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Experiência no Festival de Música Eletrônica

Verdandi

Artífice esporulante
Membro Ativo
02/04/2007
371
80
2005

Eu e meu amigo nos organizamos para irmos a um festival de música eletrônica open air no meio da floresta amazônica. Como já faz muito tempo eu não me recordo o nome do festival. Fomos eu, ele e mais 2 amigos de taxi. Conseguimos entrar sem pagar (nome na lista). Chegamos lá e ele dividiu comigo um saquinho de cogumelos secos.. Comi em torno de uns 8 cubensis pequenos.

O céu estava lindo e completamente estrelado. Quando começou a fazer efeito eu assustei diante da grandiosidade que representava aquele local e aquele evento e me permiti (admito que uma das poucas vezes) celebrar a vida e decidi não deixar passar batido como sempre costumava fazer.

Lembro que encontrei uma garota que sempre trombava nos mesmos rolês e que ficamos trocando ideia e interagindo até umas horas. Eu gostava um bocado dela pois não era superficial como a maioria das outras garotas que eu conhecia. Era super hedonista e tinha uma cabeça boa pra conversar, embora jovem. Não sentia propriamente atração sexual por ela, mais intelectual, amizade e admiração mesmo. Me agradava muito a sua companhia, mas até mesmo deixar claro pra ela que eu não tinha segundas intenções foi um tanto custoso. Lembro que fiquei viajando nos cabelos compridos e nos olhos dela que pareciam refletir o infinito.. Eram claros e muito cristalinos, brilhavam muito mesmo..

Até que meu amigo chegou e do nada me tascou um beijo de língua.. Eu não entendi nada porque ele é gay e nunca tivemos qualquer tipo de pretensão desse tipo um com o outro. Me beijou e foi embora e eu fiquei sem entender nada.

Até que a viagem que até então estava intensa passou a ficar sideral e eu pensei comigo: “meu amigo dividiu um doce comigo, só pode.. Tinha ácido na língua dele.“

Aí eu e a garota hedonista resolvemos ficar mais perto das caixas de som e desfrutar mais da música pois estava muito boa e acendemos um verde. Foi quando avistei um outro conhecido mas ele estava em outra galáxia, me reconheceu mas não conseguia balbuciar uma palavra sequer. Eu dei a volta por trás da pista pra buscar água e encontrei o mesmo garoto jogado na lama, enlouquecido, mas estranhei pois quando voltei pra perto da minha amiga, lá estava ele porém limpinho, sem lama na roupa nem nada.. Aí só pra conferir de que se tratava da mesma pessoa e de que eu não estava ficando louca eu dei mais uma volta por trás da pista e lá estava ele banhado na lama novamente.. Só fui descobrir que era o primo gêmeo dele depois de algumas semanas que meu amigo me apresentou o tal cara da lama 😅

Comecei a vislumbrar umas setas fluorescentes e luzes em cima do dj que estava tocando. Minha audição estavam muito mais sensíveis que o normal e meu tato também.. Minha amiga me tocava e eu ficava arrepiada demais.

Experimentei um sentimento de unidade com a terra e com o todo que nunca havia experimentado antes com tamanha intensidade.. A música tbm fazia parte desse todo, o céu estrelado, minha amiga, tudo..

Eu perdi a noção de tempo. Quando meu amigo me deu um cutucão e me avisou que estava na hora de irmos embora. Acompanhei ele e saímos pela porteira. Era preciso caminhar pelo menos por uns 10km a pé em uma estrada de terra batida e no escuro até encontrarmos um meio de transporte, pois não havia área no celular para chamarmos um taxi de volta. Quando torci meu tornozelo e meu amigo, que é o dobro de mim, precisou me carregar no colo boa parte do trajeto. Já estava amanhecendo quando surgiu uma boa alma com uma pickup e nos perguntou se queríamos carona.. Um desconhecido, mas decidimos arriscar e aceitar a carona.. Eu fui atrás e era muito difícil me segurar, o cara acelerava demais, mas não tinha má intenção e de sorte me deixou na porta de casa..
 
Última edição:
O setting da floresta deve ser muito poderoso, mas eu não teria coragem de me aventurar em uma festa com a mente cheia de cogumelos.
 
Os festivais de música eletrônica são um rebuscar das sociedades e culturas ancestrais com uma pegada moderna..

Festas regadas a cogumelos mágicos datam desde muito tempo dentro da história.

Infelizmente muitas das sociedades e culturas a que me refiro foram apagadas por conta das guerras e da colonização, e apesar de termos registros de pinturas rupestres e livros escritos a.C., grande parte da história da relação psilocibina/ser humano acabou sendo dizimada pela ascensão da igreja católica e sua política de demonização a esse tipo de cultura.

As primeiras referências ao seu consumo foram encontradas em livros (1502), nos quais era mencionado o uso de cogumelos em rituais nas festas de coroação de Moctezuma, o último imperador Asteca, por exemplo.

Os cogumelos foram apreciados em festas e banquetes indígenas, mas os espanhóis ficaram com medo e acabaram proibindo inclusive a religião nativa.

O cogumelo Claviceps purpurea, que nasce de parasitas do centeio, foi descoberto acidentalmente em regiões da Itália durante a Idade Média. Em algumas aldeias os pães eram feitos com farinha de centeio onde o fungo crescia. Sob o efeito do cogumelos, as pessoas dançavam freneticamente em festas.

Depois veio o movimento da contracultura na década de 60 junto com Timothy Leary e as festas como Woodstock e posteriormente a cultura das raves também regadas a cogumelos.
 
Os festivais de música eletrônica são um rebuscar das sociedades e culturas ancestrais com uma pegada moderna..

Festas regadas a cogumelos mágicos datam desde muito tempo dentro da história.
Desses festivais, o meu favorito é o chamado "Os mistérios de Elêusis", que acontecia na Grécia por volta dos séculos 6~4 a.C.
Vários filósofos da época, que são famosos até hoje participaram. Se tratava de um festival da colheita com dança, música e teatro à céu aberto onde as pessoas tomavam uma espécie de cerveja que era fermentada junto o ergot, que pertence ao gênero claviceps tbm.

Pensa que maneiro, você tá lá literalmente vendo Zeus descer do Olimpo pra te levar, olha pro lado e tá o Sócrates tendo uma bad trip kkkkkkkk
 
Os festivais de música eletrônica são um rebuscar das sociedades e culturas ancestrais com uma pegada moderna..
Vez por outra participo de cerimônias indígenas com ayahuasca, onde tem música e dança, mas é violão, tambor e garganta. Acho que tenho uma visão um pouco limitada de festivais eletrônicos, me remete a baladas de playboy. Mas imagino que vocês falem de festivais com outra pegada.
 
Fazem 10 anos que não vou pra um festival desses e que também não consagro ayahuasca, mas te digo que playboy e patricinha tem em todo lugar: na rave, nos lugares onde fazem rituais indígenas com ayahuasca, até aqui no fórum..

E particularmente já me decepcionei muito com esses lugares onde fazem rituais indígenas com ayahuasca porque a maioria deles tem sincretismo cristão..
 
Última edição:
Fazem 10 anos que não vou pra um festival desses e que também não consagro ayahuasca, mas te digo que playboy e patricinha tem em todo lugar: na rave, nos lugares onde fazem rituais indígenas com ayahuasca, até aqui no fórum..
A sim sim, mas nem tenho preconceito com Paty e boy, cada um é cada um, só o formato de festas voltados especificamente para esse público é que não me atraem, enfim...
 
Nos festivais que eu fui eu via mais bicho-grilo que playba mas é questão de vc selecionar bem os festivais que vc vai.. muitos que eu participava desses rituais com ayahuasca inclusive eu encontrava nos festivais de música eletrônica..
 
Nos festivais que eu fui eu via mais bicho-grilo que playba mas é questão de vc selecionar bem os festivais que vc vai.. muitos que eu participava desses rituais com ayahuasca inclusive eu encontrava nos festivais de música eletrônica..
Sim sim, quando tem psicodélicos no meio o bichogrilismo impera, com certeza, tô ligado que tem os festivais underground, mas acaba não tendo muita publicidade, provavelmente pra não atrair público desvinculado ao propósito do evento, então, a propaganda que chega até mim, quando o assunto é festival eletrônico, é sempre para festas topzera.

E particularmente já me decepcionei muito com esses lugares onde fazem rituais indígenas com ayahuasca porque a maioria deles tem sincretismo cristão..
Então, a casa que tem na minha cidade já foi entregue aos discos voadores e ao Jesus cósmico, hehehe, mas quando vem indígenas diretamente do Acre as cerimônias são tradicionais. Sobre o cristianismo, em algumas cerimônias já comentaram sobre a "desescravização" das populações indígenas das religiões europeias, no geral as lideranças vem fazendo bastante esforço pra recuperar a cultura do próprio povo, pra recuperar o orgulho das populações mais novas.
 
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