Deus é onipotente, onisciente, onipresente e uno, são os teólogos que o dizem.
Pois bem. Nesse ensaio, será demonstrado que esses atributos são incompatíveis com o conhecimento científico atual. Ocorre que, ao contrário dos teólogos e de alguns filósofos teístas que colocam Deus como uma premissa para chegar à conclusão, usarei como premissas alguns princípios científicos bem estabelecidos e aceitos, para demostrar que a ideia de um Deus - qualquer Deus que encerre os atributos supracitados - não é logicamente sustentável.
Para falsear o maior número possível de deuses, serão utilizados o menor número possível de atributos, sem os quais deus não seria um deus.
São eles: a onipotência, a onisciência, a onipresença e a unicidade.
Com efeito, temos que a onisciência, ao menos em potencial é inserida no próprio conceito de onipotência, de modo que uma entidade incapaz de conhecer toda a realidade, por óbvio, não é onipotente.
Dessa forma, uma vez falseada a onisciência potencial, restará falseada a onipotência.
Óbice à onisciência pela Física Quântica.
Inicialmente, sugiro cautela àqueles não familiarizados com a física, pois vários conceitos e implicações da Física Quântica dão um nó até mesmo na cabeça de especialistas. Dessa forma, deve-se estar atento a “charlatões quânticos” que chegam a conclusões absurdas com base em premissas dúbias ou equivocadas.
Pense ceticamente e chegue a suas próprias conclusões, não há autoridades em matéria de ciência, quando muito, especialistas.
Para tanto, vamos começar com um princípio quântico relativamente simples e amplamente aceito e com implicações também simples: o Princípio da Incerteza.
De acordo com Werner Heisenberg:
A Incerteza associada ao valor de uma coordenada xi multiplicada pela incerteza associada ao seu correspondente momento linear pi não pode ser menor do que a Constante de Planck Normalizada.
Abstenho-me de colocar a expressão matemática, pois o que nos interessa é o princípio em si, e não pormenores matemáticos.
Em linhas gerais, isso representa que, em nível subatômico, não se pode conhecer simultaneamente a posição e a velocidade da partícula de modo preciso, pois a própria medição interfere nas medidas, emprestando-lhes algum de incerteza.
Pois bem.
Isso implica que o Universo não é Determinístico. Ou seja, uma previsão de futuro somente poderia ser feita a partir de um conhecimento das leis da natureza, associada a uma leitura precisa do presente.
Ocorre que, conforme nos ensina o Princípio da Incerteza, há um limite da precisão da leitura que se pode fazer do presente, inviabilizando uma previsão de futuro.
Isso fez com que Einstein, de modo desesperado, soltasse sua famosa frase: “Deus não joga dados”.
Einstein, sem dúvida era um cientista brilhante, mas isso não muda o fato de que essa frase foi um tiro no pé, de qualquer forma, não é o foco aqui discutir se Einstein era ortodoxo ou não, teísta, deísta, pateísta etc.
Naquele tempo, o Princípio da Incerteza tinha acabado de nascer da Interpretação de Copenhague e, como toda ideia nova, sofria muita resistência.
Hoje, o Princípio da Incerteza é amplamente aceito e se há alguém que o conheça e acredita haver um Deus, deve aceitar que Deus é um tremendo jogador de dados e que não faz idéia de que números irão sair, pois se em micro escala, há um nível de incerteza nada desprezível, é certo que em macro escala os níveis de incerteza se acumulam.
O Universo é um enorme ponto de interrogação.
Isso impõe que não há possibilidade de leituras precisas do presente ou do futuro, de modo que não existe onisciência no Universo, nem mesmo potencialmente.
O raciocínio pode ser assim simplificado: Se há incerteza, não pode haver onisciência e vice-versa.
Uma das piruetas dadas por filósofos teístas e teólogos para “manter” a onisciência de Deus é dizer que sua onisciência reside na realidade concreta e não nas medições da ciência.
Pois bem. Imaginemos dessa forma: nessa visão da onisciência numa realidade concreta, poder-se-ia dizer;
“embora a posição e velocidade da partícula não possam ser medidos com precisão, isso não mudaria o fato de que a partícula tem uma posição e uma velocidade específica, ainda que não possamos medi-los.Ou seja, a existência da onisciência é dada pela própria realidade.”
Essa visão do mundo pode soar agradável a alguns, mas uma das conclusões da Física Quântica é que a realidade é construída ao passo em que é medida.
Deve-se esclarecer que a medição a que se alude não diz respeito a uma verificação consciente ou humana, mas sim uma interação com o meio, qualquer que seja, desde que possa ser, de alguma forma, mensurada.
Se uma grandeza não pode, de nenhuma forma, ser objeto de medição, ela não existe (fique à vontade para tentar falsear essa afirmação).
De fato, é bastante inútil afirmar que a partícula tem uma posição e velocidade específica, a qual eu não tenho a menor idéia de qual seja.
Nesse mesmo sentido, entende Hawking:
”Certamente que é impossível predizer acontecimentos futuros com exatidão, se nem sequer é possível medir com precisão o estado atual do Universo! Podíamos continuar a imaginar que existe um conjunto de leis que determina completamente os acontecimentos para algum ser sobrenatural, capaz de observar o estado presente do Universo sem o perturbar. Contudo, modelos do Universo como esse não são de grande interesse para nós [...]. Parece melhor empregar o princípio da economia, conhecido por Navalha de Occam, e cortar todas as características da teoria que não podem ser observadas.” (Stephen Hawking, Breve História do Tempo).
Logo, a afirmação de que a onisciência reside apenas na realidade concreta é anti-científica e bastante inútil, sendo, por isso mesmo, desprezada por qualquer homem de razão.
Óbice à onisciência e onipresença pela Relatividade.
Uma das teorias científicas mais famosas e menos compreendidas é a Teoria da Relatividade. Apesar de atribuída a Albert Einstein, ela contou com importante participação de Hendrik Lorentz e Jules Henri Poincaré.
Vamos aos seus postulados:
a) se K é um sistema de inércia em coordenadas cartesianas, então qualquer outro sistema K’, que se move em relação a K com velocidade constante, também é um sistema de inércia.
b) a luz tem velocidade constante igual a c em relação a quaisquer sistemas de inércia
Pois bem. Isso implica que qualquer corpo que esteja se movendo em velocidade constante em relação a outro corpo é considerado um sistema de inércia e vice-versa.
Pela fórmula da dilatação do tempo:
temos que a velocidade limite no Universo é a velocidade da luz.
Em português claro, nada pode se mover mais rapidamente do que a Luz.
Qualquer tentativa de violação desse princípio leva a conclusões absurdas (paralisação do tempo, divisão por zero, raiz quadrada de números negativos etc.)
Feitas estas considerações, temos que não pode haver onisciência divina no Universo, senão vejamos:
Dentre os supostos atributos de Deus, um que é indispensável à sua natureza divina é a sua unicidade. Deus é uno, não pode haver partes de um Deus.
Pois bem, se algo acontece em um determinado ponto do espaço-tempo e Deus toma ciência desse acontecimento, ele necessariamente deveria estar lá, já que a informação não viaja instantaneamente e a onisciência implica que Deus não poderia, em nenhum momento ter desconhecimento de nenhum fato.
Se, por outro lado, Deus é onisciente em termos de uma realidade concreta, ele deveria preencher todos os pontos do espaço-tempo, ou seja, deveria ser onipresente, já que em todos eles há um acontecimento.
Ocorre que a informação sobre cada acontecimento deveria estar contida em Deus como um todo, jamais poderia estar contida apenas em partes de Deus, pois Deus é uno. Ora, isso implica que Deus não pode ser onipresente, sob pena de aceitarmos que a informação (contida em todo Deus) viajou instantaneamente, o que a Teoria da Relatividade proíbe.
Conclusões:
a) não existe onisciência no Universo, nem mesmo em potencial;
b) não existe onipotência no Universo;
c) não existe unicidade e onipresença numa mesma entidade;
d) a ausência da unicidade não pode conduzir a um Deus;
e) Deus não pode ser onipresente;
f) Deus não pode ser onisciente;
g) de acordo com o conhecimento científico atual, os atributos básicos de Deus são incompatíveis entre si.
Conclusão lógica: Deus é contraditório, o que é não pode ser o que não é, portanto se Deus é onipotente, onisciente, onipresente e uno, ele não é. Não existe.
Pois bem. Nesse ensaio, será demonstrado que esses atributos são incompatíveis com o conhecimento científico atual. Ocorre que, ao contrário dos teólogos e de alguns filósofos teístas que colocam Deus como uma premissa para chegar à conclusão, usarei como premissas alguns princípios científicos bem estabelecidos e aceitos, para demostrar que a ideia de um Deus - qualquer Deus que encerre os atributos supracitados - não é logicamente sustentável.
Para falsear o maior número possível de deuses, serão utilizados o menor número possível de atributos, sem os quais deus não seria um deus.
São eles: a onipotência, a onisciência, a onipresença e a unicidade.
Com efeito, temos que a onisciência, ao menos em potencial é inserida no próprio conceito de onipotência, de modo que uma entidade incapaz de conhecer toda a realidade, por óbvio, não é onipotente.
Dessa forma, uma vez falseada a onisciência potencial, restará falseada a onipotência.
Óbice à onisciência pela Física Quântica.
Inicialmente, sugiro cautela àqueles não familiarizados com a física, pois vários conceitos e implicações da Física Quântica dão um nó até mesmo na cabeça de especialistas. Dessa forma, deve-se estar atento a “charlatões quânticos” que chegam a conclusões absurdas com base em premissas dúbias ou equivocadas.
Pense ceticamente e chegue a suas próprias conclusões, não há autoridades em matéria de ciência, quando muito, especialistas.
Para tanto, vamos começar com um princípio quântico relativamente simples e amplamente aceito e com implicações também simples: o Princípio da Incerteza.
De acordo com Werner Heisenberg:
A Incerteza associada ao valor de uma coordenada xi multiplicada pela incerteza associada ao seu correspondente momento linear pi não pode ser menor do que a Constante de Planck Normalizada.
Abstenho-me de colocar a expressão matemática, pois o que nos interessa é o princípio em si, e não pormenores matemáticos.
Em linhas gerais, isso representa que, em nível subatômico, não se pode conhecer simultaneamente a posição e a velocidade da partícula de modo preciso, pois a própria medição interfere nas medidas, emprestando-lhes algum de incerteza.
Pois bem.
Isso implica que o Universo não é Determinístico. Ou seja, uma previsão de futuro somente poderia ser feita a partir de um conhecimento das leis da natureza, associada a uma leitura precisa do presente.
Ocorre que, conforme nos ensina o Princípio da Incerteza, há um limite da precisão da leitura que se pode fazer do presente, inviabilizando uma previsão de futuro.
Isso fez com que Einstein, de modo desesperado, soltasse sua famosa frase: “Deus não joga dados”.
Einstein, sem dúvida era um cientista brilhante, mas isso não muda o fato de que essa frase foi um tiro no pé, de qualquer forma, não é o foco aqui discutir se Einstein era ortodoxo ou não, teísta, deísta, pateísta etc.
Naquele tempo, o Princípio da Incerteza tinha acabado de nascer da Interpretação de Copenhague e, como toda ideia nova, sofria muita resistência.
Hoje, o Princípio da Incerteza é amplamente aceito e se há alguém que o conheça e acredita haver um Deus, deve aceitar que Deus é um tremendo jogador de dados e que não faz idéia de que números irão sair, pois se em micro escala, há um nível de incerteza nada desprezível, é certo que em macro escala os níveis de incerteza se acumulam.
O Universo é um enorme ponto de interrogação.
Isso impõe que não há possibilidade de leituras precisas do presente ou do futuro, de modo que não existe onisciência no Universo, nem mesmo potencialmente.
O raciocínio pode ser assim simplificado: Se há incerteza, não pode haver onisciência e vice-versa.
Uma das piruetas dadas por filósofos teístas e teólogos para “manter” a onisciência de Deus é dizer que sua onisciência reside na realidade concreta e não nas medições da ciência.
Pois bem. Imaginemos dessa forma: nessa visão da onisciência numa realidade concreta, poder-se-ia dizer;
“embora a posição e velocidade da partícula não possam ser medidos com precisão, isso não mudaria o fato de que a partícula tem uma posição e uma velocidade específica, ainda que não possamos medi-los.Ou seja, a existência da onisciência é dada pela própria realidade.”
Essa visão do mundo pode soar agradável a alguns, mas uma das conclusões da Física Quântica é que a realidade é construída ao passo em que é medida.
Deve-se esclarecer que a medição a que se alude não diz respeito a uma verificação consciente ou humana, mas sim uma interação com o meio, qualquer que seja, desde que possa ser, de alguma forma, mensurada.
Se uma grandeza não pode, de nenhuma forma, ser objeto de medição, ela não existe (fique à vontade para tentar falsear essa afirmação).
De fato, é bastante inútil afirmar que a partícula tem uma posição e velocidade específica, a qual eu não tenho a menor idéia de qual seja.
Nesse mesmo sentido, entende Hawking:
”Certamente que é impossível predizer acontecimentos futuros com exatidão, se nem sequer é possível medir com precisão o estado atual do Universo! Podíamos continuar a imaginar que existe um conjunto de leis que determina completamente os acontecimentos para algum ser sobrenatural, capaz de observar o estado presente do Universo sem o perturbar. Contudo, modelos do Universo como esse não são de grande interesse para nós [...]. Parece melhor empregar o princípio da economia, conhecido por Navalha de Occam, e cortar todas as características da teoria que não podem ser observadas.” (Stephen Hawking, Breve História do Tempo).
Logo, a afirmação de que a onisciência reside apenas na realidade concreta é anti-científica e bastante inútil, sendo, por isso mesmo, desprezada por qualquer homem de razão.
Óbice à onisciência e onipresença pela Relatividade.
Uma das teorias científicas mais famosas e menos compreendidas é a Teoria da Relatividade. Apesar de atribuída a Albert Einstein, ela contou com importante participação de Hendrik Lorentz e Jules Henri Poincaré.
Vamos aos seus postulados:
a) se K é um sistema de inércia em coordenadas cartesianas, então qualquer outro sistema K’, que se move em relação a K com velocidade constante, também é um sistema de inércia.
b) a luz tem velocidade constante igual a c em relação a quaisquer sistemas de inércia
Pois bem. Isso implica que qualquer corpo que esteja se movendo em velocidade constante em relação a outro corpo é considerado um sistema de inércia e vice-versa.
Pela fórmula da dilatação do tempo:
temos que a velocidade limite no Universo é a velocidade da luz.
Em português claro, nada pode se mover mais rapidamente do que a Luz.
Qualquer tentativa de violação desse princípio leva a conclusões absurdas (paralisação do tempo, divisão por zero, raiz quadrada de números negativos etc.)
Feitas estas considerações, temos que não pode haver onisciência divina no Universo, senão vejamos:
Dentre os supostos atributos de Deus, um que é indispensável à sua natureza divina é a sua unicidade. Deus é uno, não pode haver partes de um Deus.
Pois bem, se algo acontece em um determinado ponto do espaço-tempo e Deus toma ciência desse acontecimento, ele necessariamente deveria estar lá, já que a informação não viaja instantaneamente e a onisciência implica que Deus não poderia, em nenhum momento ter desconhecimento de nenhum fato.
Se, por outro lado, Deus é onisciente em termos de uma realidade concreta, ele deveria preencher todos os pontos do espaço-tempo, ou seja, deveria ser onipresente, já que em todos eles há um acontecimento.
Ocorre que a informação sobre cada acontecimento deveria estar contida em Deus como um todo, jamais poderia estar contida apenas em partes de Deus, pois Deus é uno. Ora, isso implica que Deus não pode ser onipresente, sob pena de aceitarmos que a informação (contida em todo Deus) viajou instantaneamente, o que a Teoria da Relatividade proíbe.
Conclusões:
a) não existe onisciência no Universo, nem mesmo em potencial;
b) não existe onipotência no Universo;
c) não existe unicidade e onipresença numa mesma entidade;
d) a ausência da unicidade não pode conduzir a um Deus;
e) Deus não pode ser onipresente;
f) Deus não pode ser onisciente;
g) de acordo com o conhecimento científico atual, os atributos básicos de Deus são incompatíveis entre si.
Conclusão lógica: Deus é contraditório, o que é não pode ser o que não é, portanto se Deus é onipotente, onisciente, onipresente e uno, ele não é. Não existe.