- 21/10/2005
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Fala galera.
Segue um livro sobre o caminho do guerreiro, caminho difundido por Carlos Castaneda.
Armando Torres é o mensageiro do Nagual carlos.
Vou colocando capítulo a capítulo, um pouco por vez, assim teremos oportunidade para debater sobre alguns pontos. Isso pra quem tiver interesse, claro!
*Conversações com Carlos Castaneda.
Introdução
Escrevo este livro no cumprimento de uma tarefa que me foi encomendada anos atrás.
Em outubro de 1984 eu conheci Carlos Castaneda, um controvertido antropólogo e escritor sobre temas de bruxaria.
Nessa época eu era ainda bastante jovem. Em minha busca de respostas, havia me envolvido em diversas tradições espirituais e ansiava achar um guia. Mas, desde o início, Carlos foi muito claro a esse respeito.
"Eu não prometo nada - ele dizia-, não sou um guru. A liberdade é uma escolha individual e é responsabilidade de cada um lutar por ela".
Em uma das primeiras conferências em que o ouvi, criticou duramente a idolatria humana que nos induz a seguir outros e a esperar que nos dêem as coisas já mastigadas. Ele disse que isso era um vestígio de nossa fase de rebanho.
"Quem sinceramente deseja entrar nos ensinamentos dos bruxos, não precisa de guias. Basta um interesse genuíno e culhões de aço. E por si mesmo achará tudo o que for necessário por meio de um intento inflexível".
Sob tais premissas se desenvolveu nossa relação.
Assim sendo, quero deixar claro que não sou um discípulo de Carlos, no sentido formal da palavra. Eu só conversei com ele em algumas ocasiões, e isso foi suficiente para me convencer de que o verdadeiro caminho consiste em nossa determinação em sermos implacáveis.
A principal razão pela qual concordei em difundir parte de minha experiência ao seu lado é a gratidão. Carlos foi generoso com cada um dos que tiveram a sorte de conhecê-lo, já que é da natureza de um nagual dar presentes de poder. Estar perto dele era imbuir-se de seu estímulo e receber muitas histórias, conselhos e ensinamentos de todo tipo. Seria muito egoísta por parte daqueles que receberam esses presentes escondê-los, quando ele mesmo, como verdadeiro guerreiro da liberdade total, compartilhou tudo o que tinha com aqueles que estavam próximo dele.
Uma vez ele me contou que costumava anotar toda noite fragmentos da aprendizagem que recebia do nagual Juan Matus, um antigo bruxo que pertencia ao grupo étnico dos yaquis do norte do México, e de Don Genaro Flores, um poderoso índio mazateco que fazia parte do grupo de conhecimento liderado por DJ. Ele acrescentou que escrever era um aspecto importante de sua recapitulação pessoal e que eu deveria fazer a mesma coisa com tudo aquilo que ouvisse em nossas conversas.
"E se me esqueço?", perguntei a ele.
"Nesse caso o conhecimento não era para você. Concentre-se só naquilo que você possa se lembrar".
Ele me explicou que o verdadeiro sentido daquele conselho não era só para me ajudar a manter uma informação que poderia ser valiosa no futuro. O importante era que eu adquirisse um certo grau de disciplina, de forma que pudesse empreender verdadeiros exercícios de bruxos mais adiante.
Descreveu o propósito dos bruxos como "um empreendimento supremo: ajudar o homem moderno a sair da limitação perceptual, devolvendo-lhe o domínio de seus sentidos e permitindo-lhe entrar em um caminho de economia de energia".
Carlos insistia que tudo o que um guerreiro faz deve estar imbuído de um sentido de urgência em ser prático. Dito em outras palavras deveria estar inflexivelmente orientado para o verdadeiro propósito do ser humano: a liberdade.
"Um guerreiro não tem tempo a perder porque o desafio da consciência é total e exige vinte quatro horas diárias de alerta máximo".
Em meu relacionamento com ele e com outros homens de conhecimento, fui testemunha de eventos extraordinários quando vistos da perspectiva da razão. No entanto, para os bruxos, coisas como a visão remota, o conhecimento de eventos com antecedência ou a viagem para mundos paralelos ao nosso, são experiências normais no desempenho de suas tarefas. Enquanto nós não pudermos verificá-los por nós mesmos é inevitável que os tomemos como fantasias ou, no melhor dos casos, como metáforas típicas de sua linguagem.
O ensinamento de Carlos é assim: tome-o ou deixe-o. Você não pode racionalizá-lo. Não é possível verificá-lo intelectualmente. A única coisa que é possível fazer com eles é colocá-los em prática, explorando assim as extraordinárias possibilidades de nosso ser.
Armando Torres - autor
NOTAS DA TRADUTORA
Os livros de Carlos Castaneda usam algumas terminologias que na tradução para a língua portuguesa foram alterados por tradutores que não conhecem o tema com profundidade. Isso afeta de modo importante os significados de alguns conceitos da obra de Castaneda. Mas, por esses equívocos já terem se consagrado nas diversas edições dos livros de Carlos Castaneda, decidimos manter os termos com os quais os leitores já se habituaram. Entretanto, fazemos as seguintes observações:
1. Na versão em português, o termo "vontade" é usado em algumas ocasiões de forma incorreta. O mais preciso seria "intento".
2. Outro termo inadequado é o de "Ponto de Aglutinação". O correto seria "Ponto de Encaixe". Em espanhol, como em português, aglutinar não é o mesmo que encaixar.
3. Optamos por manter o termo original da língua espanhola "ensueño", criando a palavra "ensonho". Sonhar não é o mesmo que ensonhar. Como essa última palavra não existe na língua portuguesa e a diferença entre elas na língua espanhola é significativa, acreditamos que o leitor ganhará mais incorporando à bela língua portuguesa essa nova palavra: ensonhar.
4. E finalmente, a expressão usada em português "Pequenos Tiranos", procurando traduzir "Pinche Tiranos" não é adequada. O termo "pinche" originalmente significa algo entre "merda" e "maldito".
Prefácio
Conheci Armando na ocasião em que ambos nos encontramos em um lugar de poder nas montanhas do México Central. A espontaneidade da amizade que se deu entre nós, assim como o tema de nossa conversa, levaram-me a comentar que eu tivera o privilégio de conhecer Carlos Castaneda. Ele me falou que também o conhecera e que estava escrevendo um livro sobre seus ensinamentos.
Minha curiosidade cresceu e eu o questionei a respeito. Ele não pareceu interessado em responder minhas indagações; disse tão somente que ainda não era o tempo apropriado. Eu não insisti, pois mal havia acabado de conhece-lo.
Durante anos de relação, eu o ouvi mencionar o assunto poucas vezes, sempre como referência a algum outro tópico que estávamos discutindo. Ainda que tenha me tornado amigo "daqueles que andam por lá", foi só até agora que se deram os eventos e tive acesso ao seu trabalho.
Quando li o manuscrito pela primeira vez, eu me senti profundamente emocionado, já que este me permitiu entender uma das mais obscuras premissas de Carlos: o que ele chamava de "a porção da regra do nagual de três pontas" - um projeto para a renovação das linhagens de conhecimento que acontece em uma escala global.
Armando me assegurou que Carlos lhe tinha encomendado dar a conhecer essa informação na época apropriada, e me pediu que eu lhe ajudasse nessa tarefa. Porém, levando em consideração que se tratava de um manuscrito bastante curto - trinta páginas -, sugeri que ele o completasse com a descrição de algumas das numerosas conversações de Castaneda de que fora testemunha.
Aceitando minha proposta, ele selecionou um grupo de ensinamentos dados por Carlos em conferências públicas assim como em conversações privadas.
Para facilitar a leitura, ele me explicou que estruturou o conteúdo dos tópicos de acordo com os temas escolhidos e não por ordem cronológica.
Disse também que em algumas ocasiões fora forçado a sintetizar ou reconstruir as conversações, já que, no tratamento direto, Carlos era extremamente enfático, transmitia grande parte da informação por meio de gestos e expressões faciais; também lhe agradava misturar histórias pessoais e observações de todo tipo com os ensinamentos.
Como um presente extraordinário, Armando acrescentou no final uma breve história da sua própria experiência com um outro grupo de praticantes da bruxaria.
Devido à simplicidade e sinceridade de sua narrativa, este livro te uma força que eu não encontrei em nenhum outro trabalho relacionado com este assunto. Por isso é, para mim, um enorme prazer auxiliar o Armando na tarefa de publicar esta obra. Não tenho a menor dúvida de que os amantes do legado de Carlos Castaneda desfrutarão intensamente deste trabalho.
Juan Yoliliztli
Segue um livro sobre o caminho do guerreiro, caminho difundido por Carlos Castaneda.
Armando Torres é o mensageiro do Nagual carlos.
Vou colocando capítulo a capítulo, um pouco por vez, assim teremos oportunidade para debater sobre alguns pontos. Isso pra quem tiver interesse, claro!
*Conversações com Carlos Castaneda.
Introdução
Escrevo este livro no cumprimento de uma tarefa que me foi encomendada anos atrás.
Em outubro de 1984 eu conheci Carlos Castaneda, um controvertido antropólogo e escritor sobre temas de bruxaria.
Nessa época eu era ainda bastante jovem. Em minha busca de respostas, havia me envolvido em diversas tradições espirituais e ansiava achar um guia. Mas, desde o início, Carlos foi muito claro a esse respeito.
"Eu não prometo nada - ele dizia-, não sou um guru. A liberdade é uma escolha individual e é responsabilidade de cada um lutar por ela".
Em uma das primeiras conferências em que o ouvi, criticou duramente a idolatria humana que nos induz a seguir outros e a esperar que nos dêem as coisas já mastigadas. Ele disse que isso era um vestígio de nossa fase de rebanho.
"Quem sinceramente deseja entrar nos ensinamentos dos bruxos, não precisa de guias. Basta um interesse genuíno e culhões de aço. E por si mesmo achará tudo o que for necessário por meio de um intento inflexível".
Sob tais premissas se desenvolveu nossa relação.
Assim sendo, quero deixar claro que não sou um discípulo de Carlos, no sentido formal da palavra. Eu só conversei com ele em algumas ocasiões, e isso foi suficiente para me convencer de que o verdadeiro caminho consiste em nossa determinação em sermos implacáveis.
A principal razão pela qual concordei em difundir parte de minha experiência ao seu lado é a gratidão. Carlos foi generoso com cada um dos que tiveram a sorte de conhecê-lo, já que é da natureza de um nagual dar presentes de poder. Estar perto dele era imbuir-se de seu estímulo e receber muitas histórias, conselhos e ensinamentos de todo tipo. Seria muito egoísta por parte daqueles que receberam esses presentes escondê-los, quando ele mesmo, como verdadeiro guerreiro da liberdade total, compartilhou tudo o que tinha com aqueles que estavam próximo dele.
Uma vez ele me contou que costumava anotar toda noite fragmentos da aprendizagem que recebia do nagual Juan Matus, um antigo bruxo que pertencia ao grupo étnico dos yaquis do norte do México, e de Don Genaro Flores, um poderoso índio mazateco que fazia parte do grupo de conhecimento liderado por DJ. Ele acrescentou que escrever era um aspecto importante de sua recapitulação pessoal e que eu deveria fazer a mesma coisa com tudo aquilo que ouvisse em nossas conversas.
"E se me esqueço?", perguntei a ele.
"Nesse caso o conhecimento não era para você. Concentre-se só naquilo que você possa se lembrar".
Ele me explicou que o verdadeiro sentido daquele conselho não era só para me ajudar a manter uma informação que poderia ser valiosa no futuro. O importante era que eu adquirisse um certo grau de disciplina, de forma que pudesse empreender verdadeiros exercícios de bruxos mais adiante.
Descreveu o propósito dos bruxos como "um empreendimento supremo: ajudar o homem moderno a sair da limitação perceptual, devolvendo-lhe o domínio de seus sentidos e permitindo-lhe entrar em um caminho de economia de energia".
Carlos insistia que tudo o que um guerreiro faz deve estar imbuído de um sentido de urgência em ser prático. Dito em outras palavras deveria estar inflexivelmente orientado para o verdadeiro propósito do ser humano: a liberdade.
"Um guerreiro não tem tempo a perder porque o desafio da consciência é total e exige vinte quatro horas diárias de alerta máximo".
Em meu relacionamento com ele e com outros homens de conhecimento, fui testemunha de eventos extraordinários quando vistos da perspectiva da razão. No entanto, para os bruxos, coisas como a visão remota, o conhecimento de eventos com antecedência ou a viagem para mundos paralelos ao nosso, são experiências normais no desempenho de suas tarefas. Enquanto nós não pudermos verificá-los por nós mesmos é inevitável que os tomemos como fantasias ou, no melhor dos casos, como metáforas típicas de sua linguagem.
O ensinamento de Carlos é assim: tome-o ou deixe-o. Você não pode racionalizá-lo. Não é possível verificá-lo intelectualmente. A única coisa que é possível fazer com eles é colocá-los em prática, explorando assim as extraordinárias possibilidades de nosso ser.
Armando Torres - autor
NOTAS DA TRADUTORA
Os livros de Carlos Castaneda usam algumas terminologias que na tradução para a língua portuguesa foram alterados por tradutores que não conhecem o tema com profundidade. Isso afeta de modo importante os significados de alguns conceitos da obra de Castaneda. Mas, por esses equívocos já terem se consagrado nas diversas edições dos livros de Carlos Castaneda, decidimos manter os termos com os quais os leitores já se habituaram. Entretanto, fazemos as seguintes observações:
1. Na versão em português, o termo "vontade" é usado em algumas ocasiões de forma incorreta. O mais preciso seria "intento".
2. Outro termo inadequado é o de "Ponto de Aglutinação". O correto seria "Ponto de Encaixe". Em espanhol, como em português, aglutinar não é o mesmo que encaixar.
3. Optamos por manter o termo original da língua espanhola "ensueño", criando a palavra "ensonho". Sonhar não é o mesmo que ensonhar. Como essa última palavra não existe na língua portuguesa e a diferença entre elas na língua espanhola é significativa, acreditamos que o leitor ganhará mais incorporando à bela língua portuguesa essa nova palavra: ensonhar.
4. E finalmente, a expressão usada em português "Pequenos Tiranos", procurando traduzir "Pinche Tiranos" não é adequada. O termo "pinche" originalmente significa algo entre "merda" e "maldito".
Prefácio
Conheci Armando na ocasião em que ambos nos encontramos em um lugar de poder nas montanhas do México Central. A espontaneidade da amizade que se deu entre nós, assim como o tema de nossa conversa, levaram-me a comentar que eu tivera o privilégio de conhecer Carlos Castaneda. Ele me falou que também o conhecera e que estava escrevendo um livro sobre seus ensinamentos.
Minha curiosidade cresceu e eu o questionei a respeito. Ele não pareceu interessado em responder minhas indagações; disse tão somente que ainda não era o tempo apropriado. Eu não insisti, pois mal havia acabado de conhece-lo.
Durante anos de relação, eu o ouvi mencionar o assunto poucas vezes, sempre como referência a algum outro tópico que estávamos discutindo. Ainda que tenha me tornado amigo "daqueles que andam por lá", foi só até agora que se deram os eventos e tive acesso ao seu trabalho.
Quando li o manuscrito pela primeira vez, eu me senti profundamente emocionado, já que este me permitiu entender uma das mais obscuras premissas de Carlos: o que ele chamava de "a porção da regra do nagual de três pontas" - um projeto para a renovação das linhagens de conhecimento que acontece em uma escala global.
Armando me assegurou que Carlos lhe tinha encomendado dar a conhecer essa informação na época apropriada, e me pediu que eu lhe ajudasse nessa tarefa. Porém, levando em consideração que se tratava de um manuscrito bastante curto - trinta páginas -, sugeri que ele o completasse com a descrição de algumas das numerosas conversações de Castaneda de que fora testemunha.
Aceitando minha proposta, ele selecionou um grupo de ensinamentos dados por Carlos em conferências públicas assim como em conversações privadas.
Para facilitar a leitura, ele me explicou que estruturou o conteúdo dos tópicos de acordo com os temas escolhidos e não por ordem cronológica.
Disse também que em algumas ocasiões fora forçado a sintetizar ou reconstruir as conversações, já que, no tratamento direto, Carlos era extremamente enfático, transmitia grande parte da informação por meio de gestos e expressões faciais; também lhe agradava misturar histórias pessoais e observações de todo tipo com os ensinamentos.
Como um presente extraordinário, Armando acrescentou no final uma breve história da sua própria experiência com um outro grupo de praticantes da bruxaria.
Devido à simplicidade e sinceridade de sua narrativa, este livro te uma força que eu não encontrei em nenhum outro trabalho relacionado com este assunto. Por isso é, para mim, um enorme prazer auxiliar o Armando na tarefa de publicar esta obra. Não tenho a menor dúvida de que os amantes do legado de Carlos Castaneda desfrutarão intensamente deste trabalho.
Juan Yoliliztli
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