- 16/02/2007
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Estabilização do CO2 requer 20 usinas nucleares novas por ano, aponta agência

AFRA BALAZINA
da enviada especial da Folha de S.Paulo a Poznan
Para conseguir estabilizar as emissões de gases-estufa no mundo até 2030 e segurar o aumento da temperatura em 2ºC, será preciso construir 20 usinas nucleares por ano até 2030. [21 x 20 = 420]
A afirmação é da AIE (Agência Internacional de Energia), uma organização intergovernamental que aconselha 28 países sobre questões de energia --entre eles, Reino Unido, Estados Unidos, Japão e Canadá.
O dado aparece no cenário mais otimista proposto pela AIE, em que as emissões ficariam estabilizadas em 450 ppm (partes por milhão) e o aumento da temperatura seria de 2ºC, nível considerado seguro pelos cientistas. Atualmente, segundo Richard Bradley, do AIE, a média é de uma usina por ano.
Para o especialista, a energia nuclear terá um papel "crucial" na redução de emissões do setor de eletricidade. Outro dado apresentado por Bradley é a necessidade de construir 18 mil novas turbinas eólicas por ano -o equivalente a duas por hora.
Apesar de as metas parecerem impossíveis de serem concretizadas, Bradley afirmou que a notícia boa é que para fazer essa "revolução energética" o custo será de 0,6% do PIB mundial --algo na casa dos trilhões de dólares ao ano.
Mas ele mesmo admite que não será fácil convencer o mundo a ampliar o uso da energia nuclear. "Há uma preocupação pública, principalmente na União Européia, sobre as usinas nucleares. E o número de usinas está declinando na OCDE [Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico]. Mas nós ressaltamos que a energia nuclear é uma parte muito importante para a redução das emissões."
"Este cenário requer que as emissões nos países da OCDE sejam reduzidas em quase 40% até 2030, comparado com o nível de 2006", disse. E, segundo ele, se outras grandes economias, como China e Índia, não limitarem o crescimento das emissões, não será possível atingir a meta.
Problemas
As usinas nucleares são criticadas pelo fato de ainda não haver uma destinação adequada do lixo radioativo gerado por elas. Segundo o Greenpeace, nenhum país do mundo encontrou até hoje uma solução satisfatória para a questão.
Para a ONG, não é verdade que a energia nuclear não gera gases do efeito estufa. "Para construir a usina, para extrair e enriquecer o urânio utilizado como combustível nuclear, para armazenar os rejeitos nucleares e desativar a usina ao final de sua vida útil é necessária uma grande quantidade de energia. Esse processo todo significa a emissão de muitos gases, inclusive CO2", argumenta o Greenpeace.
Segundo a entidade, o custo das usinas nucleares também é um empecilho. "Os recursos gastos na energia nuclear poderiam gerar o dobro de energia se fosse investidos em energia eólica e quatro vezes mais, se fossem investidos em eficiência energética."
Fonte:
Folha de São Paulo - 11/12/2008
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u477960.shtml


AFRA BALAZINA
da enviada especial da Folha de S.Paulo a Poznan
Para conseguir estabilizar as emissões de gases-estufa no mundo até 2030 e segurar o aumento da temperatura em 2ºC, será preciso construir 20 usinas nucleares por ano até 2030. [21 x 20 = 420]
A afirmação é da AIE (Agência Internacional de Energia), uma organização intergovernamental que aconselha 28 países sobre questões de energia --entre eles, Reino Unido, Estados Unidos, Japão e Canadá.
O dado aparece no cenário mais otimista proposto pela AIE, em que as emissões ficariam estabilizadas em 450 ppm (partes por milhão) e o aumento da temperatura seria de 2ºC, nível considerado seguro pelos cientistas. Atualmente, segundo Richard Bradley, do AIE, a média é de uma usina por ano.
Para o especialista, a energia nuclear terá um papel "crucial" na redução de emissões do setor de eletricidade. Outro dado apresentado por Bradley é a necessidade de construir 18 mil novas turbinas eólicas por ano -o equivalente a duas por hora.
Apesar de as metas parecerem impossíveis de serem concretizadas, Bradley afirmou que a notícia boa é que para fazer essa "revolução energética" o custo será de 0,6% do PIB mundial --algo na casa dos trilhões de dólares ao ano.
Mas ele mesmo admite que não será fácil convencer o mundo a ampliar o uso da energia nuclear. "Há uma preocupação pública, principalmente na União Européia, sobre as usinas nucleares. E o número de usinas está declinando na OCDE [Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico]. Mas nós ressaltamos que a energia nuclear é uma parte muito importante para a redução das emissões."
"Este cenário requer que as emissões nos países da OCDE sejam reduzidas em quase 40% até 2030, comparado com o nível de 2006", disse. E, segundo ele, se outras grandes economias, como China e Índia, não limitarem o crescimento das emissões, não será possível atingir a meta.
Problemas
As usinas nucleares são criticadas pelo fato de ainda não haver uma destinação adequada do lixo radioativo gerado por elas. Segundo o Greenpeace, nenhum país do mundo encontrou até hoje uma solução satisfatória para a questão.
Para a ONG, não é verdade que a energia nuclear não gera gases do efeito estufa. "Para construir a usina, para extrair e enriquecer o urânio utilizado como combustível nuclear, para armazenar os rejeitos nucleares e desativar a usina ao final de sua vida útil é necessária uma grande quantidade de energia. Esse processo todo significa a emissão de muitos gases, inclusive CO2", argumenta o Greenpeace.
Segundo a entidade, o custo das usinas nucleares também é um empecilho. "Os recursos gastos na energia nuclear poderiam gerar o dobro de energia se fosse investidos em energia eólica e quatro vezes mais, se fossem investidos em eficiência energética."
Fonte:
Folha de São Paulo - 11/12/2008
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u477960.shtml
