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Quinta Experiência 1,5g - Cubensis

felipeleox

Esporo
Cadastrado
20/12/2021
41
3
29
Em uma conversa com alguns amigos, acabei recomendando para eles o disco Dark Side of The Moon do Pink Floyd, e só então me dei conta de que esse é um disco que eu escutei muitas vezes quando mais novo, mas nunca em “estado alterado de consciência”.
Aproveitando que era minha última semana de férias, decidi comer 1,5 g para re-escutar o álbum.

Minha esposa saiu para trabalhar logo após o almoço, comi os cogumelos e fui para o banho para dar o tempo dos efeitos começarem.
Enchi um colchão inflável na sala, deitei e coloquei o disco pra tocar. Definitivamente foi uma experiência muito intensa, diria até emocionante.

Sempre curti muito a sonoridade do disco, a parte instrumental impecável, uso de instrumentos de sopro, sintetizadores, solos de guitarra... Enfim, acho um disco muito fluido, nem me passa pela cabeça a intenção de pular alguma faixa.

Acho que a primeira consideração sobre essa experiência é como os psicodélicos amplificam o que somos e das coisas que gostamos. Deitado ali totalmente focado no som, foi como se não fosse possível pensar em outra coisa senão a música, ou o que a música "nos traz".

Também teve impacto significativo o fato de meu inglês ter melhorado bastante em comparação à última vez que havia escutado o disco. Naturalmente, além de ficar extasiado com o instrumental, a letra me “pegou” em vários momentos. Afinal, é um disco que trata sobre temas como o tempo, dinheiro, relação entre pessoas e loucura.

Fiquei com a sensação de que fui “preparado” para a última faixa “Eclipse”. Ao longo do disco todos os temas vão sendo abordados, fui refletindo sobre eles, lembrando de coisas da minha vida relacionadas a esses temas, e percebendo como cada detalhe que compõe a vida é complexo. Então, eis que a última faixa “joga na cara” como, apesar de toda essa complexidade e até grandiosidade da vida, nossas vidas são coisas muito insignificantes em relação ao que está fora do planeta Terra.

Esse é o tipo de coisa que “todo mundo sabe” (desde crianças já aprendemos que a Terra é só um planeta no sistema solar, e que o universo é infinito, etc...), mas realmente pensar nisso logo após repensar a própria vida, e com uma “preparação sonora” tão intensa foi uma sensação muito forte e marcante.


Gostaria de salientar que as letras não necessariamente representam as impressões que eu tive delas. Me lembro bem que haviam partes da letra que eu acabava “não entendendo” por estar com o foco muito grande nos instrumentos, ou em algum pensamento ligado a um trecho anterior da letra.
O foco do meu relato não é de “analisar” o disco, mas sim as percepções que tive nessa experiência. Então, é esperado que numa análise mais aprofundada das letras, outras reflexões e sentidos sejam identificados.




Eis então a minha primeira experiência escutando rock progressivo, e mesmo escrevendo somente 45 dias depois da experiência, as sensações ficaram marcadas como boas e intensas.

Devo ter ficado cerca de 40 minutos sentado olhando a capa do disco e o encarte (tenho uma cópia em CD), e pensando sobre as músicas. Não lembro exatamente o que fiz depois, só de que quando minha esposa chegou (lá pelas 18h) eu já estava praticamente sóbrio e a rotina da noite seguiu dentro da normalidade.
 
E vamo que vamo pra mais uma experiência do nobre @felipeleox :)

acabei recomendando para eles o disco Dark Side of The Moon do Pink Floyd, e só então me dei conta de que esse é um disco que eu escutei muitas vezes quando mais novo, mas nunca em “estado alterado de consciência”.
Aproveitando que era minha última semana de férias, decidi comer 1,5 g para re-escutar o álbum.

JÁ COMEÇOU BEM ESSE RELATOOOOOOOO

nem me passa pela cabeça a intenção de pular alguma faixa.

Isso porque o disco inteiro em si é uma "grande faixa", um trabalho conceitual sono inédito que iniciou uma nova era.

O Dark Side of The Moon possui todas as etapas de uma obra como um todo, e não de faixas isoladas. Desde a conexão entre a segunda música e o fim da quarta música (que é o fechamento da segunda música), passando pela enlevação orgásmica de Great Gig, situando diversos sentimentos e temas, até a preparação pra catarse que ocorre em Brain Damage, e o relaxamento da faixa final, Eclipse, que nos prepara para o recomeço, se colocar o disco em loop.

Fiquei com a sensação de que fui “preparado” para a última faixa “Eclipse”. Ao longo do disco todos os temas vão sendo abordados, fui refletindo sobre eles, lembrando de coisas da minha vida relacionadas a esses temas, e percebendo como cada detalhe que compõe a vida é complexo. Então, eis que a última faixa “joga na cara” como, apesar de toda essa complexidade e até grandiosidade da vida, nossas vidas são coisas muito insignificantes em relação ao que está fora do planeta Terra.

Isso! As músicas possuem expressões que são trazidas ou repetidas em outras. E no fim, a Eclipse fecha tudo num grande resumo existencial. De arrepiar.

Gostaria de salientar que as letras não necessariamente representam as impressões que eu tive delas. Me lembro bem que haviam partes da letra que eu acabava “não entendendo” por estar com o foco muito grande nos instrumentos, ou em algum pensamento ligado a um trecho anterior da letra.
O foco do meu relato não é de “analisar” o disco, mas sim as percepções que tive nessa experiência. Então, é esperado que numa análise mais aprofundada das letras, outras reflexões e sentidos sejam identificados.

A profundidade enteogênica das letras somadas às melodias e ritmos de Pink Floyd só podem ser destrinchadas após repetidas experiências as ouvindo, até que se tornem uma parte integrante de sua alma.

O caminho é longo, mas se você chegar em "Louder Than Words" com um arrepio, você terá entendido toda a carga das décadas de trabalho dessa banda que ela mesma não sabe o trabalho divino que fez.

A minha experiência foi passar 2 anos com os 4 discos ápices da banda, da era Roger Waters, depois transitar pra fase seguinte, em que a banda renasce em nova sonoridade mas ainda conceitual com Girlmore à frente, descobrindo novas camadas de profundida. Por fim, Endless River nos dá algo que nenhuma banda até hoje possui: um álbum perfeito de fechamento, como um "adeus" à história da banda, feito pelo cara que basicamente criou a sonoridade psicodélica como conhecemos hoje (e não como era feita na década de 60).

Amo demais... está na minha alma... é o próximo capítulo da Bíblia, Dark Side of The Moon até The Wall, no mínimo.
 
E vamo que vamo pra mais uma experiência do nobre @felipeleox :)

Agradeço muito sua atenção e comentários ExPoro!

Bacana essa troca com alguém que também curte tanto o som do Pink Floyd rs


Confesso que na época em que ouvi muito a banda, acabei focando "apenas" na fase inicial até o The Wall (tendo a oportunidade inclusive de assistir ao show que o Roger Waters fez no Morumbi em 2012, tocando The Wall completo).

Seu comentário me fez ter vontade de partir para os discos seguintes, especialmente "The Endless River".

Provavelmente faça isso depois de revisitar mais algumas obras da banda que ouvi muito no passado, em especial o filme "Live at Pompeii".


Obrigado e forte abraço!
 
Agradeço muito sua atenção e comentários ExPoro!

Bacana essa troca com alguém que também curte tanto o som do Pink Floyd rs


Confesso que na época em que ouvi muito a banda, acabei focando "apenas" na fase inicial até o The Wall (tendo a oportunidade inclusive de assistir ao show que o Roger Waters fez no Morumbi em 2012, tocando The Wall completo).

Seu comentário me fez ter vontade de partir para os discos seguintes, especialmente "The Endless River".

Provavelmente faça isso depois de revisitar mais algumas obras da banda que ouvi muito no passado, em especial o filme "Live at Pompeii".


Obrigado e forte abraço!

Minha progressão foi com os anos mesmo.

Os 4 principais já cobrem tudo sobre a existência humana. As letras de Roger são como agulhas que costuram a alma. Mas esgotam tudo em "The Final Cut", o album que mais me faz chorar.

A fase seguinte é mais lírica, em que o retorno de Richard Wright às composições e como integrante da banda (ele nunca parou de tocar com eles, mas desde The Wall passou a ser contratado), levam a uma renovação comparável à guinada de Dark Side para a fase dos 4 top albuns.

Até que em Dividion Bell as luzes brilham com enorme força sobre o poder criativo e a autoestima da banda recuperada com "A Momentary Lapse of Reason", em q o lado negro de Roger sobre os demais membros se desfaz, permitindo em Division Bell um novo salto.

Por fim, Endless River segue sendo o album final, com trechos dos ensaios criativos de Girlmore, Mason e Wright (falecido em 2005). Produzido 20 anos depois de Division Bell, com recursos auditivos inexistentes na década de 90. Vira um deslize auditivo prazeroso e inebriante, sendo o ápice da "dominância" (mas pacifica e n truculente como a q foi a de Roger) da sonoridade abstrata de Girlmore, terminando com apenas uma música, a última, com letra cantada.

Pink Floyd é um passeio existencial profundo.

P.S.: fui no show de Water no Maracanã em 2017 e foi uma experiência catárquica de uma vida, ver como seria um show do Pink Floyd em seu auge, pois ele é muito fiel a tudo como era, e é um dos 5 membros da história da banda.
 
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