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Aqui discutimos micologia amadora e enteogenia.

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Three little Birds (xp 50 a 52)

ExPoro

Enteogenista Apaixonado pela Vida
Cultivador confiável
14/04/2015
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Um "breve" relato da 3 últimas experiências.

Primeiro, meu corpo está limpo de qualquer outra substância psicoativa já faz uns meses, e nas últimas experiências litúrgicas que tive com cogumelo, semi-narradas em Bailado dos Urubus, já vinha re-elevando minha vivência com os santos como sacramento.

Em suma, já de volta em casa e não mais na natureza por enquanto, todas foram experiências de chá de cerca de 20 gramas frescas e que tive assim que terminei de acordar: seja no fim da tarde (xp 51), começo da noite (xp 50), ou antes do sol nascer (xp 52) - neste último caso, a que deu nome ao relato: three little birds (três pequenos pássaros, nome da famosa música do Bob Marley).

:teo_seta_direita: Three Little Birds (xp 52)

O nome veio porque foi uma experiência em que, após terminar a parte mais litúrgica, em que escuto os 4 álbuns litúrgicos de minha enteogenia, com Pink Floyd (Dark Side of the Moon, Wish You Were Here, Animals e The Wall), fui pra varanda da minha casa e pude ver... a plenitude de uma deliciosa manhã. :love: Ainda sob leve efeito, que permanecem até o fim da sexta hora - e não se enganem, não confundam fim do pico com o fim dos efeitos, de formação de sinapses, de ainda ter capacidade de se iluminar.

Tenha :!: cuidado com o que vive, faz ou absorve nas duas últimas horas (4ª a 5ª horas) se achar que o efeito já passou, porque seu cérebro ainda está em estado elevado e suscetível a novas sinapses, mesmo que você pense que não, ainda funciona como o cérebro de um bebê na aceitação e adaptação a estímulos, bem como capacidade de cura... ou de dano, a depender dos estímulos.​

A prudência das experiências me leva a apenas buscar assuntos leves, ou tocar algo, ver um filme engraçado, ou até evitar hábitos repetitivos (não gosto de jogar videogame); ou seja, agir mais livremente do que sob o pico, mas não agir como se pudesse encarar uma discussão ou um assunto como filme de terror ou algo pesado. Me entreter com coisas boas, ou elevadas.​

Enfim, na varanda, virado pra natureza que há atrás da minha casa, peguei meu violão. E logo que sentei já pude ver, logo ali perto de mim, 3 pequenos passarinhos, pros quais me senti inspirado a tocar. E eles ali permaneceram durante todas as primeiras músicas. Depois peguei a gaita, e assim pude curtir até pouco antes do meio-dia, a natureza ao balançar dos ventos e o verde das árvores ao sabor das nuvens, que hora lhes dava o sol completo, ora lhes dava o mormaço. Eu, encantado com isso tudo. :)

E assim foram duas horas, com os pássaros, aqueles, que se foram, e mais outros, que se chegaram. Me senti feliz com aquele fim de manhã, após um começo de manhã que havia me trazido muitos bons pensamentos e respostas.

Já sobre a experiência em si, o pico dela, os pensamentos que se destacaram foram:
  • Um Ritual é pra ser um ritual: repete-se o que se faz a cada vez que se faz, segue-se uma liturgia. Isso mesmo, já que os fins são litúrgicos... Comecei a experiência de manhã antes do amanhecer, então pensei em fazer no silêncio, ao invés de colocar minhas músicas litúrgicas do Pink Floyd. Como resultado, me senti confuso, não-guiado ao (longínquo des?)conforto que leva à estabilidade dos efeitos e ao espaço pra minha mente trabalhar em alguma linha. Não se trata de não haver silêncios durante a experiência, no pico, mas de que quando faço em casa, o que me firma no caminho litúrgico é justamente a repetição no ritual. Após colocar as músicas, me senti novamente confortável e pude então dar início aos trabalhos mentais. Já na natureza, o papo é outro, mas aí porque se trata de outra ritualização, a depender de onde/como for. Em casa, preciso das músicas.
  • Somente eu posso resolver meus problemas, e não devo esperar apenas a Providência Divina. Isso qualquer um sabe. Mas estou numa fase difícil há cerca de um ano, e algum tipo de apatia e falta de confiança me fazem apenas esperar que as coisas "deem certo". E o que me veio foi o óbvio: cabe ao meu esforço e luta sair de uma situação que não me agrade, se não me agrada, e ir para uma situação melhor.

:teo_seta_direita: Experiências 50 e 51

Caramba! Cheguei à metade das primeiras 100 experiências a serem relatadas! :eba::contente::feliz:

O que quero destacar agora é a diferença entre o que eu era há 3 anos atrás, quando conheci os meninos santos e este fórum, a como estou hoje em dia. Isso pode ser visto ao longo dos relatos, que é a razão de fazer isso: ser um presente pro fórum, e ao mesmo tempo mostrar relato a relato a mudança de um doido pra um enteogenista. Em suma, sou mais saudável, amoroso, tenho uma visão de vida mais aberta, aprendi muita coisa, como fazer um Uso Responsável de Psicoativos, quando se trata de entretenimento, ou descobrir que posso me curar de vícios e ciclos viciosos com os santos, e a me conectar a algo maior do que eu mesmo e respeitar mais o xamanismo; mas vou deixar um relato mais detalhado disso tudo quando chegar no relato da experiência de número 100, caso o Deus e a Deusa permitam que eu chegue lá. ;)

Nessas experiências, assim como na seguinte, algo que eu vi sobre jejum é que pra mim não influi em nada, exceto que me faz sentir fome durante o pico, algo que até então me era inédito. Então, vou parar de fazer as experiências de jejum propositadamente, que é melhor só sentir fome lá na última hora de experiência. O que, aliás, era minha medida de que já terminava de pousar em 30 minutos a uma hora.

Fora isso, me vieram à mente algumas ideias de pedir desculpas por certos atos, um deles com um colega aqui do fórum - ao qual me desculpei - e pessoas fora do fórum - às quais também me desculpei.

E desde que retomei essas experiências semanais, ou de 15 em 15 dias, tenho sentido uma boa melhora em diversos aspectos da minha mente e psiquê, que venho tratando há um ano. Digo também que, quando quebrei o rito de fazer toda semana, senti como se algo faltasse, como se eu tivesse deixado de ir à missa ou à igreja, quando teria o hábito de ir toda semana há anos.

É uma coisa boa, maravilhosa o caminho dos meninos santos. E venho retomando meus cultivos com força, em especial por ter uma amiga que também se tornou micoenteogenista, e porque estou me reconectando à prática enlevada com eles. Tenho estado ausente do fórum, mas porque não me sinto apto a entrar em debates. Mas fico muito feliz de ver sempre essa renovação que por aqui passa. Espero poder em breve ajudar mais.

E por fim, o que tenho a dizer nesta fase sobre o âmbito sagrado e curativo dos cogumelos é o seguinte:
  1. O cogumelo é o sacramento...
  2. ... mas o que cura é o ritual...
  3. ... que se estabelece por meio de uma liturgia.
E depois dos efeitos, ou ainda no fim deles, abraçar quem a gente ama, contemplar o que é belo, fazer o que nos eleva e tudo mais que aqueça o nosso coração.
 
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