Teonanacatl.org

Aqui discutimos micologia amadora e enteogenia.

Cadastre-se para virar um membro da comunidade! Após seu cadastro, você poderá participar deste site adicionando seus próprios tópicos e postagens.

  • Por favor, leia com atenção as Regras e o Termo de Responsabilidade do Fórum. Ambos lhe ajudarão a entender o que esperamos em termos de conduta no Fórum e também o posicionamento legal do mesmo.

2a experiência, novo resgate da depressão, mais espiritual

Falstaff

Hifa
Cadastrado
01/10/2016
41
11
43
Este post terá papo médico e papo espiritual, espero que curtam.

Bom, quem já viu meu tópico de apresentação e meu relato da primeira viagem, sabe que eu estou nos cogumelos por duas razões. Primeiro, para gerenciar minha depressão crônica (tenho há 25 anos) e depois para exploração espiritual.

Recapitulando a história de onde parou, minha trip de 17 de dezembro de 2016 me deixou maravilhoso por seis semanas. Mas no começo de fevereiro entrei no buraco da depressão. E fiquei nele. E não saí. E tudo isso foi muito muito mais sofrido porque estava passando por uma mudança de país, encontrar nova casa, escola, novo emprego, toda essa pressão. Como lidar com esse estresse normal quando em depressão de moderada a severa? Bicho, foi horrível. Não foi sem precedentes, mas foi horrível.

Ficou claro que eu precisava dos shrooms para gerenciar o problema tanto emergencialmente (arrumar logo uma dose) quanto a longo prazo (começar a cultivar). Passei quase dois meses correndo atrás. Me expus significativamente, mas o risco valia. Como agora estou num país onde cogus não são facilmente encontrados, tentamos (eu e quem eu amo) várias alternativas, algumas extremas, viagem internacional súbita, etc.

Mas de tanto tentar dúzias de caminhos alternativos, um acabou dando certo e obtive 4g de cubensis ontem. Eu tinha curiosidade do caminho das microdoses, mas com tão pouco em mãos achei que o melhor caminho era uma trip logo. Mesmo assim, resolvi dar uma "experimentadinha" em microdose ingerindo um pedacinho pequeno no sábado. Me senti melhor, o que sinaliza que pode ser uma boa opção mais tarde. E hoje com o resto preparei uma trip.

A intensidade da trip foi menor (diria nível 2 segundo esta escala, no lugar de nível 3 da 1a vez), talvez por menor concentração no cubensis desse fornecedor. Dessa forma, o "maravilhamento" depois foi menor, o que torna mais fácil escrever logo depois da experiência. Também durou menos, e em poucas horas já conseguia interagir de novo. Mas...

Houve uma vantagem das alucinações serem menos alucinantes. Como as coisas não se sucediam tão rápido na minha cabeça, houve um fio da meada. Eu pedi por um guia enquanto viajava, coisa que não recebi em dezembro. Por influência de um retiro espiritual que fui há uns meses, onde o pessoal era fortemente influenciado pela Índia, resolvi que Krishna ia ser o senhor daquele processo, e pedi para ele mandar o "guru" daquele retiro para falar comigo. Ele veio, e conversou extensamente comigo (mas sem o sotaque lusitano). Estivemos em pradarias, florestas, alto do Himalaia, sem perder a continuidade. E a minha pergunta era a de sempre, como fica essa história de "eu"?

Ele me mostrou alguns detalhes interessantes, tipo o paradoxo de estar em dois lugares ao mesmo tempo. Toda a minha atenção estava toda nele no Himalaia, mas eu sabia que para coçar a cabeça ia ter que mexer meu braço na minha cama. E como dizer que o Himalaia não era "real" para mim se eu estava mais presente lá do que onde estava meu corpo? Voltamos a uma imagem poética recorrente nessas discussões, que havia na minha vida quotidiana havia um filme, e nele um personagem chamado "...", que na prática agia pensava como se fosse real, e não um personagem.

Outra coisa, permeou a minha viagem um mantra em sânscrito. Na verdade, o único mantra que conheço, A Satoma Sat Gamaya. Era interessante que essas palavras em sânscrito rolavam fácil da minha mente e minha boca, mas se eu tentava recitar algo em português, como o Pai-nosso, ou um poema (eu resolvi experimentar minha capacidade de articular frases para ver o quão forte minha trip estava) eu travava e me enrolava. Mas o mantra saía fácil.

Quando saí, como eu achei o papo com o guru mandado por Krishna tão bem sucedido, decidi que provisoriamente eu ia chamar o Absoluto, ou "Deus", de Krishna. A vantagem é que eu ao mesmo tempo sei poucas histórias sobre ele e portanto não tenho tantas confusões antropomórficas a seu respeito (ao contrário das manifestações de Deus com as quais cresci - Iaweh, Jesus, Maria, etc.) ao mesmo tempo em que posso adorar uma imagem dele - há representações de Krishna. E eu já identifiquei que uma deficiência espiritual minha está na dificuldade de desenvolver meu lado "bakti" (quem sabe um pouco de hinduísmo já ouviu o termo - quer dizer algo como adoração a algo divino). Então por ora vou chamar o absoluto/Deus de Krishna. Durante a viagem, eu vi brevemente todas as coisas como uma manifestação do absoluto, e isso apareceu mais claramente quando eu associei Deus com Krishna (um dia posso mudar isso - Deus obviamente não tem nome nem cara, nós é que criamos a representação que mais nos toca).

Eu acredito muito fortemente em Deus, mas em Deus realmente com dê maiúsculo. Não é o Deus das religiões abraâmicas, pois o Deus em que acredito não é separado de nós, de forma que é incoerente dizer que ele nos "criou" ou "vai julgar". Eu sou Ele, você que está lendo também, quem está do meu lado agora também. Tudo que acontece no mundo é Ele. Como isso é possível? A mente humana não alcança.

Voltando à vaca fria bioquímico-psiquiátrica...

Com sorte, essa viagem vai segurar minha depressão por um mês. Estou fazendo planos para ter uma outra dose depois desse mês acabar, e para começar meu cultivo a tempo de ter cogus dentro de 2 meses ou 2 e meio. Vamos ver se dá certo.
 
Parabéns, @Falstaff, já que você tem uma boa adaptação à enteogenia com cogumelos, está escolhendo o caminho certo e único capaz de quem sabe chegar a uma cura definitiva - viagens com suas profundas transformações internas, e não microdosagens com apenas alívio do humor.

Estar longe de casa assim é uma barra mesmo, felizmente você tem quem você ama ao seu lado.

Agora o cultivo de cogumelos lhe trará uma segurança de poder ter os meninos santos no ritmo que você estabelecer para manter sua saúde mental e espiritual, pelo tempo que assim achar necessário.

Legal vê-lo seguindo seu caminho espiritual. Obrigado por estar retornando para nos contar como está sendo com você. :anjo:
 
@Falstaff, estou acompanhando a tua jornada com muito interesse e carinho. Tenho confiança que você vai conseguir livrar-se dessa depressão e me parece que você está no caminho da cura.

Te desejo sucesso no cultivo e se pudermos te ajudar de alguma forma, não evite postar as dúvidas aqui.

Obrigado por compartilhar a tua experiência conosco, tenho certeza que vai ajudar várias outras pessoas que passam por algo parecido.
 
Com sorte, essa viagem vai segurar minha depressão por um mês.


Creio que, para ser uma opção efetiva de tratamento, a experiência deveria fazer efeito por pelo menos dois meses. Quanto menor o intervalo mais você pode ficar inseguro pensando que vai ter depressão de novo se não tomar logo.

Mas você é que deve encontrar o intervalo ideal.
 
Creio que, para ser uma opção efetiva de tratamento, a experiência deveria fazer efeito por pelo menos dois meses. Quanto menor o intervalo mais você pode ficar inseguro pensando que vai ter depressão de novo se não tomar logo.

Mas você é que deve encontrar o intervalo ideal.

Eu acho que o importante é ter o cogu sempre em casa, o que não foi o caso nestas últimas semanas (e nem é o caso agora, porque acabou tudo). Tendo em casa, eu tomo quando os sintomas voltarem, seja em um mês ou dois. Quando o cultivo estiver dando frutos, acho que estará tudo Ok, porque correr atrás de vendedor toda hora é fogo.

Tem um carimbo de esporos que estão me mandando pelo correio do Brasil, mas sabe-se lá se vai chegar neste país. Estou vendo se a mesma pessoa que me arrumou essa dose pode me trazer uma seringa de esporos, para eu começar a cultivar. Mas os cogumelos vão levar mais de um mês para estarem prontos para o consumo, então ainda tenho que ver um suprimento temporário. Talvez da próxima vez, se eu tiver algo em casa, eu espere os primeiros sinais de depressão aparecerem e tome microdose, para ver se segura. O que não dá é ficar semanas nesse desespero de procurar.

@Falstaff, estou acompanhando a tua jornada com muito interesse e carinho. Tenho confiança que você vai conseguir livrar-se dessa depressão e me parece que você está no caminho da cura.

Te desejo sucesso no cultivo e se pudermos te ajudar de alguma forma, não evite postar as dúvidas aqui.

Obrigado por compartilhar a tua experiência conosco, tenho certeza que vai ajudar várias outras pessoas que passam por algo parecido.

Obrigado pelas gentis palavras, @coguosho
 
Última edição por um moderador:
Falstaff, é impossível ser feliz e ao mesmo tempo continuar achando ser esse indivíduo que nós pensamos ser. No máximo alguém pode se enganar achando que é feliz, quando na verdade não é. Por isso, o indivíduo que está consciente de ser infeliz está numa situação melhor do que aquele que é infeliz mas se engana achando que é feliz, e toda pessoa que pensa ser alguém é necessariamente infeliz. Assim sendo, curar-se de uma depressão e continuar pensando ser uma pessoa é mais um retrocesso à uma falsa zona de conforto do que um progresso de fato. Enquanto você se identificar com a sua personalidade, você pode até conseguir ser feliz por alguns breves momentos, mas jamais por muito tempo.

Psicodélicos são uma faca de dois gumes. Eles podem ser bastante úteis, mas também podem servir apenas para alimentar mais ilusões, dependendo de quem usa. Mas eles jamais serão uma chave para a felicidade permanente e absoluta ou a cura e a salvação da humanidade. Quem acha que cogumelos ou qualquer outro psicodélico podem trazer a felicidade permanente e mudar o mundo, como muitos acham, está só se enganando. Também se engana aquele que transforma psicodélicos numa muleta, assim como fazemos com remédios psiquiátricos, porque ao fazermos isso estamos jogando a nossa responsabilidade para uma outra coisa qualquer e esperando que ela resolva os nossos problemas.

No mais, você fortalece tudo aquilo contra o que você luta. Ao tentar curar ou controlar a sua depressão, você está apenas alimentando-a ainda mais. Meu conselho para você é: em vez de tentar eliminar a depressão, por que você não a aceita? Tudo é exatamente como tem que ser, o nosso sofrimento provem do fato de que nós queremos mudar as coisas e transformá-las em algo que elas não são. Se você está com depressão, é porque ela tem algo a te ensinar. Por que você não abandona toda e qualquer tentativa de resolver esse problema e simplesmente aceita tudo como é? Ou então tente compreender a causa da sua tristeza; quando se sentir deprimido, pergunte a si mesmo "por que estou deprimido?", até você encontrar o motivo, depois que encontrar o motivo, pergunte a si mesmo "mas por que o motivo X me deprime?", até você encontrar o motivo do motivo, e então pergunte a si mesmo: "mas por que o motivo Y me deprime?", até você encontrar o motivo Z e assim sucessivamente.

Ou então faça algo bem mais simples: pergunte a si mesmo "quem é esse 'eu' que tem depressão?" e veja se você consegue vê-lo. Por acaso você alguma vez na sua vida já viu quem ou o que é esse "eu"?
 
Falstaff, é impossível ser feliz e ao mesmo tempo continuar achando ser esse indivíduo que nós pensamos ser. No máximo alguém pode se enganar achando que é feliz, quando na verdade não é. Por isso, o indivíduo que está consciente de ser infeliz está numa situação melhor do que aquele que é infeliz mas se engana achando que é feliz, e toda pessoa que pensa ser alguém é necessariamente infeliz. Assim sendo, curar-se de uma depressão e continuar pensando ser uma pessoa é mais um retrocesso à uma falsa zona de conforto do que um progresso de fato. Enquanto você se identificar com a sua personalidade, você pode até conseguir ser feliz por alguns breves momentos, mas jamais por muito tempo.

Psicodélicos são uma faca de dois gumes. Eles podem ser bastante úteis, mas também podem servir apenas para alimentar mais ilusões, dependendo de quem usa. Mas eles jamais serão uma chave para a felicidade permanente e absoluta ou a cura e a salvação da humanidade. Quem acha que cogumelos ou qualquer outro psicodélico podem trazer a felicidade permanente e mudar o mundo, como muitos acham, está só se enganando. Também se engana aquele que transforma psicodélicos numa muleta, assim como fazemos com remédios psiquiátricos, porque ao fazermos isso estamos jogando a nossa responsabilidade para uma outra coisa qualquer e esperando que ela resolva os nossos problemas.

No mais, você fortalece tudo aquilo contra o que você luta. Ao tentar curar ou controlar a sua depressão, você está apenas alimentando-a ainda mais. Meu conselho para você é: em vez de tentar eliminar a depressão, por que você não a aceita? Tudo é exatamente como tem que ser, o nosso sofrimento provem do fato de que nós queremos mudar as coisas e transformá-las em algo que elas não são. Se você está com depressão, é porque ela tem algo a te ensinar. Por que você não abandona toda e qualquer tentativa de resolver esse problema e simplesmente aceita tudo como é? Ou então tente compreender a causa da sua tristeza; quando se sentir deprimido, pergunte a si mesmo "por que estou deprimido?", até você encontrar o motivo, depois que encontrar o motivo, pergunte a si mesmo "mas por que o motivo X me deprime?", até você encontrar o motivo do motivo, e então pergunte a si mesmo: "mas por que o motivo Y me deprime?", até você encontrar o motivo Z e assim sucessivamente.

Ou então faça algo bem mais simples: pergunte a si mesmo "quem é esse 'eu' que tem depressão?" e veja se você consegue vê-lo. Por acaso você alguma vez na sua vida já viu quem ou o que é esse "eu"?

Querido Morpheu, tenho certeza que o seu texto é bem intencionado e há vários insights nele com os quais concordo, porém acho que você simplificou um pouco a complexidade da questão sobre a saúde mental. A interação mente-corpo traz enormes dificuldades filosóficas e estou consciente de estar fazendo esta dicotomia controversa ao falar isso, mas acho que você pode estar esquecendo os aspectos químicos e biológicos da depressão.

Falstaff já enfrenta este problema há anos, tanto com a ajuda de remédios (que para ele não fazem muito efeito), quando a de profissionais da área da saúde mental. Estudos mostram fortes evidências de que a psilocibina estimula a neurogênese e é um eficiente veículo terapêutico para o tratamento de quadros de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático, só para citar alguns. Os cogumelos o ajudam e isso é uma ótima notícia.

A minha impressão é que você está dando dicas de como treinar para as olimpíadas quando, na verdade, o nosso amigo Falstaff está em busca de completar a sua fisioterapia para poder recuperar os movimentos do seu corpo.

Depressão é algo que às vezes não parece ter um motivo claro. Uma pergunta do tipo "por que estou deprimido?" simplesmente não tem resposta. Durante a depressão tudo que você sabe é que há uma nuvem negra em cima da sua cabeça e que nada parece ter sentido. Você não tem energia para fazer nada na sua vida, quem sabe nem mesmo lutar contra a depressão. Dentro desta perspectiva, tente imaginar a leveza que é finalmente descobrir algo que te permite por 1 ou 2 meses viver uma vida normal. Você jogaria isso fora?

E, por fim, gostaria de deixar uma piada zen sobre ser alguém:

Um mendigo estava sentado e ouvia dois monges conversando. Um deles disse, "eu não sou ninguém", ao que o outro responde, "eu também não sou ninguém". O mendigo, se identificando e achando que havia encontrado amigos que finalmente entenderiam como ele se sente diz, "eu também não sou ninguém". Tendo ouvido isso, um dos monges vira para o outro e fala: "olha quem acha que não é ninguém".
 
Muito obrigado, @coguosho . Agradeço imensamente sua intervenção. Sem saber sua identidade já o tenho como um dos meus melhores amigos. Uma das coisas mais chatas da depressão é justamente a incompreensão de muitas pessoas sobre a natureza bioquímica do problema, que não melhorará conforme se mude visão de mundo. Para a pergunta "por que estou deprimido" a resposta é simples: "porque há um desequilíbrio bioquímico". Vejo pessoas dos círculos "espirituais" frequentemente se perderem nesse ponto. Eu gosto de fazer a seguinte comparação: em vez de depressão, vamos supor que eu sofresse de enxaquecas dolorosas duas vezes ao dia. Seria minimamente razoável questionar a opção de tomar para o resto da vida um remédio que a cure porque isso seria uma "muleta"? Seria razoável propor que se abraçasse as enxaquecas e se partisse para exploração espiritual? Eu tenho pessoas próximas de mim que tem problemas psiquiátricos graves que são controlados a longo prazo com medicamento. Essas pessoas tem seu lado espiritual também. Mas enquanto se está sofrendo do problema psiquiátrico a busca espiritual fica bem mais difícil.

Em todo caso vou admitir que a depressão me ensinou muito sobre como eu funciono e também sobre como o ser humano funciona. Eu poderia escrever páginas sobre o que aprendi. Aprendi inclusive que não adianta "lutar" usando o psicológico, o que realmente só piora a depressão. No psicológico, é melhor aceitar, porque revoltar-se sempre agrava (agora, é outro papo "lutar" pelo lado farmacológico, porque com psilocibina já sei que funciona). E aprendi muito mais, inclusive sobre a ilusão do livre arbítrio, no qual a maioria das pessoas acredita mas que a depressão me ensinou que é tão real quanto Papai Noel. Mas de qualquer forma acho que 25 anos de aula são o bastante, não lhes parece? Mereço meu diploma de final de curso. Eu vejo que o @morpheu compreende pouco ou nada sobre depressão crônica, porque supõe que "X me deprime". Ora, não tem X, nem Y nem Z que me deprimem. O negócio vem quando dá na telha, mesmo quando tudo à minha volta está às mil maravilhas.

Há outra coisa importantíssima que o @morpheu negligenciou: e quanto ao sofrimento dos outros à minha volta? Você acha que eu sou a única pessoa produndamente afetada? Você tem ideia do quanto uma depressão como essa transtorna minha família? Meus filhos inocentes devem continuar crescendo com um pai ausente e problemático porque ele prefere "abraçar e aprender" com um transtorno em vez de curar com uma "muleta" farmacológica?

Ah, também concordo sobre a "identificação com o eu" estar no fundo do sofrimento humano. Já li e reli Ramana Maharshi, e tenho como meu maior guru. Mas confie em mim numa coisa: quando alguém está passando por uma enfermidade incapacitante é bem mais difícil explorar essa verdade.

On other news, consegui um pacote de trufas e vou experimentar microdosagem. Mas isso precisa de um tópico próprio.
 
A interação mente-corpo traz enormes dificuldades filosóficas e estou consciente de estar fazendo esta dicotomia controversa ao falar isso, mas acho que você pode estar esquecendo os aspectos químicos e biológicos da depressão.

Não existem aspectos químicos e biológicos da depressão, já que não existe matéria.

A minha impressão é que você está dando dicas de como treinar para as olimpíadas quando, na verdade, o nosso amigo Falstaff está em busca de completar a sua fisioterapia para poder recuperar os movimentos do seu corpo.

Não existem etapas nem pré-requisitos para o autoconhecimento. Não tem essa de "primeiro eu tenho que resolver esse problema, depois que ele já tiver resolvido e eu finalmente tiver paz, aí eu me preocupo com essa história de descobrir quem eu sou", ou "primeiro eu tenho que realizar todos os meus sonhos e alcançar todos os meus objetivos, depois que eu tiver conseguido tudo o que eu quero e já me sentir satisfeito e realizado, aí sim eu vou tentar conhecer a mim mesmo". Isso é uma das principais formas que o ego tem de se autoenganar, jogando a busca pelo conhecer-se a si mesmo para um ponto futuro, só depois que ele (o ego) já tiver resolvido todos os seus probleminhas e conseguido tudo o que ele quer. Mas assim que um problema é resolvido, é meramente uma questão de tempo para que outros surjam. Mesmo que não houvesse mais nenhum problema para nos atormentar, nós mesmos os criaríamos, consciente ou inconscientemente, já que nós dependemos de problemas para nos sentirmos vivos.

E justamente porque ele está numa situação ruim que eu recomendei aceitar as coisas como são, porque é justamente diante do sofrimento que a aceitação do que é se torna mais fácil de acontecer. Quando as coisas vão bem, o ego fica bem acomodado e se sente no controle. Quando as coisas vão de mal a pior, o ego se sente ameaçado e tenta controlar as coisas e mudá-las para o seu próprio benefício; pode chegar a um ponto em que tudo fique tão ruim que o ego se dá conta que já não pode fazer mais nada para acabar com o seu sofrimento, e só o que lhe resta é aceitar tudo como é. Por isso, não me parece correto dizer que alguém que leva uma vida alegre e confortável tenha mais facilidade de conhecer a si mesmo e aceitar tudo como é do que quem vive no mais completo sofrimento, porque em muitos casos, provavelmente a maioria, é exatamente o oposto.

Dentro desta perspectiva, tente imaginar a leveza que é finalmente descobrir algo que te permite por 1 ou 2 meses viver uma vida normal. Você jogaria isso fora?

O que é que você está chamando de vida normal? Viver acreditando que essa pessoa que nós julgamos ser realmente existe jamais será algo normal, muito pelo contrário, é algo completamente doentio. É uma doença da qual a gente não quer abrir mão e que nem sequer é reconhecida como uma doença, de tão apegados e acostumados que nós estamos a ela.

Nós queremos continuar sendo esse indivíduo que nós somos e ao mesmo tempo não sofrer mais e levar uma vida feliz, como se isso fosse possível.

Uma das coisas mais chatas da depressão é justamente a incompreensão de muitas pessoas sobre a natureza bioquímica do problema, que não melhorará conforme se mude visão de mundo. Para a pergunta "por que estou deprimido" a resposta é simples: "porque há um desequilíbrio bioquímico".

Errado. A causa da depressão é o pensamento (e com ele a crença de que esse indivíduo que nós pensamos ser de fato existe). Não existe essa historinha de "desequilíbrio químico, "causas internas" e "causas externas", porque não existe nem interno nem externo, nem lado de dentro nem lado de fora, nem cérebro nem células.

Há outra coisa importantíssima que o @morpheu negligenciou: e quanto ao sofrimento dos outros à minha volta? Você acha que eu sou a única pessoa produndamente afetada? Você tem ideia do quanto uma depressão como essa transtorna minha família? Meus filhos inocentes devem continuar crescendo com um pai ausente e problemático porque ele prefere "abraçar e aprender" com um transtorno em vez de curar com uma "muleta" farmacológica?

Você não está criando sofrimento para ninguém a não ser para si mesmo. Se as pessoas à sua volta sofrem, a culpa é delas e não sua. Cada um é responsável pelo seu próprio sofrimento. Mas nós adoramos nos fazer de vítima e jogar a responsabilidade pelo nosso sofrimento nas costas dos outros. Quando a gente diz "fulano me irritou", "fulano me magoou", "estou sofrendo por causa do fulano", basicamente nós estamos falando "fulano tem poder para me irritar", "fulano tem poder para me magoar", "fulano tem poder para me fazer sofrer", ou seja, nós estamos dando o poder por decidir o nosso estado emocional para um outro qualquer e estamos sendo marionetes nas mãos dele.

Nós queremos que os outros sejam do jeito que a gente quer que eles sejam, aí quando eles não atendem às nossas expectativas nós ficamos magoados e jogamos a culpa neles. Mas a culpa é nossa.

Ah, também concordo sobre a "identificação com o eu" estar no fundo do sofrimento humano. Já li e reli Ramana Maharshi, e tenho como meu maior guru. Mas confie em mim numa coisa: quando alguém está passando por uma enfermidade incapacitante é bem mais difícil explorar essa verdade.

Mas o próprio Sri Ramana Maharshi não atingiu a iluminação durante um forte ataque de pânico em que ele achava que ia morrer? E ele justamente não aceitou a experiência daquele momento em vez de ir correndo pedir ajuda para alguém?

Tem também o Eckhart Tolle, que despertou durante um crise de pânico e já vinha de vários anos de depressão. E tem uma mulher chamada Byron Katie, de quem eu não conheço praticamente nada, só li uma biografia dela uma vez, e nessa biografia dizia que ela também ficou vários anos em depressão profunda e despertou quando estava internada.

O próprio Buda só partiu em busca da iluminação por causa do sofrimento, e sofreu muito antes de atingir o Nirvana.

Inclusive muitos mestres falam que o sofrimento tem um grande poder para fazer o indivíduo despertar. Quem quer evitar o sofrimento é o ego, já que ele está sempre querendo atrair o que ele gosta e afastar o que ele não gosta. Querer a cura da depressão é um interesse puramente egoico e, portanto, é um interesse fadado ao fracasso.
 
Morpheu, respeitosamente te ofereço as seguintes considerações com o único objetivo de te beneficiar. Te dou total permissão para ignorá-las ou jogá-las fora caso não te sejam úteis.

1) Na minha perspectiva, existe uma ciência chamada de química. Ela estuda objetos muito pequenos da nossa realidade que chamamos de elementos e compostos químicos. Estes elementos podem ser manipulados e são peças fundamentais na composição de entidades maiores e formam estruturas complexas como as células. As células se juntam e formam tecidos, órgãos e por fim seres vivos. Estes seres, por terem sua constituição desta forma, são influenciados por tais elementos e compostos. Por exemplo, nos Estados Unidos uma grande parte da população foi exposta ao chumbo, pois ele era usado para fazer tubulações. O chumbo, um destes elementos, quando entra no nosso organismo, traz uma infinidade de problemas fisiológicos e neurológicos, dentre eles a violência e a perda de QI. Com a substituição destas tubulações nas últimas décadas, houve redução de violência e aumento de QI na população em geral. Este é um caso claro de um elemento que, quando introduzido no corpo humano, pode ter efeitos indesejáveis e impossíveis de controlar pela mente.

A existência da química é um fato. A interpretação filosófica se devemos atribuir a estes elementos uma materialidade ou considerá-los como entidades mentais ou qualquer outra coisa, não muda em nada o status epistemológico dessa ciência. Então, acho que não estamos fazendo nenhuma suposição errônea ao dizer que elementos químicos têm sim um efeito na nossa vida mental.

2) Como você sabe que não existem etapas nem pré-requisitos para o autoconhecimento? Você já chegou ao fim da busca? Já está iluminado? Eliminou completamente o seu ego? Ou de que outra forma e com qual base e fundamento você faz essa afirmação?

Veja que não estou fazendo estas perguntas em forma de ataque. Eu tenho curiosidade e gostaria de uma resposta sincera, pois há muito tempo na minha vida procuro um mestre que saiba me guiar ao caminho da iluminação, e se você tem este conhecimento, espero que não seja egoísta e o guarde para si, mas ao contrário, que o compartilhe comigo para que eu também possa me iluminar.
 
Última edição:
Não existem aspectos químicos e biológicos da depressão, já que não existe matéria.


A nível convencional não dá para ignorar o que chamamos matéria.

Quer tentar? Pare de comer e viva só de pensamentos.


O extremo de achar que a matéria não existe de forma alguma é tão falso quanto o pensamento oposto.
 
A nível convencional não dá para ignorar o que chamamos matéria.

Quer tentar? Pare de comer e viva só de pensamentos.


O extremo de achar que a matéria não existe de forma alguma é tão falso quanto o pensamento oposto.

A virtude excelsa de um cogumelo maduro: concisão! Obrigado.
 
Não existem aspectos químicos e biológicos da depressão, já que não existe matéria.



Não existem etapas nem pré-requisitos para o autoconhecimento. Não tem essa de "primeiro eu tenho que resolver esse problema, depois que ele já tiver resolvido e eu finalmente tiver paz, aí eu me preocupo com essa história de descobrir quem eu sou", ou "primeiro eu tenho que realizar todos os meus sonhos e alcançar todos os meus objetivos, depois que eu tiver conseguido tudo o que eu quero e já me sentir satisfeito e realizado, aí sim eu vou tentar conhecer a mim mesmo". Isso é uma das principais formas que o ego tem de se autoenganar, jogando a busca pelo conhecer-se a si mesmo para um ponto futuro, só depois que ele (o ego) já tiver resolvido todos os seus probleminhas e conseguido tudo o que ele quer. Mas assim que um problema é resolvido, é meramente uma questão de tempo para que outros surjam. Mesmo que não houvesse mais nenhum problema para nos atormentar, nós mesmos os criaríamos, consciente ou inconscientemente, já que nós dependemos de problemas para nos sentirmos vivos.

E justamente porque ele está numa situação ruim que eu recomendei aceitar as coisas como são, porque é justamente diante do sofrimento que a aceitação do que é se torna mais fácil de acontecer. Quando as coisas vão bem, o ego fica bem acomodado e se sente no controle. Quando as coisas vão de mal a pior, o ego se sente ameaçado e tenta controlar as coisas e mudá-las para o seu próprio benefício; pode chegar a um ponto em que tudo fique tão ruim que o ego se dá conta que já não pode fazer mais nada para acabar com o seu sofrimento, e só o que lhe resta é aceitar tudo como é. Por isso, não me parece correto dizer que alguém que leva uma vida alegre e confortável tenha mais facilidade de conhecer a si mesmo e aceitar tudo como é do que quem vive no mais completo sofrimento, porque em muitos casos, provavelmente a maioria, é exatamente o oposto.



O que é que você está chamando de vida normal? Viver acreditando que essa pessoa que nós julgamos ser realmente existe jamais será algo normal, muito pelo contrário, é algo completamente doentio. É uma doença da qual a gente não quer abrir mão e que nem sequer é reconhecida como uma doença, de tão apegados e acostumados que nós estamos a ela.

Nós queremos continuar sendo esse indivíduo que nós somos e ao mesmo tempo não sofrer mais e levar uma vida feliz, como se isso fosse possível.



Errado. A causa da depressão é o pensamento (e com ele a crença de que esse indivíduo que nós pensamos ser de fato existe). Não existe essa historinha de "desequilíbrio químico, "causas internas" e "causas externas", porque não existe nem interno nem externo, nem lado de dentro nem lado de fora, nem cérebro nem células.



Você não está criando sofrimento para ninguém a não ser para si mesmo. Se as pessoas à sua volta sofrem, a culpa é delas e não sua. Cada um é responsável pelo seu próprio sofrimento. Mas nós adoramos nos fazer de vítima e jogar a responsabilidade pelo nosso sofrimento nas costas dos outros. Quando a gente diz "fulano me irritou", "fulano me magoou", "estou sofrendo por causa do fulano", basicamente nós estamos falando "fulano tem poder para me irritar", "fulano tem poder para me magoar", "fulano tem poder para me fazer sofrer", ou seja, nós estamos dando o poder por decidir o nosso estado emocional para um outro qualquer e estamos sendo marionetes nas mãos dele.

Nós queremos que os outros sejam do jeito que a gente quer que eles sejam, aí quando eles não atendem às nossas expectativas nós ficamos magoados e jogamos a culpa neles. Mas a culpa é nossa.



Mas o próprio Sri Ramana Maharshi não atingiu a iluminação durante um forte ataque de pânico em que ele achava que ia morrer? E ele justamente não aceitou a experiência daquele momento em vez de ir correndo pedir ajuda para alguém?

Tem também o Eckhart Tolle, que despertou durante um crise de pânico e já vinha de vários anos de depressão. E tem uma mulher chamada Byron Katie, de quem eu não conheço praticamente nada, só li uma biografia dela uma vez, e nessa biografia dizia que ela também ficou vários anos em depressão profunda e despertou quando estava internada.

O próprio Buda só partiu em busca da iluminação por causa do sofrimento, e sofreu muito antes de atingir o Nirvana.

Inclusive muitos mestres falam que o sofrimento tem um grande poder para fazer o indivíduo despertar. Quem quer evitar o sofrimento é o ego, já que ele está sempre querendo atrair o que ele gosta e afastar o que ele não gosta. Querer a cura da depressão é um interesse puramente egoico e, portanto, é um interesse fadado ao fracasso.

Cara, respeite a condição médica do membro, sua ação só gera desequilíbrio e demonstra apego em lutar contra o suposto apego. Ou então já que nada existe, nem se dê ao trabalho de levantar de manhã e se entregue a não existir sem comer (porque a fome causa infelicidade porque te leva a querer não sentir fome) nem beber (porque a sede causa sofrimento porque te leva a querer se hidratar) nada até seu corpo parar de funcionar (porque afinal nada existe). Mas você com certeza em nada ajuda alguém depressivo crônico há anos com essa postura e forma de dizer as coisas. E principalmente, que foi o que me irritou, dizer a alguém que tem um desequilíbrio neuroquímico grave que o que ele tem não é nada - logo você, que parece nunca ter tido a doença da depressão mas sobe bem alto no pedestal para dizer como devem ser as coisas, sem ser você mesmo exemplo de como isso se aplicou na sua vida.

Já falei. Se tá com fome, a aceita a fome e fica sem comer até morrer, oras. Pare de culpar a fome por não lhe permitir seguir para a verdade, viver a verdade, aceitar o curso do seu corpo até a dolorosa morte - porque nem dor, nem morte existem, então vai lá! Desperdiça a vida mesmo, porque ela não existe de fato em certo nível - enquanto aqui no nível ilusório da vida, ela existe.

Ou quando você tiver uma doença grave, não se trate com médicos - aliás, você supostamente domina a causa e o tratamento de todas as doenças pra dizer de onde vem ou não a depressão. Pare de culpar o seu corpo e a a doença pela morte certa. Se tiver um acidente, não suture nada nem estanque o sangramento. Feche os olhos e pronto. Faça um canal nos seus dentes (ou aceite a dor e a infecção final da cárie) sem usar anestesia - porque a dor é tanto uma mentira como a depressão crônica! Dê exemplo!

Mas há mestres que não comem por longos períodos e vivem. Há mestres que se ferem e devem conseguir se curar com a mente, reduzir o sangramento. Como há mestres que se curam de depressão crônica de décadas. Agora, isso não é exigível de ninguém.

Bem...

Eu creio, e ele discorda, que ele pode se curar com os cogumelos, como seria também possível se ele fosse uma dessas pessoas a abandonarem o mundo e irem meditar por anos e pudesse também se curar. Isso porque a enteogenia por qualquer meio leva a alterações profundas na bioquímica cerebral, que parecem até milagres. E é isso que ocorre com os casos dos mestres iluminados que você citou que se curaram, que o caminho deles se deu de tal jeito. Essa foi a forma deles. Mas o caminho do cogumelo é válido à maioria que escolhe viver uma vida no mundo. E cada um tem um caminho.

Bem, mas ele não acredita que os cogumelos são capazes de curar definitivamente a longo prazo - o que mesmo que possa ocorrer, pode também nunca ocorrer. Ele sofre há décadas e não quer uma esperança que sente ser impossível. Pela resposta dele eu pude entender porque ele pensa assim, após tanto sofrimento, tanta gente falando que depressão é coisa de quem tem tempo pra pensar na vida, e equivalentes. Enfim, compreendo e não insisto, o apoio e torço para eu estar certo. Mas o que ele tem é uma doença grave, isso não pode ser reduzido, sob pena de crueldade que sua ação de leviandade não consegue enxergar.

É patente que você não se dispõe a se colocar no lugar de seus interlocutores em nome de uma verdade que você acredita que é inquestionável. Nada existe, exceto uma verdade. Mas a verdade de que nada existe é por si mesma uma mentira, porque afinal existe a verdade. E a verdade de que nada existe exceto a verdade não possui conteúdo porque o objeto da verdade é algo que não existe e daí não pode enunciar nenhuma verdade. A linguagem usada pelos iluminados é resultado da limitação linguistica atual da Humanidade, uma forma de explicar algo sobre algo dizendo que é um não-algo. A quântica foi o primeiro passo pra trazer à linguagem Humana conceitos mais elaborados, e o caminho ainda é longo, nem chegamos a 1% - foram mais de 2 mil anos desde Buda pra obtermos os primeiros conceitos exprimíveis

Então, não existe corpo, cérebro, tudo mais que vemos e tocamos num dado nível. Mas aqui no dia a dia existe. Faz assim, entra na parede que está na sua frente agora e se funde com ela, em estado comum de consciência. Arranca o olho da sua órbita até romper o nervo e continua enxergando pelo olho arrancado. Se une com o todo que existe (ou não existe) e se espalha pelo Universo.

Mas se você responder a essa mensagem, será uma prova de que você não deu exemplo do que sugere ao membro com depressão - eis que ainda continua aqui, onde seu corpo e sua química cerebral ainda existem, e decerto pelo menos deu uma mijada ao levantar. Devia ter feito o mijo sumir. Pois mijar é um ato egóico de alívio da vontade de mijar pra satisfazer apenas a si mesmo.

Responder mais alguma coisa sobre esse tema é um ato egóico de seguir sua ilusória vontade de dar uma resposta para dizer o que você pensa do que foi dito pelos demais membros. Um ego neuroquimicamente saudável sequer consegue controlar o desejo de responder, e quer vir falar a quem tem uma doença que a culpa é de si mesmo por não aceitá-la. Ora, é mais fácil você aceitar a contradita, e mesmo assim não o faz.
 
Por curiosidade, abri minha conta do kindle para ver quantos livros eletrônicos eu já comprei e que delineiam essa tese (que me parece ser verdade) da inexistência do "eu" e da necessidade de reconhecer isso: dezesseis livros de treze autores. Esses são os que paguei. Há outros cinco que baixei de graça e três que tenho em papel. Li pelo menos 80% disso tudo e quando há exercícios, botei em prática. Horas no youtube ouvindo professores e gurus falarem a respeito? Hmmm... trezentas seria uma estimativa mínima. Vai fazer nove anos agora que tenho interesse. Horas de meditação que é bom, muito poucas. Porque o raio da depressão não permite.

No contato com todo esse material, quantas recomendações para desconsiderar totalmente tratamento farmacológico para uma enfermidade como a minha? Nenhuma. Alguns levantam esporadicamente que "talvez" alguns casos de depressão sejam resultado do atolamento de "pressões" psicológicas, e portanto podem ser aliviados com a busca espiritual e a realização. Mas são tímidas especulações feitas de passagem, e não ditames. Nenhum professor espiritual dessa linha Advaita (acho que o @morpheu conhece o termo) com 30 anos de experiência e milhares de alunos ou devotos está fazendo uma recomendação assim, taxativa.
 
Por curiosidade, abri minha conta do kindle para ver quantos livros eletrônicos eu já comprei e que delineiam essa tese (que me parece ser verdade) da inexistência do "eu" e da necessidade de reconhecer isso: dezesseis livros de treze autores. Esses são os que paguei. Há outros cinco que baixei de graça e três que tenho em papel. Li pelo menos 80% disso tudo e quando há exercícios, botei em prática. Horas no youtube ouvindo professores e gurus falarem a respeito? Hmmm... trezentas seria uma estimativa mínima. Vai fazer nove anos agora que tenho interesse. Horas de meditação que é bom, muito poucas. Porque o raio da depressão não permite.

No contato com todo esse material, quantas recomendações para desconsiderar totalmente tratamento farmacológico para uma enfermidade como a minha? Nenhuma. Alguns levantam esporadicamente que "talvez" alguns casos de depressão sejam resultado do atolamento de "pressões" psicológicas, e portanto podem ser aliviados com a busca espiritual e a realização. Mas são tímidas especulações feitas de passagem, e não ditames. Nenhum professor espiritual dessa linha Advaita (acho que o @morpheu conhece o termo) com 30 anos de experiência e milhares de alunos ou devotos está fazendo uma recomendação assim, taxativa.

Falstaff, eu te recomendo começar a prática da meditação fazendo meditação andando. Ela é ótima para quem acaba ficando ansioso demais quando senta.

Aqui vai um link em inglês, mesmo se você não entender, dá só de imitar. Se tiver interesse posso transcrever o que está no vídeo.


View: https://www.youtube.com/watch?v=QdO1vZJgUu0


Inclusive, o Thich Nhat Hanh é um excelente professor de meditação. Te recomendo conhecer se ainda não o conheces. Tem alguns livros dele em português.

O segredo é agendar um horário diariamente para criar o hábito. As primeiras duas semanas são mais difíceis, mas depois que desenvolvemos o hábito, fica simples. Você pode começar com 5 minutos por dia e depois aumentar com o tempo.
 
Conheço essa técnica de meditação e muitas outras, e sou extremamente fluente en inglês (já dei aula para alunos avançados). Todos os livros que mencionei eu li em inglês.

O que estou tentando explicar é que É MUUTO MAIS FÁCIL MEDITAR QUANDO NÃO SE ESTÁ NUMA CRISE. Porque lhe custa tanto aceitar o depoimento pessoal de quem viveu 25 anos com essa condição?

Agora chega, por favor.
 
Na minha perspectiva, existe uma ciência chamada de química. Ela estuda objetos muito pequenos da nossa realidade que chamamos de elementos e compostos químicos. Estes elementos podem ser manipulados e são peças fundamentais na composição de entidades maiores e formam estruturas complexas como as células. As células se juntam e formam tecidos, órgãos e por fim seres vivos. Estes seres, por terem sua constituição desta forma, são influenciados por tais elementos e compostos. Por exemplo, nos Estados Unidos uma grande parte da população foi exposta ao chumbo, pois ele era usado para fazer tubulações. O chumbo, um destes elementos, quando entra no nosso organismo, traz uma infinidade de problemas fisiológicos e neurológicos, dentre eles a violência e a perda de QI. Com a substituição destas tubulações nas últimas décadas, houve redução de violência e aumento de QI na população em geral. Este é um caso claro de um elemento que, quando introduzido no corpo humano, pode ter efeitos indesejáveis e impossíveis de controlar pela mente.

A existência da química é um fato. A interpretação filosófica se devemos atribuir a estes elementos uma materialidade ou considerá-los como entidades mentais ou qualquer outra coisa, não muda em nada o status epistemológico dessa ciência. Então, acho que não estamos fazendo nenhuma suposição errônea ao dizer que elementos químicos têm sim um efeito na nossa vida mental.

Se os elementos químicos têm um efeito na nossa vida mental, é porque o pensamento quis que fosse assim. Elementos químicos e matéria não são algo que existem antes do pensamento, como nós pensamos que é. Nossa crença é de que primeiro há um organismo vivo de um ser humano, e dentro desse organismo há um cérebro, e dentro desse cérebro há sinais elétricos que criam o pensamento. Mas é o pensamento que faz surgir o corpo, o cérebro e as células, o que não quer dizer que essas coisas existam de fato. É o fato de nós acreditarmos nos pensamentos que faz com que achemos que essas coisas realmente existem.

Isso de que nos EUA o chumbo das tubulações estava entrando no organismo das pessoas e tornando elas mais violentas e com um QI mais baixo também é apenas um pensamento que é tomado como sendo verdade. O fato de haver um pensamento que diz que chumbo entrou no corpo das pessoas nos EUA não quer dizer que de fato isso aconteceu, porque realmente não aconteceu. É o pensamento e a memória que geram a ilusão de que isso realmente aconteceu, e isso não se aplica apenas a esse caso, mas a qualquer coisa do passado, do presente ou do futuro. Nada nunca aconteceu no passado, nada está acontecendo no presente e nada jamais acontecerá no futuro. Nada daquilo que nós estudamos em História, por exemplo, realmente aconteceu. São apenas pensamentos.

Portanto, tentar se livrar de um problema psicológico através de métodos farmacológicos é tentar enxugar gelo, já que você nunca estará indo à causa fundamental do problema. Se você se curar de uma depressão e continuar achando que é alguém, o sofrimento ainda não vai ter chego ao fim; será só uma questão de tempo para que ele apareça novamente sob uma outra forma. Por isso que o único jeito de se livrar completamente do sofrimento é conhecendo a si mesmo, porque só assim você vai estar cortando o mal pela raiz.

Como você sabe que não existem etapas nem pré-requisitos para o autoconhecimento?

Sabendo.

Você já chegou ao fim da busca? Já está iluminado? Eliminou completamente o seu ego?

Não, não e não.

Ou de que outra forma e com qual base e fundamento você faz essa afirmação?

Porque o conhecer-se a si mesmo é algo que está disponível a qualquer momento da vida de qualquer pessoa, não importa quem essa pessoa seja, onde ela esteja ou qual a sua situação de vida. Nós sempre fomos, sempre já somos e sempre seremos o que nós somos; portanto, não importa em que circunstâncias estamos, nós sempre continuamos sendo o que nós somos, e descobrir quem somos nós não é algo que possa ser condicionado pela nossa situação de vida. O autoconhecimento não se dá no tempo e, portanto, não pode ser impedido pelas nossas limitações. Ele pode ser facilitado, mas jamais impedido ou causado. E se tem algo que pode facilitá-lo é justamente o excesso de sofrimento, já que é quando o ego percebe que está encurralado. Querer primeiro resolver um problema ou realizar um desejo para só depois buscar o autoconhecimento é uma estratégia que o ego utiliza para evitar o seu encontro consigo mesmo jogando-o para o futuro, como se depois, quando ele já conseguisse aquilo que ele quer, fosse ser mais fácil do que agora - quando é o contrário, já que quando o ego se sente satisfeito (ou melhor, se engana achando que está satisfeito) ele passa a desejar sua permanência e continuidade com muito mais intensidade do que quando ele se sente encurralado.

A nível convencional não dá para ignorar o que chamamos matéria.

Quer tentar? Pare de comer e viva só de pensamentos.

Tem muitas pessoas que conseguem ficar períodos de tempo gigantescos sem se alimentar. E mesmo que eu decidisse parar de comer, as consequências disso viriam, antes de mais nada, do pensamento e também não seriam nada além de pensamentos. Mesmo que eu morresse por desnutrição, morte também é apenas um pensamento.

O extremo de achar que a matéria não existe de forma alguma é tão falso quanto o pensamento oposto.

Não existe meio termo na existência. Ou algo existe, ou não existe. Não tem meio existir, existir de alguma forma, existir relativamente. Algo que existe relativamente é algo que na verdade não existe. A existência não é relativa. Matéria é tão real quanto os nossos sonhos. Não é porque ela tem alguma utilidade prática que ela existe de algum modo.
 
Última edição:
Não existe meio termo na existência. Ou algo existe, ou não existe. Não tem meio existir, existir de alguma forma, existir relativamente.


Não sinto nenhuma obrigação de me prender ao dilemma como raciocínio filosófico único e definitivo.


Existe.
Não existe.
Existe e não existe.
Nem existe nem deixa de existir.
 
Back
Top