10g de cubensis desidratado dividido em 3 pessoas. Apx 3,3g para cada.
Compramos pela internet, e estavam muito azulados. Comemos os cogumelos no carro, e ressalto que meus dois colegas tiveram certa dificuldade ao ingerí-los, por conta de seu gosto. Então nos dirigimos a um parque para aproveitar a trip. Impressionantemente, os efeitos começaram poucos momentos depois da ingestão. Provavelmente em menos de 15 minutos, concordamos que havia a sensação de uma leve aura de energia em nossos corpos. Logo em seguida um de meus colegas começou a passar mal, e vomitou tudo que havia comido, mas ficou de boa depois. Suspeitamos que os efeitos nele não seriam tão fortes por tê-los posto para fora tão cedo. Com medo de perder o controle, optamos por fumar apenas uma ponta de um baseado, afinal os efeitos do cogumelo já eram notáveis desde muito cedo. E também, por conhecer a vibe do LSD, eu sabia que não podíamos subestimar os psicodélicos misturando com grandes quantidades de qualquer outra substância. Deixamos o carro no estacionamento, e fomos caminhando até o parque. Fui andando e apreciando as primeiras sensibilidades que o cogumelo me proporcionava. Minha visão parecia remasterizada, como se alguém tivesse mudado as configurações para 4K. O parque certamente estava mais bonito que o normal. Leves distorções começaram quando os sons do parque se misturavam entre si, e também quando eu olhava de relance para algo achando que era uma coisa, mas na verdade era outra coisa. Noção de profundidade e distância, tanto visual quanto auditiva, foram aos poucos sendo afetadas. Sentamos em um banco de frente para o mar da Baía de Florianópolis, e lá surgiram os primeiros risos, muitos risos. As coisas iam ficando mais intensas quando meu outro amigo começou a passar mal também. Mas ele ficou segurando a vontade de por pra fora porque não seria uma experiência agradável fazer isso com os efeitos do cogumelo estalando na mente. Aquela sensação de passar mal atordoava ele, e tentamos convence-lo a por para fora mesmo que seja horrível. Em meio a paulada, ele ficava dividido sem saber o que fazer. Ao mesmo tempo que era uma tortura vê-lo assim, riamos muito da situação. Então ele foi para um canto mais afastado e conseguiu. Voltou dizendo que as alucinações haviam começado e que o mato tava se mexendo, e que havia visto um rosto no próprio vômito. Em um dado momento, ao tentar me expressar, percebi que minha mente estava confusa e tive a sensação de falta de lógica na minha fala. Deixei claro que daquele momento em diante, o cogumelo estaria no comando, e que meus argumentos poderiam não parecer tão coerentes. Em um breve insight, tive a sensação de não me conhecer. Era uma sensação de vazio, mas que ao mesmo tempo preenchia tudo. Era como se meu corpo estivesse presente, mas a mente e a consciência flutuando no infinito. Comentei com meus colegas que eu achava estar sentindo o mesmo que alguém que tem Alzheimer. Talvez uma comparação infeliz, não sou estudado no assunto, mas os rapazes riram de mim. Compreendi que esta era uma experiência muito pessoal, e que eles não entenderiam, por mais que tentasse explicar. A este ponto, já não havia nenhuma noção temporal. O tempo passava de uma forma totalmente diferente, ou até mesmo não existia. A quantidade de pensamentos e informações eram tantas que faziam do tempo uma mera futilidade. Um insight dentro da mente poderia durar segundos ou meses, dependendo do ponto de vista. Uma caminhada de um ponto até o outro do parque, podia parecer um instante ou uma eternidade. Uma eternidade enquanto caminhávamos e um instante quando olhávamos para trás. Não haviam pontos de referência. Surgiram dificuldades de comunicação entre nós. O que um falava não fazia sentido para o outro. Por vezes eu começava uma frase, e no meio dela as palavras se perdiam. Simplesmente as palavras sumiam, ou eu perdia a concentração no que estava falando. A partir daí foi psicodelía total. Cores intensas, rastros de lenta percepção em todo movimento, e um senso de "eu" completamente perdido. Quando tentávamos conversar, nos perdíamos nos detalhes dos assuntos, como se o vocabulário humano não fosse suficiente para expressar o que estávamos pensando. E realmente não era o suficiente. Todas as questões levantadas, tinham uma importância extremamente além do necessário. Dar uma volta no parque ou ficar sentado era uma questão de vida ou morte, e a dualidade entre as coisas serem uma ótima ideia ou uma péssima ideia era eterna. Em um dado momento, senti tanta dificuldade de me expressar, que frases inteiras encolhiam em um verbo que simbolizava o sentido que eu queria passar. Por exemplo, para indicar que eu me sentia mais confortável em um lugar com pouca agitação, eu só conseguia dizer "paz", "paz é bom". A sensação de estar perdido era grande. Faltou alguém sóbrio no rolê para nos guiar com uma palavra final. Tomadas de decisão foram extremamente prejudicadas. Certezas que pareciam absolutas se dissolviam um minuto depois. No que eu posso chamar de auge da trip, estávamos em um trapiche, e aqui me falta memória para registrar. Eu estava em outra dimensão e não há palavras para descrever aquilo. Curioso com onde tudo isso poderia chegar, decidi apertar um baseado sabendo que é um potencializador da trip. Foi uma tentativa frustrada, não tinha nem um pingo de coordenação motora para aquilo. Eu me perdia entre a seda e a planta durante muitos minutos, e acabei deixando quase tudo cair no chão. Acabei por desistir do baseado. O final da trip foi acompanhado por algumas bads, acredito que muito comuns no caso de trips mais fortes. Quando cheguei em casa, estava extremamente emotivo e sentimental. Um sentimento de culpa muito grande surgiu. Tive algumas percepções sobre coisas que estavam erradas na minha vida e chorei muito, e prometi para mim mesmo que ia resolve-las. Lembro que a "ressaca" do LSD se situava, pelo menos para mim, entre o niilismo e o vazio existencial. Já a do cogumelo me passava a sensação de que eu nunca mais seria a mesma pessoa. E não foi fácil lidar com a "ressaca" do cogumelo, até porque dificilmente alguém passa por uma experiência de dissolução do ego(eu), e continua a mesma pessoa. O ego luta, o ego resiste, mas o que há além é muito mais forte. Eu entendia o porque eu me sentia mal no pós trip, e eu tive que me adequar ao meu novo eu. Então eu aceitei a experiência e agradeci o cogumelo pela oportunidade incrível, mesmo assustadora, que ele me proporcionou.
PS. A bad durou até eu pegar no sono.
PS². Um dos meus colegas quando chegou em casa, também ficou muito sentimental, e teve uma bad homérica, aparentemente muito mais forte que a minha. Ele diz que renasceu naquela noite. Ainda quero ouvir a experiência do ponto de vista deles.
Compramos pela internet, e estavam muito azulados. Comemos os cogumelos no carro, e ressalto que meus dois colegas tiveram certa dificuldade ao ingerí-los, por conta de seu gosto. Então nos dirigimos a um parque para aproveitar a trip. Impressionantemente, os efeitos começaram poucos momentos depois da ingestão. Provavelmente em menos de 15 minutos, concordamos que havia a sensação de uma leve aura de energia em nossos corpos. Logo em seguida um de meus colegas começou a passar mal, e vomitou tudo que havia comido, mas ficou de boa depois. Suspeitamos que os efeitos nele não seriam tão fortes por tê-los posto para fora tão cedo. Com medo de perder o controle, optamos por fumar apenas uma ponta de um baseado, afinal os efeitos do cogumelo já eram notáveis desde muito cedo. E também, por conhecer a vibe do LSD, eu sabia que não podíamos subestimar os psicodélicos misturando com grandes quantidades de qualquer outra substância. Deixamos o carro no estacionamento, e fomos caminhando até o parque. Fui andando e apreciando as primeiras sensibilidades que o cogumelo me proporcionava. Minha visão parecia remasterizada, como se alguém tivesse mudado as configurações para 4K. O parque certamente estava mais bonito que o normal. Leves distorções começaram quando os sons do parque se misturavam entre si, e também quando eu olhava de relance para algo achando que era uma coisa, mas na verdade era outra coisa. Noção de profundidade e distância, tanto visual quanto auditiva, foram aos poucos sendo afetadas. Sentamos em um banco de frente para o mar da Baía de Florianópolis, e lá surgiram os primeiros risos, muitos risos. As coisas iam ficando mais intensas quando meu outro amigo começou a passar mal também. Mas ele ficou segurando a vontade de por pra fora porque não seria uma experiência agradável fazer isso com os efeitos do cogumelo estalando na mente. Aquela sensação de passar mal atordoava ele, e tentamos convence-lo a por para fora mesmo que seja horrível. Em meio a paulada, ele ficava dividido sem saber o que fazer. Ao mesmo tempo que era uma tortura vê-lo assim, riamos muito da situação. Então ele foi para um canto mais afastado e conseguiu. Voltou dizendo que as alucinações haviam começado e que o mato tava se mexendo, e que havia visto um rosto no próprio vômito. Em um dado momento, ao tentar me expressar, percebi que minha mente estava confusa e tive a sensação de falta de lógica na minha fala. Deixei claro que daquele momento em diante, o cogumelo estaria no comando, e que meus argumentos poderiam não parecer tão coerentes. Em um breve insight, tive a sensação de não me conhecer. Era uma sensação de vazio, mas que ao mesmo tempo preenchia tudo. Era como se meu corpo estivesse presente, mas a mente e a consciência flutuando no infinito. Comentei com meus colegas que eu achava estar sentindo o mesmo que alguém que tem Alzheimer. Talvez uma comparação infeliz, não sou estudado no assunto, mas os rapazes riram de mim. Compreendi que esta era uma experiência muito pessoal, e que eles não entenderiam, por mais que tentasse explicar. A este ponto, já não havia nenhuma noção temporal. O tempo passava de uma forma totalmente diferente, ou até mesmo não existia. A quantidade de pensamentos e informações eram tantas que faziam do tempo uma mera futilidade. Um insight dentro da mente poderia durar segundos ou meses, dependendo do ponto de vista. Uma caminhada de um ponto até o outro do parque, podia parecer um instante ou uma eternidade. Uma eternidade enquanto caminhávamos e um instante quando olhávamos para trás. Não haviam pontos de referência. Surgiram dificuldades de comunicação entre nós. O que um falava não fazia sentido para o outro. Por vezes eu começava uma frase, e no meio dela as palavras se perdiam. Simplesmente as palavras sumiam, ou eu perdia a concentração no que estava falando. A partir daí foi psicodelía total. Cores intensas, rastros de lenta percepção em todo movimento, e um senso de "eu" completamente perdido. Quando tentávamos conversar, nos perdíamos nos detalhes dos assuntos, como se o vocabulário humano não fosse suficiente para expressar o que estávamos pensando. E realmente não era o suficiente. Todas as questões levantadas, tinham uma importância extremamente além do necessário. Dar uma volta no parque ou ficar sentado era uma questão de vida ou morte, e a dualidade entre as coisas serem uma ótima ideia ou uma péssima ideia era eterna. Em um dado momento, senti tanta dificuldade de me expressar, que frases inteiras encolhiam em um verbo que simbolizava o sentido que eu queria passar. Por exemplo, para indicar que eu me sentia mais confortável em um lugar com pouca agitação, eu só conseguia dizer "paz", "paz é bom". A sensação de estar perdido era grande. Faltou alguém sóbrio no rolê para nos guiar com uma palavra final. Tomadas de decisão foram extremamente prejudicadas. Certezas que pareciam absolutas se dissolviam um minuto depois. No que eu posso chamar de auge da trip, estávamos em um trapiche, e aqui me falta memória para registrar. Eu estava em outra dimensão e não há palavras para descrever aquilo. Curioso com onde tudo isso poderia chegar, decidi apertar um baseado sabendo que é um potencializador da trip. Foi uma tentativa frustrada, não tinha nem um pingo de coordenação motora para aquilo. Eu me perdia entre a seda e a planta durante muitos minutos, e acabei deixando quase tudo cair no chão. Acabei por desistir do baseado. O final da trip foi acompanhado por algumas bads, acredito que muito comuns no caso de trips mais fortes. Quando cheguei em casa, estava extremamente emotivo e sentimental. Um sentimento de culpa muito grande surgiu. Tive algumas percepções sobre coisas que estavam erradas na minha vida e chorei muito, e prometi para mim mesmo que ia resolve-las. Lembro que a "ressaca" do LSD se situava, pelo menos para mim, entre o niilismo e o vazio existencial. Já a do cogumelo me passava a sensação de que eu nunca mais seria a mesma pessoa. E não foi fácil lidar com a "ressaca" do cogumelo, até porque dificilmente alguém passa por uma experiência de dissolução do ego(eu), e continua a mesma pessoa. O ego luta, o ego resiste, mas o que há além é muito mais forte. Eu entendia o porque eu me sentia mal no pós trip, e eu tive que me adequar ao meu novo eu. Então eu aceitei a experiência e agradeci o cogumelo pela oportunidade incrível, mesmo assustadora, que ele me proporcionou.
PS. A bad durou até eu pegar no sono.
PS². Um dos meus colegas quando chegou em casa, também ficou muito sentimental, e teve uma bad homérica, aparentemente muito mais forte que a minha. Ele diz que renasceu naquela noite. Ainda quero ouvir a experiência do ponto de vista deles.