- 06/06/2020
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Boa noite, irmãs e irmãos!
Venho relatar a segunda experiência que tive com os cogumelos do meu cultivo. Ao contrário da última, esta foi muito forte e aterradora, porém, com um alto grau de aprendizagem. Ficou um pouco longa mas, eu quis detalhar o máximo possível o que eu me lembro daquele dia.
Já fazia uma semana que eu vinha planejando a próxima trip, que seria no dia 22/08/2020. Seria um dia em que eu estaria sozinho em casa (minha mãe estaria na casa da minha avó) e eu aproveitaria para comer um pouco mais do que da última vez para ver como é uma trip moderada. Deu tudo errado, minha mãe cancelou a visita a casa da minha avó para sair com as amigas de igreja dela (ela é evangélica). Minha mãe saiu com elas às 15:30h, mas voltaria logo. Então eu pensei, se eu comê-los logo que ela sair, posso ficar fechado em meu quarto e quando ela voltar nem vai perceber (pois ela voltaria para casa e logo sairia de novo, às 19:30h).
Por volta das 16:00h pesei 3g secos, pedi para os irmãos cogumelos me protegerem durante a viagem e me levarem para onde eles acharem melhor, e os comi. Logo após comê-los enrolei três cigarros de palha enquanto ainda tinha habilidades pra isso (só fumo desses), fumei metade de um e fui para o meu quarto. Lá, coloquei a música do seriado cosmos (Alpha - Vangelis) para tocar em loop, coloquei os fones de ouvido e deitei-me em minha cama de olhos fechados esperando a trip começar.
Quando abri os olhos pela primeira vez para marcar o horário do início da trip eram 16:40h, foi quando comecei a ver os primeiros efeitos visuais de olhos fechados e minha respiração estava ficando cada vez mais lenta e, quando eu tentava respirar mais rápido, simplesmente não conseguia; sentia minha respiração cada vez mais lenta ainda. Ao mesmo tempo, meu corpo ficava cada vez mais pesado e parece que estava desaparecendo aos poucos.
Chegou uma hora em que eu sentia apenas partes do meu corpo, uma hora um braço, outra hora uma perna, etc. Foi aí que minha mente começou a voar nos efeitos visuais enquanto de olhos fechados, lembro-me de ver alguma coisa em formato de um galho colorido crescendo infinitamente ao meu lado esquerdo e, de repente, eu estava em um lugar completamente vazio e escuro, com exceção de alguns pontos onde parecia haver algum tipo de matéria colorida que se moviam umas em relação às outras. Parece que eu estava flutuando no universo. Neste instante parece que eu já não tinha mais corpo, era apenas uma consciência vagando no nada e no tudo ao mesmo tempo.
Alguns minutos depois, ainda nesse ambiente, voltei a ver aquela coisa em forma de um galho colorido que crescia continuamente à partir do lado esquerdo do meu campo de visão mas, dessa vez, esse galho tinha em seu centro uma forma que lembra uma vulva, aliás, várias, uma dentro da outra, infinitamente. A sensação que eu tive é que aquilo simbolizava de certa forma o início da vida no universo. Nesse momento lembrei-me da série cosmos onde Carl Sagan fala "que nós somos uma maneira que o universo encontrou para conhecer a si mesmo". Então comecei a pensar: Será que antes de nascermos e termos o nosso corpo somos apenas uma consciência universal? Será que o universo em si tem consciência de que ele existe? Entre outras.
Depois de mais algum tempo nesse mundo as coisas começaram a ficar ruins. Parece que a trip começou a ficar cada vez mais forte, a música já fazia eu me sentir cada vez mais desconfortável e, por volta das 18:15h, que eu já não aguentava mais ficar de olhos fechados. Sem querer eu estava caindo em uma bad das grandes, tentei me concentrar para evitá-la mas, não teve como. Tudo piorou ainda mais quando comecei a pensar: "E se eu ir para a cozinha tentar fazer alguma coisa para comer? Pode ser perigoso! E se eu esquecer o gás aberto ou tentar usar uma faca e me cortar? O que eu faço chapado desse jeito?". Comecei a ficar com uma paranoia gigante de me cortar por acidente, e pra piorar, parecia que meu corpo e minha mente estavam completamente separados; quando eu pensava eu sentia como se minha mente estivesse fora do meu corpo, eu podia até mesmo sentir o meu corpo à esquerda de onde a minha mente estava; quando eu me concentrava em sentir o meu corpo, minha mente parece que estava fora da minha cabeça, tipo ao redor de mim mas não dentro de mim. Nessa hora fiquei com tanto medo que acabei jogando o resto dos meus amigos chapeludos no lixo (me arrependo dessa burrada) e pensei: "nunca mais vou comê-los!".
Por voltas das 18:35h, minha mãe chegou em casa. Nessa hora eu já estava aterrorizado, não conseguia ficar deitado, nem em pé, nem de jeito nenhum, sempre imaginando eu me cortando por acidente. Resolvi chamar a minha mãe, falei para ela o que eu tinha feito e o que estava acontecendo e perguntei a ela se ela podia ficar em casa comigo até isso passar. Ela levou numa boa mas, falou que não podia ficar porque iria sair novamente às 19:30h. Tentei convencê-la a ficar mas sem sucesso.
Então disse a ela que iria deitar e tentar dormir, eu pensava que enquanto ela estava alí, estava tudo bem, se eu tentasse fazer alguma coisa estúpida, ela veria e me deteria. Enquanto eu estava deitado, ficava imaginando eu na cozinha e me cortando com a faca, parecia tudo real, eu podia sentir isso acontecendo. Várias vezes precisei me concentrar pra entender onde eu estava, estava totalmente perdido. Quando notava que estava deitado na minha cama eu pensava: "Bem eu não estou cozinha, eu deitado na minha cama. É tudo viagem!". Parecia que havia passado uma eternidade que eu estava deitado mas, quando olhei para o relógio, havia passado somente 5 minutos ainda, o tempo estava totalmente distorcido. Após a minha mãe sair às 19:30h, pensei comigo: "Agora eu estou totalmente sozinho, se acontecer alguma merda, eu estou ferrado!".
Continuei deitado com medo na onda da bad por mais uns vinte minutos, quando de repente, tão rápido como veio, a bad acabou. Comecei a sentir como se minha mente estivesse dentro da minha cabeça de novo. Meu corpo e minha consciência eram um só novamente. Comecei a lembrar do que estava pensando durante a bad e rir muito disso tudo. Pensei: "Nossa, como eu tenho medo de me cortar ou me machucar de alguma forma! Nunca fiquei com tanto medo assim!".
Aí começou a parte da reflexão da viagem. Refleti sobre esse medo irracional de fazer alguma coisa que possa me machucar e percebi que talvez esse é o motivo pelo qual eu tenho tão poucos amigos ultimamente. Até mesmo antes do corona vírus eu quase não saía de casa, vivia apenas desenvolvendo um projeto pessoal (website) junto com uma amiga e ex-ficante, e um outro amigo nosso. Até mesmo no trabalho eu apenas converso com os meus colegas e participo das confraternizações e aniversários que nós fazemos mas, nunca pensei em sair junto com ninguém num final de semana pra tomar umas ou algo do tipo. Talvez é esse medo que não deixa eu me aproximar muito das outras pessoas, e isso fez com que eu não tivesse ninguém ao meu lado pra me ajudar na hora dessa bad.
Fiquei refletindo sobre outras coisas enquanto a trip começava a enfraquecer aos poucos cada vez mais. Nesse momento estava vendo espirais coloridas na parede do meu quarto enquanto estava de olhos abertos. Uma hora que me levantei para ir ao banheiro também vi durante alguns segundos um tipo de gráfico de barras, com as barras brancas e cintilantes no canto inferior do meu campo de visão, barras essas que se moviam para cima e para baixo como nos visualizadores dos players de música. Por volta das 23:00h, minha mãe chegou em casa novamente e eu já estava completamente normal. Conversei um pouco com ela e ela foi dormir. Eu assisti a alguns episódios de South Park e fui deitar até conseguir dormir.
Pois é, meus amigos, apesar dessa experiência ter sido muito intensa, eu não a considero como uma BAD; Na verdade, foi muito reveladora e interessante. Só foi uma pena eu ter esse insight nesse momento, pois com o corona ainda à solta, vai ser difícil conseguir sair mais de casa. Irônico!
Também me arrependi muito de eu ter jogado os meus queridos amigos cogumelos no lixo na hora do medo mas, ano que vem quando as temperaturas voltarem a baixar, farei um novo cultivo.
Estou pensando também em aceitar um convite de um colega de trabalho para tomar Ayahuasca algum dia. Ele me disse que sempre toma uma vez por ano com a mulher dele e acha uma ótima experiência.
É isso, pessoal! Deixo esse registro aqui para quem quiser ler.
Paz e luz a todos!
Venho relatar a segunda experiência que tive com os cogumelos do meu cultivo. Ao contrário da última, esta foi muito forte e aterradora, porém, com um alto grau de aprendizagem. Ficou um pouco longa mas, eu quis detalhar o máximo possível o que eu me lembro daquele dia.
Já fazia uma semana que eu vinha planejando a próxima trip, que seria no dia 22/08/2020. Seria um dia em que eu estaria sozinho em casa (minha mãe estaria na casa da minha avó) e eu aproveitaria para comer um pouco mais do que da última vez para ver como é uma trip moderada. Deu tudo errado, minha mãe cancelou a visita a casa da minha avó para sair com as amigas de igreja dela (ela é evangélica). Minha mãe saiu com elas às 15:30h, mas voltaria logo. Então eu pensei, se eu comê-los logo que ela sair, posso ficar fechado em meu quarto e quando ela voltar nem vai perceber (pois ela voltaria para casa e logo sairia de novo, às 19:30h).
Por volta das 16:00h pesei 3g secos, pedi para os irmãos cogumelos me protegerem durante a viagem e me levarem para onde eles acharem melhor, e os comi. Logo após comê-los enrolei três cigarros de palha enquanto ainda tinha habilidades pra isso (só fumo desses), fumei metade de um e fui para o meu quarto. Lá, coloquei a música do seriado cosmos (Alpha - Vangelis) para tocar em loop, coloquei os fones de ouvido e deitei-me em minha cama de olhos fechados esperando a trip começar.
Quando abri os olhos pela primeira vez para marcar o horário do início da trip eram 16:40h, foi quando comecei a ver os primeiros efeitos visuais de olhos fechados e minha respiração estava ficando cada vez mais lenta e, quando eu tentava respirar mais rápido, simplesmente não conseguia; sentia minha respiração cada vez mais lenta ainda. Ao mesmo tempo, meu corpo ficava cada vez mais pesado e parece que estava desaparecendo aos poucos.
Chegou uma hora em que eu sentia apenas partes do meu corpo, uma hora um braço, outra hora uma perna, etc. Foi aí que minha mente começou a voar nos efeitos visuais enquanto de olhos fechados, lembro-me de ver alguma coisa em formato de um galho colorido crescendo infinitamente ao meu lado esquerdo e, de repente, eu estava em um lugar completamente vazio e escuro, com exceção de alguns pontos onde parecia haver algum tipo de matéria colorida que se moviam umas em relação às outras. Parece que eu estava flutuando no universo. Neste instante parece que eu já não tinha mais corpo, era apenas uma consciência vagando no nada e no tudo ao mesmo tempo.
Alguns minutos depois, ainda nesse ambiente, voltei a ver aquela coisa em forma de um galho colorido que crescia continuamente à partir do lado esquerdo do meu campo de visão mas, dessa vez, esse galho tinha em seu centro uma forma que lembra uma vulva, aliás, várias, uma dentro da outra, infinitamente. A sensação que eu tive é que aquilo simbolizava de certa forma o início da vida no universo. Nesse momento lembrei-me da série cosmos onde Carl Sagan fala "que nós somos uma maneira que o universo encontrou para conhecer a si mesmo". Então comecei a pensar: Será que antes de nascermos e termos o nosso corpo somos apenas uma consciência universal? Será que o universo em si tem consciência de que ele existe? Entre outras.
Depois de mais algum tempo nesse mundo as coisas começaram a ficar ruins. Parece que a trip começou a ficar cada vez mais forte, a música já fazia eu me sentir cada vez mais desconfortável e, por volta das 18:15h, que eu já não aguentava mais ficar de olhos fechados. Sem querer eu estava caindo em uma bad das grandes, tentei me concentrar para evitá-la mas, não teve como. Tudo piorou ainda mais quando comecei a pensar: "E se eu ir para a cozinha tentar fazer alguma coisa para comer? Pode ser perigoso! E se eu esquecer o gás aberto ou tentar usar uma faca e me cortar? O que eu faço chapado desse jeito?". Comecei a ficar com uma paranoia gigante de me cortar por acidente, e pra piorar, parecia que meu corpo e minha mente estavam completamente separados; quando eu pensava eu sentia como se minha mente estivesse fora do meu corpo, eu podia até mesmo sentir o meu corpo à esquerda de onde a minha mente estava; quando eu me concentrava em sentir o meu corpo, minha mente parece que estava fora da minha cabeça, tipo ao redor de mim mas não dentro de mim. Nessa hora fiquei com tanto medo que acabei jogando o resto dos meus amigos chapeludos no lixo (me arrependo dessa burrada) e pensei: "nunca mais vou comê-los!".
Por voltas das 18:35h, minha mãe chegou em casa. Nessa hora eu já estava aterrorizado, não conseguia ficar deitado, nem em pé, nem de jeito nenhum, sempre imaginando eu me cortando por acidente. Resolvi chamar a minha mãe, falei para ela o que eu tinha feito e o que estava acontecendo e perguntei a ela se ela podia ficar em casa comigo até isso passar. Ela levou numa boa mas, falou que não podia ficar porque iria sair novamente às 19:30h. Tentei convencê-la a ficar mas sem sucesso.
Então disse a ela que iria deitar e tentar dormir, eu pensava que enquanto ela estava alí, estava tudo bem, se eu tentasse fazer alguma coisa estúpida, ela veria e me deteria. Enquanto eu estava deitado, ficava imaginando eu na cozinha e me cortando com a faca, parecia tudo real, eu podia sentir isso acontecendo. Várias vezes precisei me concentrar pra entender onde eu estava, estava totalmente perdido. Quando notava que estava deitado na minha cama eu pensava: "Bem eu não estou cozinha, eu deitado na minha cama. É tudo viagem!". Parecia que havia passado uma eternidade que eu estava deitado mas, quando olhei para o relógio, havia passado somente 5 minutos ainda, o tempo estava totalmente distorcido. Após a minha mãe sair às 19:30h, pensei comigo: "Agora eu estou totalmente sozinho, se acontecer alguma merda, eu estou ferrado!".
Continuei deitado com medo na onda da bad por mais uns vinte minutos, quando de repente, tão rápido como veio, a bad acabou. Comecei a sentir como se minha mente estivesse dentro da minha cabeça de novo. Meu corpo e minha consciência eram um só novamente. Comecei a lembrar do que estava pensando durante a bad e rir muito disso tudo. Pensei: "Nossa, como eu tenho medo de me cortar ou me machucar de alguma forma! Nunca fiquei com tanto medo assim!".
Aí começou a parte da reflexão da viagem. Refleti sobre esse medo irracional de fazer alguma coisa que possa me machucar e percebi que talvez esse é o motivo pelo qual eu tenho tão poucos amigos ultimamente. Até mesmo antes do corona vírus eu quase não saía de casa, vivia apenas desenvolvendo um projeto pessoal (website) junto com uma amiga e ex-ficante, e um outro amigo nosso. Até mesmo no trabalho eu apenas converso com os meus colegas e participo das confraternizações e aniversários que nós fazemos mas, nunca pensei em sair junto com ninguém num final de semana pra tomar umas ou algo do tipo. Talvez é esse medo que não deixa eu me aproximar muito das outras pessoas, e isso fez com que eu não tivesse ninguém ao meu lado pra me ajudar na hora dessa bad.
Fiquei refletindo sobre outras coisas enquanto a trip começava a enfraquecer aos poucos cada vez mais. Nesse momento estava vendo espirais coloridas na parede do meu quarto enquanto estava de olhos abertos. Uma hora que me levantei para ir ao banheiro também vi durante alguns segundos um tipo de gráfico de barras, com as barras brancas e cintilantes no canto inferior do meu campo de visão, barras essas que se moviam para cima e para baixo como nos visualizadores dos players de música. Por volta das 23:00h, minha mãe chegou em casa novamente e eu já estava completamente normal. Conversei um pouco com ela e ela foi dormir. Eu assisti a alguns episódios de South Park e fui deitar até conseguir dormir.
Pois é, meus amigos, apesar dessa experiência ter sido muito intensa, eu não a considero como uma BAD; Na verdade, foi muito reveladora e interessante. Só foi uma pena eu ter esse insight nesse momento, pois com o corona ainda à solta, vai ser difícil conseguir sair mais de casa. Irônico!
Também me arrependi muito de eu ter jogado os meus queridos amigos cogumelos no lixo na hora do medo mas, ano que vem quando as temperaturas voltarem a baixar, farei um novo cultivo.
Estou pensando também em aceitar um convite de um colega de trabalho para tomar Ayahuasca algum dia. Ele me disse que sempre toma uma vez por ano com a mulher dele e acha uma ótima experiência.
É isso, pessoal! Deixo esse registro aqui para quem quiser ler.
Paz e luz a todos!