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3g e uma viagem muito intensa

johnmess

Esporo
Cadastrado
30/03/2022
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Bem, começando a explicar aqui, eu sou uma pessoa com pouquíssimas experiências com drogas no geral, fora o álcool. Minha namorada tem depressão persistente e é realmente forte, nessas pesquisas constantes eu descobri que o cogumelo pode ajudar nesse caso clínico quando nada mais resolve e resolvi ver mais sobre. Como eu mesmo tenho ansiedade resolvi experimentar para saber como é e poder ajudar e estar lá por ela nessa viagem (nós conversamos sobre e ela quer tomar). Estou em outra cidade trabalhando, então durante a noite tomei sozinho. No começo foi engraçado ver as coisas se mexendo e mudando. Trabalho numa ótica e moro na mesma, tudo começou com os óculos ficando maiores, mas foi escalando de forma que eu não esperava, até que dps de um tempo eu deixei de ser humano, é simplesmente uma forma que consigo descrever, meu ego simplesmente desapareceu, houve um momento que deitado na cama senti meus braços abrindo e um ser (que lembrava um fantoche, uma deusa) se conectar a mim. Ali sinto que perdi meu ego e entrei num mundo que nem consigo compreender. Não havia pensamentos lúcidos e eu tão pouco conseguia achar a razão da minha ansiedade (que foi o que fui buscar). Havia tempos que era a melhor sensação do mundo, porém dps virava um inferno. Os poucos momentos de lucidez que eu tinha durante a atividade e eu me sentia "eu", tinha um medo gigante de voltar àquela sensação de fusão com a deusa e o universo, porém de nada adiantava, eu voltava a me conectar com o surrealismo puro. Durante um tempo pareceu que o tempo havia parado e ñ importava quantas vezes eu olhava no relógio do celular, o tempo ñ mudava. Quando a fusão com o universo acabou, voltei a mim mesmo desesperado, com medo de voltar àquela sensação. É um mar de insanidade e surrealismo, algo apavorante e maior do que tudo que eu já havia enfrentado. Estou com medo da minha namorada usar e acontecer algo com ela, portanto queria levá-la a alguém especializado nisso. Eu não sei se aquele mundo é algo o qual nossa consciência deva tocar...
Gostaria de ajuda em relação a minha namorada, como usei 3g, darei 1g a ela, como posso ajudar ela no processo da viagem? Ou é melgor levá-la a um especialista? Obrigado desde já pessoal
 
Se você só teve 1 experiência.
Ou
Se não leu sobre, não sabe o mínimo de fisiologia, de como funciona Psilo,

fica complicado dar pra alguém e esperar melhorar.


Para ajudar alguém, precisa ter muita experiência no consumo de cogumelos ou ser um especialista na área médica.

Essa abordagem de "aquele mundo" você provavelmente não quer um especialista.

Essa interpretação de que cogumelo é outra dimensão ou outra consciência não é a abordagem médica e pode ser até mesmo danosa para estimular a saúde mental

Eu jamais daria cogumelo para a minha esposa e ela já acompanha meu cultivo faz 3 anos.
Eu considero que a vontade deve partir da pessoa.

Eu conheci o cogumelo quando estava no nível mais depressivo que eu já estive, mesmo fazendo acompanhamento psiquiátrico por 5 anos.

Eu estava depressivo da condição de nem levantar da cama, nem mesmo para comer.
Quando descobri sobre cogumelos, no dia seguinte sai andar de bicicleta para caçar nós pastos.

Eu decidi tomar, eu cultivei meu cogumelo e eu melhorei.
Ninguém me deu, foi uma decisão unicamente minha, eu pesquisei, eu decidi, eu escolhi a dosagem.

Cogumelos me salvaram, de verdade.
Mas eu sei que também podem ser apenas um trampolim para ir ainda mais pro fundo do poço.
Cogumelo não pode ser tratado como panacéia.

Aliás, a forma que o cogumelo me ajudou foi me fazendo lembrar de traumas que tranquei no passado.
Se ela não estiver pronta para lidar com os traumas, só vai ter revivido tudo e lembrar com mais detalhes.

Pelo que percebo, cogumelo não é um remédio que você dá pra uma pessoa acamada pela depressão e ela levanta feliz.

Enfim

Eu entendo a sua posição, de querer ajudar sua namorada, mesmo.
Mas será que oferecer cogumelos é a melhor forma, nesse momento?

Eu saí da depressão enfrentando sozinho, foram anos sofrendo.
Seria muito mais fácil com o verdadeiro apoio de pessoas próximas.

Quando ela está mal, você ajuda a arrumar o quarto por exemplo?
Faz comida pra ela, sabe o que ela quer da vida (ou se ela não quer nada, que é mais grave).

Não estou querendo dizer o que fazer ou não fazer, muito menos julgando.
Mas me parece que apenas enfiar cogumelo, algo que você descobriu recentemente, seja apenas uma forma de tentar facilitar tudo.

Se você refletir e realmente decidir que vai oferecer cogumelos, então eu diria para ter pelo menos mais umas 10 experiências por conta própria.
Assim consegue saber os efeitos do cogumelo, em vez daquela surpresa da 1 vez.

Minha outra dica seria iniciar o cultivo com ela.

Ela vai ter tempo para decidir se realmente quer, vai acompanhar o crescimento de cogumelos e esse hobby pode ajudar muito mais na depressão, do que a própria substância.
Uma das dificuldades dos depressivos é se interessar pelas coisas, e o cultivo de "uma droga" tem um apelo bem atrativo para qualquer pessoa, além de ser um cogumelo e é legal olhar crescendo.

Se ela criar interesse e acompanhar o cultivo, ter que abanar o terrário, borrifar, vai se sentir melhor durante o tempo que está cultivando e quando chegar a hora da trip, não vai estar com o pior humor da depressão, além de já ter lido sobre os efeitos.

Eu fugi muito do que você perguntou, porque eu achei extremamente necessário.
Não poderia falar apenas sim ou não.
Depressão me fez tentar suicídio várias vezes e quem está de fora nem sempre tem a real percepção de como a pessoa se sente por dentro.

Não existem especialistas sobre a prática terapêutica com cogumelos, porque não há como ser especialista em algo que ainda está em estudo e sendo testado.
Existe sim pesquisadores no Brasil, obtendo bons resultados, mas a prescrição da psilocina é apenas em caráter de pesquisa ainda.
Não é aprovada para uso médico.
E há uma fila de espera de pessoas querendo atendimento desse grupo, já que apenas eles tem autorização governamental para uso da substância.

Há pessoas que trabalham de "sitter" e vendendo cogumelo (diferente do grupo que utiliza a substância isolada).
Eu não confio, não acho que nenhuma dessas pessoas tem a capacitação necessária para oferecer esse tipo de serviço.

Se a pessoa tiver uma bad trip, problemas em geral, agravemento da depressão, ou qualquer reação alérgica (por mais improvável que seja) ao cogumelo, não vão ter ideia do que fazer e não vão se responsabilizar.

Finalizando...

Se ela já tentou tratamento com um bom psiquiatra e psicólogo, verificaria a metodologia desses profissionais (pessoas diferentes, precisam de formas diferentes).

Se não tentou, é sempre o primeiro passo.
E o acompanhamento é por pelo menos 1-2 anos, não apenas 1 consulta.

Cogumelo não é uma alternativa ao tratamento médico.
Cogumelo é uma decisão individual

A opção pelo consumo de cogumelo, ou você consegue experiência primeiro para poder oferecer (não só 1 exp):

Ou deixa ela decidir por conta própria, buscar sozinha;

Ou cultiva junto, para entreter a cabeça dela e melhorar.

E apenas para deixar bem explicadinho:
Cogumelo não é uma alternativa ao tratamento médico.
Não é porque o tratamento não funciona que cogumelo vira uma opção.

Cogumelo é uma decisão individual e envolve muitas crenças interiores. (Não crença de religião, crença de ideais, convicções)
 
Olá, @johnmess, seu relato de primeira experiência é muito legal, parabéns e obrigado por nos trazer sua experiência.

As ressalvas feitas pelo @Texugo são muito válidas. O uso de cogumelo é sempre uma escolha pessoal, que deve ser feita sob o sopesar dos benefícios e desvantagens. O ideal é que ela participe da coisa desde o começo, que entenda o processo, que leia os conteúdos de uso responsável, uso seguro, expectativas, como agir, etc.

Mas também tem alguns relatos no fórum em que um casal de mulheres tem uma doente de depressão crônica e a outra ajuda cultivando pra ela. No fim, a deprimida decide livremente tomar, "já que não tinha mais nada que tivesse dado certo". E por acaso deu. É para isso que sempre torcemos, mas não é uma ciência exata.

E também temos o pessoal que chega aqui culpando a comunidade porque o cogumelo não teve o efeito esperado. Mas também não sabemos o quão seguro foi o procedimento da pessoa em aplicar a si os cogumelos. Nós somos entusiastas, não profissionais de saúde, com conhecimentos práticos.

O primeiro uso, de toda forma, não deve ser muito focado em ser "isso" ou "aquilo", não se deve forçar a mente sob cogumelos a seguir um caminho. Apenas inclinar pra onde quer. Mas os primeiros experimentos são pra conhecer, ter uma nova forma de experimentar a existência, se divertir, o que for, e já podem aliviar muitas problemas difíceis. Até que o trabalho com eles realmente chege numa profundidade enteogênica proposital, demora-se várias experiências na criação de uma liturgia própria direcionadora - se for o caso de se tomar como parte integrante de espiritualidade, no meu caso.

Sobre sua pergunta objetiva, 1 grama é uma dose adequada pra uma primeira experiência. A minha foi de cerca de 800 g secos e foi ótima. Começa-se debaixo e aí se sobe a dosagem com cuidados em experiências seguintes, pois cada 1 grama significa um pulo exponencial de efeitos.

Bem...

Dá uma olhada (e ela também) na FAQ da Experiência Psicodélica para as informações mínimas necessárias pra uma experiência segura e fluida, e também nos tópicos do guia para o iniciante para um bom apoio de informações sobre a psicodelia em si e os cultivos para iniciantes.

E bem-vindo. :)

P.S.: se realmente ela tomar, traga-nos o resultado num relato, se desejar. Abs.
 
Obrigado pelas respostas, pessoal. Eu e elas estamos acompanhando as respostas. Pois bem, chegamos a um consenso que ela quer experimentar, não há objeções contra isso, a vontade dela é bem firme. Vou ajudá-la nesse processo e dps volto a relatar como foi o processo
 
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