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Trabalho e Dignidade podem conviver ? Burgueses Gozam ?

Mestre Lagostinha

Cogumelo maduro
Membro Ativo
10/03/2011
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Dizem que o trabalho é enobrecedor e Dignificante, eu me assusto com o fato de que radicais de esquerda e direita continuam defendendo o trabalho, como um objeto social, Amplamente e desavergonhadamente Utilizado para empurrar a maquina estatal e seus congêneres, representado pelas grandes indústrias, empresas de todos os tipos e as tão conhecidas transnacionais.


Ainda escuto sindicalistas barrigudos, Sacerdotes iluminados, Ateus Sisudos, socialites com seus poodles, Pobres desdentados, ricos com seus carrões importados, defendendo o trabalho e o tão chamado negócio, que significa literalmente a negação do ócio, um conceito trazido pela sociedade burguesa do século XIX.


Era crucial para um nobre não desenvolver nenhum tipo de atividade manual, não trabalhar, curtir a vida sem nunca limpar nem fazer nada, ou seja, um bom vivam sem precedentes na nossa história, guerras aqui, mulheres maravilhosas acolá, extravagância, criadagem, muitos e muitos empregados, uma vida com comida de boa qualidade, sem muitas perturbações.


Havia pelo menos um estamento no antigo regime, que sem o menor pudor não trabalhava, e não havia vergonha nisso, como vocês sabem pelos posts anteriores, sou anti-sistémico, mas sinto uma verdadeira fadiga em pensar num mundo com tantos culpados por não estarem trabalhando.


Ninguém se diverte no capitalismo e no socialismo !! Essa é minha conclusão, todos querem o trabalho como a mulher mais sedutora do pedaço, como a ultima bolacha do pacote, eu quero negar o ócio e viver preguiçosamente, fumando cigarros de vários gêneros e sorte, praticando sexo como um jogo de azar, ouvindo rock sem protesto só falando de amor.


Gosto de pensar assim como Bertrand Russel e Paul Lafargue, em seqüência escritores dos livros Elogio ao ócio e o Direito a Preguiça, se tiverem preguiça de comprar e ler estão muito bem vindos ao clube, então, gosto de pensar como eles, em uma sociedade não gerida pelo estado, sem necessidades do trabalho como força motriz de uma maquina estatal e capitalista sedenta de impostos e rendimento por juros absurdos.


Então meus amigos, vocês também amam o trabalho? Gozam com a chibata? E gostam do seu chefe, seu carro novo e sua linda namorada ? Então vamos dialogar, me esculachem se forem “trabalhadores do meu Brasil” ou se vocês acham que “cabeça vazia é oficina do diabo”, pois estou do lado dos preguiçosos inveterados, por favor meus amigos, vamos curtir nosso ócio juntos nesse debate completamente improfícuo !!!

Sou vagabundo sim senhor!!!


Viva a Malandragem!!!
 
Se o trabalho for um chute no sistema como pode-se fazer na arte, dignidade e trabalho podem conviver sim, p q naum?
 
Gosto de pensar atividades criativas como ócios criativos, meu lazer é tambem celeiro de criações, trabalhar é gerar renda para utilização coletiva leia-se o estado, Construir no ócio é uma atividade remunerada ou não que pouco ajuda nosso sistema produtivo andar, então o que penso é, porque vou escrever uma dissertação de mestrado se posso escrever um livro sobre cogumelos ?

Acho que essa variação nos leva para um campo mais atrativo e lúdico, o ludismo é minha grande ideologia!
 
Além destes que você citou, tem o ótimo "O Ócio Criativo", de Domenico De Masi.

Com a tecnologia que temos e a enorme população, daria para cada um trabalhar tipo 2 horas por dia e todo mundo ter o mesmo padrão.

Mas alguns gananciosos querem muito para si, então estamos na merda que estamos.

Apoio totalmente termos máquinas trabalhando para nós, mas quando chegará essa realidade?

Quero passar o dia inteiro fumando ganjah, comendo urupês, fazendo sexo & amor, realizando arte.... Quem será a(o) milionária(o) que vai me bancar? :whistle:

Nessas horas tô achando mais fácil virar o primeiro sadhu brasileiro, porque não aguento mais trabalhar....:cry:

Claro, não quero ser um peso-morto, mas também acho uma besteira essa de trabalhar tantas horas por dia, ainda mais eu que faço um enxuga-gelo do caramba, tipo dona-de-casa (o trabalho nunca acaba)....
 
Enxugar-gelo é sinônimo de trabalho, inutilidade pública, vide nossos parlamentares !!

Pra que aquilo ? me põe num palanque, eu consigo animar a festa mais que esses caras todos e o faustão juntos, seria lúdico, reflexivo, filosófico e mesmo assim não seria trabalho, que maravilha !
 
A sociedade é mascaradamente dividia por castas.

Na natureza, os mais oprimidos, sem capacidade intelectual ou sem coragem o suficiente, não conseguem chegar a posição da casta superior Alfa. Isso está em várias espécias.

Um lobo que não nasça com uma boa genética que lhe permita conquistar a posição Alfa no bando, jamais vai possuir uma fêmea. De fato, pode morrer sem ter relações sexuais. Mesmo assim, irá caçar com o bando. Entenda-se caçar como trabalho em uma sociedade humana.

E os tramas vão muito além disso, estão fortemente presentes no raciocínio de primatas, que tramam junto de outros macacos, através de aliança, métodos para tomar a posição de Alfa e ficar com as fêmeas.

Entretanto, entre humanos, o único modo de um Ypsilon ser reconhecido como um Alfa, é possuindo dinheiro. Apesar de toda a exploração humana e ambiental que o dinheiro causa, qual outro método existiria para que as pessoas que por ventura nascem em castas inferiores teriam para alcançar castas superiores?

Para qualquer espécie, castas inferiores serviram (trabalharam) para castas superiores. Isso esta fortemente registrado em nossa espécie através das guerras, da escravidão, do desrespeito a mulher, da atual manipulação mental.
 
"Faça do seu trabalho um prazer, e você nunca mais irá trabalhar."
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Trabalhar é a manifestação do lado yang da existência. Trabalhar é realizar. Qualquer coisa façamos depois de levantar da cama é trabalho. Neste sentido, escrever este post também é trabalho. Estou aqui trabalhando na comunicação com consciências dispersas. Neste momento este é o trabalho da minha vida, e é tudo que eu quero e preciso fazer.

Mas, isso me lembrou de uma trecho do primeiro livro que eu li na vida, As Aventuras de Tom Sawyer de Mark Twain. Como castigo por uma arte, Tom Sawyer foi forçado a pintar um muro, e ele via naquilo um suplício. De maneira muito astuta, ele conseguiu enganar alguns amigos para fazer o trabalho por ele. Mas o que mais me marcou foi a o aprendizado que ele tirou daquilo:

Ele havia descoberto uma grande lei da ação humana, sem sabê-lo — ou seja, que, para fazer um homem ou um menino cobiçar uma coisa, é necessário apenas para fazer a coisa difícil de atingir. Se ele tivesse sido um filósofo grande e sábio, como o escritor deste livro, ele agora teria compreendido que trabalho consiste em tudo o que um corpo é obrigado para fazer, e que brincar consiste em tudo o que o corpo faz sem ser obrigado. E isso o ajudaria a entender por que construir flores artificiais ou movimentar um moinho é trabalho, enquanto jogar boliche ou escalar o Mont Blanc é apenas diversão.

Há ricos senhores na Inglaterra que no verão, conduzem diariamente uma carruagem de quatro o cavalos por vinte ou trinta quilômetros, porque o privilégio custa-lhes dinheiro considerável. Mas se lhes forem oferecidos salários para o serviço, isso iria transformá-lo em trabalho e, em seguida, eles renunciariam.

Arriscar a vida andando de moto pelo centro de São Paulo para entregar documentos, é trabalho, pagar para fazer o mesmo em uma trilha de terra ou em um autódromo, é diversão.

(Tente me pagar para escrever aqui e eu vou fugir disso como o diabo da cruz. :p)
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Um homem de sucesso, é aquele que consegue convencer os outros pagar para que ele brinque.
 
Seu sistema sem trabalho nunca existirá meu caro Lagostinha.
Isso é Fato. O sistema não vai parar de oprimir jamais.
Até eles mesmo se destruirem.
 
Até uma viagem com cogu dah trabalho.. e qdo vem a bad trip como eh q fica?
Eh possível tirar uma lição de luz da bad..
 
Tudo dá trabalho.

Não adianta fugir. Ele vai te achar ;)
 
Antes de ser homo sapiens o homem deveria ser homo faber.
 
"Um homem de sucesso, é aquele que consegue convencer os outros pagar para que ele brinque. "
:)Aí está o segredo: tornar o penoso em algo agradável e até desejável.
Após isso vale a máxima não importa o que voce faz, mas quem você É.
 
Eu sou vagabundo confesso para esse modelo trabalhista alienante que tenta transformar toda a gente em pilha. Fâck the sys!
Mas concordo com o post do Archer, o trabalho pode libertar.
Só cuidemos para não tranformar o prazer em obrigação, ou nunca mais teremos prazer.

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Um textinho que eu gosto de ler sobre o trabalho:

Depois um operário disse-lhe,
Fala-nos do Trabalho.
E ele respondeu, dizendo:

Vós trabalhais para poder manter a paz com a terra e a alma da terra.
Pois ser ocioso é tornar-se estranho às estações e ficar afastado da procissão da vida que marcha majestosamente e com orgulhosa submissão em direcção ao infinito.

Quando trabalhais sois uma flauta através da qual o sussurro das horas se transforma em música.

Qual de vós quereria ser uma cana muda e silenciosa, quando tudo o resto canta em uníssono?
Sempre vos disseram que o trabalho é uma maldição e o labor um infortúnio.

Mas eu digo-vos que quando trabalhais estais a preencher um dos sonhos mais importantes da terra, que vos foi destinado quando esse sonho nasceu, e quando vos ligais ao trabalho estais verdadeiramente a amar a vida, e amar avida através do trabalho é ter intimidade com o segredo mais secreto da vida.

Mas se na dor chamais ao nascimento uma provação e à manutenção da carne uma maldição gravada na vossa fronte, então digo-vos que nada, excepto o suor na vossa fronte, apagará aquilo que está escrito.

Também vos foi dito que a vida é escuridão, e no vosso cansaço fazeis-vos eco de tudo o que os cansados vos disseram.

E eu digo que a vida é mesmo escuridão excepto quando existe necessidade,

E toda a necessidade é cega excepto quando existe sabedoria.

E toda a sabedoria é vã excepto quando existe trabalho,

E todo o trabalho é vazio excepto se houver amor;

E quando trabalhais com amor estais a ligar-vos a vós mesmos, e uns aos outros, e a Deus.

E o que é trabalhar com amor?

É tecer o pano com fios arrancados do vosso coração, como se os vossos bem amados fossem usar esse pano.
É construir uma casa com afecto, como se os vossos bem amados fossem viver nessa casa.

É semear sementes com ternura e fazer a colheita com alegria, como se os vossos bem amados fossem comer a fruta.
É dar a todas as coisas um sopro do vosso espírito, e saber que todos os abençoados defuntos estão à vossa volta a observar-vos.
Muitas vezes vos ouvi dizer, como se estivésseis a falar durante o sono,

"Aquele que trabalha o mármore e encontra na pedra a forma da sua própria alma é mais nobre do que aquele que trabalha a terra.

E aquele que agarra o arco-íris para o colocar numa tela à semelhança do homem, é mais do que aquele que faz as sandálias para os nossos pés."

Mas eu digo, não no sono, mas no despertar, que o vento não fala mais docemente com o carvalho gigante do que que com a mais ínfima erva;

E é grande aquele que, sozinho, transforma a voz do vento numa canção tornada doce pelo seu amor.

O trabalho é o amor tornado visível.

E se não sabeis trabalhar com amor mas com desagrado, é melhor deixardes o trabalho e sentar-vos à porta do templo a pedir esmola àqueles que trabalham com alegria.

Pois se fizerdes o pão com indiferença, estareis a fazer um pão tão amargo que só saciará metade da fome.

E se esmagardes as uvas de má vontade, essa má vontade contaminará o vinho com veneno.

E se cantardes como anjos mas não apreciardes os cânticos, estareis a ensurdecedor os ouvidos do homem às vozes do dia e às vozes da noite.


Kalil Gibran
 
"Um homem de sucesso, é aquele que consegue convencer os outros pagar para que ele brinque. "
:)Aí está o segredo: tornar o penoso em algo agradável e até desejável.
Após isso vale a máxima não importa o que voce faz, mas quem você É.

Estou como uma locomotiva neste vetor!
 
Até diversão cansa às vezes! Tudo que é demais, para um lado ou para o outro, acaba sendo perigoso.

Aqui ElDorado, acho que o arqueiro queria exemplificar o sentimento e premissa IDEAL NÃO PRATICADA HOJE EM DIA nas tradições, como as sévas vaishnavas com o emprego do ''trabalho desinteressado''...aquela disposição de desenvolver qualquer atividade independente de remuneração ou reconhecimento.
Porque não importa onde voce trabalha, como, ou quanto ganha, acredito que ele quis dizer que voce gostando do que faz, existindo entusiasmos naquilo, não será um ''trabalho''(algo penoso).
Lógo o trabalho, conhecido como algo obrigatório, com a prática do ''trabalho desinteressado'', antes o que era penoso, será identificado com algo que se faz com vontade e alegria.
 
Sim, eu havia entendido!

Porém, veja quanto de guru sêva realmente é feito com o coração desinteressado.
A maioria dos ashrams, grupos e seitas que frequentei e que fazem uso desse expediente funcionam assim:

De um lado o(s) mestre(s) aproveitando o trabalho gratuito de um monte de voluntários.
De outro, um monte de gente fazendo isso com o único interesse de obter a graça do(s) mestre(s), achando que assim darão mais um passo rumo à felicidade plena (ou seja, eu trabalho, mas quero ficar legal depois, hein, mestre!). Se fosse desinteressado mesmo, essas pessoas deveriam estar em outro tipo de atividade.

Compreendo a funcionalidade do guru sêva, mas não posso tapar o sol com a peneira. ;)

Acho que o Archer não quis falar sobre esse aspecto do guru seva, exatamente. Adorei a colocação dele e ela me fez lembrar que até para se divertir é preciso algum trabalho. Depois o pessoal veio e complementou essa ideia com mais galhardia do que eu mesmo. :D

EMHO, melhor mesmo é trabalhar com amor, como disse o Archer. Aí não parecerá trabalho. Por isso estou buscando uma atividade profissional mais prazerosa do que a minha atualmente. É difícil sentir amor por caras que estupram, roubam e matam sem a menor frescura... Esse é meu material de trabalho, entre outros, como lidar com "otoridadis" que se acham os tais, mas que muitas vezes acabam fazendo muito mal. (desculpem o desabafo!)
 
Concordo plenamente...
Sim, eu havia entendido!

Porém, veja quanto de guru sêva realmente é feito com o coração desinteressado.
A maioria dos ashrams, grupos e seitas que frequentei e que fazem uso desse expediente funcionam assim:

De um lado o(s) mestre(s) aproveitando o trabalho gratuito de um monte de voluntários.
De outro, um monte de gente fazendo isso com o único interesse de obter a graça do(s) mestre(s), achando que assim darão mais um passo rumo à felicidade plena (ou seja, eu trabalho, mas quero ficar legal depois, hein, mestre!). Se fosse desinteressado mesmo, essas pessoas deveriam estar em outro tipo de atividade.

Compreendo a funcionalidade do guru sêva, mas não posso tapar o sol com a peneira. ;)

Acho que o Archer não quis falar sobre esse aspecto do guru seva, exatamente. Adorei a colocação dele e ela me fez lembrar que até para se divertir é preciso algum trabalho. Depois o pessoal veio e complementou essa ideia com mais galhardia do que eu mesmo. :D

EMHO, melhor mesmo é trabalhar com amor, como disse o Archer. Aí não parecerá trabalho.
Usei o lance da séva, só para exemplificar o que eu estava querendo dizer....mas já foi compreendido. Queria dizer tambem que trabalho desinteressado hoje em dia é utopia...nem alucinação por cogumelos faz alguem acreditar nisso
 
Só cuidemos para não tranformar o prazer em obrigação, ou nunca mais teremos prazer.
Como disse o Eldorado, é só arranjar um trabalho diferente. (Vamos brincar de outra coisa? :))
"Aquele que trabalha o mármore e encontra na pedra a forma da sua própria alma é mais nobre do que aquele que trabalha a terra. O trabalho é o amor tornado visível. Pois se fizerdes o pão com indiferença, estareis a fazer um pão tão amargo que só saciará metade da fome."
Lindo texto mirador. Agradeço pelo seu trabalho.:)
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Se você não sente prazer no que faz, está é porque está fazendo a coisa errada.
 
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