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viver com segurança

Tranquilin

Hifa
Cadastrado
19/06/2018
9
12
25
Sp-Piracicaba
Bom dia, boa tarde e boa noite pessoal, tudo certo com vocês?

Há um certo tempo em que tenho me questionado a respeito de segurança, tanto em nível social, como também em psicológico. Percebo que o termo "segurança", que nos é bem visto e bem quisto socialmente (obvio que estou falando em relação ao meu campo visual e sensorial, mas acredito que quando falo isso existe uma possibilidade enorme em ser o mesmo para muitas pessoas), remete muito além de uma ideia de "proteção", mas trás consigo uma ideia de limitar-se a si mesmo, ou mais ao fundo, algo cômodo... Acredito que pode-se notar uma relação muito grande em pessoas que vivem uma vida em que "confortos" os envolvem, sejam eles confortos como bem material excessivo, ou até mesmo os que possuem patrimônios grandiosos, o que retoma a ideia de "estar seguro", e o quão difícil é abandonar essa segurança. O x da questão, é que tenho me aproximado dos cogumelos e sinto que cada vez mais eles me mostram que uma vida segura, é uma vida baseada em irrealidades fundamentadas em ideias transpostas por um coletivo alienado, e que muitas vezes o conhecimento que acredito ter adquirido não pode ser desperdiçado... Enfim, trago a vocês a questão que tem me tomado as 24 horas do dia,o que significa que me questiono sobre isso até mesmo quando durmo kkkkkkk. Em relação as perspectivas multidimensionais que a enteogenia nos trás, qual é sua perspectiva a respeito do "viver seguro"?
 
Boa noite irmão!!

Bem, a vida em todas as suas dimensões e reinos não é nada segura. Somos resultante de estrelas que explodiram, espécies que se comeram e se extinguiram, antepassados que sobreviveram em distinto ambientes. A busca pelo conforto,felicidade, paz...e até a tal da "iluminação" são buscas ultilitaristas -maximizar prazer e diminuir sofrimento-. Segurança realmente é uma palavra que pode ser usada em vários contextos, e pode sim trazer muita conversa sobre. A enteogenia não me trouxe uma sensibilidade em relação a minha segurança, pois acredito ter claro que VIDA É RISCO. O que me trouxe é buscar viver mais em harmonia, mas isso não significa que consegui ou que vá conseguir algum dia. A verdade é como uma estrela, ela pode servir como direcionamento, principalmente em momentos de grandes turbulências, porém nunca vou alcançar essa estrela, até porque se conseguisse alcançá-la seria desintegrado.

Recomendo leitura de HOMO SAPIENS - YUVAL HARARI
 
Boa noite.

Não da pra deixar de lado que toda a concepção de segurança na nossa mente é consequência de um processo evolutivo.
Se você sente que está cercado por algum animal, suas pupilas dilatam, isso é o seu corpo definindo por conta que não é algo seguro.
Pode não existir nada, mas a sensação dessa presença faz teu corpo reagir sem você pensar em fazer isso.
Então a concepção pode ser divida em segurança física e segurança mental?

Se parar para analisar, também é difícil graduar nossa liberdade de pensar.
O quanto pensamos "ativamente" e o quanto é decorrência de todo o processo evolutivo que desenvolveu nosso cérebro/consciente dessa maneira.
Não é a toa que o pensamento segue um padrão.

mas trás consigo uma ideia de limitar-se a si mesmo, ou mais ao fundo, algo cômodo.. "

Talvez essa limitação possa ser responsável pela sobrevivência do ser humano, como também pode não ser.
Um exemplo é comparar um homem que não saia da caverna, com outro que gosta de balançar nos galhos sem pensar.
Se não houver influencia do ambiente, a chance do homem acomodado parece mais segura, aumentado a chance de formar prole.

Um exemplo bobo, cheio de falhas, mas apenas para elucidar o pensamento.

Como dividi antes, podemos tentar falar como segurança "mental".

Uma pessoa tem um relacionamento amoroso de anos, então eles rompem de uma forma bem dramática, cheia de choro e gritaria.
O primeiro impulso na cabeça é nunca mais se conectar com ninguém, apenas transar sem compromisso. (Um pensamento bem comum, não?)
Isso porque aquele término trouxe uma sensação ruim, não te machucou fisicamente, mas a sensação é pior do que uma facada, então também quer se proteger e ficar seguro, ficar mais comodo.

Quem decidiu que você deve sentir isso quando alguém termina com você?
Por que você sente essa tristeza?
Você vai sentir falta da outra pessoa? Existem muitas pessoas no mundo, então por que sentiria?
Você foi ensinado que fim de relacionamento é algo ruim e deve se comportar assim?
Ou você tem medo da insegurança, de não saber se vai achar alguém pra passar a vida ou que te chame a atenção e vá te querer?

Na maioria das vezes essa insegurança toma conta e faz achar que só existia aquela pessoa pra você.
Mas foi sua mente ativamente ou seu corpo que te fez sentir essa insegurança? Para sobrepor a sua vontade e forçar correr atrás do conforto novamente.
Não permitir que você desista de deixar descendentes.

é uma vida baseada em irrealidades fundamentadas em ideias transpostas por um coletivo alienado

Essa é uma conclusão comum a nós, cogumeleiros.
A busca pelo sentido, pela formação do processo.
A sensação de alienação do mundo.

Não quer dizer que está certo, nem errado.
Muito menos que nossa forma de ver o mundo é melhor que a dos "caretas"


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É possível questionar tudo e vou te falar a mesma coisa que me questiono sempre.

Por que essa vida baseada em irrealidade não parece certa?
Por que o ideal é pensar "ativamente" por si?
Ser alienado é estar errado?
Algumas pessoas mesmo alienadas, são super inteligentes, então o que definiria ela como alienada?
Se as ideias são transpostas pela maioria, não poderiam ser essas ideias as certas?
A expansão da consciência com cogumelos te faz ter maior controle sobre situações como a hipótese anterior? Te dão um maior controle sobre sua mente? Te afasta de um "guia genético"?

Não tenho respostas para essas perguntas, muitas vezes me questiono se seria mais feliz seguindo o efeito de manada, parando de pensar cada detalhe.
 
Muito interessante essa discussão!

Acho que a palavra "segurança" é usada com muitos significados e é bom separar algumas coisas.

Um ponto importante é esse, a necessidade de segurança, de manutenção da integridade, é vinculada ao sentimento de medo, e acho que temos que diferenciar algumas coisas:

- necessidade real de segurança / medo real
- necessidade imaginária de segurança / medo imaginário
- consciência sobre os processos internos

A necessidade real de segurança é bem instintiva, animal, que objetiva a preservação da vida, e é um mecanismo evolutivo muito importante, como já disse o @Texugo .

Quando nossos ancestrais cavernosos se encontravam diante de um perigo iminente à integridade física, como um tigre feroz ou uma cobra preparando bote, sentiam medo, disparando adrenalina, cortisol etc, ativando o modo de fuga, onde toda a energia daquele ser está concentrada no único objetivo de se salvar daquela situação. Necessidade de segurança real = medo real.

O medo continua sendo muito útil também pra nós Homo Sapiens Ciborgues, habitantes de uma sociedade violenta... se vc ta tranquila andando na rua e de repente uns caras começam a falar merdas ameaçadoras logo atrás de você... a reação do medo te permite gritar e sair correndo (funcionou bem algumas vezes comigo).

Agora, a confusão começa quando criamos medos irreais como defesas para necessidades de segurança irreais ou distorcidas... e acreditamos neles. Isso forma crenças limitantes sobre nós mesmos, sobre o mundo e tal. E isso pode ser desenvolvido por situações como a que o Texugo tb descreveu... do impacto subjetivo de uma experiência, e da esquiva em relação a qualquer coisa que te remeta ou ameace repeti-la (na sua cabeça).

Você descreveu um caso de superproteção, que sim, é muito limitante e gera várias consequências desagradáveis no desenvolvimento do indivíduo.
Como já disse Maria Montessori "Qualquer ajuda desnecessária é um obstáculo na aprendizagem" , ou seja, ajudar demais atrapalha... e muito.
De fato isso não é desejável, tampouco saudável... e a superproteção no fundo tem mais a ver com insegurança que com segurança de fato (tanto em relação a quem superprotege quanto a quem é superprotegido). É uma necessidade de segurança imaginária, e portanto, conectada a um medo imaginário.

Uma pessoa tem um relacionamento amoroso de anos, então eles rompem de uma forma bem dramática, cheia de choro e gritaria.
O primeiro impulso na cabeça é nunca mais se conectar com ninguém, apenas transar sem compromisso. (Um pensamento bem comum, não?)
Isso porque aquele término trouxe uma sensação ruim, não te machucou fisicamente, mas a sensação é pior do que uma facada, então também quer se proteger e ficar seguro, ficar mais comodo.

Se o sentimento de medo aparece sem ser uma reação a um perigo real, por exemplo um medo e ansiedade inexplicaveis no meio de um shopping onde absolutamente nada ameaça objetivamente a integridade dessa pessoa; ou um medo de que o bofe vai sim te trair; ou se tem medo do filho morrer num acidente de carro se for pra balada de madrugada então é melhor n deixar; ou se entra em panico achando que a pessoa morreu pq tem 2 dias q n entra nas redes sociais (rs), temos ai algo que é da ordem do "imaginário".
Podem ser coisas mais sutis também... o medo de mudar de área de trabalho, medo de mudar de país... mudar no geral dá um medinho, rs. Não é a necessidade real de segurança, nem o medo do real... é um sofrimento de outra ordem, que limita as possibilidades do Eu. Isso precisa ser entendido (tomada de consciencia), trabalhado e mudado.

Se eu quero mudar de área profissional, certamente assumo alguns riscos, e o medo é importante para que eu analise bem os passos a serem dados, me preocupe com planejamento, etc... (reflexo evolutivo) e se é isso mesmo que quero, se conheço os riscos e acho que vale a pena, o medo não me impede, me impulsiona.
Agora, se eu simplesmente me deter pelo medo.. estou deixando esse sentimento me limitar.

O medo é um mecanismo importante sim... inclusive esse medo de mudança. O que faz a diferença é a consciencia do medo. A diferença sempre está na consciencia, não existe essa de não ter medo... existe olhar pro medo, avaliar se ele é real ou não, e se não for, continuar seu caminho mesmo com frio na barriga.

De qualquer modo, quero dizer é que é possível sim "machucar" a psiqué, inclusive com um uso descuidado de psicodélicos. É preciso prezar pela segurança psíquica quando nos aventuramos pelo universo psiconautico... e isso é diferente se se deter pelo medo da experiência.

Vi ontem uma entrevista com o neurocientista Sidarta Ribeiro em que ele compara a atividade Psiconautica (de se aventurar dentro da própria mente com o uso de psicodélicos ou outras práticas...) com esportes radicais. É preciso ter conhecimento, saber o que está fazendo, ter suporte de outras pessoas (principalmente se mais experientes), rituais de segurança (set, setting...)

Não dá pra se jogar sem saber direito como fazer, se não existe um risco grande de se machucar; mas também não da pra se limitar pelo medo.
No caso dos psicodélicos a segurança vem da informação, do cuidado do set, setting e substância, e na capacidade de auto-reflexão e integração da experiência.

Meu coração dispara e eu suo frio toda vez que vou usar um psicodélico, rs, mas sei que esse frio na barriga é o frio na barriga de quem salta de paraquedas num universo mental. Tenho consciência de que estou segura no real, e aquele medinho não me limita, não me impede.

Não sei se consegui ser clara... a questão é Foco na Consciência. O medo faz sentido? Ou não? Essa necessidade é realmente de segurança? Ou de comodismo? Os sentimentos podem ser os mesmos, mas são situações muito diferentes uma da outra.

É possível questionar tudo e vou te falar a mesma coisa que me questiono sempre.

Por que essa vida baseada em irrealidade não parece certa?
Por que o ideal é pensar "ativamente" por si?
Ser alienado é estar errado?
Algumas pessoas mesmo alienadas, são super inteligentes, então o que definiria ela como alienada?
Se as ideias são transpostas pela maioria, não poderiam ser essas ideias as certas?
A expansão da consciência com cogumelos te faz ter maior controle sobre situações como a hipótese anterior? Te dão um maior controle sobre sua mente? Te afasta de um "guia genético"?

Perguntas bem interessantes...
Sobre a questão da alienação, tenho pensado e estudado um bocado. O termo "alienado" precisa de um complemento... alienado "de que?"
Hoje entendo o "alienado" como alienado de si mesmo, do seu eu mais intimo, e isso pode acontecer muito facilmente com pessoas inteligentes, pq n tem a ver com inteligencia, mas com uma vivência de um outro nível de consciência de si.

O Lacan entende isso como "função alienante do eu", muito necessária no inicio do nosso desenvolvimento de Eu Social, na infancia... é quando nossa percepção de Eu passa a ser mediado pelo desejo do outro, ou seja, se quando bebes a nossa percepção se dava pelas sensações amorfas corporais (antes de identificarmos o ser com o corpo ortopédico), agora não só nos identificamos com o que vemos no espelho, mas deslocamos a atenção do eu pra fora... pra agradar um outro, o pai e a mae, pra aprender e seguir regras sociais, pra ser aceito... nos tornamos objeto do desejo do outro. Enfim, a alienação é um mecanismo natural, muito útil pra nossa adaptação social em um período da vida, mas chega um determinado momento de maturidade que a gente percebe que tem algo mais... tem algo mais em nós do que o que a sociedade demanda ou espera da gente, tem algo mais que eu desejo, tem algo além do meu ego, tem o observador que observa os pensamentos e sentimentos... e ai abre uma porta, pro seu eu interior mais intimo, o caminho pro seu processo de individuação...

E ai não é uma questão de ser certo ou errado estar alienado. Faz parte do processo... só não é o fim do processo. Dá pra ser mais, se desenvolver mais... da pra transcender essa noção de eu alienado de si mesmo.
E acho que é algo necessário. Todos percebemos o caos e o sofrimento gerado por uma sociedade formada por pessoas alienadas de si mesmas... de pessoas que seguem regras sociais sem se questionar o sentido daquilo, o quanto as sombras não são compreendidas, tampouco trabalhadas, e dominam a vida de uma maneira geral. Isso gera uma angustia existencial.. e não é atoa, é pra forçar o avanço (na minha humilde opinião)
O cogumelo é expansor da consciência... então facilita sair da caixinha e ver a potencia que existe no íntimo. Não sei se dão um maior controle sobre a mente, mas certamente nos faz expandir a vivencia do que é a mente, de que há algo além das bordas que estavamos acostumados. Não sei se afasta de um guia genético... nos faz transcender em certos momentos os instintos que herdamos evolutivamente... mas se tudo é natural, essa transcendencia possivel também é, também pode fazer parte da evolução, afinal estamos continuamente escrevendo novas informações nesse guia genetico à medida em que evoluimos como espécie.
 
Última edição:
Antes de prosseguir essa troca de informações, que aliás está maravilhosa... muito obrigado por gastarem seu tempo pra que possamos evoluir juntos.

Confesso que achei muito interessante a colocação que kozlak fez quando disse que a vida é risco, e acredito que estamos rodeados por circunstancias que exigem que nos arrisquemos, mas também concordo muito com a priscillocibina quando colocou que há medos desnecessários e outros extremamente necessarios, o que retoma a ideia de estarmos associados com o "eu primitivo".

Em relação ao que nos é concebido como verdades absolutas desde que nascemos e que somos um resultado do que quiseram, acredito de fato que precisamos nos assegurar que o que estamos fazendo com nossos sonhos e planos provém de fato de nós mesmos, por exemplo:

se uma pessoa nasce em um lar cristão, ou qualquer outra crença daquilo de como a vida deve ser vivida, certamente essa terá noções que não partiram de quem ela de fato é, mas sim do que de fato lhe foi introduzida mentalmente, quer seja essa introdução por analise comportamental do inconsciente, quer seja por compreender que aquilo lhe será de bom uso...

Nao estou dizendo que nascer em uma família cristã seja um exemplo de alienação, mas estou dizendo que é um exemplo de que para essa pessoa desprender-se das ideias pré-concebidas será necessário uma situação que faça com que ele chegue a tal conclusão.

Agora, se trouxermos essa situação de noções hereditárias para outro campo, talvez faça sentido uma compreensão diferente...
Algumas pessoas mesmo alienadas, são super inteligentes, então o que definiria ela como alienada?
Não consigo acreditar que essa ideia de alienação e ser inteligentes estão interligadas, pelo simples fato de que para uma sociedade que dita o que é certo, parece ser nítido que o que é ser inteligente também será dito.

Seria a inteligência facilmente demonstrada pelo calculo a seguir?
noções pré concebidas + inerência imaginativa do ser = inteligência individual

Vamos analisar a vida do homem dito como um gênio (e que admiro muito), Albert Einstein...
Einstein não era dotado de uma inteligência descomunal, mas também não era desprovido de interesse. Ele adorava a física, mas sua ideia sobre a física transcendia qualquer matéria fundamentada em fórmulas e conhecimentos vagos sobre a matemática... Estamos falando do mesmo homem que mudou a compreensão mundial do que é o tempo.
Tenho pra mim que Einstein é a maior prova de que a fórmula a cima é verdadeira. Mas também tenho noção que não precisamos viver uma vida baseada em uma busca infinda de novos horizontes...

Vocês acreditam que mais vale viver uma vida em que a pessoa aceita a vida como é, ou uma vida, mesmo que extremamente dolorosa, transcenda o que é cômodo e natural?

Sinceramente, tenho extrema dificuldade em aceitar as coisas como são...
 
certamente essa terá noções que não partiram de quem ela de fato é

O que é ser?

E o que de fato é um ser humano moderno, se não a cultura que está submetido?
A contracultura também é uma cultura.

Atualmente temos a possibilidade de questionar tudo porque outros humanos, antes de nós, fizeram descobertas.
Se eu tiver que compreender o universo apenas pela minha experiência, se eu tiver que pensar por conta, seria impossível ser quem somos hoje.

Aqui no teonanacatl os membros utilizam cogumelos como análogo a "espiritualidade".
O shrommery como droga de abuso.
Partindo da sua premissa, qualquer novo membro aqui será doutrinado pelo fórum que acessar.
E ao mesmo tempo não dá pra falar quem está certo.

Desse modo, o único momento que não me sinto alienado é quando como doses altas de cogumelo.
Como esqueço tudo, é o único momento que cada pensamento é novo, sem "preconceito".
Sem influência das ideias aprendidas durante a vida.

Se julga que alguém consegue fugir da alienação, então tem muito caminho a percorrer.
Quando inicia a percepção de que ela existe, então é apenas o começo de uma busca sem fim.

Einstein não era dotado de uma inteligência descomunal

Na verdade, ele sempre foi bem acima da média, primeiro da turma e fora do padrão.
Era autodidata e por isso não gostava da escola, pois já sabia o que ensinavam.
Mas se não tivesse conhecimento criado antes dele, ele conseguira alcançar o mesmo patamar?
Einstein tinha capacidade acima do desvio padrão, não é a toa que se destacou na historia da humanidade.

A maior parte das pessoas são medias no que fazem, assim como eu. (Não há problema nisso, apenas se encarar a vida como competição)
E não se engane se o médio parecer ser ruim, é o necessário.
Mesmo assim, grande parte tem o sonho de ser melhor que os outros, na procura de se sentir mais necessária para o mundo do que o outro.

Não consigo acreditar que essa ideia de alienação e ser inteligentes estão interligadas, pelo simples fato de que para uma sociedade que dita o que é certo, parece ser nítido que o que é ser inteligente também será dito.

Apesar da sociedade não estar evoluindo de uma maneira que traga orgulho a nós, a historia dela é imprescindível para atingir o conhecimento atual.
A definição do que é certo não foi uma votação de um dia que decidiu tudo.

Foi influenciada por vários seculos de historia que formataram do jeito que é hoje.
A sociedade que impôs que matar e roubar é errado.

Ela dita o que é inteligencia para quem vive dentro dela, que quer se destacar dentro dela, que quer ter mais relevância dentro dela.
é como se colocasse um contexto para definir o que é inteligência.
Mas não quer dizer que você queira ser inteligente para a sociedade.

Eu adoro saber sobre o psilocybe cubensis, isso vai me deixar mais inteligente? Para mim sim.
Para a sociedade, no momento, o conhecimento é útil? Não, então não sou inteligente para ela.
Ninguém da valor a sua/minha/nossa inteligencia, mas sim na aplicabilidade dela.
É como se você soubesse tudo sobre construir pontes, mas na hora de construir não sabe por onde começar.
Não é algo legal, mas é a realidade.

Eu não pretendo seguir o molde que ela impõe.
Mas serei sincero, se eu quisesse ter uma mansão de luxo, teria que me adequar a essa ideia.
Teria que servir a sociedade da maneira que ela quer, não como eu penso.

Eu também tinha essa desavença com os padrões, mas até essas desavenças também são frutos criados pela sociedade.
Apenas não flerte com a suposição de que ideia produzida pela sociedade é sempre ruim e a que criamos é sempre boa.

Vocês acreditam que mais vale viver uma vida em que a pessoa aceita a vida como é, ou uma vida, mesmo que extremamente dolorosa, transcenda o que é cômodo e natural?

Não consigo definir.
Isso seria puro egocentrismo meu.
Tal como dividir as pessoas baseada em suas concepções.

Não conheço uma pessoa se quer que não esteja sofrendo, independente de aceitar a vida como é ou buscando algo.
Não importa a situação financeira. a aparência, o quanto conhecimento a pessoa tem.
Todos intercalamos períodos de felicidade e sofrimento.

Eu sofro quando como cogumelos, mas me traz felicidade.
Sofro pela minha ignorância, fico feliz por ter a capacidade de buscar o que eu quero.
É sua escolha.

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@Priscillocibina Adoro que você sempre traz referência ou explica os conceitos. Assim consigo aprofundar meu conhecimento. Sua gentileza me ensina muito haha Muito obrigado.
 
Última edição:
Se julga que alguém consegue fugir da alienação, então tem muito caminho a percorrer.
Achei muito interessante essa colocação, mas gostaria poder entender em que parte dei a entender isso?

Não acredito que possamos fugir de uma alienação, assim como também nao acredito ser possivel fugir da sociedade... todavia, fui mal interpretado. Vamos analisar minha colocação

para essa pessoa desprender-se das ideias pré-concebidas será necessário uma situação que faça com que ele chegue a tal conclusão.

Tentei transpassar uma ideia próxima a que Terence Mckenna fez em seu livro "Psilocybin: magic mushroom grower's guide". Terence expõem uma teoria que me atrai muito, quando diz que em determinado momento a evolução da consciência humana deu um "BOOM" e ele acredita que essa grande expansão se deu por conta da inserção de alguns cogumelos alucinógenas na dieta do chimpanzé. A questão é: nunca disse que podemos fugir de alguma alienação, mas que podemos tomar consciência de que ela existe, e que geralmente esse fator vem de forma externa, assim como os cogumelos em minha vida e acredito que de todos aqui...

Quando disse em relação a Einstein nunca disse que ele era "burro" até mesmo por conta de não acreditar nesse termo, mas quis dizer que sua força de vontade em física e matemática o fez tornar-se quem ele foi, e ainda é, alguém muito importante para a evolução humana... Acredito que ele ter sido a cima da média se deu por almejar o aprendizado, ainda mais por ter achado uma forma de "aprender", o que se da por conta do calculo que acredito estar certo. Concordo plenamente quando disse que ser médio é necessário, mas tendo em vista que não somos competidores enquanto a vida, por que se diz ser médio? Me soa contraditório e cômodo... não estou dizendo que você é, mas que me parece ser, ainda mais que por conta de algo escrito muitas vezes impedem o que queremos passar em sua essência, assim como fui mal interpretado e que provavelmente estou "mal te interpretando" hahaha.

Não consigo definir.
Isso seria puro egocentrismo meu.
Tal como dividir as pessoas baseada em suas concepções.

Não acho que uma definição, seja ela qual for, te faça egocêntrico, mas acredito que devemos sim expor nossas ideias, porque mesmo que nossas ideias passadas aqui no site, não sejam as que vão mudar a história da humanidade, mas que por conta de você ter sua concepção da vida, e eu ter a minha, somando as duas podemos transforma-las em algo totalmente novo, e um único traço novo, no que diz respeito a concepções e ideias, abre portas para novas perspectivas e horizontes... Assim como você bem colocou:
Apesar da sociedade não estar evoluindo de uma maneira que traga orgulho a nós, a historia dela é imprescindível para atingir o conhecimento atual.
A definição do que é certo não foi uma votação de um dia que decidiu tudo.

A resultante (história da humanidade) é uma somatória de fatos baseados em ideias acumuladas das mentes pensantes...

Eu também tinha essa desavença com os padrões, mas até essas desavenças também são frutos criados pela sociedade.
Apenas não flerte com a suposição de que ideia produzida pela sociedade é sempre ruim e a que criamos é sempre boa.



Nessa colocação sinto que de fato foi uma tentativa de passar pra mim um sentimento seu, pelo fato de nunca ter afirmado que tenho desavenças com os padrões, mas disse que tenho dificuldades em aceitar as coisas como são.

Se você acha as coisas são inaceitáveis, bem, então você está certo.

Podemos entrar no assunto o que é estar certo e errado, da mesma maneira que podemos falar do que é justiça, mas seria uma discussão semelhante a que ocorre com socrates na republica de platão... extremamente baseadas em ideias divergentes e complexas, mas que dificilmente levará a algum lugar...

Só lembrando que a ideia é questionar, sem nenhuma imposição de minhas ideias estarem a cima ou serem melhores que as de qualquer um que estiver lendo.
Muito obrigado @Texugo @Ecuador @Priscillocibina e @Kozlak !!!
 
Em relação as perspectivas multidimensionais que a enteogenia nos trás, qual é sua perspectiva a respeito do "viver seguro"?

Sabe quando você sente segurança?

Quando as bases emocionais e físicas da sua vida estão tranquilas e estabilizadas.

Quando o filhote de passarinho se aninha nas asas da mãe.

Quando sabe que seus direitos naturais e legais serão respeitados.

Sabe?

Segurança é um sentimento e uma condição. Você pode se sentir inviolável, e não ser. Ou pode ser inviolável em certo sentido, e não se sentir.

Você também pode sentir isso quando dá as mãos do amor às pessoas que andam com você na vida.

É uma sensação que aquece no frio e alivia o calor.

Um sorriso. Meu sorriso. O sorriso dos meus filhos. A segurança que busco pra que possam desenvolver ao máximo a plenitude de suas personalidades. Nosso sorriso.

Estar seguro é me jogar sobre a cama, todo mole, no fim de um pico de cogumelo, cansado, exausto. Me afundo na cama. Me afofo com a roupa de cama. Me sinto seguro, estou de volta devagar a realidade e tenho este lugar pra descansar agora.

E quando não estou seguro? Então sinto medo e necessidade de agir, em busca da segurança.
 
Achei muito interessante essa colocação, mas gostaria poder entender em que parte dei a entender isso?

Um debate não gira apenas em torno de nós, como pessoas.
Minha intenção era trazer uma reflexão, um auxilio a perspectiva.
Nunca tive como objetivo te ofender ou colocar palavras na sua boca, ok?
Algumas coisas que eu escrevo nem eu concordo, apesar de poderem fazer sentido.

Acredito que no debate é importante colocarmos varias ideias. Assim, com a sua resposta eu posso complementar meu pensamento ou mesmo mudar ele por completo.

A teoria do chimpanzé e cogumelo é bem curtida por aqui, eu também gosto.
Mas é uma ideia, cheia de defeitos e que é facilmente questionada.
Não desacredito, nem acredito.
Igual o livr: o cogumelo e a cruz, do amanita.

Quando são postos em questionamentos apresentam várias lacunas, que podem ser preenchidas ou descartadas.

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Ser médio é ser um humano padrão, com as habilidades niveladas.
Não tem a ver apenas com criação, mas nossa genética e corpo é cheio de limitações.

Meu ensino médio foi em uma escola que busca alunos super dotados nas diversas partes do Brasil e tem essa turma especial. (A qual eu não fazia parte)
Quando você conhecer uma criança de 7 anos que fala 3 línguas, sabe todos os elementos da tabela periódica e muito mais, vai entender que essas pessoas são extraordinárias.
É como no fisiculturismo algumas pessoas tem facilidade de ganhar músculo, os superdotados me parecem o mesmo caso, mas intelectualmente.
Vale ressaltar que nem todo superdotado vai fazer algo bom pelo mundo, e muitas pessoas medias vão fazer muito.

Nossos pais e professores do primário sempre falavam: Só tira 100, ele é especial, você é muito esperto.
A verdade é que a maioria é apenas médio. Como falei, não tem problema em ser médio.
Médio é o nível que todos conseguimos chegar se tivermos as mesmas condições.
Quanto antes perceber isso, mais fácil é se esforçar para melhorar o que quiser.

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Determinei sua desavença por essa frase: "e que muitas vezes o conhecimento que acredito ter adquirido não pode ser desperdiçado..."
Isso mostra que você acredita ter um conhecimento que os outros alienados não tem.

Se você não aceita algo, então discorda, o que é uma desavença.

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Mais uma vez: Não estou te atacando, pelo contrário, quero estimular o que você pode pensar para ver uma opinião diferente.
Estou muito feliz que tenha aberto o tópico.
Boa noite.

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Se me permite questionar, quanto tempo conhece os cogumelos e quantas trips fez?
Isso facilita minha imaginação.
 
Podemos entrar no assunto o que é estar certo e errado, da mesma maneira que podemos falar do que é justiça, mas seria uma discussão semelhante a que ocorre com socrates na republica de platão... extremamente baseadas em ideias divergentes e complexas, mas que dificilmente levará a algum lugar...


Então proponho um novo viés sobre a ideia.

As coisas são inaceitáveis, mas, quais coisas? Se alguém acha inaceitável o trânsito ruim, uma dada situação política, seu time não ganhar o campeonato, o clima muito chuvoso ou muito quente, ela está focando em aspectos externos que nunca vão estar todos 100% do modo que ela gostaria. E mesmo que alguém faça uma lista dessas e daqui a um tempo dê tudo certo, dificilmente a pessoa vai se contentar. Vai ficar feliz por um tempo (talvez alguns segundos) e logo vai querer mais, e fazer outra lista, que a deixará insatisfeita de novo.

Porquê é assim que a nossa mente confusa funciona.

Agora, há aspectos do que percebemos que podem ser mesmo considerados como inaceitáveis. O imenso sofrimento que presenciamos, de todos os lados, por exemplo. Todos sofrem, alguns de forma cruel como fome, torturas, escravidão, injustiças, doenças. Mas ninguém está livre. Mesmo a celebridade ou bilionário mais bem sucedido sofre por não conseguir seus objetivos mundanos.

E o modo como reagimos a esse sofrimento, que inclui o nosso, é determinante. A pessoa pode se vitimizar, se culpar, ficar paralisada, entrar em depressão e outras mentes negativas, por exemplo. O que isso vai gerar, além de uma espiral mental negativa?

Ou pode evitar as mentes negativas e usar a percepção de todo esse sofrimento, inaceitável, como um fator motivador para, sem raiva e outros sentimentos negativos, escolhas e ações que visem diminuir o sofrimento. Sem expectativas. Fazendo o que é correto porque é correto.
 
Última edição:
Todos buscamos conforto e segurança. Quando nossa relação com o desconhecido nos faz sentir medo, nós buscamos algo que nos remete a sensação de segurança. Esse medo e essa busca é normal. Quando esse medo é desmedido e a gente não vence ele, isso gera um desequilíbrio, que se expressa de muitas formas, vícios por exemplo.
As plantas e cogumelos me mostram que, adentrando ao desconhecido, eu me conheço e não tem nada encoberto , que não possa ser descoberto dentro desse universo. Essa busca constante por adentrar o desconhecido, e os métodos que eu desenvolvo para mapear essa estrada interior, que me trazem a segurança justa e necessária para vencer o medo e mergulhar novamente no infinito. Disso que se trata pra mim o xamanismo, uma estrada para conhecer o desconhecido, e vencer o medo, a ansiedade, e tudo que esteja em desequilíbrio comigo mesmo.

Boa reflexão .
 
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