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Aqui discutimos micologia amadora e enteogenia.

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Cavaleiro solitário no monotube

Rickarddin

Hifa
Membro Ativo
06/02/2021
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Um salve a todos.

Venho mais uma vez, humildemente junto ao oráculo cogumeleiro enteogenista deste fórum buscar entender mais um acontecimento

Estou trabalhando em monotubes, usando baldes de azeitona (2,8 ou 3,2 litros). Usando esterculita (é como chamo a mistura), com bolos quebrados direto no substrato, fazendo tipo bolacha recheada (sub, depois spawn de bolo e mais sub por cima).

Ficam na incubadora, mas depois que o sub vira aquele tapete de neve, bem branquinho, tiro da incubadora e coloco sob a luz pra estimular pinagem.

Hoje me deparei com esse sujeito forte e musculoso da primeira foto, um Dwayne Jonhson "the Rock", anabolizado e gigante. Brotou do nada, anteontem nem tinha nada no substrato.

Porém, só deu ele, sem o substrato branquear por completo. Como não sou bobo, tirei o chapéu pra um carimbo, abri a haste e tirei uns pedaços para um isolamento de papelão (nas fotos) comi outro tanto (adoro o sabor do cogu fresco).

Vamos às dúvidas:

1 - Porque raios o bichão veio sozinho e sem o substrato branquear por completo?

2 - Isso indica pausa ou fim da colonização do substrato?

3 - Colhi e borrifei. Considero isso o primeiro flush? Espero frutificar mais ou já mando pra um dunk?

Aguardo as palavras dos sábios cultivadores que tanto acolhem e ensinam aos iniciantes gafanhotos como eu.

Abraços fraternos a todos!!!

P.S.: Temos os termos "fungicultor", "psilocultor" e talvez hajam outros. Mas adoro o termo "cogumeleiro", é uma questão de gosto. Sei que alguns podem se incomodar com isso, mas gosto da sonoridade da palavra. Tô nem aí pra quem leva isso a sério. Cogumelo é pra deixar a vida mais leve, seus cogumeleiros... Kkk
 

Anexos

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Última edição:
Provavelmente havia oxigênio suficiente para a fase de frutificação e frutificou, lembra que pra branquear por completo o ideal é sem troca gasosa
Sim, mas uma vez que monto o monotube, só abro pra colher. Deixo 8 furos laterais médios com micropore, e a tampa também. Não sei aí certo se há furos demais ou se são poucos. Porém nos outros monotubes também frutificam flushesmeuo escassos, 3 ou 4 cogus. Só em um que consegui colher 60 g dos frescos.
 
Boa tarde Amigo, eu não sou tão experiente mas eu fiz alguns monotubs de sucesso, talvez eu poça jogar alguma luz aqui:

Primeiro em relação as suas perguntas:
1 - Porque raios o bichão veio sozinho e sem o substrato branquear por completo?
Bom, é difícil dizer precisamente sem muitos detalhes geralmente frutificação precoce no monotub é indicativo de "microclimas" regionais, lugares no bolo em que se atingiu condição de frutificação e o micélio começou o processo. O mais comum acontecer é pelos lados, entre o bolo e a parede do balde. No seu caso, a foto não mostra uma grande colonização de superfície, que acredito ser o problema aqui. O que eu recomento é vc deixar o bolo colonizar um pouco no balde, não deixando o ar circular. Eu coloco fitas sólidas nos furos do monotub até o micélio aparecer em 80% da superfície do bolo, e só aí ei tiro a fita e deixo a circulação passiva do monotub trabalhar junto com 2 ou 3 ventilações "manuais" por dia.

2 - Isso indica pausa ou fim da colonização do substrato?
Micélio espalhado pela área do monotub nunca está em "apenas uma fase" por completo, de certa forma, eles nunca param de crescer enquanto possuem recursos para isso. Durante a frutificação, os cogumelos "sequestram" esses recursos e o micélio ao redor do mesmo fica sem crescer devido isso. Você consegue "reanimar" o crescimento do micélio fazendo com que não tenha as condições de frutificação, mas mantendo as condições de colonização principalmente através do controle da luz, humidade e circulação de ar. Tome cuidado apenas para não deixar cogumelos ou pins abortados nele quando fizer isso, pois eles vão apodrecer e contaminar o resto do balde.

3 - Colhi e borrifei. Considero isso o primeiro flush? Espero frutificar mais ou já mando pra um dunk?
Dunkar o bolo do monotub entre os flushes não é estritamente necessário dependendo da humidade atual do bolo, se a humidade dentro do monotub estiver acima de 90% com condensação nas paredes do baldes e o bolo não estiver seco, esse procedimento não é necessário. No seu caso eu tentaria deixar colonizar mais antes de tentar puxar mais um flush.

Alguns comentários narigudos meus:

[...]Usando esterculita (é como chamo a mistura), com bolos quebrados direto no substrato, fazendo tipo bolacha recheada (sub, depois spawn de bolo e mais sub por cima).
Na minha experiência e opinião, fazer camada de lasanha com substrato e spawn dessa maneira apenas desperdiça tempo e substrato, além do risco grande do substrato embaixo acumular água e contaminar, o micélio irá perder tempo e recurso crescendo biomassa o mais longe possível de onde vai frutificar. As duas grandes variáveis que costumam fazer grande diferença para mim nesse sentido é QUAL substrato usar e a proporção entre substrato e spawn que tem na mistura. Meu procedimento é misturar os grãos de spawn com um pouco de substrato e fechar com uma camada leve de substrato por cima, simples assim, quase um casing. A proporção do volume entre eles e a altura da camada do substrato depende de várias outras variáveis.


Ficam na incubadora, mas depois que o sub vira aquele tapete de neve, bem branquinho, tiro da incubadora e coloco sob a luz pra estimular pinagem.
A variável principal entre um monotub que está colonizando e um que está frutificando costuma ser a circulação de ar. Os meus monotubs ficam na mesma luz em todos os estágios e raramente tenho pinagem precoce. Tenha isso em mente.


Porém, só deu ele, sem o substrato branquear por completo. Como não sou bobo, tirei o chapéu pra um carimbo, abri a haste e tirei uns pedaços para um isolamento de papelão
Não é bobo mesmo, fez muito bem... rsrsrsrsrs


Não sei aí certo se há furos demais ou se são poucos
Cara, a primeira vista, só pelas fotos eu acredito que tem poucos furos aí. É necessário pensar que a circulação de ar no monotub é prioritariamente passiva, logo é preciso ter acesso para que ela aconteça. Isso não tem muita fórmula ou ciência, é mais na experiência mesmo. Um erro comum é colocar muito material de filtro nos furos (ex: 2 camadas de micropore), não cometendo esse erro, vc tem que ir experimentando com cada balde/caixa para achar a quantidade e tamanho de furos ideal.

Boa sorte nos seus cultivos!
 
Como é bom trocar ideia com quem sabe, e aprender (e olha que sou professor, formado em Letras)

Você tocou na questão da ventilação/circulação, e a partir disso, tirei alguns dos tubes da incubadora-geladeira (tirei a ventilação dela, mas mantive a exaustão pra uma circulação mínima abrindo a porta algumas vezes ao dia) e passei a deixar em prateleira do lado de fora do meu lab/sala de produção. Etiquetei e estou monitorando as velocidades/tempo de cada etapa do processo a partir de agora, pra fazer os comparativos.

Ainda estou usando bolos, mas pretendo usar spawns dos resultados de alguns isolamentos que estou tentando. Já usou isolamento? Funciona melhor?

Se puder falar mais sobre sua experiência, substrato que usa, processo de esterilização, seus resultados, acredito que seria bem interessante. Ou fazer um diário.

Até porque considero que, mesmo tendo processos adicionais, trabalhar com monotube é mais simples e mais barato do que trabalhar com terrário, além de ter menos ocorrência de contaminação.

Obrigado pela atenção, meu caro @NeoZero 🙏🙏🍄🍄
 
Etiquetei e estou monitorando as velocidades/tempo de cada etapa do processo a partir de agora, pra fazer os comparativos.
Perfeito! Sempre falo para quem me pergunta, método e empirismo é a melhor forma de encontrar qual situação é a melhor para você, o que dá certo para mim pode não dar para você, etc...

[...]Já usou isolamento? Funciona melhor?
Cara, eu nunca embarquei muito em seleção genética, mais por falta de espaço, tempo e equipamento do que vontade. Por sorte eu faço parte de um ciclo de esporos aqui onde eu moro então carimbos com genéticas boas é um negócio que nunca falta para mim. Eu já li bastante a respeito e existem prós e contras de isolamento, você até consegue selecionar características que funcionam melhor mas é um jogo de balança contra todas outras características que não necessariamente estarão óbvias na placa de petri. Paul Stamets, por exemplo, já chegou a dizer que genéticas de laboratório são bem úteis mas elas perdem muitas características boas que um fungo "in natura" tem intrinsicamente, como autodefesa e simbiose com outros seres do local. Claro que aqui no nosso caso nunca vais ser 8 ou 80, essa é uma discussão bem longa. No geral, se você tem a disposição e o tempo, é um negócio que eventualmente pode valer muito a pena tentar. Pessoalmente eu vou no mais simples mesmo, faço spawn com CL ou seringas de esporos.

Se puder falar mais sobre sua experiência, substrato que usa, processo de esterilização, seus resultados, acredito que seria bem interessante. Ou fazer um diário.
Eu sempre estou testando técnicas diferentes e adaptando com o tempo. Eu nunca senti muita vontade de fazer um diário mas posso mostrar algumas coisas aqui de como faço atualmente. Minha filosofia geral é se é mais simples, provavelmente é melhor:
  • Spawn: Eu faço spawn com arroz integral inteiro mesmo e só, usando sacos de cultivo;
  • Esterilização:
    • Pego 1Kg de arroz e lavo em agua fria até a água ficar limpa.
    • Deixo o arroz 15 minutos de molho na agua fria.
    • Fervo o arroz por 5 minutos.
    • Enxaguo o arroz com agua fervente.
    • Deixo o arroz bem espalhado, evaporando, em uma bandeja plana por 5 minutos.
    • coloco nos sacos de cultivo (geralmente coloco 330g em cada saco, no olhômetro mesmo) fechando com uma dobra em si mesmo e passando uma fita isolante para não deixar agua da panela entrar no saco.
    • Esterilizo em uma panela de pressão por 1 hora, usando uma panela com pressão relativamente baixa (aquelas elétricas).
    • Esse processo exige que você tire o saco da panela ainda quente e o esfrie ativamente, se deixar ele esfriar naturalmente lá dentro o arroz pode "estourar" inchando muito e ficar mole e grudento. Eu colo o saco dentro de outro limpo com álcool e deixo esfriando na geladeira. Quando você monta o saco as vezes parece que não tem água suficiente porque o arroz absorve ela, mas o micélio consegue roubar agua do grão de boa. A inoculação eu faço com seringa de esporos mesmo.
  • Substrato: Pó de coco fino e suplemento alimentar de cálcio. Sim, só isso, sem mistério. Eu pego aquelas pílulas de cálcio que você encontra em farmácia e trituro elas num moedor de café até ficar um pó bem fino. Eu misturo uma colher bem rasa desse pó para cada 500g de Pó de coco, adiciono agua até ficar com a humidade adequada (saindo só umas gotinhas quando aperta na mão) e esterilizo na mesma panela de pressão por 40 minutos até 1 hora. Aqui a grande chave é a proporção entre spawn e substrato. Como eu uso um substrato com pouco nutriente, essa proporção de spawn tem que ser maior, coisa de quase 2 partes de substrato para 1 de spawn, o que eu entendo ser uma proporção bem alta.
  • No monotub: Usando saco de plástico de lixo preto como lona de fundo (Camada dupla, sempre) eu coloco o spawn, metade do substrato e misturo bem, depois cubro com com o resto do substrato. Sempre dou uma "apertadinha de leve" para que não corra microclimas no meio do substrato, isso é muito importante nos lados, para evitar pinagem lateral. Só tomar cuidado para não compactar muito a coisa. Mantenho todos os buracos fechados com fita até +- 80% da superfície ficar colonizada, daí eu abro os buracos (mantendo material filtrante) e auxilio na ventilação de 2 a 3 vezes ao dia.
É basicamente isso. O "contra" desse processo é que não dá pra fazer uma quantidade grande de uma vez, mas ele é simples suficiente para fazer frequentemente. Circulando dessa maneira eu consigo sempre manter 5-6 monotubs em diferentes estágios com relativamente pouco trabalho. O Resultado:

 
Última edição:
Minha filosofia geral é se é mais simples, provavelmente é melhor:
Mandou bem. Chuang Tsu já dizia que "O fácil é o certo", que os Titãs até fizeram música com esse nome.

Vou testar sua técnica aqui pra ver se posso aderir. Não tenho pílulas de cálcio, mas tenho cal virgem e gesso, divido a receita e testo com os dois itens.

Se der certo, te dou um Real depois.

Valeu a dica, companheiro!!! 🙏🙏🍄🍄
 
E a clonagem no papelão funcionou otimamente bem...
Olha que coisa mais linda...
 

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formado em Letras

@offtopic total (monotube não é comigo)

Massa, formação em Letras! Escrever é muito bom.

Aliás, todos os efeitos dos psicodélicos clássicos envolvem mexer com a região da linguagem, que é o fundamento da compreensão Humana do mundo (e do pós-mundo). Deste ponto que talvez partam os "restamps" mais profundos, com a ressignificação de toda uma experiência de vida.
 
Aliás, todos os efeitos dos psicodélicos clássicos envolvem mexer com a região da linguagem, que é o fundamento da compreensão Humana do mundo (e do pós-mundo). Deste ponto que talvez partam os "restamps" mais profundos, com a ressignificação de toda uma experiência de vida.

Carai, o maluco alucinou no comentário, e só não dou mais razão pq já tá coberto com ela... 😂😂😂
 
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