Dose: 2.5 g de chá de arruda síria (incluindo sementes) + 3 g de cubensis (em 30 min) + 2 g de cubensis (em +/- 2 hrs)
Arruda: sementes fervidas em 100 ml de água, fogo baixo por 10 min, com ½ tablete de vit. C (Cebion). Após os 10 min acrescentei + 100 ml de água (para não secar). Fervi por mais 5 min.
Sobrou um chá com sementes, de cor ocre e turvo, com forte brilho fluorescente sob luz UV.
Cogumelos: 3 g picados em 200 ml de chá de capim-cidrão (1 sachê), em infusão por 15 minutos. Açúcar a gosto. Mais 2 g de cogumelos ingeridos secos.
Tomei o chá de arruda primeiro. Tem um gosto misturado de terra com azedo forte, então fiz o possível para tomar de uma vez, com sementes e tudo. Desceu pela garganta como uma lixa azeda. É ruim, mas não tão ruim quanto resina de cacto, por exemplo.
Em 15 min, enquanto preparava o chá de cogu, senti uma onda de calor e rubor pelo corpo, sem outros efeitos. Não me causou náuseas, nem efeitos psicoativos pronunciados.
30 min após o chá de arruda, tomei a dose inicial de cogumelo. Depois de já ter tomado o chá de arruda, o gosto do cogumelo ficou pior do que já é, mesmo disfarçado com outro chá e açúcar. Após 20 min comecei a sentir os primeiros efeitos do cogumelo, e em 40 min vieram os efeitos totais, inclusive os visuais. Imagens em vídeos em 3D, tudo na sala dançando e se mexendo em espirais, fagulhas de luz pelo ar, etc. Eu conseguia ver o ar. O éter, a trama do universo vibrando junto com a música.
Depois de mais 1 hr (2 horas após o chá de cogu), ingeri os 2 g de cogumelos secos. Quase não consegui ingerir mais nada, depois do primeiro pedacinho de cogumelo, e no final tive que mandar pra dentro tudo de uma vez, junto com chocolate, e beber água em seguida, para descer.
Se chocolate é algo incrível de se experimentar na trip, o cogumelo seco foi como um castigo dos deuses (o gosto). Uma punição do universo. Açoite com arame farpado. O capeta em chamas dando um soco no estômago. Praticamente um estupro oral... Foi como perder a dignidade, de tão triste que eu fiquei, após me forçar a comer os cogumelos secos. E isso porque normalmente eu quase gósto do gôsto dos secos.
Acho que eu já estava sentindo a parte da arruda nessa história (já me sentia dois)...
Quanto aos efeitos da experiência... O título resume.
Encontrei Deus.
Me senti na presença de Deus, como se ele estivesse junto comigo, dentro do meu corpo.
Conversei com ele, como se fosse um velho conhecido. Então percebi que Deus era (é), na verdade, eu mesmo. Notei que não existe tal diferença – Deus está dentro de nós, pois nós somos Deus, nosso próprio Deus, interior. Então me senti Deus, mas um deus de carne e osso, como na mitologia grega ou nórdica. No meu único templo, e o maior de todos – meu corpo. Que era (é) do tamanho do Universo.
Como percebi na hora, descobri, na prática, o próprio significado de ENTEOGENIA. Me senti extremamente realizado, com a descoberta.
Mas a trip não parou por aí. Até hoje não consegui lembrar a ordem e os tempos em que as coisas aconteceram. Nem consigo lembrar a trip inteira... Mas foram várias trips em uma só, muitas perspectivas diferentes.
O que veio antes ou depois, não lembro. Senti o corpo, mente e alma, separados e independentes.
A consciência se estilhaçou em talvez uma dúzia de pedaços e os estilhaços foram viajando, em alta velocidade, por realidades paralelas. Enquanto uno, viajei livre pelo universo. Estive em todos os lugares, tempos e situações da minha vida, dos 3 aos 33 anos. Era só pensar em um lugar ou situação, para estar lá.
Tive ciência acentuada do corpo, e de todos os processos corporais (a trip nas tripas :roflmao:). Sentia o sangue correndo nas veias, todos os processos da digestão, o coração batendo, tudo, em detalhes, cada célula. Cada músculo e ponto de pressão do corpo, eu sentia como um orgasmo. (mas urinar assim foi muito, muito esquisito. )
Com a minha mão, toquei a minha alma. Sem encostar no corpo, apalpei meu próprio coração. Tirei de lá alguns sentimentos, como quem tira folhas de uma piscina com uma redinha. Como se o dedo indicador fosse um bisturi, rasguei minha alma em 2, de cima para baixo. Fácil. Não lembro em quantos pedaços me cortei, mas a alma parecia de papel. Podia até fazer aqueles bonequinhos de mãos dadas, se na hora lembrasse.
E assim foi. Mas após a 6ª hora de trip, começou a se tornar cansativo, pois o corpo, mente, alma e consciência não ficavam os três (ou quatro?) no mesmo lugar. O cogumelo baixou, os efeitos visuais cederam, e a cabeça já estava cansada. Eu não estava me sentindo muito bem, fisicamente, então medi a pressão e batimento, estavam altos. A pressão sistólica estava alta mas não muito, a diastólica é que estava relativamente mais alta, e isso me assustou um pouco.
Então coloquei música baixinha, apaguei tudo, e tentei dormir. Mas a consciência continuava separada, e não ficava no corpo, que estava desconfortável, então demorei para pegar no sono.
No dia seguinte, mesmo depois de dormir, continuei me sentindo cansado, então permaneci em retiro.
Fiquei vários dias, ou semanas, com a mesma sensação de consciência corporal que atingi na trip. Sentindo a kundalini, os chakras, o corpo dos fios de cabelo à ponta dos dedos. Mas num nível “normal”, tolerável, é claro.
E também durante semanas, ou até hoje, fiquei com a sensação de poder controlar totalmente o humor, os sentidos e os sentimentos. Felicidade, alegria, tristeza, fome, não fome, calma, agitação. Quase como o aperto de um botão. E uma sensação de lucidez muito forte, lúcido como nunca estive acordado... Que hoje é intercalada com momentos muito sóbrios, em que eu estou quase numa trip, de tão longe que vou, em pensamento.
Após esta trip tive várias outras, somente com cogumelos, nas doses habituais, e até maiores. Mas as trips que vieram em seguida não tiveram a mesma profundidade, a mesma felicidade que tinham antes, mesmo em doses altas.
Tolerância, talvez. Ou, quebrei alguma coisa mesmo. De qualquer forma, precisei e achei que era hora de dar um tempo.
Então, eu parei.
Mas o sábio disse, apenas:
– Até logo...
Arruda: sementes fervidas em 100 ml de água, fogo baixo por 10 min, com ½ tablete de vit. C (Cebion). Após os 10 min acrescentei + 100 ml de água (para não secar). Fervi por mais 5 min.
Sobrou um chá com sementes, de cor ocre e turvo, com forte brilho fluorescente sob luz UV.
Cogumelos: 3 g picados em 200 ml de chá de capim-cidrão (1 sachê), em infusão por 15 minutos. Açúcar a gosto. Mais 2 g de cogumelos ingeridos secos.
Tomei o chá de arruda primeiro. Tem um gosto misturado de terra com azedo forte, então fiz o possível para tomar de uma vez, com sementes e tudo. Desceu pela garganta como uma lixa azeda. É ruim, mas não tão ruim quanto resina de cacto, por exemplo.
Em 15 min, enquanto preparava o chá de cogu, senti uma onda de calor e rubor pelo corpo, sem outros efeitos. Não me causou náuseas, nem efeitos psicoativos pronunciados.
30 min após o chá de arruda, tomei a dose inicial de cogumelo. Depois de já ter tomado o chá de arruda, o gosto do cogumelo ficou pior do que já é, mesmo disfarçado com outro chá e açúcar. Após 20 min comecei a sentir os primeiros efeitos do cogumelo, e em 40 min vieram os efeitos totais, inclusive os visuais. Imagens em vídeos em 3D, tudo na sala dançando e se mexendo em espirais, fagulhas de luz pelo ar, etc. Eu conseguia ver o ar. O éter, a trama do universo vibrando junto com a música.
Depois de mais 1 hr (2 horas após o chá de cogu), ingeri os 2 g de cogumelos secos. Quase não consegui ingerir mais nada, depois do primeiro pedacinho de cogumelo, e no final tive que mandar pra dentro tudo de uma vez, junto com chocolate, e beber água em seguida, para descer.
Se chocolate é algo incrível de se experimentar na trip, o cogumelo seco foi como um castigo dos deuses (o gosto). Uma punição do universo. Açoite com arame farpado. O capeta em chamas dando um soco no estômago. Praticamente um estupro oral... Foi como perder a dignidade, de tão triste que eu fiquei, após me forçar a comer os cogumelos secos. E isso porque normalmente eu quase gósto do gôsto dos secos.
Acho que eu já estava sentindo a parte da arruda nessa história (já me sentia dois)...
Quanto aos efeitos da experiência... O título resume.
Encontrei Deus.
Me senti na presença de Deus, como se ele estivesse junto comigo, dentro do meu corpo.
Conversei com ele, como se fosse um velho conhecido. Então percebi que Deus era (é), na verdade, eu mesmo. Notei que não existe tal diferença – Deus está dentro de nós, pois nós somos Deus, nosso próprio Deus, interior. Então me senti Deus, mas um deus de carne e osso, como na mitologia grega ou nórdica. No meu único templo, e o maior de todos – meu corpo. Que era (é) do tamanho do Universo.
Como percebi na hora, descobri, na prática, o próprio significado de ENTEOGENIA. Me senti extremamente realizado, com a descoberta.
Mas a trip não parou por aí. Até hoje não consegui lembrar a ordem e os tempos em que as coisas aconteceram. Nem consigo lembrar a trip inteira... Mas foram várias trips em uma só, muitas perspectivas diferentes.
O que veio antes ou depois, não lembro. Senti o corpo, mente e alma, separados e independentes.
A consciência se estilhaçou em talvez uma dúzia de pedaços e os estilhaços foram viajando, em alta velocidade, por realidades paralelas. Enquanto uno, viajei livre pelo universo. Estive em todos os lugares, tempos e situações da minha vida, dos 3 aos 33 anos. Era só pensar em um lugar ou situação, para estar lá.
Tive ciência acentuada do corpo, e de todos os processos corporais (a trip nas tripas :roflmao:). Sentia o sangue correndo nas veias, todos os processos da digestão, o coração batendo, tudo, em detalhes, cada célula. Cada músculo e ponto de pressão do corpo, eu sentia como um orgasmo. (mas urinar assim foi muito, muito esquisito. )
Com a minha mão, toquei a minha alma. Sem encostar no corpo, apalpei meu próprio coração. Tirei de lá alguns sentimentos, como quem tira folhas de uma piscina com uma redinha. Como se o dedo indicador fosse um bisturi, rasguei minha alma em 2, de cima para baixo. Fácil. Não lembro em quantos pedaços me cortei, mas a alma parecia de papel. Podia até fazer aqueles bonequinhos de mãos dadas, se na hora lembrasse.
E assim foi. Mas após a 6ª hora de trip, começou a se tornar cansativo, pois o corpo, mente, alma e consciência não ficavam os três (ou quatro?) no mesmo lugar. O cogumelo baixou, os efeitos visuais cederam, e a cabeça já estava cansada. Eu não estava me sentindo muito bem, fisicamente, então medi a pressão e batimento, estavam altos. A pressão sistólica estava alta mas não muito, a diastólica é que estava relativamente mais alta, e isso me assustou um pouco.
Então coloquei música baixinha, apaguei tudo, e tentei dormir. Mas a consciência continuava separada, e não ficava no corpo, que estava desconfortável, então demorei para pegar no sono.
No dia seguinte, mesmo depois de dormir, continuei me sentindo cansado, então permaneci em retiro.
Fiquei vários dias, ou semanas, com a mesma sensação de consciência corporal que atingi na trip. Sentindo a kundalini, os chakras, o corpo dos fios de cabelo à ponta dos dedos. Mas num nível “normal”, tolerável, é claro.
E também durante semanas, ou até hoje, fiquei com a sensação de poder controlar totalmente o humor, os sentidos e os sentimentos. Felicidade, alegria, tristeza, fome, não fome, calma, agitação. Quase como o aperto de um botão. E uma sensação de lucidez muito forte, lúcido como nunca estive acordado... Que hoje é intercalada com momentos muito sóbrios, em que eu estou quase numa trip, de tão longe que vou, em pensamento.
Após esta trip tive várias outras, somente com cogumelos, nas doses habituais, e até maiores. Mas as trips que vieram em seguida não tiveram a mesma profundidade, a mesma felicidade que tinham antes, mesmo em doses altas.
Tolerância, talvez. Ou, quebrei alguma coisa mesmo. De qualquer forma, precisei e achei que era hora de dar um tempo.
Então, eu parei.
Mas o sábio disse, apenas:
– Até logo...