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A Reciclagem dos Resíduos Sólidos Urbanos e o Uso das Cooperativas

bolo

Artífice esporulante
Contribuidor
28/01/2010
1,400
94
42
Resumo
O presente trabalho é resultado de pesquisas realizadas na área de
concentração em Sociologia, na linha de pesquisa em energia e meio
ambiente. Trata-se de uma pesquisa sobre a formação das cooperativas de
trabalhadores que se encontram no setor de reciclagem de lixo.
Palavra chave: Meio Ambiente – Cooperativismo – Reciclagem

O entendimento das questões do Meio Ambiente
Meio Ambiente saudável é a nossa garantia de sobrevivência, e essa
condição se dá através das relações externas nas quais um organismo, uma
comunidade ou objeto existe; portanto, devemos levar em conta o respeito pela
Natureza. Como gestionar essa convivência de forma harmoniosa é o nosso
grande desafio e o das futuras gerações. Os fatores que provocam agressões
à Natureza precisam ser conhecidos e gerenciados, e a geração de resíduos

Não vo canssar de bater nessa tecla da reciclagem ea savalção do q resta do nosso planeta.
sólidos urbanos nesse contexto é um desses fatores que vem provocando uma
alteração das políticas públicas em escala planetária. Entretanto, a
intensificação dos impactos ambientais causados pelas atividades humanas
em nosso planeta nas últimas décadas vem criando uma nova consciência
ambientalista, provocando uma nova postura socioambiental (Maria Brasil,
2004).
A globalização da degradação socioambiental reputou às
disciplinas científicas o papel principal de internalizar valores e princípios
ecológicos que asseguram a sustentabilidade do processo de desenvolvimento
econômico e social das futuras gerações. Como afirma Leff, “o ambiente
emerge impulsionado pelas diferentes ordens do real que foram externalizadas
e dos saberes subjugados pelo desenvolvimento das ciências modernas. O
ambiente está integrado por processos, tanto de ordem física como social,
dominados e excluídos pela racionalidade econômica dominante: a natureza
superexplorada e a degradação socioambiental, a perda de diversidade
biológica e cultural, a pobreza associada à destruição do patrimônio de
recursos dos povos e a dissolução de suas identidades étnicas a distribuição
desigual dos custos ecológicos do crescimento e a deterioração da qualidade
de vida” (2000, p.159). Neste contexto universalista, temos o sistema
produzindo cada vez mais e gerando novas necessidades para a sociedade,
que, por sua vez, responde consumindo cada vez mais produtos e serviços de
forma imprudente e inconseqüente.
Quando estamos consumindo qualquer produto ou serviço, quase
sempre geramos lixo, ou pela sobra ou pelas embalagens que revestem as
mercadorias e parte dos serviços que compramos. Mas poucas pessoas ainda
se preocupam em saber para onde irá todo esse lixo ou quais as
conseqüências provocadas no meio ambiente, para tornar possível a geração
dos produtos e serviços que servem à humanidade diariamente! Tais reflexos
da modernidade já estão se confirmando, quando temos mudanças radicais no
meio ambiente.
O aquecimento global já é um consenso entre os cientistas, e até
os mais cépticos acreditam que, no ritmo em que a temperatura média do
planeta Terra vem subindo (nos últimos cem anos 0,8°C), teremos nos
próximos 50 anos uma elevação de mais de 3°C, torna ndo o planeta mais
quente e com vários problemas ambientais. O derretimento do gelo da
Groenlândia, do Ártico e da Antárctica, provocado por esse aquecimento, irá
provocar uma elevação de seis metros ou mais no nível dos oceanos, gerando V Encontro de Pesquisadores Latino-americanos de Cooperativismo
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catástrofes universais, e as conseqüências serão imediatamente sentidas pelos
países baixos e outras grandes cidades em todo o planeta.
O maior responsável pelo aquecimento global é o acúmulo de
gases na atmosfera, que provocam o efeito estufa, principalmente o dióxido de
carbono, o metano e o óxido nitroso, que mantêm em excesso o calor
necessário para a vida no planeta, provocando um superaquecimento. Isto é
possível, porque a camada da atmosfera de proteção da Terra é tão fina que
conseguimos alterar sua composição. Nesse contexto, o grande vilão é o
sistema capitalista (modo de produzir) que não cessa sua fome de
desenvolvimento a qualquer custo e continua a liberar os gases danosos na
atmosfera. Os países e regiões que mais contribuem para o aquecimento
global são: E.U.A com 30.3%; Europa 27.7%; China 12.2%; Rússia 13.7%;
Japão 3.7%; América Central e do Sul 3,8%; África do Sul 2.5%. Portanto, as
pressões por matéria-prima, energia e alimentos aumentam de forma
geométrica, e a natureza não consegue repor o que lhe é tirado de forma
irracional. Alguns recursos naturais são renováveis, mas temos os nãorenováveis, como o petróleo e o carvão mineral, que levaram milhões de anos
para serem produzidos e as condições climáticas que os produziram não se
repetirão mais. Não estamos dando tempo necessário a ela (natureza) para se
reproduzir.
Neste contexto, outro problema de ordem mundial, provocado pelo
crescimento descontrolado da população e do setor econômico, será a falta de
água que o mundo enfrentará e que já está sendo motivo de mudanças de
hábitos dos consumidores. A ilusão de disponibilidade infinita da água doce,
vem sendo derrubada nas últimas décadas. Nos próximos vinte anos, segundo
o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, 50 países deverão
enfrentar escassez ou falta extrema de água, fenômeno que atingira cerca de
três bilhões de pessoas. Países como Espanha, Holanda, Etiópia, Índia,
Quênia, Nigéria e Peru já têm registros de escassez em várias regiões, devido
principalmente ao consumo elevado, associado a problemas ambientais
provocado pelo aquecimento global. E, segundo a ONU é provável que cerca
de dois terços da população mundial estejam expostos a algum grau de
escassez da água nos próximos trinta anos.
Estamos participando como atores de um enfrentamento da
civilização moderna com o planeta Terra, e os fatores que vêm provocando
essa colisão são sem dúvida, o aumento da população, a revolução científica e
tecnológica e a maneira de como pensar sobre o meio ambiente. Mas nem
sempre foi assim. Vamos à contextualização para o entendimento desse
phaenomenon.
A Paleoecologia – estudo ecológico da história da Terra – mostra
que a influência do homem sobre o meio ambiente passa a ser significante
somente a partir da Revolução Industrial (Séc. XVIII), quando há uma
intensificação no processo produtivo com a ajuda das máquinas; antes, porém,
cabe ressaltar que duas invenções importantes levaram a esse processo de
evolução: a confecção de ferramentas e o cultivo da terra.
A construção de ferramentas tem seu início no Paleolítico Inferior,
aquilo que popularmente se conhece como Idade da Pedra. Eram peças de
confecção simples, normalmente usadas para a caça e como armamento de V Encontro de Pesquisadores Latino-americanos de Cooperativismo
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proteção, e que, com seu uso diário, levou ao desenvolvimento de outras
ferramentas com melhor desempenho e eficácia. Apesar de esta evolução
ocorrer de forma lenta e gradual, o homem consegue, com o tempo, dominar o
meio em que vive, desenvolvendo na caça sua primeira forma não coletora de
relação com a natureza.
A singularidade do homem daquela época estava justamente no
convívio; sempre agrupado e vivendo em bandos, ele torna maiores as
chances de sobrevivência no meio ambiente adverso e, assim, configura-se
excelente caçador. Começa aí a grande mudança no ecossistema, cujo palco é
a biosfera do planeta Terra. A ferramenta aparece como instrumento
preponderante para dar ao homem um diferencial competitivo, mas a
concepção de ferramenta não é exclusividade da raça humana; muitos animais
realizam obras para uma apropriação útil do entorno em que vivem, como
relata Burnie: “Os chimpanzés podem fazer vários instrumentos, de sondas
para extrair cupins a esponjas para apanhar água. Mesmo os pássaros às
vezes elaboram pequenas ferramentas para obter alimentos” (2001, p.82). Até
o castor constrói represas e lagos artificiais; entretanto, o homem é que causa
um impacto maior sobre os outros animais, utilizando-os no seu habitat, como
instrumentos para fabricar instrumentos (Folarori, 2001). Como predador,
torna-se mais racional e desenvolve sua inteligência para a formação de uma
cultura da caça e sobrevivência, agora não mais nas florestas e sim nas
savanas e pradarias. Esta mudança de nômade para sedimentar tem reflexos
na sua relação com a terra.
Há cerca de 10.000 anos, ou talvez um pouco mais, o homem dá um
salto qualitativo em sua relação com a natureza: deixa de ser coletor e passa a
trabalhar a terra, cultivando-a, provocando uma verdadeira revolução social.
Agora não há mais a necessidade da peregrinação à procura de alimentos em
terras distantes; ele passa a controlar diretamente a oferta de alimentos,
armazenando e comercializando na base de escambo os excedentes. Entre os
primeiros povos agricultores que surgiram nesse período (6.500 a.C), temos os
natufianos que, com sua fixação nos campos do Oriente Médio, provocaram
novos impactos (impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades
físicas, químicas e biológicas do meio, causada por qualquer forma de matéria
ou energia resultante das atividades humanas, que afetam a saúde, a
segurança, o aspecto social e o econômico, a qualidade dos recursos
ambientais e o bem-estar da população, CONAMA, 23/01/1986), no meio
ambiente, e surgem, a partir desse momento, novos tipos de necessidades e
relações sociais. Com essa nova maneira de se relacionar com o ambiente,
registramos o aparecimento das vilas e cidades, que acabaram dando origem
aos países e às divisões geopolíticas do planeta.
Com sua capacidade de aprimorar e desenvolver novas tecnologias,
o homem passa a dominar a natureza e a modificar o meio em que vive.
Criando novas necessidades, procura tirar da terra novos elementos que, com
suas combinações científicas, acabam propiciando o advento das Revoluções
Industrial e Tecnológica – aparecimento de energia elétrica, motor a
combustão, válvula, televisão, transistor, telefone, fibra ótica, energia nuclear,
avião supersônico, computador, Internet etc. Essa mudança radical dos últimos
200 anos tem levado o homem a repensar o desenvolvimento econômico, visto V Encontro de Pesquisadores Latino-americanos de Cooperativismo
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que o meio ambiente vem sofrendo bastante com os resíduos descartáveis que
estão sendo depositados/jogados em lixões a céu aberto, nos rios e na
atmosfera; são milhões de toneladas todos os dias. Leff define bem as causas
da problemática ambiental: “Uma das principais causas da problemática
ambiental foi atribuída ao processo histórico do qual emerge a ciência moderna
e a Revolução Industrial. Este processo deu lugar à distinção das ciências, ao
fracionamento do conhecimento e à compartamentalização da realidade em
campos disciplinares confinados, com o propósito de incrementar a eficácia do
saber científico e a eficiência da cadeia tecnológica de produção” (2000, p.60).
Sem um aproveitamento/reciclagem e uma gestão responsável,
esse lixo continuará sendo irracionalmente jogado na biosfera e as
conseqüências serão sentidas pelas futuras gerações. Somando-se a isso a
emissão diária de milhões de toneladas de gases nocivos na atmosfera, formase um quadro endêmico da Terra, que já começa a responder às agressões da
modernidade. Tais crises ecológicas têm-se configurado em problemas
ambientais novos, e o homem ainda não sabe direito como lidar com seus
efeitos nem tem certeza das causas (origens) destas anomalias climáticas:
efeito estufa, degelo das camadas polares, aquecimento global, desertificação,
chuvas ácidas, devastação das matas, contaminação da água, costas e mares,
erosão do solo, destruição da camada de ozônio, perda da diversidade
agrícola, aumento do número de tufões e furacões, inclusive em regiões onde
nunca houvera seus registros, como na América do Sul (ano 2005) etc., e a
esses indicadores de ordem natural acrescentam-se também alguns de ordem
econômica, resultado do modelo capitalista de produção: a superpopulação e a
pobreza. Hoje, há mais de um bilhão e meio de pessoas subnutridas, ou seja,
20% da população mundial e, para piorar a situação, dois terços delas fora do
mercado formal de trabalho (Foladori, 2001, p.209).
O homem, sendo o agente ativo deste processo de destruição do
planeta, fica impedido de realizar qualquer alteração na ordem secular de
exploração capitalista, visto que a sociedade torna-se, a cada ano, mais urbana
e consome, cada vez com mais “fome”, os recursos naturais, como se fossem
infinitos. Ele acaba respondendo a essa necessidade de produção e consumo
com a intensificação do processo produtivo e a adoção de mais tecnologia,
gerando, assim, mais lixo que será jogado na biosfera. Eis o grande desafio
para as futuras gerações: provocar um desenvolvimento sustentável – aquele
que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de
as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades...é um processo
de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos
investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança
institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de
atender às necessidades e aspirações humanas” (ONU, Comissão Mundial
sobre o Meio Ambiente, 1991, p.49), que leve, ao mesmo tempo, a uma
qualidade de vida mais igualitária, diminuindo, com isso, o grande fosso social
existente entre os países ricos e pobres e, ao mesmo tempo, mantendo o
equilíbrio ecológico dos ecossistemas – conjunto dos relacionamentos mútuos
entre determinado meio ambiente e a flora, a fauna e os microrganismos que
nele habitam, e que incluem os fatores de equilíbrio geológico, atmosférico, V Encontro de Pesquisadores Latino-americanos de Cooperativismo
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meteorológico e biológico (Aurélio, 2001), gerando menos resíduos, sem deixar
de gerar emprego e renda à população.
Nesta composição entram as cooperativas de reciclagem de lixo e
as empresas que estão trabalhando neste segmento, visto serem importantes
na recuperação/reciclagem de resíduos sólidos que tinham como destino certo
os lixões e que, através de um trabalho associativo (com incentivos
institucionais), acabam voltando para o mercado como matéria-prima na
confecção de novos produtos, economizando os recursos naturais finitos do
planeta, sem contar que são fonte de produtos, serviços e mão-de-obra barata
para o setor moderno da economia. Não cabe, analisar as relações de trabalho
entre os associados para atingir tais objetivos, mas tão somente a importância
do seu trabalho como agentes ecológicos, promovendo com sua atividade um
desenvolvimento sustentável, gerando renda a pessoas que foram excluídas
do mercado de trabalho, por força do desemprego ou por se encontrarem fora
dos padrões de consumo da força de trabalho (sem qualificação técnica).

Epistemologia ambiental – a sistematização dos fatores
O grande desafio deste trabalho consiste em dar um entendimento
interdisciplinar das relações integralizadas do processo de reciclagem de lixo,
focalizando as suas perspectivas socioeconômicas no sistema de associação
cooperativista e microempresas ligadas nesse segmento. Entretanto, a
problemática ambiental é muito complexa e precisa ser estudada também sob
a articulação da ciência e de uma gestão ambiental que conduzam à
compreensão da inter-relação entre os processos históricos: econômicos,
ecológicos e culturais, no entorno do desenvolvimento das forças produtivas da
sociedade. Edgar Morin é mais contundente em relação a interdisciplinaridade
do saber “Os conhecimentos fragmentados só servem para usos técnicos. Não
conseguem conjugar-se para alimentar um pensamento capaz de considerar a
condição humana no âmago da vida, na terra, no mundo, e de enfrentar os
grandes desafios de nosso época” (2000).
Na asserção de Leff, a articulação da questão ambiental, como a
poluição e degradação do meio, a crise de recursos naturais, energéticos e de
alimentos, a má distribuição de renda, está ligada a uma “crise de civilização”,
que coloca em xeque ao mesmo tempo a racionalidade econômica e a
tecnológica dominantes, visto que o modelo atual não atende a todos
homogeneamente, trazendo exclusão social e política e essa concepção é
melhor entendida sob uma orientação interdisciplinar.
O uso dos recursos naturais de uma determinada região e seus
ecossistemas depende muito mais do processo produtivo e das relações
socioeconômicas adotadas por sua comunidade do que propriamente uma
utilização racional e integralizada, evidenciando a falta de uma articulação
científica a respeito da problemática ambiental. O que se nota com esta
postura secular é uma degradação destrutiva do meio ambiente, quando seria
necessária uma nova concepção teórica e conceitual a respeito das formas
como fazer as coisas (produtos) e relacionar-se com elas. Possivelmente a V Encontro de Pesquisadores Latino-americanos de Cooperativismo
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forma Moral, como descreve Al Gore no seu filme “An Inconvenient Trutha ” ( A
verdade inconveniente, E.U.A, 2006).
A mudança de comportamento no processo da produção implica
também repensar sobre uma nova economia política que procure analisar, por
exemplo, a produção sob os aspectos da distribuição de riqueza e equilíbrio da
sustentabilidade ecológica, fato até hoje negligenciado pelas principais nações
capitalistas que orquestram todo o sistema: EUA, Japão, Inglaterra, Itália,
Alemanha, França e Canadá, que, com arrogância acumulativa, excluíram a
contribuição da ecologia e da cultura do processo produtivo, impondo um
modelo excludente, intensamente individualista e neoliberal. A adoção de uma
nova relação produtiva com responsabilidade socioambiental, contrapondo-se
a este modelo vigente, poderia trazer novamente uma esperança aos povos
mais oprimidos, crescimento acompanhado de justiça social e desenvolvimento
sustentado. Portanto, cria-se uma expectativa de análise sociológica de
desenvolvimento do conhecimento, como uma problematização dos
paradigmas teóricos e metodológicos, evidenciados a partir de um complexo
processo transdisciplinar, que vem induzindo ao saber ambiental como
conhecimento para a construção de uma racionalidade produtiva alternativa ao
modelo atual. Leff assim explica: “A questão ambiental aparece como sintoma
da crise da razão da civilização moderna, como uma crítica da racionalidade
social e do estilo de desenvolvimento dominante, e como uma proposta para
fundamentar um desenvolvimento alternativo. Este questionamento
problematiza o conhecimento científico e tecnológico que foi produzido,
aplicado e legitimado pela referida racionalidade e se abre para novos métodos
capazes de integrar as contribuições de diferentes disciplinas para gerar
análises abrangentes e integradas de uma realidade global e complexa, na
qual se articulam processos sociais e naturais de diversas ordens de
materialidade e de racionalidades” (2000, p.138).
O que fica claro na concepção da epistemologia ambiental de Leff
é que a crise ambiental é uma crise da razão e os problemas ambientais são
relativos ao conhecimento sobre o meio e, se o homem não for capaz de
mudar seus paradigmas em relação ao modo de produzir e não
reconceitualizar sua relação socioambiental, procurando racionalizar e
apresentar alternativas ao modelo atual capitalista de produção e consumo, o
planeta não se sustentará enquanto viveiro deste inquilino mais predador. O
relato de Ianni é mais contundente: “O mundo começou sem o homem e
acabará sem ele...” (2000, p.21). Segundo Foladori, a crise é social:
“Sustentamos que o problema da crise ambiental não deve ser colocado em
termos se a sociedade humana se defronta com limites físicos. Porque não
existe tal sociedade humana abstrata. O que existem são classes e grupos em
aliança e oposição, que se relacionam entre si e com o entorno de maneira
totalmente diferente. O problema não é somente técnico, tampouco é
prioritariamente técnico. O problema é social. Além das relações técnicas
aparentes, existem relações sociais de produção que geram, segundo o tipo,
tendências de utilização do entorno, dos materiais e/ou da natureza em geral
de forma particular” (2001, p.209).
Nas condições acima apresentadas, surge o estudo do
desenvolvimento sustentado e sua conceitualização, propícios ao V Encontro de Pesquisadores Latino-americanos de Cooperativismo
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entendimento das relações dos agentes envolvidos no processo de reciclagem
de lixo nas cooperativas e empresas ligadas a este segmento, sendo o catador,
situado na base desta cadeia produtiva, o mais importante e ao mesmo tempo
o mais excluído. O catador de lixo da rua faz parte da solução desta
problematização ambiental e, dentro da sua concepção limitada do que venha
a ser ecologia ou desenvolvimento sustentado, acaba, muitas vezes,
racionalizando questões ambientais de que o próprio Sistema (Governo e
Instituições) ainda não se deu conta. O catador é o agente capaz de capturar
para o processo produtivo o que foi jogado fora e tornar este recurso “morto”
novamente em valor de uso e valor de troca, criando produtos derivados de
ricas reservas naturais sem possuir nenhuma; eis a fantástica “mágica” do
processo de triagem/ reciclagem de lixo: gerar riqueza de coisas que já tinham
seu destino traçado pela irracionalidade humana. O trabalho desempenhado
pelos catadores reflete as cidades como verdadeiras florestas urbanas,
produtoras de matérias-primas que elas mesmas consomem (Legaspe, 1996,
p.12). Apesar de o aparecimento do catador de resíduos sólidos ter ocorrido
por questões socioeconômicas, isso não diminui sua importância neste
processo qualitativo de se relacionar com o meio ambiente de forma
sustentável.
O desenvolvimento sustentável é um desafio à mudança secular
e universal da relação do homem com a natureza. É preciso incentivar a
criatividade ecológica tanto dos setores públicos quanto privados na gestão
ambiental e tratar estes campos, identificados por Sachs, com seriedade e
comprometimento, fazendo, assim, do desenvolvimento sustentável uma
realidade nessa “ilha” de destruição ambiental.

Meio inconsciente
A conscientização quanto aos problemas ambientais começou a se
internacionalizar com contornos mais definidos a partir da fundação da
Comissão Consultiva para a Proteção Internacional da Natureza, em 1913,
quando já se definiam os interesses para controlar os recursos do planeta em
duas correntes de pensamentos: Preservacionistas e Conservacionistas.
A partir da década de 60, nota-se uma intensificação na formação
de movimentos ambientalistas que começam a se institucionalizar globalmente
com a criação de ONGs e organizações governamentais de proteção ao meio
ambiente, como exemplo: Greenpeace, GIFE, Vitae Civilis, Cedesus etc. e uma
das mais importantes organizações mundiais a WWF – World Wide Fund for
Nature – que foi fundada em 1961, na Suíça, chegando ao Brasil em 1971, por
meio de alguns projetos de preservação, entre eles o do Mico Leão Dourado,
que estava próximo à extinção. Antes desta internacionalização, os problemas
ambientais eram tratados regionalmente, e as questões, por serem simples,
facilitavam suas próprias resoluções. Mas, isto mudou com muita rapidez entre
os anos de 1945 a 1970, e um dos fatores que provocou tal mudança pode ter
sido a prática de testes com bombas atômicas que alguns países (EUA,
França, Inglaterra) resolveram desenvolver. Com isso, houve centenas de
detonações nucleares, que provocaram sérios danos ao meio ambiente, tais V Encontro de Pesquisadores Latino-americanos de Cooperativismo
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como: chuva de granizo radioativo, na Austrália, decorrente de testes nucleares
realizados pela Grã-Bretanha, a 2.800 km; chuva radioativa em Nova Iorque,
causada por testes em Nevada (Dorini, 1999, p.42).
Fatos como esses convenceram, em 1970, o engenheiro químico
britânico e ex-funcionário da NASA (USA), James Lovelock, a criar a Teoria
Gaia – o reconhecimento da Terra como um imenso ser vivo deveu-se ao
desequilíbrio químico de sua atmosfera, diferenciada das de Vênus e Marte –,
que, na mitologia grega significa “deusa Terra”. A hipótese desta teoria
pressupõe que a Terra é um ser vivo e auto-regulador. Outros cientistas
também já haviam trabalhado tema semelhante, como Claude Bernard (1813-
1878) e Walter Cannon (1871-1945). Diante de tudo isso, houve uma forte
pressão popular e dos meios de comunicação global para pôr fim aos testes
nucleares e dar uma melhor atenção a problemas de ordem ambiental da
Terra.
A mídia entrou nesta “guerra” a favor do planeta e da sociedade e
iniciou uma verdadeira seqüência de denúncias de problemas ambientais
causados por muitas organizações capitalistas internacionais que, por força de
geração de emprego e renda, passam a destruir o meio ambiente. O
consumidor tem um grande papel neste contexto, visto ser ele o
consumidor/comprador dos produtos gerados por estas companhias
destruidoras dos recursos do planeta. Acredita-se que as mudanças ocorridas
nas últimas décadas, quando muitas empresas passaram a respeitar mais o
meio ambiente e a alterar seu modo de produzir e distribuir mercadorias,
devem-se à forte pressão popular do consumidor “ecológico”, que vem
recusando produtos de indústrias que poluem o meio ambiente, fazendo com
que elas procurem outras tecnologias e maneiras de fazer
mercadorias/serviços, se quiserem permanecer no mercado. O consumidor, se
unido e com determinação, possui força para alterar o rumo das coisas, como
fica bem evidenciado na afirmação da antropóloga norte-americana Margaret
Mead (1901-1978): “Não duvide de que um pequeno grupo de cidadãos
inteligentes e comprometidos possa mudar o mundo. Na verdade, é a única
coisa capaz de fazer isso” (in, Burnie, 2001, p.187).
Convenções internacionais
A crise ambiental contemporânea tem obrigado os
governos/instituições a reconsiderar a relação secular e universal do homem
com a natureza. Tais crises, apesar de terem suas repercussões
locais/regionais, são tratadas globalmente com países comprometidos com o
meio ambiente. O caráter da crise agora é planetário e isso implica parcerias
para tentar resolvê-la ou minimizar seus impactos de agressão ao meio. Nas
últimas décadas, foi grande o número de conferências, encontros e simpósios
internacionais, nos quais o tema era o homem e o meio ambiente. Entretanto,
serão citados apenas os mais relevantes:
Copenhague – Conferência realizada na Dinamarca, no ano de 1945. A Carta
de São Francisco, contendo os dez compromissos assumidos pelos Chefes de
Estados, chamava a atenção de todos sobre a necessidade de serem V Encontro de Pesquisadores Latino-americanos de Cooperativismo
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retomadas as questões sobre o meio ambiente, a erradicação da pobreza, o
pleno emprego e a integração social. A carta permeava o espírito humanista e
a busca por valores éticos e democráticos, e priorizava o homem no centro das
decisões político-governamentais. O planeta estava saindo de uma grande
guerra mundial, que dizimara milhões de seres humanos e deixara outros
milhões de enfermos espalhados por toda a Europa e a Ásia.
Estados Unidos – Em 1955, a Fundação Wenner-Gren para Pesquisa
Antropológica organizou o primeiro simpósio internacional: “Man’s role in
changing the face of the earth” (A ação do homem, mudando a face da terra).
Neste encontro, os cientistas concluíram que as transformações feitas pela
humanidade na superfície terrestre não eram recentes, mas que havia se
intensificado nos últimos séculos, principalmente após a Revolução Industrial e
com o advento de novas tecnologias poluidoras do meio ambiente. Esse
simpósio internacional repercutiu favoravelmente em todo o planeta,
principalmente no meio empresarial, quando muitos homens de negócios
passaram a consultar esta Fundação Wenner-Gren. Os cientistas que
participaram desse encontro catalogaram, desde a Revolução Industrial, as
transformações que o homem vem promovendo na superfície terrestre, e suas
análises conclusivas do simpósio foram as seguintes: o sistema ou modelo
econômico vigente deveria proporcionar novos meios e tecnologias para o
homem se relacionar com a biosfera e os recursos do planeta, e se ele
continuasse destruindo a natureza na mesma intensidade com que a destruíra
nos últimos 200 anos, a mudança de modelo no futuro seria mais dolorosa e
não traria uma qualidade de vida igual a todos. O alerta da fundação foi para
que os Chefes de Estados de todo o mundo olhassem com mais atenção para
os problemas de ordem ambiental e social.
Estocolmo – Realizada em 1972, na Suécia, foi a primeira Conferência da
Organização das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Homem. O
resultado foi uma declaração com os principais problemas relacionados ao
meio ambiente: a industrialização, a exploração demográfica, o crescimento
urbano e os direitos humanos a um ambiente saudável. Foladori sintetiza bem
o resultado da conferência: “O espírito geral da declaração partia da idéia de
que, com tecnologia limpa nos países desenvolvidos e transferência de
recursos financeiros e técnicos para o Terceiro Mundo, junto com políticas de
controle da população, poderiam ser solucionados os problemas. De qualquer
forma, vislumbraram-se contradições entre os países ricos que pretendiam
controlar a produção e a exploração demográfica, e os pobres, que viam a
necessidade de desenvolvimento” (2001, p.116).
Nairobi – Sessão Especial do Conselho de Administração do Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada no Quênia, no ano de 1982.
Entre os temas mais importantes estava a preocupação com problemas
ambientais globais, que começavam a indicar o nível das atividades humanas
já excedendo a capacidade da natureza de autodepurar os impactos
provocados pelo homem na biosfera, o esgotamento das fontes de recursos
naturais e o aumento dos níveis de consumo de recursos naturais pelos países
industrializados, provocando fortes impactos ambientais nos países
fornecedores destes recursos. V Encontro de Pesquisadores Latino-americanos de Cooperativismo
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Global Possible Conference – “Conferência da Possibilidade Global”,
realizada em 1984, nos EUA. Ressaltou-se no relatório que, para atingir o
desenvolvimento sustentável, as nações necessitariam de uma política global
de transição dos países ricos para os mais pobres. Esta transição deveria
abranger os seguintes tópicos: uma transição demográfica – controle
populacional; uma transição energética – troca de tecnologia; uma transição de
recursos – ajuda aos países com necessidades econômicas; uma transição
econômica – transferência de recursos a baixo custo, investimentos e perdão
da dívida externa; uma transição política – a adoção de políticas universais
aceitas e controladas pela ONU.
Global Change – Conselho internacional criado em 1986 para estudar as interrelações da geosfera-biosfera, fazendo parte do Conselho Internacional de
Uniões Científicas da ONU, sob a direção da Dr.ª Brundtland, tem a função de
elaborar uma “agenda global para mudança”. Nesta agenda global, o conselho
identifica a pobreza como uma das causas dos problemas ambientais e divulga
o termo “desenvolvimento sustentável”, como “aquele que responde às
necessidades do presente de forma igualitária, mas sem comprometer as
possibilidades de sobrevivência e prosperidade das gerações futuras” (in,
Foladori, 2001, p.117).
Rio 92 – A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, também conhecida como Rio-92, foi realizada na cidade do
Rio de Janeiro, Brasil, em junho de 1992, com a participação de mais de 30 mil
pessoas e 170 países (Chefes de Estado e principais representantes). Teve
como principais objetivos discutir as conclusões e propostas do Relatório da
Comissão Brundtland e comemorar os 20 anos da Conferência de Estocolmo.
Tais propostas foram evidenciadas em discussões em plenário pelas principais
nações do mundo, cujo relatório final foi a “Carta da Terra” e um programa de
ação denominado “Agenda 21”, ambos com estratégias e medidas com
finalidades de deter e reverter a degradação ambiental global e promover o
desenvolvimento sustentável. Foladori conclui: “No fim das contas, nas duas
conferências de países em âmbito mundial e no informe encomendado, fica
claro que a preocupação manifestada se dá em torno de como reduzir os níveis
de poluição, de depredação e de pobreza e superpopulação, sem tocar na
forma social de produção, ou seja, no capitalismo. Em que medida essas
melhorias que vão aparentemente, contra a lógica da própria dinâmica
capitalista, conseguem ser suficientemente eficazes é algo que somente dentro
de algumas décadas poderemos saber” (2001, p.119). Embora não tenha força
legal, as resoluções tomadas na Rio-92 contêm um caminho mais ecológico a
ser adotado pelos governos, instituições, agências de desenvolvimento e
setores independentes, propondo um novo rumo em direção a um melhor
padrão de vida para todos os povos do planeta, com um desenvolvimento
sustentável e a proteção dos ecossistemas.
Kyoto – Conferência realizada em dezembro de 1997, no Japão, com 160
países, cujo objetivo foi reunir nações industrializadas e estudar a possibilidade
de redução de gases poluidores na atmosfera, os quais provocam alterações
no clima do planeta. Justo o país mais poluidor, os EUA, que emitem 24% do
dióxido e monóxido de carbono, não quis ratificar o tratado de Kyoto, alegando
que estaria prejudicando suas indústrias e todo o mercado americano. Por V Encontro de Pesquisadores Latino-americanos de Cooperativismo
V Encuentro de Investigadores Latinoamericanos de Cooperativismo
06-08 Agosto 2008 – Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
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outro lado, os países em desenvolvimento também alegaram dificuldades para
cumprir as metas impostas, de redução de gases na atmosfera, como fica claro
em Dorini: “Os representantes dos países desenvolvidos e maiores poluidores
temem a aprovação de qualquer medida que possa comprometer o seu
progresso e o bem-estar das respectivas populações. Os representantes dos
países em desenvolvimento e subdesenvolvidos não querem a aprovação de
qualquer medida que possa impedi-los de alcançar o progresso e o bem-estar
das respectivas populações. Como se percebe, em Kyoto todos quiseram
vender a imagem de bem-intencionados, mas ninguém se dispôs a sacrificar
nada em benefício do Planeta Terra” (1999, p.57). Em Kyoto, o encontro das
nações teve um resultado moderado; não houve um compromisso assumido
que definitivamente ordenasse um política de diminuição gradual da emissão
dos gases que provocam o “efeito estufa”, por parte dos Chefes de Estado
presentes; as nações ricas conseguiram bloquear a inclusão no acordo de
compromissos legais, de limitação de suas emissões, ou seja, eles continuam a
poluir o planeta e todos pagam a conta.
Joanesburgo – Representantes de 170 países voltaram a se reunir em 2002,
na África do Sul, para avaliar avanços e retrocessos da questão ambiental do
planeta. No relatório final do encontro foi demonstrado que, apesar de a
consciência da sociedade global ter aumentado em relação aos problemas
ambientais, pouca coisa mudou. Pode-se destacar como avanço a retomada da
Agenda 21 como um documento global a ser seguido pelos países, como uma
situação sine qua non à sobrevivência da humanidade. Como relatou o
professor e conferencista Fernando Almeida (UFRJ) “Ficou claro para todas as
170 delegações presentes que, se o modelo de desenvolvimento convencional
não sofrer alterações imediatas, os ecossistemas do mundo estarão esgotados
daqui a 50 anos. Particularmente para o setor produtivo, os avanços obtidos na
Rio +10 foram ainda mais significativos. Diferentemente do que aconteceu há
dez anos no Rio de Janeiro, quando os empresários tiveram tímida presença, a
participação do setor empresarial em Joanesburgo não poderia ser mais
marcante”.
A falta de consenso internacional sobre as questões ambientais
será conduzida por uma “mão invisível” (Adam Smith) a um senso comum. O
“mercado”, independente da vontade política trará a sustentabilidade do
desenvolvimento às futuras gerações. O consenso para o desenvolvimento
sustentável na conferência em Joanesburgo veio através das três dimensões: a
econômica, a social e a ambiental. O entender dessa complexidade e a
maneira como vamos lidar com elas é que desenhará os contornos
universalistas para a sobrevivência do planeta Terra.
A problemática ambiental se deve à procura de um conceito de
racionalidade pelas nações. Mas, para entender a metodologia e a
aplicabilidade deste conceito, os países ricos e pobres precisam compreender
primeiro que o modo como vinham se relacionando com a biosfera e com os
recursos naturais induz a um amplo e complexo processo de reorientação e
transformação do conhecimento e do saber sobre as questões
socioambientais, sem o que será impossível esperar que o planeta seja um V Encontro de Pesquisadores Latino-americanos de Cooperativismo
V Encuentro de Investigadores Latinoamericanos de Cooperativismo
06-08 Agosto 2008 – Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
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supridor de recursos para a manutenção do modo de produção e relação social
vigentes.
A singularidade notada em todos os encontros, conferências e
protocolos assinados pelos Chefes de Estados mostra a preocupação com a
pobreza, com a má distribuição de renda, com a superpopulação, com o
desenvolvimento sustentável e com os ecossistemas; mas, uma das soluções
possíveis para estes problemas socioambientais estaria em uma mudança de
conceito, que implica a transformação dos métodos no campo do saber, dos
sistemas de valores e das crenças. A própria sustentabilidade tem limites
físicos e para se tornar infinita necessitaria de uma nova tecnologia em que os
recursos naturais não fossem fator quantitativo, e sim qualitativo, para origem
dos novos produtos/serviços. Entretanto, a articulação global da problemática
ambiental tem apontado para a geração de novos conhecimentos teóricos, uma
racionalidade ambiental e uma alternativa produtiva para o futuro das nações
capitalistas. Os encontros internacionais têm servido para isto: levar
alternativas ao desenvolvimento econômico das nações em desenvolvimento e
normas e controles a países ricos, os grande emissores de poluição na
atmosfera e criadores de crises ambientais globais. O fato de que muitas
resoluções tenham ficado apenas no papel não desmerece o brilho dessas
conferências internacionais, visto que, há poucas décadas, nem tratados e
muito menos intenções em relação à preservação do meio ambiente se
realizavam. Portanto, parece certo que estamos caminhando para uma
minimização da problemática ambiental criada pelo homem contemporâneo ou,
como disserta Zaneti, “Onde vamos colocar as sobras da modernidade?”
(2006).
Urbanização: o problema das cidades
O processo de urbanização é um dos responsáveis pela
problemática ambiental. Tem seu início nas regiões mais industrializadas e
atinge as demais regiões do interior do país, proporcionado pela interiorização
das empresas à procura de incentivos fiscais e à fuga de sindicatos fortes. Os
problemas socioambientais ocorridos nas últimas décadas nas grandes cidades
são frutos desse “descontrolado” processo de urbanização pelo qual passa O
Brasil. O problema da urbanização, somado à concentração de renda, desenha
um quadro morfológico de uma sociedade urbano-industrial caracterizada pela
concentração da população, criando grandes áreas metropolitanas.
O fato gerador desta concentração popular nas grandes cidades foi,
sem dúvida, a expansão das atividades industriais das grandes metrópoles, e
os trabalhadores das áreas rurais acabaram sendo atraídos por verem nelas
(nas cidades) a possibilidade de obter um rendimento maior, facilidade de
emprego e recursos nas áreas de saúde e educação melhor distribuídos do
que no campo. Mas, nem todos foram absorvidos pelas indústrias/comércio.
Esses migrantes de várias regiões do país acabaram por aumentar o número
de desempregados das grandes metrópoles e, sem ter o que fazer, muitos
acharam no lixo sua última e única saída, “...sem destino, que ficam vagueando
pelos centros urbanos, são expulsos para sua periferia que, por sua vez, já V Encontro de Pesquisadores Latino-americanos de Cooperativismo
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abriga os lixões...só lhes sobrando sua força de trabalho que também não está
sendo mais aceita. Assim, uma matilha de meio homem, meio vira-latas,
caminha para os lixões como a última esperança de vida, para lá leva sua
família e do lixo passam a viver” (Legaspe, p.120).
Apesar de todas as Leis, Decretos, Regulamentos, o meio
ambiente no mundo vem sofrendo sérias ameaças com o modelo capitalista
adotado nas últimas décadas (Neoliberal). Com o crescimento econômico e
populacional no século passado, houve um aumento na procura por madeira e
carvão, o que transformou regiões de florestas em áreas de cultivo agrícola, e o
que é pior: financiado com dinheiro público. Tais acontecimentos incentivaram
o desmatamento por meio de incêndios florestais responsáveis por 30% do
CO² libertado todos os anos na atmosfera. A Floresta Amazônica (Brasil) já
perdeu 14% da sua mata original, o equivalente a todo o território da França, e
outros estados vêm sofrendo com a exploração de madeiras e recursos
naturais, no norte do país: Pará, Rondônia e Mato Grosso, sendo estes os
campeões do desmatamento nos últimos anos. Os governos dos países em
desenvolvimento fingem que não vêem o que se passa em seus estados. Eis a
triste situação em que se encontra a maior riqueza dos países. Precisa haver
uma mudança de postura da população, tornando-se ela mais
consciente/ecologicamente em relação às reservas naturais, e a criação de um
sistema fiscalizador atuante e sério, mas que não prenda um cidadão pelo
simples fato de ele ter tirado um pedaço da casca de uma árvore para fazer
chá, enquanto madeireiras internacionais e nacionais retiram/cortam
ilegalmente, por dia, milhões de quilômetros quadrados das florestas para
enviar à Europa e E.U.A, isso fruto da falta de fiscalização do poder público e
da omissão da sociedade que permanece no “berço esplêndido” em sua
ignorância ambiental.
Reciclagem versus desenvolvimento sustentável: uma questão moral
A reciclagem vem se apresentando como uma alternativa social e
econômica à geração e à concentração de milhões de toneladas de lixo
produzido diariamente pelos grandes centros urbanos espalhados pelo mundo;
entretanto, sua maior importância se dá no campo do desenvolvimento
sustentável, visto que proporciona uma economia de recursos naturais do
planeta. Mas, nem todos pensam assim, o modelo adotado pelo governo e a
sociedade privada de Do Brasil é a mais pura construção capitalista travestida
de ecologista, e falando na defesa do meio ambiente as ações ecológicas se
apresentam como uma reciclagem voltada a alimentar as formas mais
predatórias do capitalismo (Legaspe, 1996). Já Calderoni trata a reciclagem
com uma visão mais interdisciplinar, quando afirma que: “a reciclagem do lixo
apresenta relevância ambiental, econômica e social, com implicações que se
desdobram em esferas como as seguintes: organização espacial; preservação;
conservação; geração de empregos; geração de renda...” (1996, p.9).
O trabalho de reciclagem de resíduos inorgânicos vem sendo
realizado, realmente, de forma amadora e informal por catadores de lixo de rua. V Encontro de Pesquisadores Latino-americanos de Cooperativismo
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A presença das cooperativas de reciclagem de lixo neste processo e as
associações são ainda modestas, fruto da sua própria gestão e infra-estrutura
precarizadas, deixando, assim, para os catadores de rua os méritos pelo
reaproveitamento de resíduos. É graças aos 200 mil catadores de ruas e
trabalhadores que estão neste segmento no Brasil, hoje, (estimativa) que se
reciclam quase 96% das latas de alumínio, 44% de vidro, 50% de papel, 35%
de aço e 19% dos plásticos, resíduos que são jogados diariamente nas ruas,
depositados nos aterros sanitários, lixões, ou levados nas cooperativas de
reciclagem de lixo, que, através da implantação de um instrumento como da
Coleta Seletiva, que propiciada por políticas públicas e também com a
contribuição da sociedade, vem recebendo parte desse material que seria
depositado em aterros.
As cooperativas, associações e microempresas que vêm
recebendo parte dos resíduos secos estão se formando por todo o país, mas
ainda não representam uma alternativa socioeconômica à geração das 124 mil
toneladas de lixo doméstico urbano produzido diariamente; a capacidade de
coleta e reciclagem de lixo está muito aquém das reais necessidades de oferta
do mercado. A falta de infra-estrutura e de uma política ambiental tem sido fator
determinante dessa ineficiência. Em um encontro regional realizado na cidade
de Votorantin, interior do Estado de São Paulo, no mês de outubro de 2001,
apontaram-se oito principais problemas/soluções a uma melhor gestão das
cooperativas. As indicações deste congresso também podem ser utilizadas
pelos investidores, governos e entidades civis da Do Brasil, visto que,
guardadas as devidas proporções dos dois países, a problemática dos resíduos
sólidos urbanos é muito parecida:
A necessidade do reconhecimento e da legalização da profissão do
catador – A sociedade precisa reconhecer no catador de materiais recicláveis
um trabalhador que executa um papel importante, do ponto de vista social,
econômico e ambiental.
A criação da Coordenação Regional dos Catadores – A Coordenação Regional
dos Catadores seria formada por um representante de cada município, e teria
como objetivo, dentre outras atividades, fortalecer a organização e contribuir
para a construção da Federação dos Catadores.
O aperfeiçoamento da Rede Regional de Comercialização – As Cooperativas
de Reciclagem da Região têm realizado a comercialização de seus produtos
diretamente com sucateiros e indústrias ligadas ao ramo de reciclagem de
resíduos sólidos. Por este motivo, o encontro procura formas de
aperfeiçoamento e ampliação da Rede de Comercialização.
A criação de um Fundo de Reservas Regional – A comercialização
integrada ainda não tem sido suficiente para obter o volume necessário à
venda de determinados materiais, prejudicando as retiradas mensais dos
cooperados.
Acesso a linhas de financiamento – As Cooperativas, Associações e Entidades
devem fazer uma campanha de sensibilização junto aos órgãos públicos e suas
instituições financeiras para viabilizar o financiamento de máquinas,
equipamentos e transporte para os materiais recicláveis, bem como a formação
e capacitação dos Catadores. V Encontro de Pesquisadores Latino-americanos de Cooperativismo
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Os Catadores e as Políticas Públicas de Coleta Seletiva – A
Coordenação eleita no I Encontro Regional de Catadores de Materiais
Recicláveis agendará uma reunião com os Poderes Públicos locais, para
discutir o fim dos "lixões", programas que visem à erradicação do trabalho
infantil na catação e separação dos materiais, bem como a inclusão dos
Catadores nas Políticas Públicas de Coleta Seletiva.
Os Catadores individuais – As Cooperativas e Associações devem buscar
aproximação com os catadores individuais e trazê-los para as organizações,
visando ao fortalecimento da categoria.
As dificuldades encontradas pelos catadores de lixo de rua para se
organizarem em associações ou cooperativas fazem parte de um processo
histórico e secular; as camadas menos favorecidas não têm acesso ao
crédito/financiamento e ficam nas mãos de instituições sociais, normalmente
religiosas ou assistenciais que, com boa intenção, tentam ajudar, mas, na falta
de uma visão mais profissional do trato com o lixo ou até com a própria gestão
da associação/cooperativas, fracassam por não atender às expectativas
econômicas, sociais ou ambientais da reciclagem do lixo.
O sucateiro aparece como o “parceiro ideal” das cooperativas, o
qual por meio do seu poder de barganha, impõe o preço de compra dos
produtos reciclados e vende estes resíduos por um valor maior às indústrias,
muitas vezes chegando a 100% de diferença do valor pago às cooperativas.
A reciclagem está intimamente ligada ao modelo capitalista
vigente, quando, como instrumento econômico, cria condições de os resíduos
selecionados/separados voltarem ao processo produtivo, para novamente
formarem novos produtos. Neste caso a exploração é globalizada. O
capitalista aceita a reciclagem como forma de suprir a falta de matéria-prima,
visto que o preço pago é bem menor do que se tivesse de comprar a matériaprima virgem, e com a aplicação do material reciclado tem uma redução no
consumo de energia e, consecutivamente, nos custos de produção. O catador,
por sua vez, também não questiona, pois vê na reciclagem do lixo sua única
forma de sobrevivência, apesar de saber que está sendo “tapeado”, “...eles
acabam entregando esse material para o sucateiro, e quem acaba ganhando
são os sucateiros e as grandes indústrias”.
A reciclagem é apresentada à sociedade como uma panacéia aos
problemas ambientais e sociais, quando, como vimos, a problemática
ambiental precisa ser racionalmente analisada num entorno mais amplo, numa
visão interdisciplinar dos agentes envolvidos neste processo complexo e de
difícil entendimento.
Assim, as cooperativas de reciclagem de lixo apresentam-se como
fonte de produtos, serviços e mão-de-obra barata aos setores modernos da
economia (Rodrigues, in Santos, 2002), facilitando a exploração dos catadores
de lixo pelo modelo de produção e reprodução capitalista. Essas cooperativas
e associações vêm ganhando espaço, regionalmente, em setores que o
capitalismo rejeitou (temporariamente), até descobrir que tinha como conseguir
a mais valia também dos agentes que trabalham com o lixo. Tais associações
não têm condições de concorrer com o capital transnacional e dificilmente
montariam uma gestão capitalista de produção (não de trabalho) para tornarse viável economicamente. Acabam, assim, permanecendo à margem da V Encontro de Pesquisadores Latino-americanos de Cooperativismo
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economia, continuando a ser usadas como meio de sobrevivência dos seus
membros e reafirmação da subordinação ao modelo vigente (Singer E Souza,
2000). Em todo o mundo, apesar da exploração e da precarização deste
modelo, o número de pessoas que trabalham com a reciclagem do lixo vem
aumentando; só na Colômbia, por exemplo, isso representa 1% da sua
população (300 mil), no México e Egito este índice chega a 2% da população,
em Manila e Filipinas cerca de 12 mil pessoas, na Argentina 60 mil (Rodriguez,
in Santos, 2002, p.339). No Brasil estima-se que esse número chegue a 200
mil em contato direto e 1 milhão em contado indireto com a reciclagem e o
reaproveitamento do lixo.
A estrutura e o funcionamento do mercado de reciclagem
detectados na pesquisa de campo estão baseados em três componentes (ou
agentes): o catador autônomo, que participa ou não de associações, realiza
a primeira etapa do processo, recolhendo e separando os resíduos em um
cenário bastante competitivo (quem chega primeiro leva o lixo); os sucateiros,
que, informal ou formalmente, compram os produtos reciclados pelos
catadores ou cooperativas e os revendem às indústrias, ou aos compradores
internacioais que são o terceiro componente desta cadeia de reutilização dos
resíduos. As grandes beneficiadas de todo o processo de reciclagem de lixo
no Brasil e no mundo são as indústrias, justamente por estarem altamente
concentradas, representando um modelo oligopsônio, quando um reduzido
número de empresas consome os materiais recicláveis e impõe as condições
e os preços aos catadores e cooperativas, tornando-os reféns da exploração
da economia formal sobre a informal.
Esta é a triste situação em que se encontram os agentes que
trabalham com lixo em nosso país. Sejam cooperativados/associados ou
sejam catadores autônomos, a exploração se dá em todos os níveis da cadeia
produtiva ou reprodutiva da reciclagem. Nestas condições, a reciclagem, em
si, não representa uma alternativa econômica e muito menos ambiental;
somente ameniza momentaneamente as pressões sociais sobre o
desemprego dos excluídos e propicia um ganho pelas indústrias, por meio da
redução dos seus custos; e estas, utilizando-se dos sucateiros, os grandes
“senhores do lixo”, controlam o mercado de produtos reciclados. Este é o
desenvolvimento sustentável “pró-capitalista” .
Notas:
1
Entre eles podem ser citados: a bomba atômica detonada pelos norte-americanos em
Hiroshima e Nagasaki, na Segunda Guerra Mundial, em 1945, que foi um novo marco ao se
constituir na demonstração prática e imediata mais nítida das possibilidades de o ser humano
modificar a biosfera de maneira radical; catástrofe ambiental ocorrida em Londres, em 1952,
quando o ar densamente poluído matou 1.600 pessoas; em Windscale, Grã-Bretanha, em
1957, o primeiro acidente com um reator nuclear registrado na história contemporânea; no mês
de abril de 1986, o maior desastre nuclear: a explosão de um reator, em Chernobyl, Ucrânia,
matando centenas de pessoas e contaminando outros milhares; desastre ecológico em Bhopal,
na Índia, provocado pela empresa Union Carbaid deixando milhares de mortos e enfermos no
ano de 1985; vazamento de petróleo do navio Exxon Valdez no Alasca, causando um desastre
ecológico no mar do norte em 1989; em julho de 2000, o rio Iguaçu, recebe 4 milhões de litros
de óleo que vazam da refinaria da Petrobrás (Cdrom Abril, 2002). V Encontro de Pesquisadores Latino-americanos de Cooperativismo
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2
Como age o consumidor ecológico: busca a qualidade, evitando o consumo de produtos com
impactos ambientais negativos; recusa os produtos derivados de espécies em extinção;
observa os certificados de origem e os selos verdes; leva em conta a biodegrabilidade do
produto; escolhe produtos isentos de alvejantes e corantes; admite sobrepreço relativo à
qualidade ambiental do produto; não compra produtos com empacotamento excessivo; prefere
produtos com embalagem reciclável e retornável; evita produtos com embalagem não
biodegradável (DORINI, 1999, p.111).
3
Documento elaborado pelas ONGs, reunidas na Rio-92, com Preâmbulos, Princípios e Plano
de Ação “Somos Terra, os povos, as plantas, os animais, as chuvas e o oceano, o respiro das
florestas, o fruir dos mares. Honramos a Terra como abrigo de todos os seres vivos.
Acalentamos a beleza e a diversidade da vida na Terra. Saudamos a capacidade de renovação
como fundamento de toda a vida na Terra. Reconhecemos o espaço dos Povos Indígenas na
Terra, seus territórios, costumes e sua singular relação com a Terra. Ficamos estarrecidos
perante o sofrimento humano, a pobreza e os desatinos que os desequilíbrios do poder
causam à Terra...Nosso lar comum está sempre mais ameaçado. Portanto, selamos um
compromisso com os seguintes princípios, ressalvando a todo instante as necessidades
peculiares às mulheres, aos povos indígenas, aos povos do Sul, aos deficientes e a todos os
desprivilegiados. Princípios: Nós concordamos em respeitar, fomentar, proteger e reabilitar os
ecossistemas da Terra, para assegurar a diversidade biológica e cultural; Nós saudamos nossa
diversidade e nossa aliança comum. Respeitamos todas as culturas e declaramos que todos os
povos têm direito à necessidades ambientais básicas...” (site; agenda21.com.br).
4
É um programa de ação com a finalidade de dar efeito prático aos princípios aprovados na
Declaração do Rio e determinar as estratégias de sobrevivência e visa à sustentabilidade da
vida na Terra, promovendo a harmonia entre os povos e um desenvolvimento econômico mais
homogêneo com distribuição da riqueza e um desenvolvimento sustentável, preservando os
recursos naturais dos países do Terceiro Mundo.
5
O efeito estufa é provocado pelo lançamento na atmosfera de alguns gases: dióxido de
carbono, CFCs, óxidos de nitrogênio e metano. Eles deixam passar a luz, mas bloqueiam o
calor, retendo-o na Terra, como uma estufa. O físico britânico John Tyndall (1820-1893) já
havia estudado este comportamento do dióxido de carbono, no século XIX.
6
Coleta Seletiva significa separar os resíduos orgânicos dos inorgânicos, colocando-os em
recipientes diferentes, realizando esta atividade em casa, facilitando, assim, a coleta pela
prefeitura ou pelas cooperativas. Em um entendimento mais educacional temos que “a
concepção do sistema de Coleta Seletiva baseia-se no princípio de minimizar a quantidade de
resíduos, restos da atividade de consumo da população, que são enviados aos Aterros
Sanitários, às Usinas de Compostagem, ou aos Incineradores, que são as formas de
tratamento e destinação final dos resíduos sólidos recolhidos nas cidades...A Coleta Seletiva
de lixo contribui com a sociedade no sentido de se repensar o consumismo e o desperdício de
materiais que podem ser reciclados” (LEGASPE, 1996, p.136).
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Burnie, David. (2001).Fique por dentro da ecologia. SP: Cosac & Naify.
Calderoni, Sabetai. (1997). Os bilhões perdidos no lixo. SP: Humanistas.
Cempre. (1999). Guia da coleta seletiva de lixo. SP, Cempre.
Duston, Thomas, E. (1993). Recycling Solid Waste – The First Choice for
Private and Public Sector Management. London, Quorum Books.
Figueiredo, M. Paulo. (1995). A sociedade do lixo. 2º ed. SP: Unimep.
Foladori, Guilhermo. (2001). Limites do desenvolvimento sustentável. SP:
Unicamp.
 
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