- 24/01/2007
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A Amazônia: objetivo do Império
Por Aloísio Leal
UFPA - Universidade Federal do Pará
Os Estados Unidos hipocritamente se colocam como "defensores dos direitos humanos e do meio ambiente", argumentando para o mundo que sua luta é contra o narcotráfico e pelo bem-estar de seus cidadãos, enquanto desenvolvem sua política imperialista com a finalidade de assumir o controle direto dos recursos existentes na região amazônica e outras áreas de interesse estratégico, além de consolidar sua posição política e militar.
Como em outras épocas, o pretexto para os ianques é o de menos. Para desenvolver sua política imperialista, substituem o tema da "subversão comunista" – mascarada no passado sob a forma da "doutrina de segurança nacional" - por outras renovadas e igualmente falsas palavras de ordem, como "a defesa do meio ambiente", o "combate ao terrorismo", o "combate ao narcotráfico" e "à migração ilegal".
Assim, o império norte-americano, totalmente alheio a critérios diplomáticos, policiais ou de interesse comum, - para não falar de soberania, dignidade e autodeterminação dos povos - decide sua política de ingerência utilizando como pretexto a luta contra o narcotráfico.
Por isso, as prioridades e a informação internacional sobre a paz na Colômbia, não têm surgido tanto dos diálogos nem dos fatos de paz, - fruto do esforço da maioria dos colombianos – mas sim do império norte-americano devido ao mal chamado Plano Colômbia, que é um plano de guerra, um atentado contra o processo de busca de uma saída diferente à guerra para o conflito econômico, político e social que vivemos.
Este Plano Colômbia, elaborado por assessores ianques, está destinado fundamentalmente a melhorar a capacidade de combate das forças militares na repressão estatal do protesto social dos trabalhadores. É uma aliança estratégica com a que EUA pretende regular, mediante seu intervencionismo militar e econômico, os termos de uma solução interna, acordos com o FMI e créditos do Banco Mundial, para reforçar o modelo neoliberal globalizante impulsionado por Andrés Pastrana. Sua fachada – mais na moda - é lutar contra o narcotráfico.
Além da luta contra-insurgente na Colômbia, outro objetivo estratégico dos ianques, é controlar a bacia do rio Amazonas, que inclui parte da Colômbia, Brasil, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana e Suriname, convertendo-a em espólio de guerra. Tal espólio de guerra é um dos ecossistemas mais ricos e diversos da Terra, com aproximadamente 7.160.000 km2. É considerada no meio científico como o território onde está o futuro da humanidade; cobiçada pelos impérios do mundo, pois tem grandes reservas de água, madeiras, flora, hidrocarbonetos e minerais.
A bacia amazônica é depositária da maior extensão de florestas tropicais do planeta e de uma grande variedade biológica de ecossistemas, espécies e recursos genéticos. Tem aproximadamente um milhão e meio de espécies conhecidas e calcula-se que esse número pode chagar a mais de 10 milhões. Um inventário parcial indica a presença de 50.000 espécies de mamíferos; 20.000 de répteis, anfíbios e artrópodes; 90.000 plantas inferiores; 270.000 planas superiores e 55.000 microorganismos.
O rio Amazonas e seus mais de 7.000 afluentes possuem uma vazão de seis trilhões de metros cúbicos de água por segundo. É a região que mais fornece oxigeno e capta a maior quantidade de monóxido de carbono. Por isso é conhecida como o pulmão da humanidade. Existem na Amazônia mais de 370 povos de diferentes culturas indígenas. É um direito legítimo dos países que compartem a região amazônica, transformar essa rica diversidade em desenvolvimento e bem-estar.
O mundo desenvolvido deve garantir a preservação desta riqueza natural, patrimônio da humanidade e fonte de vida de milhões de espécies, particularmente da espécie humana, através das chamadas compensações ambientais. É uma região frágil e de alta vulnerabilidade pelas características de sua biodiversidade. Qualquer intervenção afetará a regulação do clima e as reservas biológicas. Nunca na história, nenhuma dessas considerações tem detido a voracidade dos Impérios, seu interesse sempre está por cima dos interesses da humanidade. Esse é o argumento do que os ianques chamam a bendita "Segurança Nacional".
Nesta ordem de idéias, aquele que dominar a exploração da Amazônia, obterá uma posição privilegiada como potência. Enquanto não seja dominada por alguma delas, continuará a se alimentar o subterfúgio da preservação ambiental, que obviamente, poderá ser utilizado de maneira ambígua e contraditória. Será que, para os Impérios, realmente interessa o médio ambiente e o bem-estar dos povos?
A Amazônia colombiana tem 406.000 km2, equivalente a 35,56% do território nacional e a quase o 6% da totalidade da região amazônica.
O assunto e tão relevante que, utilizando a costumeira tática do "convencimento", já se realizaram exercícios militares na região. As "Operações de mantimento da paz, Sul-99", patrocinadas pelo Comando Sul do Exército dos Estados Unidos, teria sido o quinto ensaio realizado na América do Sul, sendo que os custos atingiram a cifra de dois milhões e meio de dólares pagos exclusivamente pelos EUA. Em tais "Operações" participaram 490 efetivos militares e civis procedentes da Argentina, Bolívia, Equador, Brasil, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
O plano da operação centrou-se na república fictícia de Tarial, mergulhada numa guerra civil entre três grupos em disputa. O plano de pacificação incluía no final a realização de eleições. Nesse exercício, a "força multinacional de paz" localizada em pontos estratégicos tenta evitar a continuidade dos enfrentamentos, dá assistência aos refugiados num país vizinho e planifica sua repatriação. Fica evidente a semelhança entre a situação do país imaginário e a realidade colombiana. Tudo isto no é mera coincidência.
A complexa situação colombiana é o pretexto para desenvolver uma forma de intervenção no território amazônico. A "ajuda" para financiar o Plano Colômbia forma parte de essa intervenção.
As riquezas naturais e a localização geo-estratégica são objetivos do Império norte-americano e o seu verdadeiro interesse. A Amazônia é apenas um dos objetivos, pois existem outras regiões da Colômbia na mira deste Império. Por exemplo, a encosta da Cordilheira Oriental, que é uma imensa reserva de hidrocarbonetos; a região de Urabá, rica em todo tipo de minerais e biodiversidade, e também a região de Guajira, onde existem reservas de carvão.
Por Aloísio Leal
UFPA - Universidade Federal do Pará
Os Estados Unidos hipocritamente se colocam como "defensores dos direitos humanos e do meio ambiente", argumentando para o mundo que sua luta é contra o narcotráfico e pelo bem-estar de seus cidadãos, enquanto desenvolvem sua política imperialista com a finalidade de assumir o controle direto dos recursos existentes na região amazônica e outras áreas de interesse estratégico, além de consolidar sua posição política e militar.
Como em outras épocas, o pretexto para os ianques é o de menos. Para desenvolver sua política imperialista, substituem o tema da "subversão comunista" – mascarada no passado sob a forma da "doutrina de segurança nacional" - por outras renovadas e igualmente falsas palavras de ordem, como "a defesa do meio ambiente", o "combate ao terrorismo", o "combate ao narcotráfico" e "à migração ilegal".
Assim, o império norte-americano, totalmente alheio a critérios diplomáticos, policiais ou de interesse comum, - para não falar de soberania, dignidade e autodeterminação dos povos - decide sua política de ingerência utilizando como pretexto a luta contra o narcotráfico.
Por isso, as prioridades e a informação internacional sobre a paz na Colômbia, não têm surgido tanto dos diálogos nem dos fatos de paz, - fruto do esforço da maioria dos colombianos – mas sim do império norte-americano devido ao mal chamado Plano Colômbia, que é um plano de guerra, um atentado contra o processo de busca de uma saída diferente à guerra para o conflito econômico, político e social que vivemos.
Este Plano Colômbia, elaborado por assessores ianques, está destinado fundamentalmente a melhorar a capacidade de combate das forças militares na repressão estatal do protesto social dos trabalhadores. É uma aliança estratégica com a que EUA pretende regular, mediante seu intervencionismo militar e econômico, os termos de uma solução interna, acordos com o FMI e créditos do Banco Mundial, para reforçar o modelo neoliberal globalizante impulsionado por Andrés Pastrana. Sua fachada – mais na moda - é lutar contra o narcotráfico.
Além da luta contra-insurgente na Colômbia, outro objetivo estratégico dos ianques, é controlar a bacia do rio Amazonas, que inclui parte da Colômbia, Brasil, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana e Suriname, convertendo-a em espólio de guerra. Tal espólio de guerra é um dos ecossistemas mais ricos e diversos da Terra, com aproximadamente 7.160.000 km2. É considerada no meio científico como o território onde está o futuro da humanidade; cobiçada pelos impérios do mundo, pois tem grandes reservas de água, madeiras, flora, hidrocarbonetos e minerais.
A bacia amazônica é depositária da maior extensão de florestas tropicais do planeta e de uma grande variedade biológica de ecossistemas, espécies e recursos genéticos. Tem aproximadamente um milhão e meio de espécies conhecidas e calcula-se que esse número pode chagar a mais de 10 milhões. Um inventário parcial indica a presença de 50.000 espécies de mamíferos; 20.000 de répteis, anfíbios e artrópodes; 90.000 plantas inferiores; 270.000 planas superiores e 55.000 microorganismos.
O rio Amazonas e seus mais de 7.000 afluentes possuem uma vazão de seis trilhões de metros cúbicos de água por segundo. É a região que mais fornece oxigeno e capta a maior quantidade de monóxido de carbono. Por isso é conhecida como o pulmão da humanidade. Existem na Amazônia mais de 370 povos de diferentes culturas indígenas. É um direito legítimo dos países que compartem a região amazônica, transformar essa rica diversidade em desenvolvimento e bem-estar.
O mundo desenvolvido deve garantir a preservação desta riqueza natural, patrimônio da humanidade e fonte de vida de milhões de espécies, particularmente da espécie humana, através das chamadas compensações ambientais. É uma região frágil e de alta vulnerabilidade pelas características de sua biodiversidade. Qualquer intervenção afetará a regulação do clima e as reservas biológicas. Nunca na história, nenhuma dessas considerações tem detido a voracidade dos Impérios, seu interesse sempre está por cima dos interesses da humanidade. Esse é o argumento do que os ianques chamam a bendita "Segurança Nacional".
Nesta ordem de idéias, aquele que dominar a exploração da Amazônia, obterá uma posição privilegiada como potência. Enquanto não seja dominada por alguma delas, continuará a se alimentar o subterfúgio da preservação ambiental, que obviamente, poderá ser utilizado de maneira ambígua e contraditória. Será que, para os Impérios, realmente interessa o médio ambiente e o bem-estar dos povos?
A Amazônia colombiana tem 406.000 km2, equivalente a 35,56% do território nacional e a quase o 6% da totalidade da região amazônica.
O assunto e tão relevante que, utilizando a costumeira tática do "convencimento", já se realizaram exercícios militares na região. As "Operações de mantimento da paz, Sul-99", patrocinadas pelo Comando Sul do Exército dos Estados Unidos, teria sido o quinto ensaio realizado na América do Sul, sendo que os custos atingiram a cifra de dois milhões e meio de dólares pagos exclusivamente pelos EUA. Em tais "Operações" participaram 490 efetivos militares e civis procedentes da Argentina, Bolívia, Equador, Brasil, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
O plano da operação centrou-se na república fictícia de Tarial, mergulhada numa guerra civil entre três grupos em disputa. O plano de pacificação incluía no final a realização de eleições. Nesse exercício, a "força multinacional de paz" localizada em pontos estratégicos tenta evitar a continuidade dos enfrentamentos, dá assistência aos refugiados num país vizinho e planifica sua repatriação. Fica evidente a semelhança entre a situação do país imaginário e a realidade colombiana. Tudo isto no é mera coincidência.
A complexa situação colombiana é o pretexto para desenvolver uma forma de intervenção no território amazônico. A "ajuda" para financiar o Plano Colômbia forma parte de essa intervenção.
As riquezas naturais e a localização geo-estratégica são objetivos do Império norte-americano e o seu verdadeiro interesse. A Amazônia é apenas um dos objetivos, pois existem outras regiões da Colômbia na mira deste Império. Por exemplo, a encosta da Cordilheira Oriental, que é uma imensa reserva de hidrocarbonetos; a região de Urabá, rica em todo tipo de minerais e biodiversidade, e também a região de Guajira, onde existem reservas de carvão.