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Tratamento de emergência de crises ocasionadas por ingestão de cogumelos

Ecuador

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22/12/2007
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Eventualmente surge no fórum a questão de como seria tratado em um hospital uma pessoa que se apresentasse com uma crise causada pela ingestão de cogumelos, com sintomas como pânico, agitação, falta de autocontrole etc.

Procurei algumas vezes artigos sobre cuidados de emergência recomendados para esses casos, mas a maioria dos artigos que encontrei citados não estavam disponíveis grátis online.

Mas encontrei há alguns dias uma seção do Medscape.com que fala sobre cogumelos alucinógenos em geral e na qual há descrição do tratamento de emergência recomendado e também dos medicamentos usados. O texto não faz distinção entre cogumelos do tipo amanita e cogumelos com psilocibina/psilocina.


A seção começa com uma visão global - http://emedicine.medscape.com/article/817848-overview

A parte de cuidados de emergência é http://emedicine.medscape.com/article/817848-treatment#a1125

A parte central do texto é:

"A ação no departamento de cuidados de emergência é principalmente de suporte. [14]

Considere lavagem gástrica se a ingestão ocorreu dentro de aproximadamente 1 hora de apresentação. No entanto, não existem dados para apoiar a eficácia neste ambiente.

Considere carvão ativado.

Fornecer aos pacientes agitados um ambiente silencioso e não ameaçador.

Considere fluidos intravenosos se os sinais de depleção de volume estão presentes.

Não tratar a febre com antipiréticos. A febre provavelmente é causado pela agitação e aumento da atividade motora.

Os benzodiazepinícos podem ser utilizados para a sedação e tratamento de ataques de pânico, alucinações e convulsões."

O [14] do primeiro parágrafo são as referências, anexas abaixo no TXT "Referências de visão global [14].txt".


Em Medicamentos - http://emedicine.medscape.com/article/817848-medication - a parte central do texto é:

"O objetivo da farmacoterapia é reduzir a morbidade, prevenir complicações, e neutralizar a toxina.

Descontaminantes Gastrointestinais

Resumo da classe

Estes agentes são o método preferido quando descontaminação GI é desejada. Eles geralmente são misturados e administrados com um catártico (por exemplo, 70% sorbitol), exceto em jovens pacientes pediátricos, nos quais distúrbios eletrolíticos podem ser motivo de preocupação.

Carvão ativado (Liqui-Char)

Mais útil se administrado dentro de 2 horas de ingestão. Estudos de resultados limitados existir, especialmente quando a administração é> 1 h após a ingestão. A administração de carvão por si só (em solução aquosa), em oposição à co-administração com um catártico, está se tornando o padrão de prática atual, porque não há estudos têm demonstrado benefícios de catárticos e, enquanto a maioria das drogas e toxinas são absorvidos dentro de 30-90 min, laxantes tomar horas para trabalhar. Fluidos perigosos e mudanças eletrolíticas ter ocorrido quando catárticos são utilizados em crianças pequenas.

Quando a dose ingerida é conhecida, o carvão vegetal pode ser administrado na quantidade de pelo menos 10 vezes a dose ingerida de agente, em 1 ou 2 doses. Para o efeito máximo, administrar dentro de 30 minutos da ingestão de veneno.

Benzodiazepínicos

Resumo da classe

Estes agentes visam prevenir a recorrência de crises e encerrar as convulsões devidas a impulsos elétricos cerebrais.

Diazepam (Valium)

Deprime todos os níveis do SNC (por exemplo, a formação reticular e límbico), possivelmente por aumentar a atividade de GABA.

Individualizar e aumentar a dose com cautela para evitar efeitos adversos.

Lorazepam (Ativan)

Padrão para o tratamento de estado epiléptico (persiste no CNS mais tempo do que o diazepam). Taxa de injecção não deve exceder 2 mg / min. Pode ser administrada IM se não for possível obter acesso vascular.

Midazolam (Versed)

Usado como alternativa na rescisão do estado de mal epiléptico refratário. Como é solúvel em água, demora cerca de 3 vezes mais do que o diazepam para atingir o pico EEG. Assim, o clínico deve esperar 2-3 min para avaliar completamente os efeitos sedativos antes de iniciar o procedimento ou repetir a dose. Tem o dobro da afinidade para os receptores de benzodiazepínicos que o diazepam. Pode ser administrado IM se não for possível obter acesso vascular."


Em seguida há uma seção de Cuidados hospitalares posteriores - http://emedicine.medscape.com/article/817848-followup.

A parte central do texto é:

"Com bons cuidados de suporte a maioria dos pacientes se recuperam dentro de 6 a 8 horas e podem sair do Departamento de cuidados de emergência nesse momento, desde que não apresentem complicações e eles possam voltar para um ambiente seguro.

Posterior avaliação e consulta psiquiátrica pode ser necessária para sintomas psicóticos persistentes. [2]"

O [2] do último parágrafo são as referências, anexas abaixo no TXT "Referências de Cuidados hospitalares posteriores [2].txt".



Não é garantido que um departamento de cuidados de emergência no Brasil siga um protocolo igual a esse acima. Pode ser mesmo que tenham tradição de uso de medicamentos que são contraindicados em pelo menos algumas citações que vi, como os antipsicóticos, que podem baixar o limiar de convulsões do paciente.

De qualquer forma os protocolos usados por aqui provavelmente são semelhantes pelo menos em parte ao citado no Medscape.com.
 

Anexos

  • Referências de Cuidados hospitalares posteriores [2].txt
    2.6 KB · Visualizações: 11
  • Referências de visão global [14].txt
    2.6 KB · Visualizações: 13
É, isso pode ajudar, mas só se tiver alguém por perto. Em uma crise de cogumelos, duvido que você lembre que o CM exista!

Porém são informações muito úteis. :)
 
ademais, uma pessoa bem informada, e com um mínimo de responsabilidade e respeito consigo mesmo e para com os outros, não irá propositalmente, ingerir cogumelos venenosos, ou fazer mal uso dos enteógenos.

A única coisa que eventualmente irá fazê-lo correr é a sua própria mente.
 
Esse procedimento descrito na primeira mensagem é específico para ingestão de cogumelos psicoativos, quer dizer, amanitas e cogumelos com psilocibina/psilocina.

Mas a ideia não é inspirar ou sugerir que esse procedimento seja feito de forma amadora ou caseira. Ao contrário, se alguém ficar realmente mal a ponto de querer ir a um hospital, e não puder ser tratado com outras ferramentas, tipo música, mantra, passes, sugestões etc. leve-o a um hospital.

Não assuma a responsabilidade de dar remédios controlados a ninguém.
 
Complementando, o PDF anexo - que tem uma abordagem meio simplista, na minha opinião - aconselha como tratamento de urgência 4 doses de 10mg de diazepam (benzodiazepínico), em casos de agitação leve, e 1,5 mg de haloperidol (Haldol e outras marcas comerciais) intramuscular para casos de agitação mais intensa. Ver na pág. 72.

O haloperidol é um antipsicótico antigo, com diversos efeitos colaterais desagradáveis e/ou perigosos. É contra-indicado para quem tem doença cardiovascular, parkinson, ou está intoxicado por drogas depressoras, como álcool e opióides, entre outras condições. Pode causar tremores e espasmos.
 

Anexos

  • tox6.pdf
    362.1 KB · Visualizações: 16
Olá Ecuador,
Interessante!

O procedimento de desintoxicação (lavagem e carvão), são iguais para quase todos os tipos de desintoxicação ingestivas... Já vi isso ser aplicado de perto... E é isso mesmo. Mas foi em um hospital particular, da Z/S de São Paulo e infelizmente foi há mais de 4 ou 6 horas de ingestão... (foi um caso tentativa de suicídio com um remédio para enjoo em alta quantidade).

Com relação aos ansiolíticos... É interessante observar como o diazepan, por exemplo, é um coringa. Se ele é citado em procedimentos como esse, deve-se ao fato dele ser um remédio de pouca interação com outras substâncias. (Vale lembrar que não é recomendada a administração junto a outros depressores psicoativos).
O que eu queria comentar a respeito, é que na bula do diazepan cita o café como antítese. Ou seja, o café corta o efeito do ansiolítico e vice versa...

Já tomei muito café para me "sobriar", rs... Mas na maioria dos casos era devido a álcool ou cannabis. Se, por algum motivo eu entrar numa bad e estiver agitado... É interessante concluir que café não seria recomendável tratando de casos de agitação com cogumelos...
 
Já tomei muito café para me "sobriar", rs... Mas na maioria dos casos era devido a álcool ou cannabis. Se, por algum motivo eu entrar numa bad e estiver agitado... É interessante concluir que café não seria recomendável tratando de casos de agitação com cogumelos...


Acho que em casos de agitação nenhum estimulante, nem mesmo cafeína, é aconselhável.

Por outro lado em doses baixas de cogumelos, em experiências sem bad trip nem agitação, a cafeína no final pode ajudar a baixar de vez.

Mas é um fator meio imprevisível. Algumas pessoas reclamam que tomar cafeína antes da experiência dificulta o "desligamento" profundo que seria a base para algumas das experiências mais fortes. E outras já me disseram que ficam mais agitadas quando tomam cafeína antes dos cogumelos.

E hoje em dia há disponíveis pílulas com mega-doses de cafeína. Essas creio que se deve evitar tomar junto com os cogumelos, pois o risco de qualquer efeito colateral desagradável deve ser bem maior.
 
Existe mesmo a necessidade de "tratar"? Se deixar a pessoa em um local seguro como está e esperar os efeitos não vão simplesmente baixando?
 
Existe mesmo a necessidade de "tratar"? Se deixar a pessoa em um local seguro como está e esperar os efeitos não vão simplesmente baixando?


Certamente, mas vai ser um período bem turbulento e doloroso para a própria pessoa e para o cuidador.
 
Certamente, mas vai ser um período bem turbulento e doloroso para a própria pessoa e para o cuidador.
Às vezes eu fico pensando... Que é óbvio nos precavermos na hora de tomar e fazê-lo da melhor forma possível.
Mas, depois do momento que tomamos, é como se assinássemos um "contrato" com os cubensis... As próximas 6 horas são deles. Haja o que houver...
E no final das contas... É realmente difícil (ou impossível?) de cortar os efeitos...
São 6 horas que concedemos aos cubensis a permissão de exercerem efeitos sobre nós... E definitivamente estaremos influenciados por eles.

Eu fico pensando que haja o que houver... Na pior das hipóteses... É só esperar as 6 horas... Caso continuem sintomas ruins após isso... Aí sim eu tenho que me tratar, procurar ajudar... etc...

Eu tenho pensando assim.
 
Realmente, nunca devemos entrar em desespero, ou perder a cabeça. Sempre tendo em mente que aquilo é um efeito alucinógeno e por pior que esteja sendo vá passar. E sempre procurar utiliza-los apenas quando preparado mentalmente para tal.
 
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