- 06/06/2011
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Me levantei da cama e sentí-me completamente embriagado. Apenas quinze minutos haviam se passado e eu já estava sob os primeiros efeitos: a trip vai ser forte. E se eu não aguentar? Pensei em forçar o vômito mas me lembrei que quando isso acontece as alucinações se tornam ainda mais fortes; o jeito é encarar, não tem mais volta. E eis o meu maior inimigo, novamente: ansiedade.
Eram os meus primeiros pensamentos confusos. Voltei e decidi deitar-me novamente, ouvindo músicas propícias à meditação e relaxamento, que não surtiram efeito. Embora soubesse que não era possível, o mal estar no abdomen e a sensação de fraqueza traziam consigo o pensamento de minha de morte, por essa ingestão. “E se eu morresse agora? O que eu fiz de durável, que transcendesse a minha morte?” Essa idéia me despertava angústia e culpa mas como havia me dito um amigo, repeti algumas vezes: mais tarde resolvo com calma, agora não! E deu certo. Eu precisava de companhia, não era agradável a idéia de ficar tão louco sem alguém por perto. Sentado na escada observo com admiração o por do sol; vê-lo sob esse estado alterado é indescritível. Descendo as escadas, pedi ao meu amigo que me deixasse ficar no quarto dele, exatamente como uma criança faz quando com medo do escuro. Ele estava estudando e ouvindo músicas; e de alguma forma eu me via literalmente dentro delas. “Nós somos irmãos, não é mesmo Pinguim? É muito bom enxergar isso...” repeti várias vezes. Perguntava para ele se era feliz, se sentía-se relamente bem com a vida que leva: era isso que me importava saber, e nesse pensamento nos perdemos por um bom tempo. Aí está o poder dos enteógenos: Fazer você pensar de forma mais espiritual, imaterial, relevar e repensar o seu estilo de vida. “Eu sou o centro da madala, e não a sua periferia”, lembrei-me imediatamente dessa frase daqui do fórum.
Falava em voz baixa o nome de Leary e seus pensamentos. Entendo agora o que ele quis dizer com “toda a realidade que nos cerca não passa de uma opinião.” Acho que esse foi o insight mais significante da viagem. O que eu falava ou tentava despertar nos outros era recebido de formas totalmente diferentes por cada um pois todos temos diferentes opiniões, visões sobre o mundo, construídas por nossas experiências individuais, influências e pré-disposições do self. Uma única palavra desperta sentimentos e pensamentos muito distintos em cada pessoa, se tornando então quase impossível transferir o que você sente para outrem, de forma eficaz; me lembrei também de Huxley: "Por sua própria natureza, cada espírito, em sua prisão corpórea, está condenado a sofrer e gozar em solidão. Sensações, sentimentos, concepções, fantasias - isso tudo são coisas privadas e, a não ser através dos símbolos, e indiretamente, não podem ser transmitidas."
O mais belo é que a opinião sobre o mundo pode ser mudada e se o mundo se apresenta para você através dessa, e somente dessa opinião, alterá-la também irá afetar o caos, para você. Talvez aí a importância de monitorar nossos pensamentos diários. De fato eu me sentia extremamente melhor que há alguns anos atrás com relação às pessoas à minha volta, onde o caos que me cercava era melancólico e depressivo. Mas agora eu via: não era o caos, era apenas a minha opinião! A minha opinião sobre o que me cerca. E ela está mudando, sempre e pra melhor. Era tão claro isso pra mim. “surfar o caos”, como disse Timothy, é justamente conhecer e manipular essa opinião (visão).
Eu sabia que poderia ir à qualquer lugar, estar com qualquer pessoa que eu quisesse, no meu pensamento. Os sentidos ficam apurados e tudo se torna real, minha cabeça o cenário e eu o homem que dirige a cena, qualquer cena que eu quiser (nesse momento conseguia afastar ou aproximar pensamentos, conforme me agradavam ou não, com certa facilidade). É incrível a sensação de poder sobre o meu próprio caminho.
Eu já estava sozinho, mas sem nenhum medo. Retomei o pensamento de morte e não vi mal algum em caso ela viesse. Me via satisfeito com o que eu tinha feito até ali na minha vida, sabia que em algumas pessoas eu viveria ainda por muito tempo, pois eu havia sido bom para elas. Disso eu me regozijava, mas queria mais; uma vontade muito grande de viver.
Pouco me importavam as minhas frustrações pessoais e profissionais. Eu conseguia me sentir feliz independentemente delas, não necessitava de mais nada. Não preciso ser ou ter isso ou aquilo para me sentir bem, para evoluir e chegar ao “centro” ou ao bom lugar, pois EU SOU o “centro”, EU SOU o MELHOR lugar.
Voltei a ouvir as músicas do começo da trip e foi excelente: conseguia manter minha mente totalmente vazia por um bom tempo, o que me dava muito conforto e vigor. Acho que aí finalmente consegui entender o que é meditação, graças ao enteógeno.
Raça: P.C. Cambodian
Quantidade: 13 frutos médios
Data: 09/11/2011
Horário: 17:00
Eram os meus primeiros pensamentos confusos. Voltei e decidi deitar-me novamente, ouvindo músicas propícias à meditação e relaxamento, que não surtiram efeito. Embora soubesse que não era possível, o mal estar no abdomen e a sensação de fraqueza traziam consigo o pensamento de minha de morte, por essa ingestão. “E se eu morresse agora? O que eu fiz de durável, que transcendesse a minha morte?” Essa idéia me despertava angústia e culpa mas como havia me dito um amigo, repeti algumas vezes: mais tarde resolvo com calma, agora não! E deu certo. Eu precisava de companhia, não era agradável a idéia de ficar tão louco sem alguém por perto. Sentado na escada observo com admiração o por do sol; vê-lo sob esse estado alterado é indescritível. Descendo as escadas, pedi ao meu amigo que me deixasse ficar no quarto dele, exatamente como uma criança faz quando com medo do escuro. Ele estava estudando e ouvindo músicas; e de alguma forma eu me via literalmente dentro delas. “Nós somos irmãos, não é mesmo Pinguim? É muito bom enxergar isso...” repeti várias vezes. Perguntava para ele se era feliz, se sentía-se relamente bem com a vida que leva: era isso que me importava saber, e nesse pensamento nos perdemos por um bom tempo. Aí está o poder dos enteógenos: Fazer você pensar de forma mais espiritual, imaterial, relevar e repensar o seu estilo de vida. “Eu sou o centro da madala, e não a sua periferia”, lembrei-me imediatamente dessa frase daqui do fórum.
Falava em voz baixa o nome de Leary e seus pensamentos. Entendo agora o que ele quis dizer com “toda a realidade que nos cerca não passa de uma opinião.” Acho que esse foi o insight mais significante da viagem. O que eu falava ou tentava despertar nos outros era recebido de formas totalmente diferentes por cada um pois todos temos diferentes opiniões, visões sobre o mundo, construídas por nossas experiências individuais, influências e pré-disposições do self. Uma única palavra desperta sentimentos e pensamentos muito distintos em cada pessoa, se tornando então quase impossível transferir o que você sente para outrem, de forma eficaz; me lembrei também de Huxley: "Por sua própria natureza, cada espírito, em sua prisão corpórea, está condenado a sofrer e gozar em solidão. Sensações, sentimentos, concepções, fantasias - isso tudo são coisas privadas e, a não ser através dos símbolos, e indiretamente, não podem ser transmitidas."
O mais belo é que a opinião sobre o mundo pode ser mudada e se o mundo se apresenta para você através dessa, e somente dessa opinião, alterá-la também irá afetar o caos, para você. Talvez aí a importância de monitorar nossos pensamentos diários. De fato eu me sentia extremamente melhor que há alguns anos atrás com relação às pessoas à minha volta, onde o caos que me cercava era melancólico e depressivo. Mas agora eu via: não era o caos, era apenas a minha opinião! A minha opinião sobre o que me cerca. E ela está mudando, sempre e pra melhor. Era tão claro isso pra mim. “surfar o caos”, como disse Timothy, é justamente conhecer e manipular essa opinião (visão).
Eu sabia que poderia ir à qualquer lugar, estar com qualquer pessoa que eu quisesse, no meu pensamento. Os sentidos ficam apurados e tudo se torna real, minha cabeça o cenário e eu o homem que dirige a cena, qualquer cena que eu quiser (nesse momento conseguia afastar ou aproximar pensamentos, conforme me agradavam ou não, com certa facilidade). É incrível a sensação de poder sobre o meu próprio caminho.
Eu já estava sozinho, mas sem nenhum medo. Retomei o pensamento de morte e não vi mal algum em caso ela viesse. Me via satisfeito com o que eu tinha feito até ali na minha vida, sabia que em algumas pessoas eu viveria ainda por muito tempo, pois eu havia sido bom para elas. Disso eu me regozijava, mas queria mais; uma vontade muito grande de viver.
Pouco me importavam as minhas frustrações pessoais e profissionais. Eu conseguia me sentir feliz independentemente delas, não necessitava de mais nada. Não preciso ser ou ter isso ou aquilo para me sentir bem, para evoluir e chegar ao “centro” ou ao bom lugar, pois EU SOU o “centro”, EU SOU o MELHOR lugar.
Voltei a ouvir as músicas do começo da trip e foi excelente: conseguia manter minha mente totalmente vazia por um bom tempo, o que me dava muito conforto e vigor. Acho que aí finalmente consegui entender o que é meditação, graças ao enteógeno.
Raça: P.C. Cambodian
Quantidade: 13 frutos médios
Data: 09/11/2011
Horário: 17:00