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4ª Experiência - A Igreja do Chamamento do Capeta

ExPoro

Enteogenista Apaixonado pela Vida
Cultivador confiável
14/04/2015
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Às 00:00h de hoje terminei de tomar um chá feito de 2,2 g secos mais 11 g frescos de cubensis Keepers Creepers. Objetivo: saber porque demônios quando eu bebo me bate tanta raiva. A ideia central então é que virou meu objetivo provocar uma bad trip, se fosse o caso, pra poder me autoavaliar. Havia o risco também de ser improdutivo, afinal, não controlamos o que nos vem à mente durante a viagem, e nem sempre o que procuramos é o que precisamos.

Bem, sabendo que o efeito do cogumelo ia bater logo, assim que tomei o chá, deitei e coloquei um fone de ouvido, além de venda pros olhos. Expliquei à minha mulher minha intenção de tomar o equivalente a 3,3 g secos sem a minha experiência e no estado físico e mental em que eu estava, iria decerto surtar e sofrer. Que eu estava me jogando no olho do furacão com uma boa intenção, que estava me submetendo a qualquer coisa. Assim, iria tomar e deitar, pra esperar onde meu espírito iria me levar.

Daí fui acalmando a minha mente, enquanto aceitava tudo que vinha, todos os sentimentos. Bons, ruins, destrutivos... E o efeito foi atacando, de repente muita vontade de vomitar. Mas, francamente, eu não tinha a menor intenção de botar nada pra fora. Não, isso tudo de ruim é tudo de dentro de mim, não quero vomitar, quero sentir e sentir de novo a pressão que deixa meu espírito alerta. No entanto, minha mulher colocou o balde ao meu lado, como eu pedi, por precaução.

Ocorre que apesar de tentar usar venda e fones de ouvido, a minha agitação começou a ficar muito grande. Não consegui então ficar no setting pretendido de música e olhos fechados. Eu caí de volta pro mundo, e ainda consegui me comunicar com a minha mulher explicando que eu não me importava com o ambiente à minha volta, que ela podia ficar o mais natural possível vendo os seriados dela. Também ficou muito claro pra ela que dali até o começo da manhã eu não seria eu mesmo, que ela poderia ver qualquer coisa. E que não importa o que ela visse, eu tinha certeza que no dia seguinte ficaria tudo bem e conversaríamos sobre alguma eventualidade.

Bem... o efeito foi me dominando, e a tendência a me preocupar também. Eu simplesmente falei: "mesmo que me matem agora, meu filho é meu dependente no trabalho e vai receber pensão até os 21 anos", etc. Nada me pressionava, nada me fazia voltar aos valores daqui, eu estava longe do medo. Mesmo que eu fosse pra um hospital internado, eu não me importava.

Então finalmente as portas da percepção abriram o suficiente para que eu identificasse algum tipo de energia demoníaca. Quanto mais forte ficavam os efeitos, mais me focava no fluxo de energia pelo meu quarto. Eu assumi toda a crueldade humana, eu queria assimilá-la. Efeitos visuais, psicodélicos, etc., tornaram-se secundários - meros efeitos colaterais de um método que me permite sentir e conversar mais facilmente com os espíritos.

Bem, foi então que comecei a elevar meu tom de voz: "o que foi, capeta? Quando eu tinha 6 anos de idade você veio me visitar e me assustar, agora vem sentar aqui comigo, agora vem falar na minha cara, seu merda". Mas então eu pensei: nada de grito, nada de exagero. Controle, superioridade moral. E comecei um diálogo com meus demônios interiores enquanto abandonava a cama e entrava em êxtase no chão.

À medida em que se aproximava a morte do ego, meu espírito continuava vivo e atento. Eu ora gritava "e daí se vizinho tá me escutando chamar o capeta gritando? Vai fazer o quê? Me prender porque eu to evocando o capeta? Pelo amor de Deus...", pra depois me doutrinar ao comedimento dos atos: "nada de demônio tá amarrado é o caralho" (com voz baixa e firme), "aceita tua responsabilidade pelo que você fez e segue sua vida, ninguém tem pena de você, ninguém vai ficar tendo peninha de você, seu demônio. Cresça!". Mas isso dito no topo da autoridade de um preto velho, nesse momento, e em outros.

Tudo isso se dando enquanto a morte do ego ocorria a um nível mais profundo. Não entendo como é se entregar e deixar morrer e voltar. Mas, naquele momento, eu saquei que a morte do ego é simplesmente um momento de êxtase provocado pelos psicodélicos com a finalidade de gerar uma mudança na pessoa mesmo que ela não queira. No entanto, uma vez que o espírito esteja com intenção e tenacidade suficientes, ele consegue visualizar e navegar na força que mata o ego e reaproveitá-la conscientemente na construção de alguma coisa.

Enfim, a morte do ego é um processo passivo que não impede um processo ativo de observação da morte do eu, através da consciência e intenção do espírito. Evidente que em outras experiências pretendo vivenciar a mera morte do ego junto com a entrega passiva do espírito, mas não era esse o caso dessa experiência. O papo tava era tenso com um monte de espírito de baixa vibração passando pelo quarto.

E ficava gritando coisas como: "é o quê? Vocês podem arrancar meu coro, cortar minha cabeça, me matarem", coisas bem diabólicas, que foi o momento em que minha mulher realmente ficou meio assustada com algumas coisas que eu disse e com alguns gritos.

Mas, o objetivo de tudo era saber porque afinal eu fico violento quando bebo. O esforço para conectar meus sentimentos era suficiente pra criar um caminho de percepção que me levou a uma conclusão: eu faço por medo. Beleza. Sem solução, sem muitas respostas. Em 10 minutos resolvi a resposta que queria - o que não pareceu assim também tão útil, talvez não compensando me colocar em contato com o mundo espiritual inferior pra puxar de lá alguma coisa que preste, ou só pra começar a botar ordem na casa. Então, agora aguenta: em 10 minutos achou a resposta, faltam mais 4-6 horas pra voltar ao normal. Sem problemas. Era o que eu queria saber, depois eu elaboro o que fazer com isso.

Percebendo que minha mulher tinha desmaiado na cama e sem mais querer atrapalhá-la, movi-me do quarto para a cozinha. Foi o momento em que finalmente vi as horas: 3 e meia da manhã, um pouco mais. Sentei, abri uma cerveja pro malandro, que então assumiu no lugar do preto velho, enquanto eu tomava alguns goles. Não podia falar muito alto, mas falei algumas coisas interessantes: "se o sujeito tenta imitar o capeta, as pessoas até acham graça. Mas quando as pessoas veem alguém querendo segurar a mão do capeta e ensiná-lo a ser melhor, aí elas realmente ficam com medo, mesmo você sendo uma boa pessoa".

Enfim, a presença ia ficando mais forte. O efeito evidentemente estava mais fraco, e essa era a ideia. Agora que a força psicodélica tinha diminuído, minha mente podia começar um longo caminho de 3 horas de silêncio imposto pelo meu malandro para que eu avaliasse tudo que estava ocorrendo. Eu realmente jamais durmo, no que depender de mim, até que a experiência esteja totalmente esgotada. Esse momento de transição da mente de volta pro mundo normal é ideal para começar a digestão da experiência, porque ainda se entendem os conceitos da outra realidade, enquanto se volta ao contato com esta.

Meu corpo doía muito, desde a meia noite. Eu queria gemer, mas tapava meu gemido e buscava sorrir. Eu trincava os dentes como um cachorro do capeta ("grrrrrr") e então eu controlava essa energia baixa que saía de mim e a trancava. Depois sorria. Me calava. Sem escândalo. A Igreja do Chamamento do Capeta tinha terminado suas atividades naquela noite, que deixasse os vizinhos dormirem. Se é que eles tinham me ouvido em algum momento de gritaria no quarto.

Estava também com cannabis. Sabia que na primeira tragada ia dar um up nas portas e ia sentir o pandemônio passando por mim de novo, e fiz. Lá vem pandemônio, lá vem energia de assassinatos, lá vem querer trincar os dentes, bater pé... Então eu sentava, olhava pra frente como um militar na hora da revista, e me acalmava. Por fim, sorria, aprendendo a lidar com as trevas sem escândalo, sem show.

Levantei então pro malandro sentar onde eu tava. Não era mais tempo dele ficar encostado em mim. A essa altura não podia falar mais nada, e toda hora tapava a minha boca pra tentar aprender a ficar calado. Proibi na verdade qualquer manifestação ou comunicação com o mundo exterior proposital, como o "grrrrr", ou até uma risada alta. Às vezes eu me sufocava enquanto escutava coisas horrendas ou estupefatas, com os olhos arregalados, tal qual um cachorro sendo esgoelado sem mostrar resistência.

Mudei de cadeira, enquanto tratava meu guia de igual pra igual. Eu respeitava a ordem dele de ficar em silêncio, mas comecei a dialogar com ele, olhava pra ele. Teve uma hora em que o ofereci minha cannabis e falei em pensamento: "agora fuma você também". Então olhava o Bob Marley sorrindo no desbolotador, virava pro meu guia sentado na cadeira em frente ao copo cheio de cerveja e falava por pensamento: "aí, tá vendo? Olha o sorriso dele. A gente não chegou nem perto da evolução dele". E vinham as energias ruins, e eu filtrava, respirava fundo, reciclava, sorria.

Bem, das 3 e meia até as 7 horas a experiência pegou todo um tom de disciplina e treinamento militar. Era sentir os efeitos esvaziando com minha mente a mil, aprendendo a guardar silêncio e tudo avaliar sem sair falando por pensar que alguém em algum lugar vai ouvir e dar valor. Não, apenas eu sabia o que pensava.

O sono vinha com força. Eu mantinha uma postura rígida, pronta, olhando pra frente. Teve um momento então que eu fui, peguei a faca maior e mais afiada da cozinha e coloquei no meu pescoço. Sabe naquele famoso filme quando um personagem está num curso na floresta quase dormindo e então o instrutor lhe dá uma granada pra ele não dormir mais senão todos morrem? Era essa exatamente a ideia.

Nem preciso dizer a cara de apavorado que eu tava. Sabia que eles não me matariam, mas francamente não gostava nada de ser chamado a acordar dessa forma. Mas, faz parte. Depois de um tempo, coloquei a faca de volta na pia. Nem preciso dizer que parei de ficar "pescando" de sono e fiquei bem alerta.

Aqui é interessante chamar a atenção pro seguinte: havia momentos em que se pensava "vou quebrar isso", "vou sair berrando", "vou fazer aquilo", mas eu via claramente que tudo era opcional e que francamente não era porque eu estava alucinado que precisava desrespeitar meu corpo. Então em horas e horas que tive vários pensamentos que podiam me machucar seriamente, eu simplesmente não fazia, porque era desnecessário. Infelizmente, essa questão da faca não fui eu que escolhi se devia colocá-la no meu pescoço ou não. É claro que podia ter ignorado a sugestão espiritual "militarista", mas eu não quis. E, bem, nesse momento eu já tava mais na realidade do que na super-realidade.

Que mais dizer? Fiquei bebendo e fumando com o malandro. Tinha hora que ele não queria que eu fizesse algo, eu fazia mesmo assim, porque tava no âmbito das coisas que ainda posso errar. Sou Humano, limitado, e meus guias tem plena noção disso. Engraçado é que eu falava: "vou fazer isso sim, uai, porque eu quero cometer esse erro, é o meu momento, e eu francamente não sou perfeito". Acho que eles deviam me dar de ombros: "ah você sabe o que cê faz da sua vida", porque o que importava era eu terminar a reestruturação psico-espiritual em silêncio até os efeitos passarem.

E assim foi até que, sem mais efeitos, mais de 7 horas de corpo doendo, fui pro quarto. Demorou até que eu me julgasse digno de descansar, mas aconteceu e aos poucos fui dormindo...

Enfim, o mais interessante é que eu apenas tracei as ideias centrais. Essa trip me deu uma reforçada na minha firmeza espiritual, inclusive repensando algumas coisas do meu trabalho, como a postura que tenho que ter que determine anuência por ascendência moral. Além disso, eu simplesmente tenho que admitir que meu olhar é sinistro, que as pessoas olham pra mim e podem ver o capeta: mas verão o capeta sorrindo. É ruim ter olhar de psicopata, como me dizem desde a adolescência. Mas por outro lado é bom, porque me ajuda a me conectar comigo mesmo e minha frieza interior, no sentido de total falta de ansiedade ou raiva. E isso assusta as pessoas também.

O que eu posso dizer de mais interessante dessa viagem toda foi que eu bati de frente com o demônio que aos 6 anos me travou na cama, me arrebatou o espírito e tentou me devorar, até que meu anjo bateu uma porta intransponível na cara dele. Lembro-o de claramente me dizer, à época: "te achei", abrir um bocão enorme e tudo mais que tem direito pra assustar uma criancinha.

Pois então. Esse mesmo demônio não passa de uma força inferior sem grande expressão no momento, quase um zombeteiro. Ontem ele ficou com medo de mim devido às capacidades que este meu corpo desta reencarnação dá ao meu espírito de me sobrepor a até um milhão de obsessores - na verdade, todo ser Humano, por ter corpo, pode se sobrepor a todos os obsessores do planeta, só que nem todo mundo nota isso - e então eu lhe disse: "calma, eu não estou aqui pra me vingar, eu não vou fazer nada com você". Por que eu iria? Eu quero melhorar, quero perdoar, quero me afastar da raiva. Eu perdoei o demônio, mas ele levou a bronca que merecia e talvez tenha sido levado a algum lugar na dimensão espiritual pra se tratar.

Mas o aspecto mais místico foi ser capaz de observar a morte do ego através do meu espírito. A morte do ego ocorre a um nível mental-psíquico-físico, mas não espiritual - pelo menos não na dose que eu tomei. O espírito, seja como ele for, continua sempre existente e observador, se quiser. É assim que sinto no momento, mas francamente preciso vivenciar a morte do ego, e não olhá-la de fora, para entender melhor como o espírito vivencia por dentro isso. E então poderei elaborar melhor isso tudo.

Ocorreu a morte do ego, isso foi certo, foi o momento mais intenso da Igreja do Chamamento do Capeta, a hora do show pandemônico. Mas eu não fui junto. Meu eu mais íntimo do meu espírito, que nada nem ninguém pode calar ou cegar, viu como tudo ocorre e aprendeu. Mas era eu, e não tinha problema com isso, não era intenção da viagem isso ou aquilo. A viagem tem que ser como ela for: ela mesma, sempre diferente a cada ida, sempre construtiva a cada volta.

Edit: eu não ia relatar essa experiência, devido à tendência em inflar meu ego ao contar tudo que aconteceu, e isso não seria muito legal. Eu estava com vergonha de escrever tudo que ocorreu, mas ainda durante o efeito meu malandro falou que seria egoísmo guardar todas essas informações pra mim, que esse relato seria útil pra alguém algum dia. Então, vim aqui e relatei, com o máximo de amor que eu consigo ter no momento, e sem falsa humildade que me impedisse de expressar exatamente o que ocorreu e como eu me sentia.
 
Última edição:
Se você fica violento quando bebe, é porque bebe, não porque é violento... O mesmo pode ser dito da cannabis.

Se essas coisas te deixam violento, porque diabos você continua bebendo e fumando? Pior ainda, junto com cogumelos?

Colocar uma faca no próprio pescoço? Isso é perigoso, você poderia ter se cortado, mesmo sem querer... Um espasmo, e... :oque:

Se você tem esse lado violento, precipitado ou não pela bebida/fumo, ingerir cogumelos também só irá exacerbar essas características. Lembre que um dos efeitos dos psicodélicos é precipitar sintomas de esquizofrenia, múltiplas personalidades... O que parece ser o seu o caso, se esse tal "malandro" já é um conhecido seu.

Não acho que você tenha experimentado a morte do ego, pelo contrário, tinha uns 3 egos seus aí ("olha o sorriso dele, a gente...")... Na morte do ego não existe mais o seu corpo nem você, não há conceitos, apenas observação, é impossível raciocinar. A sensação é de morte mesmo. K.O.

E sua experiência do capeta, com 6 anos de idade, não terá sido apenas paralisia do sono, ou alucinação hipnagógica?

Talvez seja o caso de você dar um tempo nas outras coisas, ou nos psicodélicos, ou ambos. Pelo menos, parar de misturar. Ou vai f... com a sua cabeça.
 
Se você fica violento quando bebe, é porque bebe, não porque é violento... O mesmo pode ser dito da cannabis.

De fato, o álcool facilita violência. Não é algo específico comigo, é algo generalizado na sociedade, como um câncer. Minha intenção era olhar pra mim mesmo e tentar sair dessa armadilha aos filhos de Oxalá.

cannabis me deixa calmo, é o oposto. Mesmo quando havia paranoia, da qual a psicodelia me curou, ainda sentia o relaxamento muscular.

Se essas coisas te deixam violento, porque diabos você continua bebendo e fumando? Pior ainda, junto com cogumelos?

Então, são duas perguntas.

Por que eu continuo bebendo e fumando? Sentir prazer e fugir da realidade é definitivamente o móvel dos meus vícios. Mas também tem o lado bom de tudo. Como tomar uma cerveja com os amigos. Ou fumar um na beira no mar. E o lado ruim, que sempre vem do exagero. Mas a virtude não é um extremo, seja do exagero, seja da total ausência/abstinência. A virtude está no meio, não nos extremos. Nem tanto, nem tão pouco. Se por um lado o exagero tolo é o pai da insanidade e da loucura, a abstinência imatura é a mãe do orgulho e do preconceito. E eu não tenho maturidade suficiente para a abstinência.

Já a segunda pergunta pode ter duas interpretações, vou responder então pela que parece a intenção mais provável da pergunta: o álcool e a cannabis também possuem um lado positivo no Universo. A cannabis até tem muita gente pra explicar porque, mas o álcool também criou Deuses na Antiguidade. E ali naquele momento da minha viagem, na cozinha, eles funcionavam dentro de um certo contexto, bem como diz o ditado segundo o qual a filosofia Humana não abarca tudo que há sequer do chão até as nuvens.

Colocar uma faca no próprio pescoço? Isso é perigoso, você poderia ter se cortado, mesmo sem querer... Um espasmo, e... :oque:

Difícil explicar sobre isso. Eu bati a cabeça na parede algumas vezes, mas sempre sem estourar meu crânio... Também rasguei a fronha do travesseiro. Na verdade, quando os efeitos começaram a ficar fortes eu falei pra minha mulher: "não se importe se eu quebrar alguma coisa na casa, não". Depois vontade de socar parede, que também era evidentemente um erro, não fiz. Respeitei meu corpo, mas quando era necessário que eu completasse a travessia acordado, a coisa foi diferente. E se eu dormisse? Eu morria. Se eu dormisse, se eu desse espasmo, então eu não mereceria viver. Era preciso ficar acordado, era fundamental.

Eu fiquei em dúvida se postava a questão da faca. Espero que ninguém morra por isso. Mas, como cada um é responsável pelo que faz e pela própria vida, então eu cumpri minha parte de passar a informação.

Mas como vou resumir? Fiquem longe de objetos cortantes e perfurantes quando estiverem na viagem! :morto:

Lembre que um dos efeitos dos psicodélicos é precipitar sintomas de esquizofrenia, múltiplas personalidades... O que parece ser o seu o caso, se esse tal "malandro" já é um conhecido seu.

Uma vez perguntei a um psiquiatra: qual a diferença entre um Pai de Santo que recebe espírito e um louco que acha que é Napoleão, se a área do cérebro ativada em ambos os casos é exatamente a mesma? Então ele disse: o Pai de Santo termina o trabalho dele e volta pra casa, pra vida dele normal, está dentro de um contexto em que está bem, não doente, não sofrendo. Já o louco, não.

Se o malandro existe? Sim, e eu estou em contato com ele desde que frequento Umbanda há 12 anos. Mas isso é irrelevante. Porque hoje eu vou buscar meu filho na escola, vou brincar com ele. Vou também assistir seriados com minha mulher, depois ligar pro plano de saúde do meu filho pra resolver um problema. E isso é o relevante, independente de fé ou loucura: viver saudavelmente. O malandro só fala comigo em sessões espíritas ou situação equivalente, como foi o caso de hoje.

Não acho que você tenha experimentado a morte do ego, pelo contrário, tinha uns 3 egos seus aí ("olha o sorriso dele, a gente...")... Na morte do ego não existe mais o seu corpo nem você, não há conceitos, apenas observação, é impossível raciocinar. A sensação é de morte mesmo. K.O.

Pois é. Te dou 100% de crédito nisso. Nas próximas experiências estou totalmente aberto a rever o que eu escrevi sobre esse tema em especial. Na verdade, eu tenho 99% de certeza que vou mudar, baseado no que vocês dizem. Vamos esperar até que eu finalmente consiga um efeito psicodélico tão forte que eu não tenha mais corpo, nem nada. Eu sei que será apavorante perder todo meu controle. E então poderei escrever melhor, se conseguir verbalizar.

E sua experiência do capeta, com 6 anos de idade, não terá sido apenas paralisia do sono, ou alucinação hipnagógica?

Pode sim. No entanto, eu o perdoei. Mesmo que ele não exista, eu exercitei o amor. :)

Talvez seja o caso de você dar um tempo nas outras coisas, ou nos psicodélicos, ou ambos. Pelo menos, parar de misturar. Ou vai f... com a sua cabeça.

É hora de dar tempo nos psicodélicos por uns dias. É o que dizem: hora de digerir tudo e sedimentar os avanços práticos trazidos durante a percepção aberta.

O álcool seria interessante por causa do meu estômago. Creio que tenha conseguido reduzir a minha suscetibilidade à bad trip do álcool a que (quase?) todos os homens (não mulheres) estão subjugados. Pelo menos agora estou 90% mais alerta contra ela, porque entendi parte de seu mecanismo.

Maconha é maconha, que é mato. :D Brincadeiras à parte... Demorei 2 anos pra superar todas as paranoias que eu tinha com ela, e francamente depois de 2 anos finalmente fumando e sentindo paz, não vou parar por um tempinho. A psicodelia me curou da paranoia canábica, infelizmente não pude tratar do assunto nesse fórum porque foi com outros enteogênicos. No entanto, minha expectativa é que a partir da minha primeira morte do ego nas próximas experiências, o cogumelo me ajude a superar essa dependência química, mas de uma forma saudável e produtiva. E aí só fumar na beira do mar, e não assim que acordar. Só porque algo é bom, não se deve ignorar o abuso.
 
Última edição:
@ExPoro , no teu primeiro post me pareceu que tu estavas bem perdido, já no segundo me pareceu que estás bem mais consciente de algumas situações que no primeiro e que alguns insights ja te ajudaram, o que e muito bom.

Eu, particularmente, nunca tive a experiencia de morte do ego, embora eu exercite o controle (não domínio) dele constantemente no meu dia a dia (o que ficou muito mais dificil depois de eu casar e ter filhos pela necessidade de se lidar com o ego dos outros, mas isso é outro papo).

Minha impressão, que é meramente uma opinião, é que tu estás muito ansioso e ávido pela tal experiência de morte do ego, além de já estar pré concebendo antes mesmo de começara viagem de que vais ofrer, que vais ter uma bad trip e que a experiência será negativa ( no sentido de dificil e desprazerosa, não no sentido de sem validade).

Eu, no teu lugar me perguntaria o motivo pelo qual queres matar o ego. Pra mim às vezes me dá a impressão que não é bem o ego que queres matar, mas sim uma parte tua com a qual tu estás em conflito... me parece que a tal morte do ego representa para ti uma solução final pra algo que ta ali te incomodando e que muito provavelmente nem mesmo tu sabes o que é.

Eu te sugeriria duas coisas. Primeiro, deixa rolar... tenha a experiência pela experiência, aproveite e aprenda com o que ela te trazer, mas não coloque mega expectativas nelas porque isso pode te trazer frustração e, mais que isso, o teu foco exagerado em uma questão especifica pode fazer com que não prestes atenção e deixes de aprender outras coisas. Evite de já projetar coisas como "vai ser violento, vou ter uma bad trip, vou pros portais do inferno... já pensouq ue talvez seja melhor dar uma voltinha pelos jardins de Aruanda pra conversar com teus guias, ouvir uns conselhos, antes de ir pra guerra?

A segunda, que na verdade é uma continuação da primeira, é de não te precipitar demais nessa ânsia de matar o ego... Eu vejo a questão da morte do ego como uma tourada. Numa tourada, antes de matar o touro, o toureiro precisa jogar com ele, cansá-lo e dominá-lo até que ele possa finalmente dar a estocada final (e mesmo assim às vezes ele parece estar entregue mas levanta pra pelear um pouco mais). Acho que o aprendizado e as experiências vão te ajudar a chegar onde queres de forma mais consciente e proveitosa. Matar o touro assim que ele entra na arena além de perigoso acaba com o propósito do "espetáculo" e eu acho que matar o ego cedo demais também pode trazer riscos e talvez te mostrar coisas que ainda não estás preparados para lidar.

Enfim, eu te diria pra não ver a morte do ego como a solução dos teus problemas e sim como uma forma de vê-los de outro ângulo e aprender a lidar com eles.

força aí e boa sorte na tua jornada.
 
@Faceiro , legal a sua análise, e você notou uma verdade, sobre minha ansiedade pela morte do ego. É uma grande expectativa por uma experiência que tenho fé que vá adicionar bastante à minha visão de vida. Mas, de fato, pode ser que eu nunca a alcance - o que é uma tendência, dado meu apego ao meu ego - e então é mais certo que eu me frustre se achá-la indispensável. O melhor é deixar rolar mesmo.

Essa ansiedade tem fruto de ver tanta gente indo tão longe no nível da psicodelia quando leio as experiências e bad trips do pessoal, e me parece que não importa que dose eu tome de qualquer coisa, não consigo passar do nível 2, já tendo tocado no nível 3, mas nunca cheguei nele completamente. Então isso também contou quando decidi tomar uma dose (pra mim, nesse momento) forte, porque esperava finalmente conhecer pelo menos um novo patamar, mesmo que sob condições extremas e propositadamente desagradáveis da trip.

Bem, eu de fato tinha uma expectativa, quando tomei a dose dessa experiência, que ia ter uma viagem totalmente interiorizada, com visuais profundos dentro da minha mente, etc. Ocorreu exatamente o oposto! :LOL: A onda foi totalmente exteriorizada, e ao invés de efeitos visuais psicodélicos, se focou totalmente em uma espécie de sessão de descarrego. Eu nunca imaginei que eu teria uma trip inteira em que eu simplesmente estaria sem dar a menor bola pra visuais - não houve nenhum visual relevante, nem eu me importei com isso. Nesse aspecto, o mundo parecia normal. Foi realmente a minha porta espiritual que eu escancarei, ou assim a minha mente me iludiu. Ou seja, nada a ver com o esperado, kkkkk.

Acho que isso me serve de lição também.

Ah, eu acredito que eu vejo a morte do ego não como uma solução pros problemas, mas como uma "forma de vê-los de outro ângulo e aprender a lidar com eles", bem como você descreveu. A ansiedade é mais uma questão da minha avidez por novas experiências e sinapses. É algo ruim de qualquer forma, porque cria expectativa, entre outros fatores. Bom eu ficar ciente disso. :)

Evite de já projetar coisas como "vai ser violento, vou ter uma bad trip, vou pros portais do inferno... já pensouq ue talvez seja melhor dar uma voltinha pelos jardins de Aruanda pra conversar com teus guias, ouvir uns conselhos, antes de ir pra guerra?

Pois é!!! Seria bem melhor. Eu pensei sobre isso, inclusive. Experiências espirituais mais elevadas com cogumelos exigirão de mim uma limpeza dias antes da viagem - sem álcool e sem sexo. Não quero só ficar no limbo :D.

Aruanda dizem que é linda...
 
Bem, hoje me veio mais uma informação sobre a trip...

Antes, queria fazer referência a outro post que falei um pouco dessa viagem, em outro tópico, pois isso ocorreu naquele mesmo momento. Segue a citação:
Eu já me dispus a morrer, mas por superar o medo da morte, por muito valor que tem a vida, que continua mesmo quando morremos. Isso, que foi durante os eventos da Igreja do Chamamento do Capeta, criou em mim uma disposição de sair e ir na entrada de uma favela pra receber Exu Caveira lá. Você acha que eu fui? Tá doido!

Vamos lá: superar o medo de morrer não pode nos levar a também desvalorizar a vida, e jogá-la no lixo. E foi assim que conclui e fiquei bem, apesar de sentir que podia ir lá. Outros argumentos me vieram à cabeça.

Bem, eu falei de uma intenção de morrer diferente da sua, a minha se tornava uma indiferença, porque superei o medo da morte aos descobrir a beleza de um mundo espiritual muito mais rico. No entanto, como ainda permaneci valorizando a vida, não havia chance de eu ter uma atitude suicida. Não é porque simplesmente deixei de temer a morte que vou jogar fora a vida! É o princípio do não-desperdício.

Enfim, tudo isso valeu pra mim. E acredito que deve ter gente que morra não porque sente que a vida não valha a pena, mas de alguma forma acredite ser imortal. No meu caso, era a percepção do mundo espiritual, da vida após a morte. Eu me vi imortal por Universos de existência. No entanto, e daí que exista ou não essa imortalidade? O pulo do gato foi entender que não sobrevalorizar a vida não significa subvalorizá-la. Mas cada trip do "virei imortal" deve ser diferente da outra...

Agora, quando a viagem já vira "a vida não vale a pena", aí eu realmente não consigo ainda avaliar o que fazer... Nunca/ainda não passei por isso.


Como disse na abertura do tópico, eu tive uma espécie de morte do ego, mas que eu a observei do meu espírito. Apesar das dúvidas do pessoal, eu estou quase certo que observei de fora a morte, porque a morte do ego é um fenômeno físico, e eu estava observando tudo pelo meu espírito - que não é matéria. No entanto, é preciso ter cuidado e supor que a morte do ego pode ser uma experiência múltipla, não única, que seja sentida diferentemente por todos, apesar de possuir aspectos gerais em comum.

Já tenho uma estrutura de ideias sobre "espirito observador" x "corpo simulando a morte", mas francamente só penso em entrar nesse assunto depois que eu tiver experiência o suficiente pra realmente dizer o que eu tiver pra dizer. Há grande possibilidade de mudança de opinião, é claro e evidente, e por isso eu tenho tanta calma em fazer essas afirmações com essas ressalvas. Eu estou disposto a mudar essa posição em caso de experiências futuras me mostrarem diferente, mas é como enxergo.


Também acredito que a experiência de morte do ego seja diferente quando se busca psicodelia e quando se busca mera conexão espiritual.

Ao foco desse post... O que quero perguntar...

Esse momento da minha experiência que chamei de morte de ego foi quando entrei em contato com todas as esferas do mundo espiritual de uma só vez, toda a roda de reencarnação, num fluxo pelo Universo, entre big bangs. Só depois de quase uma semana que eu consegui recuperar primeiro a memória da viagem espiritual, depois da viagem cosmológica, que se juntaram. Nesse momento, foi quando me veio a imagem de um Deus da Morte, parecido com o que eu via no animé Naruto:
Reaper_death_seal.png Mas com cabelos negros, sem faca na boca e parecia conter no seu corpo o ciclo das reencarnações em si, ou então alguma esfera inferior da espiritualidade. Era a mesma feição da boca, nariz, olhos. e dentes E os cabelos não são arrepiados, são mais pra escorridos e grossos, apesar de ter volume.

Pois é, os animés se baseiam em divindades e demônios já existentes pelo mundo, então suponho que esse demônio aí tenha um nome, história e significado. Alguém sabe? Edit: creio que seja um Shinigami. Sei que era bem parecido com esse... Mas digo que vê-lo gigante (ou do meu tamanho?) abarcando toda a existência espiritual em seu torso foi a hora em que coincidiu com a minha compreensão de tudo que ocorria. Ele simplesmente foi observado por mim, não interagimos - e ele tinha um olhar de quem realmente abarcava toda a existência espiritual, francamente no horizonte. Poucos momentos depois, prossegui no fluxo, de volta pro corpo.
 
Última edição:
morte do ego, mas que eu a observei do meu espírito. Apesar das dúvidas do pessoal, eu estou quase certo que observei de fora a morte, porque a morte do ego é um fenômeno físico,


Pelo menos eu não tenho dúvidas. Pelo seu relato você não experimentou a morte do ego. Só se a sua experiência foi de um modo e você relatou outra coisa. Se algum dia passar pela morte do ego conforme a definição clássica e aceita da mesma vai entender.

E no sentido usado na cena psicodélica para morte do ego não vejo muito sentido nessa frase "a morte do ego é um fenômeno físico".
 
Pois é, @Ecuador , eu meio que tenho me questionado sobre isso. Mas assim que terminei de enviar o post, eu re-re-repensei. No momento, não vou duvidar completamente da minha intuição, apesar de que estou francamente tranquilo de estar errado. No entanto, há um lado meu que diz que se eu tivesse a morte do ego, eu teria sido arrebatado sim. Nesse momento posso dizer que estou confuso sobre o que é e que não é, talvez pela intensidade do que vivenciei.

Quem sabe eu seja do tipo que só terá a morte do ego se arrebatado?, e isso se um dia eu tiver, como dizem.

Vamos aos próximos capítulos. :D

E no sentido usado na cena psicodélica para morte do ego não vejo muito sentido nessa frase "a morte do ego é um fenômeno físico".

A pessoa ingere uma substância que altera a química cerebral e lhe possibilita viver essa experiência, supondo que a pessoa se deixe levar ou seja irresistivelmente arrebatada. Internamente, pode-se classificar a experiência de várias formas e níveis - espirituais, materiais, divinos, amorosos, sem palavras. Mas, objetivamente, no organismo físico olhado empiricamente, temos um cérebro sofrendo os efeitos de uma substância química.

É nesse sentido. :)
 
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Bem, concluí duas coisas: (1) que não é possível o espírito observar de fora a experiência da morte do ego e (2) que eu ainda não tive essa experiência. Bem, a razão pra primeira é que o espírito incorporado está subjugado pela matéria que se conecta a ele através dos campos elétricos gerados pelo cérebro. Assim, ele obrigatoriamente irá apenas contemplar a não-contemplação da inexistência do eu-não-eu, ou como possa ser descrita essa experiência :D. E, bem, eu não a tive porque simplesmente ainda não passei por nada parecido com despersonalização, que é o sentido atribuído pela comunidade psiconauta quando fala sobre morte do ego, conforme explicado pelo @Ecuador no chat.

Além disso, a tal entidade que eu vi durante a viagem pela espiritualidade foi um Shinigami. O interessante é que há uma década atrás um médium sob intuição me falou sobre vidas passadas no Japão e sobre a importância da disciplina nessa minha vida atual ser usada para o bem, que por isso era interessante eu me manter em uma arte marcial, algo que nunca consegui fazer por muito tempo pelas mais diferentes razões. Além disso, sempre me senti muito conectado à cultura oriental, bem especialmente a japonesa e sua arte, que trata muito dos Ceifeiros, Deuses da Morte.

A questão é que a viagem foi basicamente toda de Umbanda, mas no êxtase da experiência de visualização de toda a cadeia de reencarnações, eu vi um Shinigami :LOL:! Mas isso é porque eu alcancei a mesma sintonia que ele em termos de visão do significado da indestrutibilidade do espírito. Sempre haverá retorno e chance de fazer o bem ou o mal, sem limites que não seja a decisão da alma em fazer o bem ou não.

Mais ainda, mesmo sem estar sob efeito de psicodélicos, entendo profundamente o sorriso do Shinigami. A compreensão da tolice de lutar contra a progressão da vida e sua continuidade. A ironia da lei do Karma.

O ruim é que não consigo achar a imagem exata do que eu vi! Os mangás tendem a alterar características, e o que eu vi era algo diferente de todos que eu vi antes, apesar de se assemelhar com todos, o que é inevitável, já que são personagens baseados em tais deuses. Mas era a forma "verdadeira" dele, ao menos daquele que eu vi.

Pele branca, muito branca...

E já não tenho certeza se ele gigante ou do meu tamanho, se me olhava ou não.


Edit: estou enlouquecendo? :roflmao:
 
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Edit: estou enlouquecendo? :roflmao:
Está? :roflmao:

Rapaz, acho que você precisa parar de mastigar essas idéias, um pouco...

Turn on, tune in, drop out. É tão simples como quase literal... Só deixar ir. Let it be, let it be, já diziam os Beatles, ou let it go, let it go, se quiser algo mais contemporâneo :p

Despersonalização parece que você teve sim, é essa história de "observar o ego de fora". Está ali junto com personalidades múltiplas e divisão do ego, nos sintomas parecidos com esquizofrenia que podem ser desencadeados pelos cogumelos.
Será ruim se você estiver sentindo essas coisas fora da trip, o que é um possível efeito colateral do abuso de psicoativos.

E outro fato é que determinadas coisas, durante a trip de cogumelos, parecem "verdades absolutas", é um sentimento bem recorrente. Você pode ter visto um deus igualzinho ao do mangá, pode ter visto até o próprio mangá, mas ali na trip aquilo parece tão verdadeiro, e fora parece que não é.
Você não irá mesmo achar alguma coisa que você já tenha visto e pareça tão verdadeira, então na melhor das hipóteses, se tratando de um desenho, porque não tenta desenhar ou descrever, para você mesmo? Como você já deve ter percebido, verá que a percepção muda, faltam detalhes.

No mais, como já disseram, não superestime essa coisa de morte do ego... Sentir-se como se tivesse morrido não é bem um Nirvana onde você irá estar curado de todos os males e vícios, nem trará para você alguma resposta milagrosa sobre a vida. Só faz você não temer mais a morte... E as conclusões que se tira disso, a maioria eu acho que não são das mais produtivas.

A cura de dependência química e outros males físicos se faz com trips leves e microdoses, não trocando um escape habitual pela mesma coisa, mais um chute nos bagos sináptico...
 
Turn on, tune in, drop out. É tão simples como quase literal... Só deixar ir. Let it be, let it be, já diziam os Beatles, ou let it go, let it go, se quiser algo mais contemporâneo :p

Despersonalização parece que você teve sim, é essa história de "observar o ego de fora". Está ali junto com personalidades múltiplas e divisão do ego, nos sintomas parecidos com esquizofrenia que podem ser desencadeados pelos cogumelos.

Excelente :).

Será ruim se você estiver sentindo essas coisas fora da trip, o que é um possível efeito colateral do abuso de psicoativos.

Graças a Deus, não, nada fora do anormal de antes de eu começar com psicodélicos! :LOL:

se tratando de um desenho, porque não tenta desenhar ou descrever, para você mesmo? Como você já deve ter percebido, verá que a percepção muda, faltam detalhes.

Não consigo nem desenhar um círculo, vai ficar pior que desenho de criança de 4 anos :roflmao:. Vou tentar depois fazer uma descrição mais detalhada para mim.

E outro fato é que determinadas coisas, durante a trip de cogumelos, parecem "verdades absolutas", é um sentimento bem recorrente. Você pode ter visto um deus igualzinho ao do mangá, pode ter visto até o próprio mangá, mas ali na trip aquilo parece tão verdadeiro, e fora parece que não é.
Você não irá mesmo achar alguma coisa que você já tenha visto e pareça tão verdadeira, então na melhor das hipóteses, se tratando de um desenho, porque não tenta desenhar ou descrever, para você mesmo? Como você já deve ter percebido, verá que a percepção muda, faltam detalhes.

Valeu por essa percepção.
 
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Por que eu continuo bebendo e fumando? Sentir prazer e fugir da realidade é definitivamente o móvel dos meus vícios. Mas também tem o lado bom de tudo. Como tomar uma cerveja com os amigos. Ou fumar um na beira no mar. E o lado ruim, que sempre vem do exagero. Mas a virtude não é um extremo, seja do exagero, seja da total ausência/abstinência. A virtude está no meio, não nos extremos. Nem tanto, nem tão pouco. Se por um lado o exagero tolo é o pai da insanidade e da loucura, a abstinência imatura é a mãe do orgulho e do preconceito. E eu não tenho maturidade suficiente para a abstinência.
Eu entendo o que vc diz. Usando multiplas drogas em 2008 tive dezenas de surtos psicóticos e milhares de alucinações que ficaram presentes na minha vida por cerca de uns 5 anos. Depois de 2008 eu fiquei em abstinência e fiz um tratamento psiquiátrico com medicação, parei com tudo. Nada entrou no corpo por seis anos, até o ano passado. Já estava preocupado em voltar a ficar compulsivo novamente quando conheci os enteógenos. Foi uma grande liberdade pra mim.

Hj cultivo meus cogumelos e me sinto feliz, ainda compro minha cannabis, mas quem usa mesmo são meus amigo quando vem aqui em casa, minha esposa de vez em quando. Eu estou com nojinho de cannabis e de qualquer outra substância. Sei lá pq... só de pensar em ficar 3h a 4h numa onda de cannabis eu já fico com preguiça... beber então?! Olha que eu sou membro de AA. Eu me tornei um alcoolico, perdi o controle. E só de pensar em alcool hj depois das experiencias que eu me dá ansia de vômito... coisa minha mesmo, não é preconceito. Minha alma entende o quanto alcool, fumaça, e sei lá mais o que faz mal pra mim. Os cogus se tornaram a minha única verdadeira vontade.

Obrigado por dividir sua história, foi de grande valia pra mim.

Vamos trocar mais idéia!

Abraço
 
Já estava preocupado em voltar a ficar compulsivo novamente quando conheci os enteógenos. Foi uma grande liberdade pra mim.

Muito legal! Depois pense em abrir um tópico falando em detalhes sobre isso :).

Eu estou com nojinho de cannabis e de qualquer outra substância. Sei lá pq... só de pensar em ficar 3h a 4h numa onda de cannabis eu já fico com preguiça... beber então?! Olha que eu sou membro de AA. Eu me tornei um alcoolico, perdi o controle. E só de pensar em alcool hj depois das experiencias que eu me dá ansia de vômito... coisa minha mesmo, não é preconceito. Minha alma entende o quanto alcool, fumaça, e sei lá mais o que faz mal pra mim. Os cogus se tornaram a minha única verdadeira vontade.

Tem um lado meu que espera que os cogumelos me ajudem a largar/reduzir a cannabis e passe a usá-la, se usá-la, apenas em situações excepcionais ou esporádicas. A enteogenia está recuperando uma área do meu cérebro que eu não tinha desenvolvido direito porque comecei a fumar maconha ainda na adolescência: a capacidade de lidar com vícios, de frear a compulsão por prazer. Assim, creio que, assim como me ajudou com o cigarro e outras drogas, em algum momento a erva também deixará de ser compulsiva e/ou cotidiana, ou até não será mais usada.

Sobre a sua vivência nesse assunto no momento, o seu não-uso de drogas é natural, não aflitivo, diferente de uma abstinência forçada que não seja justificada para salvar a vida do indivíduo. A opção por só usar cogumelos surge então como algo saudável :). Aliás, cogumelos são sempre bons pra alma :anjo:.
 
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Massa @ExPoro ! Curti a ideia de dividir essa experiencia de abuso de substâncias e superação com ajuda de enteógenos. Vou começar a escrever devagarinho.
Essa parte de largar o uso foi bem gradual comigo, lento, nada intencional. Sempre me pergunto devido meu passado se estou no caminho certo, e estou confiando em vcs. :)))

Abraço forte!
 
Se você fica violento quando bebe, é porque bebe, não porque é violento... O mesmo pode ser dito da cannabis.

Se essas coisas te deixam violento, porque diabos você continua bebendo e fumando? Pior ainda, junto com cogumelos?

salaam, discordo totalmente de vc
então agora vc coloca culpa na bebida e na cannabis por causa do comportamento do cidadão?
a culpa é de quem bebe e nao da bebida
a culpa é de quem fuma e não da cannabis

muito facil culpar as substancias e não a pessoa
isso aqui agora virou reverencia a pessoa e desfavoração as substancias
se isso for eu então nao estou mais fazendo disso daqui
e pq o alcool extraido dos vegetais é inferior a psilobicna extraida do cogumelo??
e pq o thc i cbd o cbn é inferior a psilobicina extraida do cogumelo???


não é pq a gente toma cogumelo, ayahuasca e etc que as outras são desfavorecidas
todas tem o seu potencial, se a pessoa nao sabe usar ou se ela fica problematica em cima daquilo é la problema dela e nao das plantas
vejo que vcs ainda tem preconceito em cima DAQUILO que facilita a obscuridade em cima daquele q nem sabe pq bebe ou fuma
e acha q tomando cogumelo vai ta ali no alto das cordilheiras


minha opinião é essa, respeito a sua, mas nao compactuo em nada com ela
 
a culpa é de quem bebe e nao da bebida
a culpa é de quem fuma e não da cannabis

todas tem o seu potencial, se a pessoa nao sabe usar ou se ela fica problematica em cima daquilo é la problema dela e nao das plantas

As substâncias em si de fato não são problema. A ideia de veneno pode se aplicar até mesmo à água, se tomada em exagero. Isso não faz da água algo ruim. De acordo com a condição orgânica, contexto social e decisões do espírito as substâncias psicotrópicas podem ter um efeito positivo ou negativo. E isso com qualquer substância que seja.

Nesse contexto, até hoje há poucas exceções de substâncias psicotrópicas que me parecem sem qualquer utilidade direta, exceto o fato de o usuário abusivo quebrar a cara com elas e eventualmente amadurecer, caso sobreviva:
  • heroína, cujo próprio nome já define a ideia de erro: ela faz tão somente com que seu corpo peça por mais heroína, sem qualquer beneficio, somente uma sensação de prazer que te adoece profundamente. Não traz melhorias, só escape e profunda dependência química que pode ser fatal;
  • crack, forma fumada da cocaína, que transforma quase 100% de seus usuários constantes em zumbis e é apenas mais um degenerado fruto da proibição das drogas, no reaproveitamento máximo dos resíduos e maximização dos lucros do mercado negro. Sem a imbecil "Guerra contra as Drogas", creio que hoje não haveria crack. Apesar de parecer absurdo, uma breve reflexão leva a tal conclusão. Não se trata da substância química em si, mas da forma de uso que foi desenvolvida e como interage com o organismo;
  • metanfetamina cristal, pela mesma razão da heroína e do crack;
  • crocodilo, que destrói rapidamente o corpo do usuário (fotos :!: imagens fortes :!:) e também não traz nenhum benefício à alma.

Outras eu não conheço. Sei que estas não apresentam qualquer relato de vida melhorada, ou de benefício real ao usuário. São apenas explosões puras de prazer, com forte toxidade e agonia posterior.

No mais sobre o tema, é o que você disse mesmo. Só estou adicionando um adendo :).
 
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Qual sua visão atual dessa trip? Ainda acredita nessas entidades? Fico me perguntando se elas apareceriam pra uma amiga e pra minha sogra numa trip de cogu, as duas recebem

Essa trip iniciou um processo de "desobsessão" que durou 1 ano e iniciou a minha teologia/mitologia pessoal, em que por fim o "Diabo" (nome do líder dos grupos espirituais infernais ocidentais) foi levado a reencarnar. Como no entanto essa situação final ocorreu fora dos efeitos do cogumelo, ela é apenas citada em um dos relatos de 2016.

Durante vários meses após essa trip, mendigos e loucos que passavam por mim gritavam "é o Diabo, é o Diabo", mas só porque minha energia espiritual ficou muito acentuada. Depois passei a navegar nas zonas trevosas pra resgate de almas prontas pra renascer, durante as experiências (O Jardim de Infância do Inferno (21ª exp)). Energias demoníacas fluem em mim com naturalidade em meu caminho pra Luz por conta de onde eu vim na estrutura infernal antes de reencarnar muitas vidas atrás, e que só agora trabalho com elas, mas ficaram transbordando por um período depois dessa experiência.

E por fim, foi a única vez que tive troca com uma Entidade Inorgânica com cogumelos, que foi o Shinigami (eu olhei pra ele, ele olhou pra mim com o sorriso típico). Foi, com cogumelos, acho que minha única quebra de ego e ida ao hiperespaço até hoje, em que realmente vi todo o ciclo de reencarnações que recicla a vida do Universo em seus infinitos big bangs, e o Shinimagi olhando pra mim era uma representação de algo real nesse âmbito da existência.

Eu creio que o mundo espiritual não é um só. Seria como assumir que a Terra seria igual em todos os lugares por ser o mesmo Planeta. Existem fluxos naturais, fluxos forçados por entidades, organizações, Infernos de certas religiões, áreas paradisíacas protegidas que podem ser tomadas e vice-versa, etc. Então eu consigo aceitar não somente que o que acredito seja verdade, mas que qualquer coisa que qualquer um acredite espiritualmente seja verdade, em especial se vivenciado sob efeitos de enteogênicos.

Então, acho que a resposta é sim, kkk.

Sobre lidar com Entidades de Umbanda e Kardecismo, minha amiga que recebe e é médium forte vê e fala com grande clareza com os guias de Umbanda dela sob efeito dos cogumelos - tanto quanto fora dos efeitos dele. Não muda muita coisa pros médiuns que já trabalham e não são de apenas intuição, no que diz respeito a manifestações de Espíritos. Ficam mais sensíveis e com os canais totalmente arreganhados, apenas. Mas se já viam ou ouviam Espíritos, não terão nenhuma novidade nesse aspecto. :)
 
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Durante vários meses após essa trip, mendigos e loucos que passavam por mim gritavam "é o Diabo, é o Diabo", mas só porque minha energia espiritual ficou muito acentuada. Depois passei a navegar nas zonas trevosas pra resgate de almas prontas pra renascer, durante as experiências (O Jardim de Infância do Inferno (21ª exp)).
hauhauhua era assim comigo na adolescência, fico feliz que não usei cogumelos naquela época e nenhuma outra substância. Meus demônios eram gritantes e as lâmpadas da minha casa explodiam em momentos bem ruins. Fui brigando na marra, e agora me sinto tranquila numa viagem sabendo que terei maturidade pra enfrentar cara a cara as sombras que fazem ou não parte de mim.
Ainda vou demorar um pouco pra chegar na sua experiência do jardim kkk ainda nem cheguei na 10ª história

Sobre lidar com Entidades de Umbanda e Kardecismo, minha amiga que recebe e é médium forte vê e fala com grande clareza com os guias de Umbanda dela sob efeito dos cogumelos
vou iniciar meu namorado no caminho dos cogus na casa dele, local bem arborizado e que abriga diversos espíritos e guias, pretendo pedir proteção no dia, e seria bem doido se respondessem na trip
 
Bom, a experiência foi muito intensa, quando li imaginei cenas do filme “ilha do medo” onde o personagem principal, cria o enredo que está vivendo acreditando nas paranóias, quando estava sobre o efeito dos psicodélicos, talvez acabou entrando em universos muito radicais, acredito que se naquela época não conseguia encontrar a dissolução completa do ego, por um simples fator que notei, quando se diz do Malandro ou outras personalidades, eu entendi que ao contrário de sumir o ego, você criou novos, talvez o seu próprio ego naquele momento deixou de existir, mas surgiram alguns outros, e que você pode trabalhar com isso para dissolver eles no universo no efeito dos cogumelos e assim talvez você veja o que é um indivíduo sem ego, realmente é uma sensação de estar “morto” talvez naquele momento da faca em que queria ficar acordado, foi o momento que seu ego estava partindo e por isso citou a ideia do soldado com a granada ficar acordado, só que no seu caso, invés de dormir você não deixou seu ego partir.
 
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