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4a experiencia, a mais forte

Falstaff

Hifa
Cadastrado
01/10/2016
41
11
43
Pessoal,

No domingo passado eu tive minha experiência mais forte, com a maior dose da minha vida, 5g (eu sei que no passado disse que tomei mais que isso, mas foi um simples erro na configuração da balança).

Fui muito fundo. Na minha experiência mais forte anterior a esta eu senti e vi muita coisa, mais fiquei procurando ir mais fundo na dissolução do ego e da exploração da mente, mas não estava sob efeito forte o suficiente.

Desta vez não. Para além de eu estar em "outro lugar", eu senti que foi "outra pessoa" vivendo, um "eu provisório". Além disso, fiz muitas questões e recebi muitas respostas. Eu reconheci como o "ego-death" de que tantos falam. Sinceramente não ficou nenhum desejo de consumir cogumelos em quantidade maior que essa.

O que quero relatar é o que aconteceu depois. Ao contrário da 1a viagem, que foi profunda mas nem tanto, eu não fiquei resgatado da depressão. Continuei na mesma. Embora um pouco mais sereno talvez. É complicado explicar, mas às vezes o grau de depressão que vc está não é o grau de sofrimento psicológico que vc está sentindo. Vc pode se conformar e aceitar, mesmo estando meio inútil.

Outra coisa, uma experiência assustadora não durante a viagem, mas no dia seguinte, uma segunda-feira normal de trabalho. Depois do meio dia eu senti que minha percepção do tempo e da continuidade dos acontecimentos, e da continuidade do "eu" tinha mudado. Havia uma certa dissociação. Em vez de achar interessante, fiquei MUITO assustado e ansioso. Minha adrenalina e cortizol foram lá em cima por causa do medo. e quase não dormi. Receei que podia estar sofrendo de HPPD , que é uma síndrome que pode durar anos, embora muitos se acostumem com ela (OBS importante - em 2012 alguém procurou este fórum com sintomas claros desse problema, e ninguém soube orientar. Nem os mais velhos, que até deram bons conselhos mas não sabiam da existência do fenômeno. Sugiro que moderadores com o @Ecuador se informem). Claro que vi a ironia da coisa. Os cogus sempre foram para mim uma possibilidade de desafiar o sentimento de "eu", e agora que estava desafiado entrei em pânico.

Calhou que não era o caso, e na terça-feira eu acabei voltando ao meu "eu" normal gradualmente, para imenso alívio. E esta viagem, embora a que mais ensinou, não teve o efeito antidepressivo esperado. Continuo molenga e desinteressado como estava antes (foi até minha cara-metada que pediu para eu fazer essa trip maior pq as microdoses estavam dando efeito limitado). Agora vou esperar até julho para tomar de novo psilocibina, seja em dose menor ou microdose. Mas viagens como essa... são para uma vez na vida, já está bom.
 
Interessante. E parabéns pelo relato. :)

Realmente, as viagens podem ter efeitos diferentes na questão do afastamento da depressão, e em quem tenha a doença crônica é mais complicado. Talvez o momento agora pro cogumelo não seja exatamente de focar na depressão, mas em outros fatores. Os cogumelos trabalham sempre individualmente segundo as condições neurológicas e psíquicas da pessoa, por vezes contrariando expectativas imediatadas, e talvez haja algo a mais que eles queiram trabalhar, enquanto te ajudam indiretamente na depressão. De qualquer forma você não tem expectativa de cura permanente através da psilocibina, então nada mais natural que continuar tomando os cogumelos. Talvez não de 1 em 1 mês. Mas se puder, de 15 em 15 dias.

Outra questão também é você encontrar por vezes uma strain que seja mais adequada para os efeitos que você espera. Tente repetir a experiência com a mesma dosagem e strain da sua primeira experiência para ver se faz diferença. Outra sugestão é também tomar os cogumelos frescos, não secos, que possuem mais alcaloides psicoativos e podem lhe dar uma experiência mais rica - mas isso só lhe seria possível caçando ou cultivando, o que não lhe é uma opção viável. :( De qualquer forma, mesmo entre os cogumelos secos de diferentes strains há diferenças de efeitos, apesar de menores.

Enfim, na minha visão, agora os cogumelos irão lhe ajudar no afastamento da depressão não de uma tacada só, como foi o impacto da primeira experiência, mas gradualmente, experiência após experiência, de forma mais consistente e duradoura - não necessariamente permanente.

Muito legal acompanhar seus passos. :)

erro na configuração da balança

Então era isso. :coffee:
 
Desta vez não. Para além de eu estar em "outro lugar", eu senti que foi "outra pessoa" vivendo, um "eu provisório". Além disso, fiz muitas questões e recebi muitas respostas. Eu reconheci como o "ego-death" de que tantos falam. Sinceramente não ficou nenhum desejo de consumir cogumelos em quantidade maior que essa.


Essas experiências são fortes mesmo. Ainda mais que depois você pensa nelas e sente que o que você percebe como realidade quando no estado não alterado de consciência pode não ser assim tão "real".



O que quero relatar é o que aconteceu depois. Ao contrário da 1a viagem, que foi profunda mas nem tanto, eu não fiquei resgatado da depressão. Continuei na mesma. Embora um pouco mais sereno talvez. É complicado explicar, mas às vezes o grau de depressão que vc está não é o grau de sofrimento psicológico que vc está sentindo. Vc pode se conformar e aceitar, mesmo estando meio inútil.


Aceitar a depressão é parte do processo de viver com a mesma. E de perceber que pode ser feliz mesmo deprimido.

Quanto à dose, quem usa cogumelos com um fim específico como esse está usando de forma muito semelhante a tomar um remédio alopático. E aí, o que pode ter acontecido é que talvez essa dose tenha passado além do limiar terapêutico. E a diferença entre remédio e veneno pode estar na dose.

Outra possibilidade é:

E esta viagem, embora a que mais ensinou, não teve o efeito antidepressivo esperado. Continuo molenga e desinteressado como estava antes


... que os efeitos antidepressivos se manifestem após algum tempo, com o desaparecimento dos pós efeitos que você relatou.


Aliás, esses pós efeitos, como percepção do tempo, continuidade dos acontecimentos e do "eu" alteradas não são comumente associadas com HPPD. São pós efeitos mesmo.

HPPD está relacionado a outro conjunto de sintomas (e estão bem descritos no link da wiki que você postou), e é discutido há vários anos no fórum. Veja, por favor, os tópicos da tag hppd | Teonanacatl

Teria que ver se esse caso que você conhece foi de HPPD ou de pós efeitos. Os pós efeitos também são discutidos há muitos anos por aqui. Mas nem sempre a pessoa sabe relatar direito o que está sentindo, ainda mais tendo que detalhar por escrito no fórum, e responder as perguntas feitas.
 
Última edição:
eu senti que foi "outra pessoa" vivendo, um "eu provisório".
...
eu senti que minha percepção do tempo e da continuidade dos acontecimentos, e da continuidade do "eu" tinha mudado. Havia uma certa dissociação.
Exatamente.

O que você experimentou foi dissociação/despersonalização... É um efeito de doses muito fortes. A sensação é exatamente o que você descreve, em relação à percepção da coisas. Em vez de estar aflito, você apenas não se importa. Parece uma depressão "diferente".

Eu chamo isso de "o outro lado"... A depressão/ansiedade e despersonalização são como se fossem 2 extremos de uma balança. Em um extremo, a ansiedade é tão grande que você sofre e sente dor à toa, e fica inútil, porque passa o tempo todo sofrendo e imaginando coisas que não são verdade. No outro, você não sente nada, ou se sente bem, mas nada parece real, fica difícil se apegar ao mundo, a força de vontade vai embora e acaba-se não conseguindo fazer nada do mesmo jeito.

No meio está o equilíbrio de ser "normal", que é onde tentamos chegar com os cogumelos (e onde chegamos, geralmente, no começo, com as doses baixas). Acontece que o cogumelo só coloca peso de um lado - o da despersonalização. Isso a princípio tira você do peso da depressão anterior, mas com o uso continuado, e principalmente as doses heróicas, a balança descamba para o outro lado...

Ou seja,
o que pode ter acontecido é que talvez essa dose tenha passado além do limiar
terapêutico.

Eu aconselharia dar um tempo (de meses) nas trips, ou ficar apenas em microdoses ocasionais, quando sentir que a antiga depressão está voltando. Fazer novas trips (mesmo baixas) não vai fazer a despersonalização ir embora, pelo contrário - vai manter você onde está, com o prato da balança no chão.

E fique atento aos sintomas, nas próximas semanas. Não há razão para se assustar com despersonalização ou HPPD, afinal, entre a depressão antes e a morte do ego depois, você já viu e sentiu de tudo... Pode ser meio estranho ver fractais ou as coisas se mexerem sem ter tomado nada, mas pelo lado positivo, é uma pequena trip momentânea, e sem o gosto do chá :D

Só lembre que pode estar um pouco difícil diferenciar entre o que é real e o que não é, principalmente o que não se vê. Ex: é óbvio que aquela árvore não está realmente derretendo, mas ninguém tem o poder de ler pensamentos alheios.

Paz e luz!
 
Pessoal,

No domingo passado eu tive minha experiência mais forte, com a maior dose da minha vida, 5g (eu sei que no passado disse que tomei mais que isso, mas foi um simples erro na configuração da balança).

Fui muito fundo. Na minha experiência mais forte anterior a esta eu senti e vi muita coisa, mais fiquei procurando ir mais fundo na dissolução do ego e da exploração da mente, mas não estava sob efeito forte o suficiente.

Desta vez não. Para além de eu estar em "outro lugar", eu senti que foi "outra pessoa" vivendo, um "eu provisório". Além disso, fiz muitas questões e recebi muitas respostas. Eu reconheci como o "ego-death" de que tantos falam. Sinceramente não ficou nenhum desejo de consumir cogumelos em quantidade maior que essa.

O que quero relatar é o que aconteceu depois. Ao contrário da 1a viagem, que foi profunda mas nem tanto, eu não fiquei resgatado da depressão. Continuei na mesma. Embora um pouco mais sereno talvez. É complicado explicar, mas às vezes o grau de depressão que vc está não é o grau de sofrimento psicológico que vc está sentindo. Vc pode se conformar e aceitar, mesmo estando meio inútil.

Outra coisa, uma experiência assustadora não durante a viagem, mas no dia seguinte, uma segunda-feira normal de trabalho. Depois do meio dia eu senti que minha percepção do tempo e da continuidade dos acontecimentos, e da continuidade do "eu" tinha mudado. Havia uma certa dissociação. Em vez de achar interessante, fiquei MUITO assustado e ansioso. Minha adrenalina e cortizol foram lá em cima por causa do medo. e quase não dormi. Receei que podia estar sofrendo de HPPD , que é uma síndrome que pode durar anos, embora muitos se acostumem com ela (OBS importante - em 2012 alguém procurou este fórum com sintomas claros desse problema, e ninguém soube orientar. Nem os mais velhos, que até deram bons conselhos mas não sabiam da existência do fenômeno. Sugiro que moderadores com o @Ecuador se informem). Claro que vi a ironia da coisa. Os cogus sempre foram para mim uma possibilidade de desafiar o sentimento de "eu", e agora que estava desafiado entrei em pânico.

Calhou que não era o caso, e na terça-feira eu acabei voltando ao meu "eu" normal gradualmente, para imenso alívio. E esta viagem, embora a que mais ensinou, não teve o efeito antidepressivo esperado. Continuo molenga e desinteressado como estava antes (foi até minha cara-metada que pediu para eu fazer essa trip maior pq as microdoses estavam dando efeito limitado). Agora vou esperar até julho para tomar de novo psilocibina, seja em dose menor ou microdose. Mas viagens como essa... são para uma vez na vida, já está bom.

Olá
Concordo com os comentários dos colegas, mas tem uma coisa que todo mundo deixou passar::
Segundo seu relato, você tomou os cogus porque outra pessoa pediu, e isso nunca é bom.
Com certeza você sentiu pressionado a melhorar alguma coisa, forçou no assunto da sua depressão e isso não funciona muito bem, não foi natural. Mesmo a paranoia com os efeitos residuais mostra que você não estava confortável com os cogus, se os visuais não foram nada divertidos pra você isso mostra que não era um bom momento para uma experiência psicodélica.

Na próxima, eu diminuiria a dose e apenas faria a trip quando você realmente sentir vontade.

Um abraço
 
O que você experimentou foi dissociação/despersonalização... É um efeito de doses muito fortes. A sensação é exatamente o que você descreve, em relação à percepção da coisas. Em vez de estar aflito, você apenas não se importa. Parece uma depressão "diferente".
Concordo.
Eu entrei duas vezes em estados de despersonalização através de experiências com as medicinas naturais.
A primeira vez foi com a Jurema e foi bem difícil. Não tenho noção do tempo, mas voltei ainda durante a experiência.

A segunda vez foi com o Cubensis, em casa. Estava tendo uma ótima experiência, e do nada entrei. E assim que entrei nesse estado, minha esposa chegou em casa. Ela já sabia que eu estaria tendo uma experiência. E quando ela entrou no quarto, o primeiro pensamento que veio, foi que eu não estava feliz com a chegada dela, mas também não estava triste. E comecei a estranhar isso, pois o normal seria me alegrar com sua presença. Depois ela ligou a televisão e estava passando uma série muito engraçada. Eu comecei a prestar atenção na série, via que as falas eram bem engraçadas, bem inteligentes, mas não conseguia sorrir. Eu tinha certeza que era algo muito engraçado, mas simplesmente não conseguia sorrir.

Mas não demorei muito nesse estado. Consegui lembrar da experiência que tive com a Jurema, e simplesmente relaxei e fui cortando os pensamentos até voltar.

São infinitos os estados de consciência que podemos acessar...

Tive uma experiência linda com cubensis nesse domingo!
No topo de uma serra!
As aguias-chilenas abriram a viagem!
O vento soprou...
A cura vibrou...
e a luz reflorou...
na força dos cogus!
 
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