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Viagem sensorial no balanço de Afrodite

Nephtys

Primórdia
Membro Ativo
23/04/2015
80
36
Avalon
Vou contar aqui a minha 3º experiência, que aconteceu na madrugada do dia 22 para dia 23 de setembro, durante minha viagem à Paraty - RJ. Minha intenção era passar toda a experiência na praia de madrugada e sozinha, mas meus planos foram por água a baixo (literamente).
Vou contar abaixo os fatores que abalaram bastante o meu psicológico aqui abaixo, para que entendam o que houve depois. Destaquei em negrito a parte que começa a experiência de fato, pra quem não tiver paciência de ler.

Eu viajei com uma amiga que aceita na boa os cogumelos, mas nunca experiementou e nem tem vontade, mas tem a cabeça aberta e não tem preconceitos. Quando estava de noite, por volta de umas 23 horas, estavamos no quarto e eu estava arrumando as coisas para a experiência, e avisei o menino que compartilhava o quarto conosco que eu iria ficar meditando na praia de madrugada, que era pra ele não se assustar se eu entrasse no quarto no meio da noite. Ai ele me contou uma história que já abalou bastante o meu psicológico pela 1º vez, disse que os caiçaras contaram histórias de turistas que desapareciam sem deixar vestigios, e uma tal de quadrilha de roubo de orgãos, então que era perigoso ficar sozinha na praia e etc... Quase desisti da trip por causa disso, mas decidi ir em frente.

Pedi para minha amiga ficar comigo enquanto eu comia, eu confesso que estava com medo de ficar sozinha de noite na praia. Comi 4,5 gramas secos com mel e um gole d'água para descer, na hora o estômago reclamou né. Ai fui pra praia com uma canga para deitar, celular, fone e chinelo. Deitei no pé de uma árvore, e haviam conversas paralelas num quiosque ao lado, inclusive um cara ficou mexendo comigo, perguntando se eu não ia roubar o chinelo dele :p Levantei para procurar outra árvore, pois eu queria silêncio, ai vi o mendigo que mora na praia, andando de um lado pro outro, fiquei com medo e resolvi ficar na minha árvore mesmo, então coloquei música, Tarja Turunen, para disfarçar o barulho. Mas comecei a sentir muita vontade de ir no banheiro, e decidi ir logo. No que eu levantei, o mendigo chegou mais perto, eu achei q não estava segura ali, achei melhor entrar no hotel pra ir no banheiro e voltar pra praia mais tarde, se fosse o caso. Abalo no psicológico 2.

Após ir no banheiro, ditei na rede uns 10 minutos, enquanto pensava no que ia fazer, mas ai entram pessoas a cada minuto, resolvi voltar pra praia pra ver se a mesma já estava mais tranquila. Porém, botei a mão no bolso e meu telefone tinha sumido. Isso já abalou o meu psicológico pela 3º vez, subi no quarto e procurei o telefone desesperada e nada. Tinha caído na rede, desci e encontrei lá. Conclusão, passei uns belos 10 minutos preocupada achando que tinha perdido o celular.

Então resolvi ficar na varanda do hotel, deitada numa espreguiçadeira que tem lá e ter a experiência ali.
Agora começa a experiência propriamente dita:

Me recostei na espreguiçadeira e começaram os primeiros efeitos visuais, mas bem leves. A árvore na frente parecia que ria para mim, pois o vento batia, e as folhas pareciam bocas que mexiam, gargalhando. Mas os efeitos visuais demoraram, eu até achei q tinha alguma coisa errada com os cogumelos, pois já havia passado um tempão e nada, eu fechava os olhos e não via nada colorido. Eu invoquei Afrodite, que além de ser a Deusa do Amor, também é a Deusa do mar, para que me mostrasse o seu reino. Fechei os olhos, e eu sentia nos pés a sensação que tive durante o dia de pisar na areia cheia de pequenas conchinhas. Então Afrodite disse pra mim que aquela seria não uma viagem de aprendizado, mas sim uma viagem sensorial. Eu sentia a cadeira atrás de mim como se fosse a areia, e nos pés as conchinhas, e aquilo me dava um prazer imenso, no corpo todo. Entendi que Afrodite queria trazer a praia até mim, já que eu não podia ir até lá devido as circunstâncias. Era um prazer quase sexual a sensação, mas não tinha conotação erótica, ai lembrei das experiências que relatam a sensação de um orgasmo no corpo todo, ai eu entendi. Eu estava ouvindo a Tarja ainda, mas num volume suficientemente baixo que ainda me permitisse ouvir o barulho do mar (a varanda era de frente pra praia). Ai eu fechava os olhos e comecei a ver coisas com temas marinhos, ora eu estava passeando nas areias, e ora no fundo do mar, e eu sentia a presença de Afrodite muito forte comigo. Eu me balançava na cadeira como se estivesse nadando e o cabelo que batia no meu rosto eram as algas marinhas. Ai comecei a sentir aquele sentimento de conexão forte com a natureza, com o mar e com Afrodite e a viagem começou a ficar muito introspectiva, aquela vontade de me fundir no meio da areia, e eu dobrava meu corpo para a frente para me fundir com a "areia", depois subia como se estivesse sobreaguando no mar. Mas algo dentro de mim me dizia que eu não precisava ir na praia de verdade para ter as sensações, que eu estava segura ali (eu estava com medo de ficar na praia mesmo, ainda mais pq eu vi q passa muita gente estranha durante a madrugada). Na verdade, eu me senti muito frágil. Eu abri os olhos e as estrelas ficaram piscando, lindas. Uma sensação de paz e amor com a natureza profunda, tudo tinha sido lindo até então. Porém, começou a esfriar e ficar desconfortável, afinal já eram 03 da manhã e eu comi os cogumelos as 23:40, o frio e a dor de estômago habituais estavam ficando chatos. Então agradeci a Afrodite pela experiência e resolvi ir deitar. Este foi meu erro, pois o efeito dos cogumelos acabam quando eles querem e não quando vc quer.

Fui no banheiro, e me olhei no espelho e eu estava com muita cara de drogada, parecia aqueles filmes que a gnt vê, fiquei com medo de mim. Eu estava com os lábios vermelhos e muito inchados, ai pronto, fiquei com medo e abri as portas pra bad, pensando: pronto, agora os cogumelos me deram alergia e eu posso ter um choque anafilático (sagitariana dramática). Meus lábios também estavam coçando e ardendo, bem como um dos lados do meu rosto que também estava inchado e coçando, não me lembro se os lábios coçaram na parte boa da trip. Fiquei um tempão no banheiro, lavei o rosto, a cara de drogada diminuiu um pouco. Resolvi deitar (outro erro). No quarto devia estar fazendo uns 35 graus, mas eu estava com muito frio, deitei e me cobri com o lençol e fiquei com a blusa de frio. Sentia ainda todo o colchão e travesseiro como se fosse a areia, e aquilo era bom, e o quarto todo balançava e flutuava no compasso do mar. Porém, os barulhos eram horríveis. O som das pessoas se virando na cama e sacudindo o lençol era ensurdecedor, pareciam mil pombas voando na minha cabeça, era assustador, ainda mais porque minha amiga estava na beliche de cima.

E eu queria parar de ficar doidona, viam uns pensamentos de loucura na minha cabeça e eu queria parar com aquilo. Minha boca doendo loucamente e eu preocupada com isso, se bem que as vezes parecia que melhorava, e as vezes que piorava. E dormir daquele jeito era impossível, e eu não podia fazer barulho no quarto. Ai quando foi 05 da manhã eu resolvi voltar pra varanda, mesmo com o frio, pois era enlouquecedor ficar naquele quarto escuro. Ai melhorei um pouco, mas a boca ainda estava ruim. Voltei pro quarto as 06 horas, e só dormi por volta das 06:30. Às 07 eu acordei, sentia uma fraqueza imensa, como se eu tivesse passado uma semana sem comer, não me sentia capaz de levantar. Contei tudo o que houve pra minha amiga que é enfermeira, ela disse que a reação alérgica foi só na boca, que talvez eu tivesse algum machucadinho, e que as vezes não foi nem do cogumelo, mas sim do melzinho (aqueles de sachezinho) que comi junto com o cogu. Depois tomei café da manhã e me senti melhor, a fraqueza passou e até o enjôo causado normalmente pelo cogumelo.

Em minhas experiências anteriores, eu senti aquela paz e aquela introspecção que os cogumelos dão nos dias seguintes, aquelas epifanias espirituais, e dessa vez eu não tive isso, foi como se eu não tivesse comido cogumelos no dia anterior :cry: Eu não acho que tive aprendizados nesta trip, apenas experimentei as sensações sensoriais delirantes. Ah, mas aprendi que não é bom olhar no espelho durante a trip: pode ser assustador :drepessivo:

E eu não senti aquela necessidade de ficar sozinha, pelo contrario, eu não via a hora da minha amiga acordar e fiquei tão feliz por ela ter cuidado de mim (me deu remédio pra alergia de manhã), e até considerou cancelar nosso passeio de barco se eu não estivesse bem, que eu a abracei e disse que a amava um monte de vezes.

Mas agora que eu me toquei: será que foi perigoso a ingestão de remédio para a alergia (polaramine)? Comi os cogumelos as 23:40, e tomei o remédio as 08:30 do dia seguinte.
 
Última edição:
Relato interessante, mas ficou evidente que o setting não estava adequado. Vários imprevistos e lugares desconhecidos podem desencadear insegurança/desconforto, e aí o mindset vai por água abaixo. Quando há muitos imprevistos assim não adianta insistir, ou pelo menos você deveria ter usado uma dose mais recreativa. Até porque, pelo menos para mim, 4,5g é uma dose que exige mais responsabilidade.

E eu queria parar de ficar doidona, viam uns pensamentos de loucura na minha cabeça e eu queria parar com aquilo.

Não sei se você tem inclinação para meditar, mas recentemente a meditação tem me ajudado bastante durante as trips, principalmente quando começam surgir pensamentos delirantes/inúteis; nessas horas procuro não me apegar em nada... Apenas deixo os pensamentos fluírem, observando a respiração. Em pouco tempo a mente é transportada para dimensões menos turbulentas.

Penso que nós não somos os nossos pensamentos, embora seja difícil discernir essa diferença em nosso estado natural de consciência. Com a aniquilação ou diluição do ego, essa diferença fica mais clara.

Eu não acho que tive aprendizados nesta trip, apenas experimentei as sensações sensoriais delirantes.

Apenas com o seu relato exposto aqui eu consigo ver vários aprendizados. Nem todo aprendizado é através de sensações confortáveis.

Mas agora que eu me toquei: será que foi perigoso a ingestão de remédio para a alergia (polaramine)? Comi os cogumelos as 23:40, e tomei o remédio as 08:30 do dia seguinte.

Dexclorfeniramina não me parece ser algo preocupante. Pessoalmente eu já tomei muitas anti-histaminas e até agora não tive reação negativa.
 
@Cosmik
Relato interessante, mas ficou evidente que o setting não estava adequado.
Com certeza, depois dessa, eu decidi que vou ficar um tempo sem ter experiências em lugares públicos (já tive outra dentro de um parque, mas esta foi 100% maravilhosa), vc não se entrega totalmente se está preocupado com as outras pessoas ou com o lugar que você está. Eu acho que faltou maturidade da minha parte para lidar com a situação.:confused:

Não sei se você tem inclinação para meditar, mas recentemente a meditação tem me ajudado bastante durante as trips, principalmente quando começam surgir pensamentos delirantes/inúteis; nessas horas procuro não me apegar em nada... Apenas deixo os pensamentos fluírem, observando a respiração. Em pouco tempo a mente é transportada para dimensões menos turbulentas.

Sim, eu medito, mas minhas meditações tem objetivos específicos, por exemplo ativar os chakras. Mas realmente nesta hora que eu queria parar de delirar eu tentei meditar, mas eu não conseguia me concentrar infelizmente. :arghh:

Apenas com o seu relato exposto aqui eu consigo ver vários aprendizados. Nem todo aprendizado é através de sensações confortáveis.

Acho que eu só tive aprendizado de coisas pra não fazer nas próximas trips :hilario: kkkkkkkkkkkkkk'
 
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