- 22/06/2005
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Original: http://www.revistaetcetera.com.br/17...rey/index.html
"and so we go away from Alex's vision a little better than we were a minute before” Ken Wilber, prefácio do livro teórico de Grey “The mission of art” p.xiv
Vision and Mission
Visitando uma livraria mística num recôndito mercado de flores de uma antiga e perversa cidade, o idoso livreiro sem mais aquela intuiu que eu tinha interesse em simbologias (Semiótica da Arte) e indicou-me o setor de arte esotérica, lá reconheci em um lindo livro colorido imagens que já me fascinaram antes, vislumbradas sem créditos de autoria em diversas revistas de círculos de estudiosos das antigas tradições simbólicas. O livro era Espelhos Sagrados, de Alex Grey.
Grey impressiona pela técnica das transparências com as quais dá verdadeiras aulas de anatomia humana, ilustra pessoas de ambos os sexos meditando, ou no ato sexual, e sempre demonstra uma impressionante maturidade mística ao apresentar suas intuições com clareza, mesclando com admirável precisão simbologias sagradas indianas, chinesas, astrológicas, alquímicas, cristãs, judaico-cabalistas e outras, sobrepondo em detalhados corpos humanos desde a Otz Chain (árvore da vida – cabala e os escribas talmúdicos sofer concentrando-se na caligrafia sacra da Tora para atingir a intenção concentrada- kavanot, similar ao sho dô dos kanjis desmanchados chineses taoistas e zen nipônicos e a caligrafia sufi muçulmana de frases do Corão) com chacras (yôga da Índia) aos meridianos (acupuntura chinesa) e fotografias Kirlian, harmoniosamente combinadas com Tantra (maithuna, coito sagrado indiano), xaman -pajelança e arabescos sufi árabes, escritas frases sagradas de orações em sânscrito, chinês, hebraico, latim, e diversas línguas sagradas antigas, combinando-se até com atuais dados científicos de DNA, física de partículas, campos, quanta, supercordas, etc..
A Catedral de Grey, sua “Capela Sistina” é um projeto também on line em seus websites na Internet, existindo virtualmente como Web Art, um trabalho de intensa religiosidade que introduz o fruidor em inevitável contato com o divino, até o nível de consciência que consiga suportar, em graus ascendentes de uma espiritualidade linda.
São os Espelhos Sagrados, alta arte sacra ecumênica, inserida em uma ética e estética da religiosidade tolerante e aberta à diversidade, apresentada com layers-transparências-palimpsestos tipicamente da sensibilidade do século XXI; Grey mostra individualmente homem e mulher, brancos (caucasianos), negros (africanos) e asiáticos (mongolóides) simbolizando as raças humanas, o fruidor escolhe o sexo e raça, a seguir Grey nos mostra na série o corpo sem pele, e o conceito de raça começa a desvanescer-se e vamos em um exercício de dissecação que é uma aula detalhada de anatomia onde nos vemos gente a um espelho analítico de tamanho natural onde reflete-se nosso sistema circulatório, sistema linfático, esqueleto, órgãos, músculos,cartilagens, etc..
O fruidor é desafiado a ir e voltar no corpo humano percebendo a relatividade de ser branco ou negro, homem ou mulher, des-identificando-se com o corpo físico (como no tibetano Bardo Thodol) convidando a mais pura meditação zen, tao, sufi, Buda.
E na escolha do corpo feminino, somos surpreendidos com a gravidez, a beleza da gestação alterando formas da bacia e ampliando o ventre, com a transparência do feto e embrião crescendo, comovente e tocante. Uma experiência transcendental é olhar estas peças maravilhosas, um privilégio!
Eye of the Heart
A arte a serviço da elevação ao divino, Grey nos leva além de preconceitos, mesquinharias e identificações ilusórias (Maya), chegando ao campo infravermelho térmico do calor emanado do corpo, um campo energético que todos sentimos ao abraçar a amada em um dia frio; e daí Grey vai nos alçando a vôos maiores, mostrando o padrão vibratório das glândulas-chacras-sefirots gerando campos mais sutis como registrados nas fotografias kirlian, atingindo o eu espiritual, o self junguiano, composto de sutis campos quânticos de pura energia (matéria é energia), passando pelas representações do divino em diversas culturas até a imagem não antropomórfica de um sol ou bola de luz que vivenciamos nas mais altas projeções – viagens astrais fora do corpo físico, no espaço sem onde e no tempo do agora perpétuo, o gerúndio quântico, o presente permanente dos alquimistas, o giro sufi, o êxtase da iluminação, satori, samadhi.
O que São Francisco de Assis mostra em sua oração mais conhecida- “fazei de mim um instrumento de vossa paz”, o amém das orações onde “seja feita a Vossa vontade” onde todos somos emanações do UM, filhos do mesmo pai-origem, irmãos... irmão Sol, Irmã Lua, irmã pedra, irmão jumento.
Outras obras, quadros a óleo como Beijando que mostra em transparência um casal unido pelo beijo com o símbolo grego apeíron, infinito, o oito deitado, unindo-os pelo timo no peito e pela pineal na cabeça, outra imagem comovente que faz lágrimas de comoção saírem dos olhos, nos tocando com cores e luzes como O Beijo de Rodin faz no tridimensional com volumes e sombras do casal congelado na ansiosa fração de segundo antes do toque dos lábios no primeiro beijo.
Allyson e Alex Grey trabalhando na armação de Sacred Mirrors
Outra obra mais comovente ainda é Copulando, que retrata um casal em intercurso sexual, entrelaçados em fios dourados flamejantes de apeirons sobrepostos, com corpos em transparências anatômicas, gerando um campo sexual que atrai os olhares cósmicos das forças de vida e morte, da continuidade da vida, da futura alma que deseja encarnar a sansara-ciclo kármico, e no centro dos dois uma transparente e quase imperceptível mandálica Shri yantra do Tantra, símbolo da interpenetração dos opostos.
Outra imagem comovente de consciência ecológica é Gaia, onde a vida natural e o mundo industrial poluente-suicida são mostrados com o símbolo da grande árvore, Ygdrasil, um painel de complexidade indescritível, para ser admirado por horas fazendo o ego diluir-se e perder-se dentro dele, aliás, toda obra de Grey é assim meditativa.
Painting
Como Wilber explica no prefácio de Sacred Mirrors, após a tecnologia da fotografia (que Flusser explica) libertar os artistas do mero retratismo (mimesis aristotélica); Paul Cézanne derruba a perspectiva renascentista, o que vem permitir outros impressionistas como Matisse, pontilhistas como Seurat e expressionistas libertaram nossa sensibilidade para perceber as cores (chegando a Kandinsky com seu espiritual na arte Abstrata, para quem a verdadeira arte envolve o refinamento da alma, do espírito), os Cubistas nos trouxeram uma nova compreensão da forma, e Grey nos brinda com sua visão pessoal do espiritual em um outro nível, além do olho físico e corporal, além da mente culturalmente cultivada, para o transcendente, indo além do corpo e da natureza como pré-verbal, pré-conceitual, pré-mental, chegando a nos fazer vislumbrar o transverbal, trans-egóico, transindividual, o espírito que é universal, além de formas e idéias, o Divino.
Assim, a Arte primeiro envolve o desenvolvimento e crescimento do próprio artista no fazer sua arte-obra em processo (quando o tempo e espaço desaparecem no transe do fazer artístico, e o artista inexiste, o ego morre e se esquece de si, de comer e dormir possuído pelo “sobrenatural” envolvimento da obra-paixão), e em segundo lugar a arte compartilha o desenvolvimento espiritual do artista transpirada em sua obra para evocar intuições místicas similares no observador- fruidor, colaborando com a expansão de nossa consciência por meio da sensibilidade estética ao sagrado.
Mystic Eye
Desde 1973 Grey fazia performances muito interativas, e instalações , todas obras sempre muito rituais; filho de um artista gráfico, criado convivendo com artes, realizou ousadias como Metro Privado e a peregrinação ao pólo magnético no extremo norte do planeta, tudo registrado em fotografias como toda performance documentada; muitas explorando a perspectiva da morte como consciência da não-permanência, do efêmero e transitório de tudo, do desapego.
De 1975 a 1980 Grey realizou dissecações no necrotério de uma escola de medicina, aprofundando seus conhecimentos de anatomia e de ilustração científica de obras de medicina e anatomia (vivenciando o Nigredo o Putrefatio alquímico, a obra em negro), uma das obras deste período foi derramar chumbo no ouvido interno do cadáver fresco de uma mulher recém falecida, tirando um molde em chumbo dos espirais do labirinto dela. Esta obra ocasionou um pesadelo iniciático em Grey.
The Gift
Sonhos xamânicos como os descritos por Castañeda em livros como Erva do Diabo e Caminho de Ixtlan acometeram Grey. Em um dos pesadelos ele viu-se em um tribunal, julgado por um juiz cego e um júri furioso e indignado, acusado de profanar o seu cadáver indefeso por aquela mesma mulher cujo corpo Grey tinha dissecado dias antes no necrotério (em seus estudos práticos de anatomia humana) e derramado chumbo derretido no ouvido dela e Grey conta que explicou a ela que retalhou seu corpo e derramou o chumbo em nome da arte. Por fim o juiz e o júri o alertam para fazer obras positivas e deixar os mortos repousarem em paz. Este sonho teria despertado-o para a obra Sacred Mirrors (Espelhos Sagrados) realizada com devoção durante dez anos, de 1979 a 1989, até a animação pós-computador em 1999, o website já no Século XXI e o projeto de construção física da Capela que hoje é virtual ou exibida em exposições.
Além de performances, instalações, esculturas, pinturas e arquitetura (a pirâmide dos espelhos sagrados, em animação computadorizada, video-arte de 1999), a obra de Grey existe em livros, posters, camisetas, tatuagens, ilustrações em livros e revistas, e na internet em seus websites disponibilizadas, demonstrando que, como o ideal do homem renascentista de Florença (Leonardo da Vince e Michelangelo), Alex Grey é um artista multimídia no conceito do Século XXI, desconhecer sua obra no mínimo é estar fora do que há de mais contemporâneo na arte.
"and so we go away from Alex's vision a little better than we were a minute before” Ken Wilber, prefácio do livro teórico de Grey “The mission of art” p.xiv
Vision and Mission
Visitando uma livraria mística num recôndito mercado de flores de uma antiga e perversa cidade, o idoso livreiro sem mais aquela intuiu que eu tinha interesse em simbologias (Semiótica da Arte) e indicou-me o setor de arte esotérica, lá reconheci em um lindo livro colorido imagens que já me fascinaram antes, vislumbradas sem créditos de autoria em diversas revistas de círculos de estudiosos das antigas tradições simbólicas. O livro era Espelhos Sagrados, de Alex Grey.
Grey impressiona pela técnica das transparências com as quais dá verdadeiras aulas de anatomia humana, ilustra pessoas de ambos os sexos meditando, ou no ato sexual, e sempre demonstra uma impressionante maturidade mística ao apresentar suas intuições com clareza, mesclando com admirável precisão simbologias sagradas indianas, chinesas, astrológicas, alquímicas, cristãs, judaico-cabalistas e outras, sobrepondo em detalhados corpos humanos desde a Otz Chain (árvore da vida – cabala e os escribas talmúdicos sofer concentrando-se na caligrafia sacra da Tora para atingir a intenção concentrada- kavanot, similar ao sho dô dos kanjis desmanchados chineses taoistas e zen nipônicos e a caligrafia sufi muçulmana de frases do Corão) com chacras (yôga da Índia) aos meridianos (acupuntura chinesa) e fotografias Kirlian, harmoniosamente combinadas com Tantra (maithuna, coito sagrado indiano), xaman -pajelança e arabescos sufi árabes, escritas frases sagradas de orações em sânscrito, chinês, hebraico, latim, e diversas línguas sagradas antigas, combinando-se até com atuais dados científicos de DNA, física de partículas, campos, quanta, supercordas, etc..
A Catedral de Grey, sua “Capela Sistina” é um projeto também on line em seus websites na Internet, existindo virtualmente como Web Art, um trabalho de intensa religiosidade que introduz o fruidor em inevitável contato com o divino, até o nível de consciência que consiga suportar, em graus ascendentes de uma espiritualidade linda.
São os Espelhos Sagrados, alta arte sacra ecumênica, inserida em uma ética e estética da religiosidade tolerante e aberta à diversidade, apresentada com layers-transparências-palimpsestos tipicamente da sensibilidade do século XXI; Grey mostra individualmente homem e mulher, brancos (caucasianos), negros (africanos) e asiáticos (mongolóides) simbolizando as raças humanas, o fruidor escolhe o sexo e raça, a seguir Grey nos mostra na série o corpo sem pele, e o conceito de raça começa a desvanescer-se e vamos em um exercício de dissecação que é uma aula detalhada de anatomia onde nos vemos gente a um espelho analítico de tamanho natural onde reflete-se nosso sistema circulatório, sistema linfático, esqueleto, órgãos, músculos,cartilagens, etc..
O fruidor é desafiado a ir e voltar no corpo humano percebendo a relatividade de ser branco ou negro, homem ou mulher, des-identificando-se com o corpo físico (como no tibetano Bardo Thodol) convidando a mais pura meditação zen, tao, sufi, Buda.
E na escolha do corpo feminino, somos surpreendidos com a gravidez, a beleza da gestação alterando formas da bacia e ampliando o ventre, com a transparência do feto e embrião crescendo, comovente e tocante. Uma experiência transcendental é olhar estas peças maravilhosas, um privilégio!
Eye of the Heart
A arte a serviço da elevação ao divino, Grey nos leva além de preconceitos, mesquinharias e identificações ilusórias (Maya), chegando ao campo infravermelho térmico do calor emanado do corpo, um campo energético que todos sentimos ao abraçar a amada em um dia frio; e daí Grey vai nos alçando a vôos maiores, mostrando o padrão vibratório das glândulas-chacras-sefirots gerando campos mais sutis como registrados nas fotografias kirlian, atingindo o eu espiritual, o self junguiano, composto de sutis campos quânticos de pura energia (matéria é energia), passando pelas representações do divino em diversas culturas até a imagem não antropomórfica de um sol ou bola de luz que vivenciamos nas mais altas projeções – viagens astrais fora do corpo físico, no espaço sem onde e no tempo do agora perpétuo, o gerúndio quântico, o presente permanente dos alquimistas, o giro sufi, o êxtase da iluminação, satori, samadhi.
O que São Francisco de Assis mostra em sua oração mais conhecida- “fazei de mim um instrumento de vossa paz”, o amém das orações onde “seja feita a Vossa vontade” onde todos somos emanações do UM, filhos do mesmo pai-origem, irmãos... irmão Sol, Irmã Lua, irmã pedra, irmão jumento.
Outras obras, quadros a óleo como Beijando que mostra em transparência um casal unido pelo beijo com o símbolo grego apeíron, infinito, o oito deitado, unindo-os pelo timo no peito e pela pineal na cabeça, outra imagem comovente que faz lágrimas de comoção saírem dos olhos, nos tocando com cores e luzes como O Beijo de Rodin faz no tridimensional com volumes e sombras do casal congelado na ansiosa fração de segundo antes do toque dos lábios no primeiro beijo.
Allyson e Alex Grey trabalhando na armação de Sacred Mirrors
Outra obra mais comovente ainda é Copulando, que retrata um casal em intercurso sexual, entrelaçados em fios dourados flamejantes de apeirons sobrepostos, com corpos em transparências anatômicas, gerando um campo sexual que atrai os olhares cósmicos das forças de vida e morte, da continuidade da vida, da futura alma que deseja encarnar a sansara-ciclo kármico, e no centro dos dois uma transparente e quase imperceptível mandálica Shri yantra do Tantra, símbolo da interpenetração dos opostos.
Outra imagem comovente de consciência ecológica é Gaia, onde a vida natural e o mundo industrial poluente-suicida são mostrados com o símbolo da grande árvore, Ygdrasil, um painel de complexidade indescritível, para ser admirado por horas fazendo o ego diluir-se e perder-se dentro dele, aliás, toda obra de Grey é assim meditativa.
Painting
Como Wilber explica no prefácio de Sacred Mirrors, após a tecnologia da fotografia (que Flusser explica) libertar os artistas do mero retratismo (mimesis aristotélica); Paul Cézanne derruba a perspectiva renascentista, o que vem permitir outros impressionistas como Matisse, pontilhistas como Seurat e expressionistas libertaram nossa sensibilidade para perceber as cores (chegando a Kandinsky com seu espiritual na arte Abstrata, para quem a verdadeira arte envolve o refinamento da alma, do espírito), os Cubistas nos trouxeram uma nova compreensão da forma, e Grey nos brinda com sua visão pessoal do espiritual em um outro nível, além do olho físico e corporal, além da mente culturalmente cultivada, para o transcendente, indo além do corpo e da natureza como pré-verbal, pré-conceitual, pré-mental, chegando a nos fazer vislumbrar o transverbal, trans-egóico, transindividual, o espírito que é universal, além de formas e idéias, o Divino.
Assim, a Arte primeiro envolve o desenvolvimento e crescimento do próprio artista no fazer sua arte-obra em processo (quando o tempo e espaço desaparecem no transe do fazer artístico, e o artista inexiste, o ego morre e se esquece de si, de comer e dormir possuído pelo “sobrenatural” envolvimento da obra-paixão), e em segundo lugar a arte compartilha o desenvolvimento espiritual do artista transpirada em sua obra para evocar intuições místicas similares no observador- fruidor, colaborando com a expansão de nossa consciência por meio da sensibilidade estética ao sagrado.
Mystic Eye
Desde 1973 Grey fazia performances muito interativas, e instalações , todas obras sempre muito rituais; filho de um artista gráfico, criado convivendo com artes, realizou ousadias como Metro Privado e a peregrinação ao pólo magnético no extremo norte do planeta, tudo registrado em fotografias como toda performance documentada; muitas explorando a perspectiva da morte como consciência da não-permanência, do efêmero e transitório de tudo, do desapego.
De 1975 a 1980 Grey realizou dissecações no necrotério de uma escola de medicina, aprofundando seus conhecimentos de anatomia e de ilustração científica de obras de medicina e anatomia (vivenciando o Nigredo o Putrefatio alquímico, a obra em negro), uma das obras deste período foi derramar chumbo no ouvido interno do cadáver fresco de uma mulher recém falecida, tirando um molde em chumbo dos espirais do labirinto dela. Esta obra ocasionou um pesadelo iniciático em Grey.
The Gift
Sonhos xamânicos como os descritos por Castañeda em livros como Erva do Diabo e Caminho de Ixtlan acometeram Grey. Em um dos pesadelos ele viu-se em um tribunal, julgado por um juiz cego e um júri furioso e indignado, acusado de profanar o seu cadáver indefeso por aquela mesma mulher cujo corpo Grey tinha dissecado dias antes no necrotério (em seus estudos práticos de anatomia humana) e derramado chumbo derretido no ouvido dela e Grey conta que explicou a ela que retalhou seu corpo e derramou o chumbo em nome da arte. Por fim o juiz e o júri o alertam para fazer obras positivas e deixar os mortos repousarem em paz. Este sonho teria despertado-o para a obra Sacred Mirrors (Espelhos Sagrados) realizada com devoção durante dez anos, de 1979 a 1989, até a animação pós-computador em 1999, o website já no Século XXI e o projeto de construção física da Capela que hoje é virtual ou exibida em exposições.
Além de performances, instalações, esculturas, pinturas e arquitetura (a pirâmide dos espelhos sagrados, em animação computadorizada, video-arte de 1999), a obra de Grey existe em livros, posters, camisetas, tatuagens, ilustrações em livros e revistas, e na internet em seus websites disponibilizadas, demonstrando que, como o ideal do homem renascentista de Florença (Leonardo da Vince e Michelangelo), Alex Grey é um artista multimídia no conceito do Século XXI, desconhecer sua obra no mínimo é estar fora do que há de mais contemporâneo na arte.