- 01/10/2016
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Este post terá papo médico e papo espiritual, espero que curtam.
Bom, quem já viu meu tópico de apresentação e meu relato da primeira viagem, sabe que eu estou nos cogumelos por duas razões. Primeiro, para gerenciar minha depressão crônica (tenho há 25 anos) e depois para exploração espiritual.
Recapitulando a história de onde parou, minha trip de 17 de dezembro de 2016 me deixou maravilhoso por seis semanas. Mas no começo de fevereiro entrei no buraco da depressão. E fiquei nele. E não saí. E tudo isso foi muito muito mais sofrido porque estava passando por uma mudança de país, encontrar nova casa, escola, novo emprego, toda essa pressão. Como lidar com esse estresse normal quando em depressão de moderada a severa? Bicho, foi horrível. Não foi sem precedentes, mas foi horrível.
Ficou claro que eu precisava dos shrooms para gerenciar o problema tanto emergencialmente (arrumar logo uma dose) quanto a longo prazo (começar a cultivar). Passei quase dois meses correndo atrás. Me expus significativamente, mas o risco valia. Como agora estou num país onde cogus não são facilmente encontrados, tentamos (eu e quem eu amo) várias alternativas, algumas extremas, viagem internacional súbita, etc.
Mas de tanto tentar dúzias de caminhos alternativos, um acabou dando certo e obtive 4g de cubensis ontem. Eu tinha curiosidade do caminho das microdoses, mas com tão pouco em mãos achei que o melhor caminho era uma trip logo. Mesmo assim, resolvi dar uma "experimentadinha" em microdose ingerindo um pedacinho pequeno no sábado. Me senti melhor, o que sinaliza que pode ser uma boa opção mais tarde. E hoje com o resto preparei uma trip.
A intensidade da trip foi menor (diria nível 2 segundo esta escala, no lugar de nível 3 da 1a vez), talvez por menor concentração no cubensis desse fornecedor. Dessa forma, o "maravilhamento" depois foi menor, o que torna mais fácil escrever logo depois da experiência. Também durou menos, e em poucas horas já conseguia interagir de novo. Mas...
Houve uma vantagem das alucinações serem menos alucinantes. Como as coisas não se sucediam tão rápido na minha cabeça, houve um fio da meada. Eu pedi por um guia enquanto viajava, coisa que não recebi em dezembro. Por influência de um retiro espiritual que fui há uns meses, onde o pessoal era fortemente influenciado pela Índia, resolvi que Krishna ia ser o senhor daquele processo, e pedi para ele mandar o "guru" daquele retiro para falar comigo. Ele veio, e conversou extensamente comigo (mas sem o sotaque lusitano). Estivemos em pradarias, florestas, alto do Himalaia, sem perder a continuidade. E a minha pergunta era a de sempre, como fica essa história de "eu"?
Ele me mostrou alguns detalhes interessantes, tipo o paradoxo de estar em dois lugares ao mesmo tempo. Toda a minha atenção estava toda nele no Himalaia, mas eu sabia que para coçar a cabeça ia ter que mexer meu braço na minha cama. E como dizer que o Himalaia não era "real" para mim se eu estava mais presente lá do que onde estava meu corpo? Voltamos a uma imagem poética recorrente nessas discussões, que havia na minha vida quotidiana havia um filme, e nele um personagem chamado "...", que na prática agia pensava como se fosse real, e não um personagem.
Outra coisa, permeou a minha viagem um mantra em sânscrito. Na verdade, o único mantra que conheço, A Satoma Sat Gamaya. Era interessante que essas palavras em sânscrito rolavam fácil da minha mente e minha boca, mas se eu tentava recitar algo em português, como o Pai-nosso, ou um poema (eu resolvi experimentar minha capacidade de articular frases para ver o quão forte minha trip estava) eu travava e me enrolava. Mas o mantra saía fácil.
Quando saí, como eu achei o papo com o guru mandado por Krishna tão bem sucedido, decidi que provisoriamente eu ia chamar o Absoluto, ou "Deus", de Krishna. A vantagem é que eu ao mesmo tempo sei poucas histórias sobre ele e portanto não tenho tantas confusões antropomórficas a seu respeito (ao contrário das manifestações de Deus com as quais cresci - Iaweh, Jesus, Maria, etc.) ao mesmo tempo em que posso adorar uma imagem dele - há representações de Krishna. E eu já identifiquei que uma deficiência espiritual minha está na dificuldade de desenvolver meu lado "bakti" (quem sabe um pouco de hinduísmo já ouviu o termo - quer dizer algo como adoração a algo divino). Então por ora vou chamar o absoluto/Deus de Krishna. Durante a viagem, eu vi brevemente todas as coisas como uma manifestação do absoluto, e isso apareceu mais claramente quando eu associei Deus com Krishna (um dia posso mudar isso - Deus obviamente não tem nome nem cara, nós é que criamos a representação que mais nos toca).
Eu acredito muito fortemente em Deus, mas em Deus realmente com dê maiúsculo. Não é o Deus das religiões abraâmicas, pois o Deus em que acredito não é separado de nós, de forma que é incoerente dizer que ele nos "criou" ou "vai julgar". Eu sou Ele, você que está lendo também, quem está do meu lado agora também. Tudo que acontece no mundo é Ele. Como isso é possível? A mente humana não alcança.
Voltando à vaca fria bioquímico-psiquiátrica...
Com sorte, essa viagem vai segurar minha depressão por um mês. Estou fazendo planos para ter uma outra dose depois desse mês acabar, e para começar meu cultivo a tempo de ter cogus dentro de 2 meses ou 2 e meio. Vamos ver se dá certo.
Bom, quem já viu meu tópico de apresentação e meu relato da primeira viagem, sabe que eu estou nos cogumelos por duas razões. Primeiro, para gerenciar minha depressão crônica (tenho há 25 anos) e depois para exploração espiritual.
Recapitulando a história de onde parou, minha trip de 17 de dezembro de 2016 me deixou maravilhoso por seis semanas. Mas no começo de fevereiro entrei no buraco da depressão. E fiquei nele. E não saí. E tudo isso foi muito muito mais sofrido porque estava passando por uma mudança de país, encontrar nova casa, escola, novo emprego, toda essa pressão. Como lidar com esse estresse normal quando em depressão de moderada a severa? Bicho, foi horrível. Não foi sem precedentes, mas foi horrível.
Ficou claro que eu precisava dos shrooms para gerenciar o problema tanto emergencialmente (arrumar logo uma dose) quanto a longo prazo (começar a cultivar). Passei quase dois meses correndo atrás. Me expus significativamente, mas o risco valia. Como agora estou num país onde cogus não são facilmente encontrados, tentamos (eu e quem eu amo) várias alternativas, algumas extremas, viagem internacional súbita, etc.
Mas de tanto tentar dúzias de caminhos alternativos, um acabou dando certo e obtive 4g de cubensis ontem. Eu tinha curiosidade do caminho das microdoses, mas com tão pouco em mãos achei que o melhor caminho era uma trip logo. Mesmo assim, resolvi dar uma "experimentadinha" em microdose ingerindo um pedacinho pequeno no sábado. Me senti melhor, o que sinaliza que pode ser uma boa opção mais tarde. E hoje com o resto preparei uma trip.
A intensidade da trip foi menor (diria nível 2 segundo esta escala, no lugar de nível 3 da 1a vez), talvez por menor concentração no cubensis desse fornecedor. Dessa forma, o "maravilhamento" depois foi menor, o que torna mais fácil escrever logo depois da experiência. Também durou menos, e em poucas horas já conseguia interagir de novo. Mas...
Houve uma vantagem das alucinações serem menos alucinantes. Como as coisas não se sucediam tão rápido na minha cabeça, houve um fio da meada. Eu pedi por um guia enquanto viajava, coisa que não recebi em dezembro. Por influência de um retiro espiritual que fui há uns meses, onde o pessoal era fortemente influenciado pela Índia, resolvi que Krishna ia ser o senhor daquele processo, e pedi para ele mandar o "guru" daquele retiro para falar comigo. Ele veio, e conversou extensamente comigo (mas sem o sotaque lusitano). Estivemos em pradarias, florestas, alto do Himalaia, sem perder a continuidade. E a minha pergunta era a de sempre, como fica essa história de "eu"?
Ele me mostrou alguns detalhes interessantes, tipo o paradoxo de estar em dois lugares ao mesmo tempo. Toda a minha atenção estava toda nele no Himalaia, mas eu sabia que para coçar a cabeça ia ter que mexer meu braço na minha cama. E como dizer que o Himalaia não era "real" para mim se eu estava mais presente lá do que onde estava meu corpo? Voltamos a uma imagem poética recorrente nessas discussões, que havia na minha vida quotidiana havia um filme, e nele um personagem chamado "...", que na prática agia pensava como se fosse real, e não um personagem.
Outra coisa, permeou a minha viagem um mantra em sânscrito. Na verdade, o único mantra que conheço, A Satoma Sat Gamaya. Era interessante que essas palavras em sânscrito rolavam fácil da minha mente e minha boca, mas se eu tentava recitar algo em português, como o Pai-nosso, ou um poema (eu resolvi experimentar minha capacidade de articular frases para ver o quão forte minha trip estava) eu travava e me enrolava. Mas o mantra saía fácil.
Quando saí, como eu achei o papo com o guru mandado por Krishna tão bem sucedido, decidi que provisoriamente eu ia chamar o Absoluto, ou "Deus", de Krishna. A vantagem é que eu ao mesmo tempo sei poucas histórias sobre ele e portanto não tenho tantas confusões antropomórficas a seu respeito (ao contrário das manifestações de Deus com as quais cresci - Iaweh, Jesus, Maria, etc.) ao mesmo tempo em que posso adorar uma imagem dele - há representações de Krishna. E eu já identifiquei que uma deficiência espiritual minha está na dificuldade de desenvolver meu lado "bakti" (quem sabe um pouco de hinduísmo já ouviu o termo - quer dizer algo como adoração a algo divino). Então por ora vou chamar o absoluto/Deus de Krishna. Durante a viagem, eu vi brevemente todas as coisas como uma manifestação do absoluto, e isso apareceu mais claramente quando eu associei Deus com Krishna (um dia posso mudar isso - Deus obviamente não tem nome nem cara, nós é que criamos a representação que mais nos toca).
Eu acredito muito fortemente em Deus, mas em Deus realmente com dê maiúsculo. Não é o Deus das religiões abraâmicas, pois o Deus em que acredito não é separado de nós, de forma que é incoerente dizer que ele nos "criou" ou "vai julgar". Eu sou Ele, você que está lendo também, quem está do meu lado agora também. Tudo que acontece no mundo é Ele. Como isso é possível? A mente humana não alcança.
Voltando à vaca fria bioquímico-psiquiátrica...
Com sorte, essa viagem vai segurar minha depressão por um mês. Estou fazendo planos para ter uma outra dose depois desse mês acabar, e para começar meu cultivo a tempo de ter cogus dentro de 2 meses ou 2 e meio. Vamos ver se dá certo.