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Sabe aquela historia do setting terapeutico? pois é, tentei...

kooboo

Esporo
Membro Ativo
15/11/2022
89
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Ontem, quarta-feira, vi que minha agenda de trabalho para hoje estava vazia, tranquei ela e resolvi me dar o dia.
Eu queria curtir uma trip só na miração (de olhos fechados).
Preparei uma playlist psy trance com três estágios, mais progressivo no início, tuts tuts no meio e pra fechar coloquei Yaima (aquela voz suave é um calmante em si).
Deitei cedo, acordei cedo, e mandei duas gramas pra dentro com mamão e açaí.
Deitei de novo e deixei a onda vir.
Pois é... eu queria saber onde a 'coisa' ia me levar, porém não foi como eu esperava.
A trilha sonora estava muito agitada, e acabei mudando para outra com Liquid Bloom. Isso melhorou um pouco, porém a miração estava chata demais. A única que parecia vir 'aos olhos' era como se fosse shimejis (foi o melhor que consegui pra descrever), e veio uma 'nóia', inseri cogumelos e agora so vejo os padrões de cogumelos e redes de micélios. Os tentáculos surgiam mas me bateu um sentimento de tristeza, chatice, um mal estar enfadonho... totalmente ao contrario da trip que fiz com 5g e de olhos abertos onde tudo era grandioso e bem rítmico. Desisti de manter os olhos fechados, e meu quarto estava pulsando de cores. Isso foi legal.
Peguei meu caderno de desenhos e comecei a olhar meu desenhos psicodélicos, fiz mais duas artes, sem padrão, apenas deixando a mão seguir instintivamente ao som da música.

Uma coisa que notei nessa 3a. trip é que a miração sempre ocorre (pra mim) em padrões que lembram cogumelos ou águas-vivas.
Minha conclusão - É melhor tomar e ficar de olhos abertos, se tiver natureza e cores por perto, melhor ainda. Não tome se o astral não estiver pra cima.

Minha dúvida: Alguém aqui no setting terapeutico, tipo aquelas experiencias relatadas no documentário do Michael Pollan? Se sim, como foi? Achei que conseguiria simular... mas foi chato demais.
 

Anexos

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Imagino eu que o setting terapêutico precise de acompanhamento especializado e conhecimento em relação as dosagens e seus efeitos em ti especificamente (cada um reage diferente).
Sobre as miragens eu também reparei esse padrão de cogumelos e pra mim surgem também olhos em toda parte (o que me apavora, pra ser sincera).
+++Tu tem essa playlist de trance pública?
 
Imagino eu que o setting terapêutico precise de acompanhamento especializado e conhecimento em relação as dosagens e seus efeitos em ti especificamente (cada um reage diferente).
Sobre as miragens eu também reparei esse padrão de cogumelos e pra mim surgem também olhos em toda parte (o que me apavora, pra ser sincera).
+++Tu tem essa playlist de trance pública?
segue as duas playlists -


Sobre a questão terapeutica, fico pensando... será que o cura é a experiencia em si, ou o efeito químico no cérebro. Ando pondo mais fé na segunda hipótese, e a viagem é o bônus.
 
Sobre a questão terapeutica, fico pensando... será que o cura é a experiencia em si, ou o efeito químico no cérebro. Ando pondo mais fé na segunda hipótese, e a viagem é o bônus.

A diferença é que em uma das formas você é responsável pela própria cura, na ideia do efeito químico você acredita que é só comer cogumelos e ele te cura.

Na vida, eu nunca vi ninguém ser curado ou ter qualquer evolução esperando que outra pessoa (ou cogumelo) cuide dela, sem ter nenhum esforço próprio.
Mas vi muita gente esperando milagre.

Acho difícil ter experiencia filosófica ou terapêutica escutando psy.
Eu adoro nas trips, mas quando quero dançar ou só curtir.

Olha, depois de perder a conta da quantidade de trip, eu acho alucinações bem chatas hoje em dia, não ia aguentar só ficar esperando por elas.
Eu até diria que só conheci o verdadeiro potencial do cogumelo depois de ter tanta experiencia que essa "primeira camada" de efeitos alucinógenos e divertidos pararam de me distrair.
Mas quando a gente está começando é exatamente essa "loucura" que a gente está procurando.

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Escutei a playlist que você colocou ali em cima agora.
Se eu escutar isso aí durante a trip é bad trip na certa kkk
Consigo imaginar certinho minha reação, tentando encontrar o controle remoto para desligar o som e não conseguindo achar.
Mas conseguiria ir para uma rave e escutar elas.

Em casa eu prefiro ouvir músicas assim para pensar:


Talvez o que procura precise explorar novos gêneros ou musicas, ou não. Nunca se sabe.
O silêncio na trip é ruim para mim, quanto mais fácil for entender a música, melhor fica.
Se ela vai evoluindo aos poucos, se não tem bpm extremamente alto.
 
A diferença é que em uma das formas você é responsável pela própria cura, na ideia do efeito químico você acredita que é só comer cogumelos e ele te cura.
Eu estava conversando com uma amiga sobre isso, e comparei da seguinte forma -
Sobre as experiências que estou tendo (e estudado) acho que dentro do contexto terapêutico, a viagem em si não importa muito, ela é só um bônus diante da química que é alterada.
Há sim um importância de set e setting, para que esse benefício ocorra.
Vou tentar criar um exemplo, a substância é como se fosse um carro que vai te levar aonde você quer.
O set é ter um GPS.
O setting é ter uma boa estrada.
A viagem é se vai chover ou fazer sol durante o trajeto.
Ou seja, se o set e o setting estiverem ok, carro vai te levar, com ou sem chuva.


E super concordo contigo, o trance não foi uma boa companhia pra trip, ouvir Yaima e Liquid Bloom deram uma sensação melhor (e obrigado pela musica apresentada :) )

Fiquei curioso com essa parte

Texugo:
Olha, depois de perder a conta da quantidade de trip, eu acho alucinações bem chatas hoje em dia, não ia aguentar só ficar esperando por elas.
Eu até diria que só conheci o verdadeiro potencial do cogumelo depois de ter tanta experiencia que essa "primeira camada" de efeitos alucinógenos e divertidos pararam de me distrair.


Hoje o que você busca ou obtêm dos cogumelos?
 
segue as duas playlists -


Sobre a questão terapeutica, fico pensando... será que o cura é a experiencia em si, ou o efeito químico no cérebro. Ando pondo mais fé na segunda hipótese, e a viagem é o bônus.

Os cogumelos são uma ferramenta e você trabalha com ela, não excluindo os efeitos químicos no cérebro.
 
Hoje o que você busca ou obtêm dos cogumelos?

O exato oposto de alucinações e sensações "gostosas".
A melhor parte pra mim são os momentos após o pico.

Depois de todo o desconforto inicial e visão turva, me sinto muito limpo, consigo pensar com menos rodeio por concepções minhas.

Como se naquele momento todo pensamento fosse original, sem ser baseado nas minhas crenças ou compreensões concebidas sobre a vida.
Como se tivesse esquecido tudo que eu achava saber e tivesse a chance de explorar um novo pensamento.

Minha cabeça fica mais silenciosa, como se eu pudesse conversar comigo mesmo sem interferências.

Não que eu não curte umas alucinações ou a sensação de flutuar de vez em quando, mas ao tomar o chá a minha intenção é esse pequeno momento de "liberdade", que dura apenas logo após o pico e antes do comedown
 
@Texugo, concordo contigo mano, sou extremamente assim tbm, tu descreveu com precisão como me sinto e oq busco tbm.
 
Misturar trance com uma viagem terapêutica é que nem tentar misturar água e óleo. Inclusive não entendo quem consegue tomar cogumelos e ouvir trance, vejo bastante gente no fórum que faz isso mas simplesmente não entendo... Acho trance muito ruim, mas é meu gosto musical mesmo.

Eu fiz uma playlist de quase 30 horas com músicas ambientais, pena que é no Deezer:

Taí a dica de estilo musical para viagens: ambiental japonês. (apesar do nome "ambiental" não tem muito a ver com ambiente em si, são sons padronizados e calmos)

Quem se interessar pode colocar os pézinhos na beira da água com isso aqui:




Sobre experiência em setting terapêutico em si:

Particularmente dou muita importância para o uso de alta dose, penso num objetivo, focalizo e penso sobre semanas antes da viagem.

Na minha última viagem fiz o seguinte:

Fiquei duas semanas me preparando com uma dieta vegana (sou vegetariano mas como muito ovo e laticínios).

Na última semana parei de usar o youtube, que é a única rede social que acesso.

Nos dois dias antes da viagem preparei o espaço completamente: pendurei quadros importantes ao redor da cama, comprei comidinhas leves para comer durante a experiência, separei incensos, velas, peguei uma roupa de cama limpa, limpei todo o espaço, separei toalhas, sabonetes limpos para o banheiro etc.
Também desativei meu whatsapp pessoal (deixando apenas o do trabalho ligado)

No dia anterior desligo o meu whatsapp do trabalho, além de colocar no modo avião, apenas com conexão ao wifi para conseguir ouvir as músicas.

No dia em si acordei muito cedo e arrumei as últimas coisas. Antes de ingerir o cogumelo em si fico um momento em meditação para alinhar com meu propósito. Daí é só tomar e o resto é história.
 
@Citrowong também sou vegetariano e sinto que períodos de dieta restrita proporcionam trips mais intensas.

Tem toda aquela questão do corpo se proteger de proteínas grandes, como a caseína do leite e o glúten do trigo.
Ambas disparam a resposta imune em menor ou maior grau, dependendo de cada pessoa, retraindo a micro vilosidade interna do intestino.

Mas queria saber até que ponto o prejuízo na trip é placebo ou se outras pessoas experimentam o mesmo impacto.
Além do veganismo, você já tentou eliminar o glúten? Percebeu diferenças significativas?
 
Mas queria saber até que ponto o prejuízo na trip é placebo ou se outras pessoas experimentam o mesmo impacto.


Quando eu fui vegetariano quase vegano foi o período mais instável nas minhas experiências. E instável no sentido ruim mesmo.

Voltei a comer carne e melhorou muito.

Com laticínios não tenho dados. Sempre me dei bem com eles.
 
Além do veganismo, você já tentou eliminar o glúten? Percebeu diferenças significativas?

Cara, eu sou um super glútenistico hehehe, pelo que li sobre glúten o que dizem de mal sobre ele é fake news, tirando no caso de pessoas celíacas ou com alergias.
Glúten não passa de uma proteína, adoro seitan (carne de glúten a base de farinha de trigo) e pó de glúten (mais fácil do que fazer seitan é comprar em pó de uma vez). Me sinto muito satisfeito quando como e acho uma delícia, nunca tive problemas.


Quando eu fui vegetariano quase vegano foi o período mais instável nas minhas experiências. E instável no sentido ruim mesmo.

Voltei a comer carne e melhorou muito.

Com laticínios não tenho dados. Sempre me dei bem com eles.

Eu sou vegetariano a quase 8 anos, comigo foi o reverso, eu tinha anualmente inflamações horríveis na garganta e ouvido, desde então nunca mais tive (algo que nunca esperei do vegetarianismo).

Quando eu ainda comia carne uma experiência muito marcante na força dos cogumelos (quando tinha 15 anos) foi quando tivemos de preparar um almoço e tive de cortar peito de frango para fazer filezinhos. Foi algo muito marcante que me lembro até hoje, ver as fibras musculares... Imaginar aquilo vindo de um ser vivo em cativeiro... E isso que nunca vi nenhum daqueles documentários que dizem por aí.

Também não tenho problema com laticínios, eu dou uma segurada antes da viagem por uma questão de "leveza", sinto que leite e derivados são muito gordurosos.
 
Cara, eu sou um super glútenistico hehehe, pelo que li sobre glúten o que dizem de mal sobre ele é fake news, tirando no caso de pessoas celíacas ou com alergias.
Glúten não passa de uma proteína, adoro seitan (carne de glúten a base de farinha de trigo) e pó de glúten (mais fácil do que fazer seitan é comprar em pó de uma vez). Me sinto muito satisfeito quando como e acho uma delícia, nunca tive problemas.

Glúten é uma delícia e combina com tudo mesmo
Mas aí entra a questão celíaca, que não é exatamente uma doença mas sim uma hiper sensibilidade que se apresenta na forma de um espectro.
Conferi os números e 2% da população não pode consumir de forma alguma, 13% apresentam inflamações sérias (problemas de pele, desconforto abdominal, etc) e um percentual potencialmente mais alto, difícil de estimar por falta de diagnóstico, apresentam também má absorção de micro nutrientes após o consumo.

De cara, não há nada de errado com o glúten, mas ele e a caseína do leite tem tamanho e configuração molecular semelhante a proteínas invasoras, que o sistema imunológico confunde com a de patógenos. E pra frear a pseudo invasão, o corpo destrói a vilosidade do intestino, reduzindo a absorção.

Daí a teoria é que exista correlação entre intensidade da trip e o consumo do trigo/leite, mas precisamos de mais gente testando pra descobrir se é loucura kkkkkkk
 
É uma doença. Autoimune. Se não me engano a única doença autoimune que se conhece com certeza o agente causador.


Alguns celíacos nem podem respirar dentro de uma padaria.
Você tem razão e eu me expressei mal,

Quando disse que glúten não era doença, quis dizer que não era uma condição binária mas todo um espectro com diferentes sintomas e intensidades.

Da mesma forma também acontece com a sensibilidade não celíaca (NCGS), que extende desde a criança que não se desenvolve pq a mãe comeu pão antes de amamentar até o adulto que vê nos exames a hemoglobina reduzida por conta da baixa absorção de ferro e não faz ideia da causa.
 
Só posso dizer que estou adorando o rumo que esse tópico está indo ... falamos de trip, pos trip, música, alimentação, set, setting... muita riqueza nessa conversa. :sorriso:
Eu sou vegetariano há 40 anos, então não faço nem mais ideia do que é consumir carne, e embora eu adore massas, me sinto mais leve quando não as consumo ou tento uma dieta vegana.

Um outro ponto - comparando o pós experiência com 5 e 2g. Na primeira passei quase que a semana inteira muito introspectivo, com 2g me sinto sem alterações nos padrões de humor.
 
O que me deu um super-insight sobre como preparar a minhas viagens foi eu ter preparado o espaço para uma trip da minha esposa.

Ele se propôs a fazer uma viagem com um bom tempo de antecedência, seria a primeira viagem em altas doses dela (2.2g).

Como eu queria que ela tivesse o máximo de proveito possível então acabei arrumando tudo impecavelmente da maneira como descrevi anteriormente (só que para ela). Ao fazer isso notei que eu deveria fazer o mesmo comigo mesmo. E foi assim que passei a cuidar melhor do meu setting imediato e tive experiências melhores.

Para mim é muito mais fácil direcionar cuidado para terceiros, mas não para eu mesmo.

O fato de eu preparar a espaço para a viagem dela nos mínimos detalhes me fez perceber o quanto eu não fazia o mesmo comigo, isso acabou sendo muito revelador.
 
Misturar trance com uma viagem terapêutica é que nem tentar misturar água e óleo. Inclusive não entendo quem consegue tomar cogumelos e ouvir trance, vejo bastante gente no fórum que faz isso mas simplesmente não entendo... Acho trance muito ruim, mas é meu gosto musical mesmo.
Eu discordo muito.
Tente isso:



Embora não seja exatamente trance, acho que é um bom ponto de partida para entender o poder do TUM TUM TUM.
Se não gostar disso, realmente, eu diria para esquecer essa parte, deve ser o seu gosto pessoal.

Mas... quando eu escuto isso, consigo nascer novo, sinto lentamente a vida tomando conta de mim, entrando em minhas veias, fazendo meu coração bater, tum..tum.tum.. e eu respiro fundo, sinto o ar entrando em meus pulmões, e percebo que estou viva... minha nossa eu estou viva...

Se isso não é terapia, eu não sei o que é.

Para mim, trance de fato, os mais "pesados", não são muito diferentes disso, intensificam ainda mais essa sensação se eu estiver nesse mood de trance. Creio que seja uma questão de selecionar as energias certas, e isso não depende do estilo, depende da própria música. Cada artista tem uma intenção ao criar a música, geralmente ligada a um sentimento, e ao menos para mim esses sentimentos do artista me afeta.
 
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