- 06/08/2020
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Janeiro de 2021, fizemos nosso primeiro cultivo juntos (Completo - Diário de primeiro cultivo PF Tek - MDK) em dezembro.
Finalizamos a mudança pra nossa primeira casa, terminamos toda a arrumação em três dias, estávamos cansados, mas não teríamos outro dia disponível em pouco tempo para consagrar o cogumelo.
Tomamos algumas horas após o almoço, e nos deitamos, colocamos o projetor na parede e botamos em um programa de natureza. Parecia ser um programa sobre vida noturna e seres fluorescentes. Achamos que seria bem legal bater a trip vendo esse tipo de coisa.
Um tempo depois eu senti que não estava no meu habitual, a realidade estava começando a se alterar. De repente, eu e meu namorado estávamos petrificados na cama assistindo o programa, nossos corpos estavam bem tensos e não sabíamos o motivo, meus músculos estavam rígidos e meu coração acelerado. Foi então que percebemos que estávamos desse jeito porque estava passando a cena de um CAÇADA hahaha, era um leão caçando um antílope intensamente no escuro. Começamos a rir e desligamos o projetor, a essa altura não seria possível procurar outro programa para assistir.
Ele estava um pouco decepcionado porque achou que veria coisas de outro mundo, mesmo eu falando que não seria como nos filmes e nos desenhos, ele ainda pensou que coisas fantasiosas surgiriam. Eu sugeri que fechasse os olhos. Ele colocou a coberta sobre a cabeça e então a viagem dele começou de verdade. Ele me disse que quando colocou a coberta e fechou os olhos, automaticamente se viu sentando numa nave espacial e decolando na escuridão do universo, pilotando através de planetas por muitos anos. Quando tirou a coberta, voltou para a realidade, mas não a realidade que vemos no dia-a-dia.
Meu namorado pensou em ir até a cozinha, e no mesmo instante em que saiu da cama, se estatelou no chão, eu fui correndo ver, e ele estava rindo, caído, dizendo que se esqueceu como faz para andar.
Eu já tinha conversado com ele antes sobre a possibilidade de esquecer algumas funções. Ele disse que se sentiu como se fosse um bebê aprendendo a andar. Eu também andei com dificuldade.
Como era a primeira vez dele, eu consumi menos, cerca de 1g desidratado e ele 2g.
Ele estava há muito tempo na cozinha, e quando eu fui atrás, vi que estava parado se apoiando na parede. Disse que estava muito cansado, o corpo muito pesado como se fosse feito de um material muito pesado. E que estava se enxergando como uma máquina muito grande, braços enormes, pernas gigantes. Ele se viu saindo de sua própria mente dentro de uma pequena nave do tamanho de uma mão, e que de dentro dessa nave visualizava-se a si mesmo. Ele enorme como uma máquina orgânica e gigante, e ele pequenino dentro da nave se observando.
Ficou maravilhado em ver o corpo como uma engenhoca complexa, com todas as suas funções automáticas e manuais. Estava observando o ser humano como um autômato orgânico.
Disse que eu era uma máquina perfeita e linda, e chorou de admiração.
Mas era inegável que estava muito cansado, ele ouvia e via o próprio corpo dizer isso e brigar com ele. Então eu falei que tínhamos feito toda a mudança em 3 dias sem parar, e que ele tinha voltado de viagem do trabalho naquela mesma semana. E falei que ele não para nunca, sempre se leva ao extremo e se sente culpado para descansar, o corpo dele estava reclamando disso tudo. Ele disse que o cogumelo estava mostrando isso pra ele.
Então foi uma briga dele consigo mesmo, o primeiro queria descansar, mas o segundo não queria deitar, queria ficar andando pela casa.
~
Eu me lembro de ter presenciado uma distorção do tempo com ele.
Eu estava no banheiro, luz apagada, ele estava no corredor falando comigo de frente para o banheiro. Então ele disse algo que pareceu estranhamente familiar, e eu me senti duplicada, automaticamente falei: "ué, mas você já me disse isso quando eu estava sentada aí do lado no puffe", nisso eu vi uma duplicada minha sentada no puffe. Ele olhou para o lado e também viu, e se viu conversando comigo do puffe e comigo do banheiro, duas de mim!
Rimos, achando isso inusitado, saí do banheiro e voltei a ser apenas uma.
~
Teve um momento em que eu fiquei deitada no chão com uma almofada na cabeça, o teto estava diferente, eu via formas se movimentando, já sabia que as coisas respiravam e vibravam ao meu redor, mas eu via formatos cilíndricos e redondos. Eu notei que já tinha visto algo parecido antes, não era exatamente a mesma coisa, mas lembrava uma arte feita por uma inteligência artificial, e eu ri sozinha na sala. Aquelas pinturas de IA são tão estranhas e perturbadoras, e eu estava vendo coisas parecidas na parede e no teto, como se fossem feitos daquela maneira. Então tive um pensamento que me fez rir bastante. Ao meu ver, a realidade que enxergamos é limitada por causa dos nossos olhos e os nossos filtros mentais, e o cogumelo abre as portas da percepção. Eu, como ser orgânico, estava conseguindo ver o mundo orgânico intrínseco, com suas vibrações e luzes, coisas que geralmente não enxergamos, onde tudo se move depressa e se mistura, e a IA tentou mostrar como ela vê essa realidade, por isso as formas nas pinturas parecem se mover perturbadoramente orgânico.
Eu vi parecido com a pintura no final desse relato, mas sem estar colorido.
~
Começou a chover, ele queria ver a chuva. Não tínhamos vizinhos, então fomos até a varanda, estava escuro. Ele olhou para o céu e viu como se fosse uma televisão antiga, meio chiado, e se sentiu esquisito, preferiu voltar para dentro da casa.
Nisso, eu sentei no puffe e ele foi para o corredor, e a imagem da distorção do tempo aconteceu de novo. Ele repetiu o que me disse no banheiro, eu me vi sentada no banheiro e falei: "estou vendo você falar tudo de novo comigo no banheiro", e vimos eu no banheiro falando "ué, mas você já me disse isso quando eu estava sentada aí do lado no puffe".
Então eu do banheiro sumi, e eu me senti estranha por ter virado "eu do puffe" naquele instante. Estive nos dois lugares e me vi nos dois lugares, ele também.
~
Deitamos os dois no chão de olhos fechados, ele começou a imaginar seres demoníacos e rastejantes se aproximando do rosto dele, e depois de um tempo me disse que achava que aquela era a maneira com que o corpo estava avisando que sentia fome, que era hora de se alimentar. Ele achou engraçado como o corpo se comunicou de forma simbolicamente primitiva, associando a fome a monstros.
Eu ainda estava olhando ao meu redor e vendo formas orgânicas se movendo numa grande sopa primordial.
~
Depois que a nossa trip passou e fomos dormir, ele disse que nos primeiros momentos, quando estava na cozinha, sentiu com chifres como se fosse um diabão ou como se um ser diabólico com chifres estivesse colado nele. Eu achei curioso, pois naqueles momentos eu estava vendo uma forma de chifres na testa dele mas sem contorno, como se fosse em formato transparente.
~
Nessa viagem, ele aprendeu que precisa se cuidar, ter noção do descanso que o corpo precisa, que estava muito no automático.
Eu aprendi, como toda trip me mostra, a ter mais apreço pela vida, a realidade não precisa ser tão pesada como eu geralmente enxergo. Cada trip me ajuda de pouco em pouco na diminuição da minha ansiedade e depressão.
Finalizamos a mudança pra nossa primeira casa, terminamos toda a arrumação em três dias, estávamos cansados, mas não teríamos outro dia disponível em pouco tempo para consagrar o cogumelo.
Tomamos algumas horas após o almoço, e nos deitamos, colocamos o projetor na parede e botamos em um programa de natureza. Parecia ser um programa sobre vida noturna e seres fluorescentes. Achamos que seria bem legal bater a trip vendo esse tipo de coisa.
Um tempo depois eu senti que não estava no meu habitual, a realidade estava começando a se alterar. De repente, eu e meu namorado estávamos petrificados na cama assistindo o programa, nossos corpos estavam bem tensos e não sabíamos o motivo, meus músculos estavam rígidos e meu coração acelerado. Foi então que percebemos que estávamos desse jeito porque estava passando a cena de um CAÇADA hahaha, era um leão caçando um antílope intensamente no escuro. Começamos a rir e desligamos o projetor, a essa altura não seria possível procurar outro programa para assistir.
Ele estava um pouco decepcionado porque achou que veria coisas de outro mundo, mesmo eu falando que não seria como nos filmes e nos desenhos, ele ainda pensou que coisas fantasiosas surgiriam. Eu sugeri que fechasse os olhos. Ele colocou a coberta sobre a cabeça e então a viagem dele começou de verdade. Ele me disse que quando colocou a coberta e fechou os olhos, automaticamente se viu sentando numa nave espacial e decolando na escuridão do universo, pilotando através de planetas por muitos anos. Quando tirou a coberta, voltou para a realidade, mas não a realidade que vemos no dia-a-dia.
Meu namorado pensou em ir até a cozinha, e no mesmo instante em que saiu da cama, se estatelou no chão, eu fui correndo ver, e ele estava rindo, caído, dizendo que se esqueceu como faz para andar.
Eu já tinha conversado com ele antes sobre a possibilidade de esquecer algumas funções. Ele disse que se sentiu como se fosse um bebê aprendendo a andar. Eu também andei com dificuldade.
Como era a primeira vez dele, eu consumi menos, cerca de 1g desidratado e ele 2g.
Ele estava há muito tempo na cozinha, e quando eu fui atrás, vi que estava parado se apoiando na parede. Disse que estava muito cansado, o corpo muito pesado como se fosse feito de um material muito pesado. E que estava se enxergando como uma máquina muito grande, braços enormes, pernas gigantes. Ele se viu saindo de sua própria mente dentro de uma pequena nave do tamanho de uma mão, e que de dentro dessa nave visualizava-se a si mesmo. Ele enorme como uma máquina orgânica e gigante, e ele pequenino dentro da nave se observando.
Ficou maravilhado em ver o corpo como uma engenhoca complexa, com todas as suas funções automáticas e manuais. Estava observando o ser humano como um autômato orgânico.
Disse que eu era uma máquina perfeita e linda, e chorou de admiração.
Mas era inegável que estava muito cansado, ele ouvia e via o próprio corpo dizer isso e brigar com ele. Então eu falei que tínhamos feito toda a mudança em 3 dias sem parar, e que ele tinha voltado de viagem do trabalho naquela mesma semana. E falei que ele não para nunca, sempre se leva ao extremo e se sente culpado para descansar, o corpo dele estava reclamando disso tudo. Ele disse que o cogumelo estava mostrando isso pra ele.
Então foi uma briga dele consigo mesmo, o primeiro queria descansar, mas o segundo não queria deitar, queria ficar andando pela casa.
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Eu me lembro de ter presenciado uma distorção do tempo com ele.
Eu estava no banheiro, luz apagada, ele estava no corredor falando comigo de frente para o banheiro. Então ele disse algo que pareceu estranhamente familiar, e eu me senti duplicada, automaticamente falei: "ué, mas você já me disse isso quando eu estava sentada aí do lado no puffe", nisso eu vi uma duplicada minha sentada no puffe. Ele olhou para o lado e também viu, e se viu conversando comigo do puffe e comigo do banheiro, duas de mim!
Rimos, achando isso inusitado, saí do banheiro e voltei a ser apenas uma.
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Teve um momento em que eu fiquei deitada no chão com uma almofada na cabeça, o teto estava diferente, eu via formas se movimentando, já sabia que as coisas respiravam e vibravam ao meu redor, mas eu via formatos cilíndricos e redondos. Eu notei que já tinha visto algo parecido antes, não era exatamente a mesma coisa, mas lembrava uma arte feita por uma inteligência artificial, e eu ri sozinha na sala. Aquelas pinturas de IA são tão estranhas e perturbadoras, e eu estava vendo coisas parecidas na parede e no teto, como se fossem feitos daquela maneira. Então tive um pensamento que me fez rir bastante. Ao meu ver, a realidade que enxergamos é limitada por causa dos nossos olhos e os nossos filtros mentais, e o cogumelo abre as portas da percepção. Eu, como ser orgânico, estava conseguindo ver o mundo orgânico intrínseco, com suas vibrações e luzes, coisas que geralmente não enxergamos, onde tudo se move depressa e se mistura, e a IA tentou mostrar como ela vê essa realidade, por isso as formas nas pinturas parecem se mover perturbadoramente orgânico.
Eu vi parecido com a pintura no final desse relato, mas sem estar colorido.
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Começou a chover, ele queria ver a chuva. Não tínhamos vizinhos, então fomos até a varanda, estava escuro. Ele olhou para o céu e viu como se fosse uma televisão antiga, meio chiado, e se sentiu esquisito, preferiu voltar para dentro da casa.
Nisso, eu sentei no puffe e ele foi para o corredor, e a imagem da distorção do tempo aconteceu de novo. Ele repetiu o que me disse no banheiro, eu me vi sentada no banheiro e falei: "estou vendo você falar tudo de novo comigo no banheiro", e vimos eu no banheiro falando "ué, mas você já me disse isso quando eu estava sentada aí do lado no puffe".
Então eu do banheiro sumi, e eu me senti estranha por ter virado "eu do puffe" naquele instante. Estive nos dois lugares e me vi nos dois lugares, ele também.
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Deitamos os dois no chão de olhos fechados, ele começou a imaginar seres demoníacos e rastejantes se aproximando do rosto dele, e depois de um tempo me disse que achava que aquela era a maneira com que o corpo estava avisando que sentia fome, que era hora de se alimentar. Ele achou engraçado como o corpo se comunicou de forma simbolicamente primitiva, associando a fome a monstros.
Eu ainda estava olhando ao meu redor e vendo formas orgânicas se movendo numa grande sopa primordial.
~
Depois que a nossa trip passou e fomos dormir, ele disse que nos primeiros momentos, quando estava na cozinha, sentiu com chifres como se fosse um diabão ou como se um ser diabólico com chifres estivesse colado nele. Eu achei curioso, pois naqueles momentos eu estava vendo uma forma de chifres na testa dele mas sem contorno, como se fosse em formato transparente.
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Nessa viagem, ele aprendeu que precisa se cuidar, ter noção do descanso que o corpo precisa, que estava muito no automático.
Eu aprendi, como toda trip me mostra, a ter mais apreço pela vida, a realidade não precisa ser tão pesada como eu geralmente enxergo. Cada trip me ajuda de pouco em pouco na diminuição da minha ansiedade e depressão.