira experiência com o cogumelo, e que até agora foi a mais aterrorizante da vida.
Eu já havia comido umas 2 gramas secas do meu primeiro cultivo, fiz um pequeno relato até, mas considero essa segunda trip como sendo a primeira.
Foram em torno de 10 -12 gramas secas (cracker dry), eu estava em companhia de um amigo, que no caso comeu em torno de 14 gramas, ele tem uma massa corporal maior que a minha, mas mesmo comendo mais, os efeitos foram menos duradouros e intensos para ele.
A casa dele era grande, um enorme quintal, mas não muito distante da cidade, foi no litoral, passavam apenas alguns veiculos e pessoas andando na rua, cerca de 50 metros, o ambiente era tranquilo (não para o que estava por vir), ele tinha alguns cachorros, se não me engano eram três. Depois de fazer a digestão de um macarrão feito em torno de 9 horas da noite, comemos os cogumelos a meia-noite, dividimos em dois pratos, fomos mastigando...nossa, que gosto de pipoca amarga, tenho ânsia só de lembrar.
Fomos mastigando, cada um com seu prato.... no final da rangaria cogumelística já sentíamos os efeitos, um entorpecer sereno...após uns 20 minutos fui então deitar na rede....os efeitos começaram a ficar mais e mais fortes, comecei a ter visões sem nexo, os cachorros começaram a latir, isso começou a me deixar com medo, meu amigo começou a rir, eu não estava entendendo mais nada. Para piorar, os dogs começaram a uivar e eu cada vez mais assustado, aí como num ato de sobrevivencia (ego?) eu quis vomitar, forcei e nada...
Eu deitado, apavorado.... visuais muito tenebrosos, comecei a ver milhares de santos, demônios, seres de infinitas formas, as árvores viravam fractais obscuros, mandalas e engrenagens sincrônicas assustadoras.
Comecei a ter a certeza que eu ia morrer ali, comecei a lembrar da minha vó e do meu pai que estavam a poucos minutos do setting...parecia realmente que eu havia comido veneno, o cogumelo estava me matando, a certeza de que eram os cogumelos certos por serem cultivados por mim de nada adiantou, eu me convenci de que tinha comido cogumelos tóxicos, eu queria sair correndo pro mato, mas meu corpo nao respondia aos comandos, eu queria me enterrar mesmo, cavar meu túmulo.
Então de uma hora pra outra passei a mão no cabeça, meus cabelos soltaram nos meus dedos com uma precisão perfeita, os dentes começaram a soltar da gengiva, eu passei a mão no meu braço e os dedos então vararam a pele e o osso, senti gosto de sangue (pelo fato de ter mordido um pouco a boca?) …pronto! pensei...agora fodeu de verdade! é o Fim! ...nisso meus dentes começam a entrar para dentro deles mesmos, nao sei explicar muito bem, mas parece que eu estava entrando para dentro do meu próprio ser...desmaiei então...
Acordo depois de nao sei quanto tempo, olho para meu braço e vejo membros de animais se morfando... escamas de répteis, pele de rinoceronte, pata de bode, de cachorro, via ser o que parecia as móleculas vitais circulando em torno desses visuais, estava amanhecendo já, a natureza estava berrando formas diferentes de seres, nisso meu amigo vem me cumprimentar, ele me aperta a mão, só senti o calor de suas maos, vi apenas uma névoa em torno dele, uma fumaça densa, e o seu semblante rodopiando do tamanho de um limão...foi muito engraçado e assustador ao mesmo tempo, entao novamente comecei a derreter, meus dentes moles entraram novamente para dentro e eu desmaiei denovo, e foi a ultima vez....
Do nada eu desperto, eu estava em posição fetal deitado na rede, ali eu dei a primeira respirada da vida, foi profundo demais a inspiração (dicotomia paradoxal?), me senti saindo do útero da minha mãe, eu renasci dentro de mim mesmo?...foi uma explosão de entendimentos e contemplação. Eu afirmei: Não morri! Muito amor pela existência senti, percebi como minha mente estava sendo reconstruida ali naquele momento, um novo e promissor ego estava sendo formado, um Superego sendo canalizado e entrelaçado no Cosmos, eu estava me unificando com todo o Universo, vi minha mente dividida em incontáveis códigos matemáticos, tudo isso se relacionando com os visuais da natureza...tinha uma árvore que acho muito psicodélica, (se chama Guapuruvu pelos indígenas) dali emanavam olhos com cílios longos, pupilas enormes, uma beleza fora de qualquer padrão...
…Começo a falar em uma língua estranha com meu amigo, uma linguagem sem coerência alguma, mas sim, no fundo tinha uma certa persuasão... aí do nada eu consegui falar pra ele não vomitar os cogumelos, (EU?) pois isso era justamente o que o ego queria... Depois comecei a rir muito alto e falar para ele parar de roubar a minha brisa, foi hilario essa parte, eu gritei para ele: é tudo uma putaria, cade as minas?! eu berreva alto foi entao que ele falou asim: caraio mano vc ta possuido!? pronto tomei um shock....fiquei introspectivo.
Foi então que fixei meu olhar para o mato....comecei a ver varias formas humanas, que vinham em como se fosse fileiras kármicas, como que mudando de formas...vi minha mãe e minha irmã mais nova passando numa velocidade não muito grande...senti muito amor naquele momento....olhei para o céu e me deu ali a minha primeira sede do infinito...a partir dali eu sabia que os cogumelos fariam parte da vida até o fim....
Eu conversei com meu amigo sobre sustentabilidade...entramos em vários debates filosóficos...ele queria ir pegar onda, eu dava risada, pois não conseguia quase nem me mexer da rede, eu estava ainda muito dopado, ele já estava inteirão...os efeitos foram passando aos poucos...lá pelas 10 - 11 da manhã eu peguei a minha bicicleta e fui para casa...leve...pedalando e sentindo o frescor do vento no meu rosto, lembrei do Hofmann =)...
ps: agradeço aqui ao Mortandello por ter me encorajado nessa trip.
Nessa festa lembrei de muito momentos dessa experiência e acredito que ainda tem muita coisa para eu lembrar, e quem sabe entender, mas isso é só com o tempo... tomara que em breve eu consiga sintetizar para nossa linguagem mais uma pequena parcela do vivenciado LÁ.
Segue:
A pouco mais de 6 anos tive a minha primeira experiência com o cogumelo, e que até agora foi a mais aterrorizante da vida.
Eu já havia comido umas 2 gramas secas do meu primeiro cultivo, fiz um pequeno relato até, mas considero essa segunda trip como sendo a primeira.
Foram em torno de 10 -12 gramas secas (cracker dry), eu estava em companhia de um amigo, que no caso comeu em torno de 14 gramas, ele tem uma massa corporal maior que a minha, mas mesmo comendo mais, os efeitos foram menos duradouros e intensos para ele.
A casa dele era grande, um enorme quintal, mas não muito distante da cidade, foi no litoral, passavam apenas alguns veiculos e pessoas andando na rua, cerca de 50 metros, o ambiente era tranquilo (não para o que estava por vir), ele tinha alguns cachorros, se não me engano eram três. Depois de fazer a digestão de um macarrão feito em torno de 9 horas da noite, comemos os cogumelos a meia-noite, dividimos em dois pratos, fomos mastigando...nossa, que gosto de pipoca amarga, tenho ânsia só de lembrar.
Fomos mastigando, cada um com seu prato.... no final da rangaria cogumelística já sentíamos os efeitos, um entorpecer sereno...após uns 20 minutos fui então deitar na rede....os efeitos começaram a ficar mais e mais fortes, comecei a ter visões sem nexo, os cachorros começaram a latir, isso começou a me deixar com medo, meu amigo começou a rir, eu não estava entendendo mais nada. Para piorar, os dogs começaram a uivar e eu cada vez mais assustado, aí como num ato de sobrevivencia (ego?) eu quis vomitar, forcei e nada...
Eu deitado, apavorado.... visuais muito tenebrosos, comecei a ver milhares de santos, demônios, seres de infinitas formas, as árvores viravam fractais obscuros, mandalas e engrenagens sincrônicas assustadoras.
Comecei a ter a certeza que eu ia morrer ali, comecei a lembrar da minha vó e do meu pai que estavam a poucos minutos do setting...parecia realmente que eu havia comido veneno, o cogumelo estava me matando, a certeza de que eram os cogumelos certos por serem cultivados por mim de nada adiantou, eu me convenci de que tinha comido cogumelos tóxicos, eu queria sair correndo pro mato, mas meu corpo nao respondia aos comandos, eu queria me enterrar mesmo, cavar meu túmulo.
Então de uma hora pra outra passei a mão no cabeça, meus cabelos soltaram nos meus dedos com uma precisão perfeita, os dentes começaram a soltar da gengiva, eu passei a mão no meu braço e os dedos então vararam a pele e o osso, senti gosto de sangue (pelo fato de ter mordido um pouco a boca?) …pronto! pensei...agora fodeu de verdade! é o Fim! ...nisso meus dentes começam a entrar para dentro deles mesmos, nao sei explicar muito bem, mas parece que eu estava entrando para dentro do meu próprio ser...desmaiei então...
Acordo depois de nao sei quanto tempo, olho para meu braço e vejo membros de animais se morfando... escamas de répteis, pele de rinoceronte, pata de bode, de cachorro, via ser o que parecia as móleculas vitais circulando em torno desses visuais, estava amanhecendo já, a natureza estava berrando formas diferentes de seres, nisso meu amigo vem me cumprimentar, ele me aperta a mão, só senti o calor de suas maos, vi apenas uma névoa em torno dele, uma fumaça densa, e o seu semblante rodopiando do tamanho de um limão...foi muito engraçado e assustador ao mesmo tempo, entao novamente comecei a derreter, meus dentes moles entraram novamente para dentro e eu desmaiei denovo, e foi a ultima vez....
Do nada eu desperto, eu estava em posição fetal deitado na rede, ali eu dei a primeira respirada da vida, foi profundo demais a inspiração (dicotomia paradoxal?), me senti saindo do útero da minha mãe, eu renasci dentro de mim mesmo?...foi uma explosão de entendimentos e contemplação. Eu afirmei: Não morri! Muito amor pela existência senti, percebi como minha mente estava sendo reconstruida ali naquele momento, um novo e promissor ego estava sendo formado, um Superego sendo canalizado e entrelaçado no Cosmos, eu estava me unificando com todo o Universo, vi minha mente dividida em incontáveis códigos matemáticos, tudo isso se relacionando com os visuais da natureza...tinha uma árvore que acho muito psicodélica, (se chama Guapuruvu pelos indígenas) dali emanavam olhos com cílios longos, pupilas enormes, uma beleza fora de qualquer padrão...
…Começo a falar em uma língua estranha com meu amigo, uma linguagem sem coerência alguma, mas sim, no fundo tinha uma certa persuasão... aí do nada eu consegui falar pra ele não vomitar os cogumelos, (EU?) pois isso era justamente o que o ego queria... Depois comecei a rir muito alto e falar para ele parar de roubar a minha brisa, foi hilario essa parte, eu gritei para ele: é tudo uma putaria, cade as minas?! eu berreva alto foi entao que ele falou asim: caraio mano vc ta possuido!? pronto tomei um shock....fiquei introspectivo.
Foi então que fixei meu olhar para o mato....comecei a ver varias formas humanas, que vinham em como se fosse fileiras kármicas, como que mudando de formas...vi minha mãe e minha irmã mais nova passando numa velocidade não muito grande...senti muito amor naquele momento....olhei para o céu e me deu ali a minha primeira sede do infinito...a partir dali eu sabia que os cogumelos fariam parte da vida até o fim....
Eu conversei com meu amigo sobre sustentabilidade...entramos em vários debates filosóficos...ele queria ir pegar onda, eu dava risada, pois não conseguia quase nem me mexer da rede, eu estava ainda muito dopado, ele já estava inteirão...os efeitos foram passando aos poucos...lá pelas 10 - 11 da manhã eu peguei a minha bicicleta e fui para casa...leve...pedalando e sentindo o frescor do vento no meu rosto, lembrei do Hofmann =)...
ps: agradeço aqui ao Mortandello por ter me encorajado nessa trip.
